Novas restrições sanitárias na França. O governo francês relata um aumento nas consultas de emergência, novas internações, aumento de entradas de pacientes em reanimação e novos óbitos por SARS-CoV-2 nos hospitais.
Foi constatado igualmente o aumento exponencial na circulação de SARS-CoV-2 entre pessoas com mais de 65 anos de idade em 49 departamentos classificados como em alta vulnerabilidade e 36 em vulnerabilidade moderada.
Para lidar com a repercussão da epidemia de coronavírus, o ministro da Saúde, Olivier Véran, anunciou novas medidas nesta quarta-feira. Segundo ele, essas medidas não eram uma opção há algumas semanas, mas a situação vem se deteriorando desde as férias de verão.
Fechamento de bares e restaurantes em Marselha, novas restrições em outras cidades…. A França teme: será o próximo passo o reconfinamento?
Covid-19: máscaras obrigatórias em lugares públicos, fechamentos de bares… quais as novas restrições pós férias na França?
Enquanto 49 departamentos estão em situação de alta vulnerabilidade ao coronavírus, o ponto epidemiológico semanal da Saúde Pública da França relata como vimos acima, dados preocupantes sobre a evolução da circulação do vírus.
De acordo com os dados, o aumento das internações para reanimação na França metropolitana é agora “exponencial”. Entre 14 e 20 de setembro, 599 pessoas foram admitidas em reanimação, um aumento de 40% em relação à semana anterior.
No dia de hoje, o número de pacientes hospitalizados passa da marca de 6000 pessoas. Há agora mais de 1000 pacientes em reanimação, 52 óbitos foram contabilizadas nas últimas 24 horas.
NOVAS RESTRIÇÕES: Ressaca nos Bares e Restaurantes
Sentimento de “forte ressaca” para os proprietários de bares e restaurantes do país um dia após os anúncios do ministro francês da Saúde, Olivier Véran.
Em Marselha e regiões consideradas em alta vulnerabilidade, a partir de sábado, bares e restaurantes permanecerão fechados por pelo menos 15 dias. Idem para as salas de esportes e piscinas públicas.
Em Paris e outras metrópoles em vulnerabilidade moderada, os bares devem fechar a partir das 22h. As aglomerações e reuniões públicas serão severamente restritas quando não forem proibidas.
Prefeitos e dirigentes regionais se mostraram extremamente insatisfeitos com as decisões e denunciam nas mídias a falta de consulta. Esses mesmos prefeitos e dirigentes regionais haviam realizado grandes esforços para salvar os restaurantes permitindo a extensão de varandas em calçadas e vias públicas, organizando a circulação de pedestres e veículos a fim de viabilizar os negócios afetados pelos meses de confinamento. Agora, com as novas medidas sanitárias restritivas, temem que seus esforços tenham sido em vão.
Novas restrições e a credibilidade do governo
No entanto, para o governo federal, essas medidas sanitárias são uma tentativa em fazer recuar os números de contaminações e admissões hospitalares e evitar assim, um novo confinamento. O primeiro ministro Jean-Castex pediu inclusive às pessoas que evitem encontros entre amigos e reuniões familiares.
O problema é que a credibilidade do governo Macron se encontra afetada. No início da pandemia, quando os estoques de máscaras do país estavam vazios e não havia máscaras nem para os médicos, o governo Macron martelou categórica e insistentemente que o uso de máscaras não era necessário para a população. E uma vez a questão do estoque resolvida esse mesmo governo passou a imputar 135 euros de multa para quem não as utiliza. Essa virada radical de posição descreditou demasiadamente o governo.
Atualmente teorias de complô inundam as redes sociais: o governo estaria aproveitando da situação para impedir manifestações, reprimir descontentes e retirar o dinheiro vivo de circulação, entre outras coisas.
De fato, alguns governos parecem não perder a chance de tirar partido da crise sanitária, mas ela não é uma mentira. Os números comprovam.
Assim, em meio a descontentes e duvidosos a França segura o fôlego e mergulha numa nova fase de contenção sanitária.
Notas:
1- Para aqueles que vêm me perguntando, a abertura das fronteiras com o Brasil não parece estar pauta, mas atenção, estudantes estrangeiros são autorizados a entrar na França caso suas formações presenciais estejam confirmadas. Fica a dica.
2- A única coisa que se fala do Brasil aqui hoje é o preço do arroz e feijão.