Como me torno um Revenue Manager?

Ouço a frase acima toda semana, principalmente de estudantes e pessoal de Deptos. de Reservas. Também recebo dezenas de currículos de pessoas interessadas na área. Por trabalhar com muitos hotéis durante a implantação ou otimização das suas estratégias comerciais, estou achando ótima essa nova dinâmica do mercado.

Entretanto, alguns ajustes precisam ser feitos. As expectativas dos hotéis e dos candidatos ainda estão distantes e gerando frustrações dos dois lados.

Seguem alguns cuidados a serem tomados:

Por parte dos hotéis…

  • Salários iniciais semelhantes ao auxiliar de reservas sem experiência. Sem diminuir a importância de nenhum deles, é vital o entendimento de cargos táticos x estratégicos. De acordo com Pesquisa da Page Personnel, divulgada pela Revista Exame em Outubro do ano passado, um Analista de Pricing ganha em torno de R$ 5.500,00.
  • Exigir experiência. Eu sei, é loucura colocar alguém no comando da sua precificação e distribuição sem experiência, mas ainda estamos em processo de maturação do RM no Brasil. Portanto, prepare-se para formar pessoas, aprender junto, confiar, debater e, principalmente, investir em conhecimento.
  • Eximir o Gerente Geral da estratégia comercial. Se você for um gerente operacional, ok. Mas como gestor geral de uma unidade hoteleira, os custos, serviços, pessoal e  geração de receita estão sim sob sua responsabilidade.

Por parte dos candidatos…

  • Gosto de números” ou “Sei mexer em Excel” não é o suficiente. Visão analítica e raciocínio lógico são vitais.
  • Aceite algumas verdades: sua sala não será a maior, você não será o colega mais popular, nem começará a carreira ganhando muito. Mas lembre que está entrando na profissão do futuro e, se trabalhar duro, haverão muitas empresas brigando por você.

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Foto: típica mesa de um RM, pequena, longe da janela, no subsolo, sem enfeites pessoais, e o mais importante, sem papéis.

  • Saber se posicionar em uma reunião de gerência o ajudará muito. Deixe a timidez de lado e defenda seus pontos de vista.  Um RM que não consegue a atenção da equipe, ou argumentar sobre seus pontos de vista, nunca conseguirá colocar em prática suas estratégias.
  • Passe sempre algumas horas na Recepção, no Depto. de Reservas, Marketing e Vendas. Entender o processo de inserção de dados no sistema, por exemplo, é vital para sua formação. Além, claro, de ganhar a empatia da equipe.
  •  Não se preocupe se for contratado com outro cargo no início. Já conheci Assistentes de Reservas que faziam a gestão de preços e distribuição dos seus hotéis muito bem. Aos poucos, conquiste a confiança do seu gerente, torne-se indispensável, e ganhe um espaço e salário compatível.

Mas se você deseja ter uma carreira de sucesso, precisa se manter atualizado sobre o hotel e a indústria de viagens. Sobre os cursos disponíveis, cuidado na escolha. Você sairá daquele mais “baratinho” com milhares de teorias desconexas. Já os internacionais podem ser inspiradores, mas distantes da realidade do seu hotel. Ajuste seu investimento à conteúdo prático e de qualidade. Tenho um ótimo para indicar…rsrs.

Mas mesmo com certificados nas mãos, ser auto didata nos estudos vai ajudá-lo muito. Leia pelo menos 2 bons artigos sobre o assunto toda a semana. Além, claro, do Panrotas e Panhotéis, compartilho alguns dos sites que fazem parte da minha leitura semanal: Tnooz.com, eHotelier.com, HotelNewNow.com, HospitalityNet.org, HotelMarketing.com, HotelsMag.com e TravelWeekly.com.

Sempre digo que, se começasse minha vida profissional hoje, me especializaria em RM. Não deixe a onda passar. Você pode ter uma longa e bem sucedida carreira na área. A hotelaria brasileira agradece seu interesse, ela PRECISA MUITO DE VOCÊ!

Elasticidade, a base da sua precificação.

Imagem acima: A equação acima nada mais é do que sua capacidade de resposta (com base no preço) em relação à demanda. Estão reconhecendo o pilar de sustentação da precificação dinâmica (ou flutuante)?

Elasticidade de preços pode render estudos mais aprofundados, mas em resumo, é uma maneira de descobrir a resposta do consumidor às flutuações de preço. Exemplos:

* Sem elasticidade – se a gasolina aumentar R$ 0,50, você pode até reclamar, mas continuará comprando, assim como eletricidade.

* Com elasticidade – se o quilo do buffet da esquina aumentar R$ 0,50, você pode optar por mudar de restaurante ou até comer uma pizza. Isso é elasticidade, quando o menor aumento de preço pode afetar a demanda. Entretenimento e alimentação em geral são exemplos típicos.

Diferente do varejo e outros segmentos, a indústria de hospitalidade varia sua precificação de acordo com a demanda. A Ford e a Sony, por exemplo, não são capazes de elevar instantaneamente seus produtos durante um ciclo excepcional de vendas para aproveitar uma oportunidade de mercado.

Nosso ciclo de inventário é a cada 24 horas e, portanto, a demanda flutua de forma mais fluida do que outras indústrias de varejo. Portanto, é preciso que o hoteleiro entenda claramente como, porque, quando e por onde a demanda chega.

Profissionais “das antigas” definiam suas estratégias de precificação de dentro para fora, analisando o custo, e agregando a margem de lucro posteriormente. Depois, entendemos que a base dos preços deve ser o desejo do consumidor e disposição para pagar por bens e serviços. Foi aí que começamos a compreender o impacto psicológico do preço e aceitar que, quanto mais alto ele for, mais elástico ele é.

A formulação para a elasticidade de preços é: ( Variação % na demanda ) / ( Variação % de preço). Se o seu resultado for menor que 1, o preço não tem elasticidade. Se for maior que 1, o aumento de preços tem alto impacto na diminuição da demanda. Teoricamente, a receita será incrementada quando o resultado for 1 (veja o item “Unit Elasticity” acima).

Um dos fatores de maior impacto no ciclo de preços hoje em dia é a reputação online. E isso está superando até uma marca forte ou boa localização. Portanto prepare-se, entenda os padrões de reservas do seu hotel, seu mix de negócios e tenha uma segmentação bem definida.

Aliás, segmentação é fundamental. Imagina você alterar uma tarifa perto da data desejada para um segmento que, tradicionalmente, faz reservas com janelas mais amplas. Não haverá nenhum impulso nas vendas.

Nossa missão é educar o consumidor e incentivar alguns segmentos a comprar antecipado. Que tal uma tarifa mais baixa em troca de uma restrição “não reembolsável”?

Você prefere vender 50 quartos em R$ 100 ou 100 quartos em R$ 50? Já pensou em 74 quartos por R$ 77?

Em resumo, a elasticidade deve estar presente no desenvolvimento de novos produtos, estratégias de marketing, e ser o grande pilar para definição de sua estratégia de preços. E não esqueça que a elasticidade de preços vai variar de acordo com as características de cada segmento.

Você dá atenção suficiente a sua precificação?