Já havia visto no passado os calçadões do Rio Sena encobertos por suas águas. Porém, minha família ligou preocupada, agentes de viagens se mostraram inseguros quanto ao envio de seus clientes, então aproveitando uma trégua da chuva, fui constatar pessoalmente o tamanho do estrago.
Uma caminhada do Louvre até a ponte Alma dá uma boa idéia da proporção da cheia. O Louvre e o museu d’Orsay fecharam suas portas e com certeza estão mudando obras que se encontram nos subsolos. No centro da cidade a água está a 6m08 de altura, longe de chegar a 8m30, elevação que causou a enchente de 1910. Porém no distrito 16 o rio fugiu de seu leito, chegando a atingir alguns prédios. A Globo vai fazer disso uma catástrofe.
O maior golpe será para a prefeitura, que tinha acabado de restaurar e alugar metade das margens para bares e restaurantes de todos os gêneros, assim como para seus proprietários. É igualmente muito infeliz a parada de navegação dos tradicionais cruzeiros comerciais e o isolamento dos barcos residências.
Você verá nas fotos a seguir a situação destes comércios situados à beira do Rio Sena, mas notará também as calçadas secas, os prédios que margeiam o rio e a vida da cidade que continua. É esperado que o rio comece a descer e uma ampla faxina já esta prevista, segundo a prefeitura.
Verá igualmente que o incidente virou curiosidade e muita gente está nas margens admirando a “excentricidade” do rio, mostrando que não há nada a temer e muito a fotografar.
Post Scriptum
Aproveitei da ligação de meus familiares para saber sobre as inundações ai no Brasil, sobre as quais tenho ouvido horrores, especialmente a que ocorreu em Americana. Fui certificada que está tudo bem e fiquei bastante feliz.
Caríssima, a maior felicidade em nossa vida só é percebida, quando esta nos envolve internamente. Sinto que você é feliz no que faz. Mas isto não é tudo. Vejo, a partir das suas notícias, a felicidade em transmitir a realidade para o mundo. Sou brasileiro, como você. E, sei do quanto as notícias por aqui tem sido ultrajadas, invertidas, para atender uns poucos. Talvez, pior que uma enchente como esta de Paris; é a enchente da falsidade cotidiana que entorpece o espírito humano. Esta, creio nunca passar. Abraço, minha querida, seja sempre sincera naquilo que faz. Fique com Deus.
Prezado Richarte
Prezado Richarte,
Que delicia ler suas palavras. Efetivamente é um prazer tentar transmitir um pouco mais dos fatos e menos sensacionalismo. Obviamente, com todos os monumentos e obras de arte às margens do Rio Sena, a ordem pública se mobiliza e ninguém está levando a situação na brincadeira dentro dos museus e em certos pontos periféricos afetados. Mas a situação da cidade não é nada caótica. Para os moradores a greve dos metrôs e certas linhas de trens paradas têm prejudicado muito mais o seus cotidianos. Há preocupação com a vida dos (em torno de) 100 moradores de rua que viviam às margens do Rio, sob as pontes. Eu ouso esperar que com a subida da água lenta e amplamente anunciada, estas pessoas tenham conseguido se refugiar em outros pontos. Obrigada por seguir o post e deixar sua mensagem. Você me fez feliz! Abração para você também e excelente semana!
Silvia