Existe esperança para a mulher negra viajante?

Quando pensamos em viajar, imaginamos com felicidade momentos ensolarados, sejam em cidades pitorescas ou em praias que parecem ter saído de um sonho encantado. Certo? Mas para mulheres negras infelizmente é diferente.

São Jacys, Luandas, Samanthas e Títis que ao viajarem dão de cara com situações racistas e machistas que quebram parte da experiência encantadora que deveria ser viajar. Antes mesmo de sair de casa, essas mulheres negras tiveram que enfrentar processos inimagináveis de luta, ansiedade, força, solidão e muito trabalho duro para que as tão sonhadas viagens se realizassem. Ai quando chega o momento tão aguardado, um homem estranho a persegue no aeroporto te importunado enquanto aguarda a conexão, uma equipe de comissários de bordo chamam a polícia federal para te retirar de dentro do avião porque você se recusa a despachar uma mala de mão em que há pertences de valor para você (e não estamos falando de joias, estamos falando de aparelhos eletrônicos necessários para o trabalho, mas que são praticamente joias para nós pessoas negras que estamos em acessão profissional e material), ou você está em uma viagem a trabalho e lazer e é hostilizada pela cor da sua pele e toda sua composição estética em uma cidade europeia tida como moderna e cool, ou ainda você não tem nem idade para compreender o porque uma mulher grita com você em um hotel quando tudo que você estava fazendo era brincar a beira de uma piscina.

Sim, todos esses são relatos recentes de como o racismo nacional e internacional pode fazer o sonho de viajar se tornar um capítulo manchado na vida de mulheres negras. E é ai que eu me pergunto, existe esperança para mulheres negras viajantes? Eu quero, eu PRECISO,  acreditar que sim.

Nesse momento, parte da minha esperança tem nome, sobrenome e um sorriso largo e um abraço caloroso, o nome dela é Tânia Neres, minha mentora que trabalha no turismo a mais de 30 anos e acaba de ser anunciada como Coordenadora de Diversidade, Afroturismo e Povos Originários da Embatur. Longe de mim querer colocar todo o peso da minha esperança nas costas da minha amiga, mas confesso que o anuncio dela para esse cargo me trouxe uma noção de que os primeiros passos institucionais estão sendo tomados para que pessoas não brancas, e quem sabe especialmente mulheres negras, possam viajar de forma mais tranquila, sonhadora e segura!

A caminhada será longa, cheia de resistência, altos e baixos, mas ela tem a força, a sabedoria e o carisma para trilhar esse caminho  e construir pontes. Desejo em breve olhar para o turismo e apenas ouvir histórias de Bias, Tânias, Titis, Jacys, Samanthas e Luandas viajando por ai e voltando para casa apenas com ótimas memórias, histórias incríveis e fotos maravilhosas para compartilhar quando estiverem sentadas em um café com suas amigas.

A única saída é pelo coletivo e espero que você leitor compartilhe da mesma esperança ativa que eu.

Até mais.

Com carinho, Bia Moremi.

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