O Reino Unido desconfina

Abre, fecha, recolhe, confina por região,confina nos fins de semana… . O vai e vem não para. São tantas restrições e tentativas de controle ao vírus na França que eu até parei de contar e retranscrever para vocês. Mas finalmente uma boa notícia.  

No Reino Unido, a campanha de vacinação contra o Covid-19 está trazendo os primeiros resultados muito animadores

A campanha britânica de vacinas está começando a dar frutos. Na segunda-feira, 1 de março, a Public Health England (PHE, o Ministério da Saúde da Inglaterra) publicou uma avaliação preliminar que comprova a eficácia das duas vacinas que estão sendo implantadas no país (Pfizer-BioNTech e Oxford-AstraZeneca) para prevenir infecções por coronavírus na década de 70.

O estudo de “todos os adultos com mais de 70 anos (mais de 7,5 milhões de indivíduos), e aqueles testados entre 8 de dezembro, 2020 e 19 de fevereiro de 2021”, mostra que, quatro semanas após a injeção da primeira dose, a proteção contra a infecção sintomática do SARS-CoV-2 é de 57% a 61% para a vacina Pfizer e de 60% a 73% para a vacina Anglo-Sueca Oxford/AstraZeneca. Para a faixa etária mais frágil (acima de 80 anos), os dados sugerem que uma única dose da vacina Oxford-AstraZeneca ou Pfizer-BioNTech reduz as internações em mais de 80% (entre três e quatro semanas após a injeção).

20 milhões de britânicos vacinados

No país europeu mais afetado pela pandemia, até agora mais de 20 milhões de britânicos receberam pelo menos uma dose da vacina.

Graças aos resultados promissores da companha de vacinação, o primeiro-ministro Boris Johnson apresentou as fases sucessivas de um desconfinamento anunciado como “cauteloso” e “progressivo”.  

A transição de uma etapa para outra e as reaberturas associadas dependem de quatro fatores:

  • a continuação bem sucedida do programa de vacinação,
  • o fato de as vacinas reduzirem as internações e óbitos,
  • que as taxas de infecção não levem ao ressurgimento das internações
  • e que a “avaliação de risco não seja fundamentalmente alterada” pelo surgimento de novas variantes do vírus. 
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5 semanas entre cada fase de desconfinamento

A primeira etapa começará em 8 de março com a reabertura das escolas. Essa reabertura será seguida por lojas, academias e prédios públicos não essenciais dia 12 de abril; exibições de filmes ao ar livre e drive-ins devem ser capazes de retomar nesta data. Restaurantes, bares, cinemas e outros teatros fazem parte da terceira etapa do plano e poderão reabrir ao público dia 17 de maio. Finalmente, a etapa final está prevista para 21 de junho, com o levantamento de todas as restrições

Falando aos deputados britânicos, Boris Johnson disse que “não havia um roteiro crível para um 0 positivo”.

“Não podemos continuar indefinidamente com restrições que afetam nossa economia, nosso bem-estar físico e mental e o futuro de nossas crianças”, disse ele. É por isso que é essencial que este roteiro seja prudente, mas também irreversível. É, acredito, o único caminho para a liberdade. E seu início é possível pela velocidade do programa de vacinação de nossos cidadãos.”

Enquanto a maioria da população começa a ver uma luz no fim do túnel, alguns setores particularmente afetados pela pandemia, como a indústria hoteleira e de restaurantes, terão  que esperar mais algumas semanas.

Fronterias seguem fechadas para certos países

Simultaneamente aos preparativos para o desconfineamento, o governo apertou os controles fronteiriços para evitar a importação de variantes. Desde a última segunda-feira, residentes britânicos e irlandeses que chegam à Inglaterra de 33 países classificados como em risco devem se submeter a dez dias de quarentena em um hotel, às suas próprias custas.

Uma lista denominada Red List indica os cidadãos de quais países ainda não podem entrar no território inglês.

  • Angola
  • Argentina
  • Bolivia
  • Botswana
  • Brazil
  • Burundi
  • Cape Verde
  • Chile
  • Colombia
  • Democratic Republic of the Congo
  • Ecuador
  • Eswatini
  • French Guiana
  • Guyana
  • Lesotho
  • Malawi
  • Mauritius
  • Mozambique
  • Namibia
  • Panama
  • Paraguay
  • Peru
  • Portugal (including Madeira and the Azores)
  • Rwanda
  • Seychelles
  • South Africa
  • Suriname
  • Tanzania
  • United Arab Emirates (UAE)
  • Uruguay
  • Venezuela
  • Zambia
  • Zimbabwe

Maiores detalhes no link à seguir : Coronavirus (COVID-19): requirements to provide public health information to passengers travelling to England – GOV.UK (www.gov.uk)

Os franceses não fazem parte da lista, porém aqui estamos proibidos de deixar o território francês sem razões primordiais. Ou seja, poderíamos entrar, mas não podemos sair…

A situação não parece estar prestes à ser resolvida, mas pelo momento, um  resquício de volta à normalidade no país mais atingido pelo Covid-19 do continente europeu já se traduz em grandes esperanças.

Vacinação – Uma luz no final do túnel

Passaporte Vacinal?

Assunto de vários debates jornalísticos, o passaporte vacinal já foi introduzido em alguns países. Mas de que se trata? A França também vai adotá-lo?

O passaporte vacinal é um documento oficial, que comprova que uma pessoa recebeu a vacina anti-Covid-19. O mesmo seria usado para viajar limitando o risco de espalhar o Covid-19 e suas variantes, sem a necessidade de testes ou quarentena. Mas não só isso. Vários países também querem fazer do documento um “abra-te Sésamo” para o acesso à academias, restaurantes, cinemas, festivais, etc.

Atualmente, o passaporte vacinal não existe legalmente, mas um projeto de lei apresentado em 21 de dezembro de 2020 na Assembleia Nacional está em estudo. Mesmo que a vacina não seja obrigatória na França, o passaporte vacinal pode se tornar obrigatório para realização de uma viagem ou até mesmo realizar determinadas atividades, como visitar pessoas vulneráveis em casas de repouso e até pegar transporte público.

Sendo assim, para se mover livremente e voltar a ter uma “vida normal”, o indivíduo terá que estar obrigatoriamente vacinado.

No país da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, o governo mostra reservas sobre a introdução de um passaporte de saúde devido à questões éticas e preservação de igualdade entre as pessoas.

A “França Assos Santé“, organização que representa os pacientes e defende os usuários do sistema de saúde, se opõe ao passaporte vacinal. “O governo optou por não tornar obrigatória a vacinação. Um passaporte vacinal tornaria a vacinação obrigatória.”

Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também se opõe a um projeto global “por enquanto”.

O que dizem os franceses?

O governo considera a ideia prematura, afinal apenas 4,4% da população recebeu a primeira dose, e ainda não se sabe se a vacina limita o contágio. Ainda assim, o Conselho de Economia, Social e Meio Ambiente já abriu uma consulta online (participez.lecese.fr). Os franceses têm até 7 de março para dizer se são a favor de um “laisser passer” para restaurantes, estádios ou museus…

Outros países contrários

Bélgica, Alemanha e Holanda acham que temos que esperar. A Comissão Europeia sugeriu um primeiro passo: criar “certificados de vacinação” com base em critérios comuns (monitoramento epidêmico, políticas de vacinação, etc.), antes de considerar passaportes. Divididos, os líderes da União Europeia discutirão novamente em breve.

Países que são a favor

A Islândia, membro de Schengen (não da UE), emitiu passaportes para seus 4.800 vacinados (1,3% da população) no final de janeiro. A Polônia também oferece certificados digitais para aqueles que receberam as duas doses. Como a Romênia e a Estônia, esses países não impõe testes ou quarentenas a estrangeiros vacinados. Chipre fará o mesmo no início de março. A Grécia, acaba de assinar um acordo com Israel: no verão, um certificado digital permitirá que seus cidadãos vacinados viajem de um país para outro. Diz-se também que Israel se aproximou da França com a mesma proposta. Sem sucesso até o momento.

A Suécia promete um passaporte até junho. A Finlândia está cogitando seriamente a idéia. Dentro de quatro meses, a Dinamarca lançará seu coronapass, que abrirá as portas de vários locais públicos para pessoas vacinadas e recém-testadas.

Espanha, Itália, Portugal e Malta estão pressionando a UE para que acelerarem o debate e instaurem o passaporte. Suas economias são as mais afetadas pela epidemia: como a Grécia, esses países não podem ter um verão sem turistas.

O porquê da relutância

  • Por medo de discriminar, ao privar aqueles que ainda não têm acesso à vacina, não querem ou não podem recebê-la por razões médicas. Um passaporte vacinal criaria uma distinção entre vacinados e não vacinados. E quem diz distinção, diz discriminação.
  • Receio, também, de abrir caminho para um vasto registro digital de europeus.
  •  Finalmente, por uma questão de princípio: controlar esses passaportes nas fronteiras prejudicaria a livre circulação sacrossanta dentro da área de Schengen.

Enfim, a questão não é simples. Afinal, teríamos chegado ao cúmulo do individualismo, onde prima o conforto e liberdade de uns e exclusão de outros? Ou estamos falando aqui de uma questão prática onde a premissa do restabelecimento da economia mundial favoreceria finalmente uma grande maioria? E os países Africanos e demais povos que não desfrutam dos mesmos recursos financeiros para a compra das vacinas, como ficam nisso tudo?

E essa nova polêmica não nos desvia de outra prioridade ? A urgência e a decência não consistiriam, em primeiro lugar, no fortalecimento de um diálogo internacional sobre responsabilidades compartilhadas e solidariedade efetiva no acesso universal às vacinas?

E você, é contra ou a favor do passaporte vacinal anti Covid-19?

Um mal PARA O TRADE pior que o Covid-19

Que ano !! Que fase !! Mais grave é saber que para nosso mercado ainda existe um mal pior que o Covid-19

Podemos reclamar do estrago que o Covid-19 vem fazendo em nosso mercado, afinal, como não reclamar? Porém, esse sentimento esteril está nos fazendo perder um tempo precioso. Não podemos fazer quase nada quanto a esse triste fato. 

No entanto, outro fator ameaça nossa profissão gravemente. Não podemos perder o foco do real perigo, um perigo que já não data de hoje e que pede reações urgentes.

Ouço e leio nas redes sociais casos recorrentes de perda de vendas por parte dos agentes de viagens devido a explosão dos canais de distribuição tradicionais. O fenômeno iniciado com a internet e o desenvolvimento das redes sociais tem causado grandes estragos em nosso mercado. Um fenômeno muito pior que o Covid, para o qual não encontramos remédios e vacinas e que nos ameaça (agentes de viagem) de extinção.

Durante algum tempo o Trade ainda conseguiu marcar pontos neste jogo devido ao financiamento ofertado pelas operadoras. Mas em breve não contaremos também com essa vantagem. Receptivos e hotéis podem dispor da mesma facilidade graças a novas máquinas de crédito que parcelam e cumprem a função.

E agora José?

Os agentes “aproveitaram” do recesso forçado pelo Covid e foram estudar. Foi lindo ver todo mundo se formando e se aprimorando para reforçar suas qualidades de consultores, esperando que o diferencial faça toda a diferença para atrair clientes na hora da retomada. Muitos adotaram igualmente o atendimento remoto, evitando assim a vinda do cliente até a loja e aceitando trabalhar nas horas mais esdruxulas.

Não há dúvida que graças o Covid, os indivíduos se mobilizaram esperando paliar os danos causados pela diversificação de canais de compras de viagens. Mas será que face aos ínumeros blogs, sites, canais Youtube, Facebook, Instagram com informações errôneas e superficiais nossa especialização fará a diferença. Eu pessoalmente não acredito.

Vejo pessoas que passaram 15 dias na França se apresentando como especialistas e muita gente seguindo, satisfeitos com o parco conhecimento e demasiada simpatia. Vejo hotéis oferecendo a tarifa mais baixa possível para o cliente direto. Vejo clientes passando horas na frente de seus computadores, buscando informações de um lado, preços de outro, acreditando em milagres.

E aí mora o perigo! Quais preços encontrarão?

As medidas tomadas pelos indivíduos que foram estudar, se formar, participaram à formações on-line são louváveis, certo, mas não serão suficientes.

O povo unido jamais será vencido.

Um indivíduo pode muito pouco quando se depara com um gigante. Não é a toa que a música de Sérgio Ortega e do grupo Quilapayún* marcou a história! Ela ressalva uma verdade intransigível. Unidos somos mais fortes! Isso não é loucura de esquerdopata, isso é fato! 

Vejo no grupo de agente de viagens do qual faço parte no WhatsApp. Ali, não somos concorrentes, somos colegas e uns ajudam aos outros, facilitando a vida de todo mundo e festejando a venda do outro como se fosse sua. O covid-19 nos uniu, mas precisamos ir mais longe.

Por essa razão convido membros do trade à se unir. As associações são muitas: ABAV Nacional (Associação Brasileira de Agências de Viagens), ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), ABRACORP (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas), AIRTKT (Associação Brasileira dos Consolidadores de Passagens Aéreas e Serviços de Viagens), AVIESP (Associação das Agências de Viagens Independentes do Estado de São Paulo), AVIRRP (Associação das Agências de Viagem de Ribeirão Preto e Região), BRAZTOA (Associação Brasileira de Operadoras de Turismo), CLIA Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação) e FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil).

Essas mesmas entidades se uniram e se dirigiram ao governo em março 2020 para pedir auxílio para o nosso mercado. Mas e entre elas? Quais os objetivos em comum? Como podem se entre-ajudar? Qual o diálogo? Será mesmo que pedir auxílio ao governo basta? Quando entenderão que verdadeiramente unidos seremos mais fortes?

Olhando para o passado para construir o futuro

Você se pergunta: porque estamos falando de politica tarifária em plena crise do Covid-19? Porque eu não estou escrevendo sobre a vacinação iniciada na França? Pois neste momento as empresas estão se reestruturando, se reconstruindo. Senão abordarmos o assunto agora, talvez mais tarde, seja tarde demais.

Voltar a velha estratégia de ética tarifária sim ajudaria muito. O fornecedor deve ter uma tarifa balcão e duas tarifas profissionais ( uma para o agente que tem condições de operar e uma para as grandes operadoras) no mínimo. Dando assim espaço para todos interventores e ganhando de todos os lados. Simples assim!? O que você acha?

Ou será que seguiremos optando por dar tiros uns nos pés dos outros?


Notas *Quilapayún Este grupo mistura instrumentos andinos tradicionais com letras poéticas ou politicamente engajadas em suas canções. Cerca de 35 álbuns foram produzidos e excursionados em mais de 40 países. Em 1972, o grupo foi nomeado embaixador cultural do Chile pelo presidente da república, Salvador Allende. Após a morte de Salvador Allende durante o golpe de Estado do general Pinochet, em 11 de setembro de 1973, a banda, em concerto na França, pediu asilo político. Seus membros viveram na França durante quinze anos. El pueblo unido jamás será vencido se tornou o hino da oposição ao regime.