Hotel Familiar, entre a Razão e a Emoção

Na sua estrutura organizacional, padrão de operações e atuação no mercado, não variam muito dos outros hotéis. O desafio começa no planejamento estratégico, na gestão do negócio e, principalmente, na gestão da família.

Mas para falarmos sobre esses hotéis, antes de tudo, precisamos acabar com os estigmas de mercado. A crença que a participação da família reduz a eficácia dos resultados, ou a falta de ‘profissionalização’. Hotéis familiares não estariam mantidos por tanto tempo se não fossem operados profissionalmente.

Portanto, não é a família que gera dificuldades, mas sim o posicionamento dos familiares perante os problemas dessa relação especialmente sensível.

Trabalho com muitas empresas familiares, e unindo essa experiência com diversos experts em gestão familiar, seguem algumas análises:

Pontos Positivos:

  • Taxa de lealdade dos funcionários – a empatia estimula a motivação dos profissionais, e o comprometimento deles aumenta com o passar do tempo, pois estão conectados com os princípios do hotel.
  • O Nome da Família – a boa reputação e a tradição do nome garantem benefícios para o hotel, para a própria família e os funcionários. O orgulho que vejo nesses hoteleiros, principalmente naqueles que tem o sobrenome no letreiro do hotel,  é impressionante.
  •  A continuidade  da gestão, por meio da sucessão de membros, contribui para o crescimento dos negócios, pois permite um traço de união entre o passado e o futuro, guardando valores da família. Mas é vital que essa união exista entre os acionistas tanto nos períodos bons quanto nos maus.
  • Rapidez na tomada de decisão. Perante a concorrência, essa agilidade pode ser um diferencial.

Pontos que exigem atenção:

  • Falta de disciplina dos membros da família.
  • A longevidade da permanência dos dirigentes à frente dos negócios. Manter o cargo de diretor vitalício pode fazer com que não haja inovação nos princípios de gestão, além de inibir o surgimento de novas lideranças.
  • Conflito de interesses entre a família – as consequências são: descapitalização e utilização ineficiente de profissionais que trabalham no negócio.
  • Utilização indevida de recursos da empresa por membros da família. Acredite, esse é um dos itens mais comuns.
  • Falta de planejamento.
  • Inexistência de controle financeiro e análises financeiras avançadas.
  • Resistência à modernização de processos, produtos e serviços, e adesão aos apelos tecnológicos.
  • Emprego de parentes e amigos sem visão de competência profissional ou meritocracia. Bem, esse item poderia ter um artigo inteiro à parte. Na dúvida, siga a regra: ‘Não contrate quem você não poderá demitir!’

E vale a pena cuidar dos pontos acima, afinal, qual empreendedor não quer que seu hotel faça parte dos 3% das empresas que sobrevivem à 4ª geração…

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Sucessão

O assunto é difícil, chegando a ser proibido em algumas famílias, pois envolve reconhecer a possibilidade de morte.

Sentindo-se inseguro e vulnerável ante o risco da escolha, muitas vezes o fundador simplesmente posterga sua permanência na gestão.

Portanto, pense, prepare, planeje, mas estabeleça prazos para as coisas acontecerem.

Resumo

Se achar tudo o que foi escrito acima pura teoria, lembre do item mais importante da lista de recomendações: HARMONIA.

Mantenha sempre um nível de harmonia entre seus familiares onde seja possível sentar em torno de uma mesa, de tempos em tempos, para:

  • …discutir assuntos pertinentes ao controle do negócio.
  • ….comemorar Natal, Aniversários e outros eventos sociais em um ambiente leve e agradável.

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Livros recomendados sobre o assunto:

  • A Prática da Gestão – Peter Drucker
  • A empresa familiar – João Bosco Lodi
  • Sábias estratégias de crescimento das empresas familiares líderes – Joachim Schwass

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