Apagão de Talentos ou Processo Seletivo Ineficaz?

Estamos lidando com uma nova geração de hoteleiros, que acumula muitos anos de estudo a mais que as anteriores, está adaptada a um mercado mais competitivo e tem critérios claros para escolher um lugar para trabalhar. Ambiente de trabalho convidativo, líder “portas abertas” e inspirador, valores corporativos compatíveis com os seus, plano de carreira transparente, perspectivas reais (e rápidas) de crescimento, são alguns exemplos. E algumas mudanças de mentalidade e de procedimentos são vitais para a contratação desses novos talentos, começando pelo processo seletivo.

Em função dos treinamentos e das aulas em universidades, tenho contato constante com jovens profissionais e mantenho uma comunicação aberta com todos nas redes sociais. Hoje fiz uma simples pergunta no Facebook: “Ainda existem empresas (leia-se profissionais de RH) que não dão retorno para candidatos que participaram de algum processo seletivo?”

Depois de quase 40 comentários em poucos minutos, entendi que a pergunta deveria ter sido ao contrário: “Existem empresas que dão retorno para candidatos?”. Obs: Considerem que a maioria do meu networking é composto por hoteleiros.

Mas parece que a falta de retorno, positivo ou negativo, é só a ponta do iceberg. E as entrevistas?

No passado, lembro de optar por uma empresa justamente pela maneira extremamente profissional como foi conduzida toda a seleção, e sei que existem muitos RHs e Gestores que fazem isso com muita competência. Mas tenho certeza que você, assim como eu, conhece alguém (talvez você mesmo) que desistiu de uma posição em função de um desastroso processo seletivo.

Algumas práticas “espanta candidato” são mais comuns do que deveriam. Algumas que mais ouço por aí são: salas não reservadas com antecedência, celulares tocando durante as entrevistas, gestores sem saber o que perguntar, espera de 30 minutos ou mais para iniciar uma entrevista, perguntas invasivas ou irrelevantes (“Você pretende ter uma família?”, “Qual seu signo?”, “Qual sua religião?“), perguntas respondidas brilhantemente pelos mais criativos e desenvoltos, mas que não indicam de se ele é o candidato ideal (“Qual animal você gostaria de ser?“, “Como você se descreveria?“), entrevistadores deixando transparecer que a empresa nem é tão boa assim, falando mal da concorrência, enfim, vários absurdos. Isso sem falar nas perguntas preconceituosas e dinâmicas que expõem as pessoas de tal forma que, nos EUA, facilmente gerariam um processo.

Mas práticas como essas estão com os dias contados.

É preciso estar preparado para ser um entrevistador. Mas ainda ouço muito gestor definindo seu critério: “meu feeling” ou “nosso santo bateu“. Oi? Seleção não é um jogo de sorte. Existem técnicas de entrevista, melhores práticas de seleção e pessoas que se dedicam e estudam muito sobre o assunto. 

Um processo seletivo ineficaz significa tempo e dinheiro perdidos, pessoas erradas nas posições erradas, menor produtividade, maior turnover, perda de talentos e uma imagem ruim da sua empresa sendo passada ao mercado.  Estamos na indústria de serviços e hospitalidade, ou seja, não podemos nos dar a esses “luxos”.

Tem alguma história para contar, como entrevistador ou entrevistado? E seu hotel, sabe “fisgar” talentos e está preparado para a nova geração?

Uma Nova Ordem

Você ainda acha que a hierarquia tradicional vai prevalecer? Acredita em ambientes corporativos com portas fechadas e diretores em grandes salas? Adora longas reuniões? Resume a nova geração como imediatista e multitarefas?

Está na hora de mudar seus conceitos. Converso com muitos gestores de diversas indústrias e é quase unânime entre eles que liderar os jovens é o grande desafio do momento. Se você é um líder “X” ou “Boomer”, tenho certeza que já questionou alguma atitude “Y”.

Na verdade, a Geração dos “Millenialls” é a mais educada e diversificada. Em apenas 15 anos, o último “Boomer” vai se aposentar e os “jovens” de 47 anos estarão ocupando a maioria dos cargos de liderança.

Aliás, nesse momento, estamos vivenciando uma amostra do futuro da gestão. Essa é uma frase da Professora de História da PUC/RJ durante um debate sobre os protestos nas ruas do país: “Vocês notaram que não há líderes nas manifestações, somente porta vozes? Estamos diante de uma geração muito mais democrática.”

Os jovens atuais não querem ser liderados, mas representados, inspirados, trabalhar em conjunto, sem a necessidade de uma estrutura hierárquica formal. Na indústria de serviços e hospitalidade, a necessidade de gestores capacitados se torna ainda mais vital para o sucesso e longevidade das empresas.

Veja se você se enquadrará na nova mentalidade corporativa:

  1. Mais mulheres em cargos de liderança. Essa é a primeira geração com mais mulheres do que homens com nível superior.
  2. Liderança colaborativa em equipe, acabando com o estilo de liderança de cima para baixo. Espaços dos escritórios reduzirão em 17% até 2020, deixando mínimo de 6 mesas para cada 10 funcionários.
  3. Não há separação entre trabalho e vida. A “tal” qualidade de vida, perseguida pelos “Boomers”, será vivenciada de forma corriqueira entre os “Ys”. Esse negócio de 9 às 18hs é do Século XX!
  4. Adeus à emails e reuniões. O verdadeiro trabalho será feito em tempo real, através de mensagens instantâneas, via redes sociais.
  5. Resultados acima da presença. Os funcionários do futuro farão o que quiserem e quando quiserem, desde que o trabalho seja feito. A remuneração não será mais por tempo trabalhado, mas resultado alcançado.
  6. Feedback imediato e socializado. Eles querem comentários, curtidas e opinião o tempo todo, isso é fato. Com base nisso, a PricewaterhouseCoopers saiu na frente e usa um sistema chamado Acclaim Points. A empresa atribui um certo número de pontos para cada funcionário, que eles podem conceder aos colegas, gestores e subordinados diretos por um trabalho bem feito. Cada ponto equivale a US$ 1 e pode ser resgatado em uma loja online para tudo, desde iPads até viagens.

Por um mundo com menos paradigmas entre as gerações!

Esqueça os padrões “Boomers” e acredite, os jovens não são tão indecisos, alienados e preguiçosos como você imagina. Eles só precisam de INSPIRAÇÃO, pois ousadia, tem de sobra!

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