Caça ao tesouro

A semana passada eu escrevi sobre passeios realizados por parisienses que fogem da cidade em seus fins de semana, em busca de ar livre, beleza e “art de vivre” francesa. Na mesma ocasião prometi a você leitor e a mim mesma, falar mais destes lugares turísticos. Um compromisso, que admito,  palpitante e que preencherá meus planos de fins de semana com muito prazer.

Porém, neste domingo passado perdemos uma hora devido à mudança para o horário de primavera/verão e o dia ficou curto. Além disso, uma garoa intermitente nos martelava a idéia de não irmos muito longe. Sair do apartamento sim, mas aonde ir com tempo escasso e temperatura duvidosa?

Foi aí que pensamos no Mercado de Pulgas de Saint-Ouen, cidade limítrofe de Paris, accessível de metro. Há muito ouço falar, então vamos lá: em direção à periferia, metro Clignacourt! A partir daí, foi só seguir as placas “Marché aux Puces”.


Bem, tivemos que tomar cuidado para não nos perder no mercado público que antecede a área do mercado de antiguidades, o verdadeiro mercado de pulgas. Ali na “feirinha de rua” descobri que não preciso ir à Marrakesh para obter um monte de coisas que gostei de lá e nem ir à Turquia para comprar bons casacos de couro a preços convidativos. Entretanto não era este nosso objetivo, então continuamos seguindo as placas “Marché aux Puces”.
Atravessamos por baixo do Periférico (nosso anel viário) e entramos na primeira ruela que nos pareceu pitoresca, o Marché Vernaison, aonde tudo começou humildemente em 1918.

Atualmente o mercado de pulgas apresenta números impressionantes:
11 milhões de visitantes ao ano
11 km de ruas e ruelas.
1700 comerciantes.
35 restaurantes e lanchonetes.
E sobretudo, 500 milhões de euros de volume transacional ao ano, dos quais 80% para exportação.
Descobrimos antiguidades e pessoas interessantes, amantes da arte e de um bom papo, típico da venda de objetos que carregam muitas histórias.

O tempo passou rapidamente e sequer conseguimos percorrer metade dos 11 quilômetros de ruelas.

Outro lugar onde teremos que voltar!

  2200

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Nostalia no ar
Candelabros, cerâmica,quadros antigos, alguma preferência?
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Entre velharias e objetos de arte, é preciso saber diferenciar.
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A França tem muita variedade em mobiliário de diferentes épocas
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Mais arte e mobiliário
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Objetos de decoração
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Objetos a esmo criam ambiente retro
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A loja é de luminárias, mas eu gosto das caixas
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Aqui e ali uma surpresa
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Artes, antiguidades e um sentimento de nostalgia no ar
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Objetos variados
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11 quilômetros de ruas e ruelas
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Adeus plástico! Ops, isso é o passado ou a resposta para o futuro?
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A chuva não atrapalhou o passeio
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Quem não gosta desta registradora? Eu sempre sonhei em ter uma assim quando era pequena
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Bons tempos aqueles!!?
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Volta ao mundo e no tempo através dos objetos
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Méli-mélo ou pot-pourri de coisas e pessoas
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Atrás de cada objeto uma história
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Brinquedos antigos
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Bengalas e objetos variados
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Soldadinhos e carrinhos de todas as épocas
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Começando a caça
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Boeuf Bourguignon, o típico.
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Chez Louisette é um dos 35 restaurantes e lanchonetes do “marché”
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Tradicional e emocionante
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Guinguette – Música ao vivo e improvisação em troca de algumas moedas.
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A parada Chez Louisette nos fez voltar no tempo
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De tudo um pouco
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Desde a idade média o desenho na placa pendurada ajuda aos analfabetos
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Prataria
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Prataria. Quem limpa?
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Desde 1918 o mercado vem crescendo
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Objetos variados que lembram as casas de nossos ancestrais
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Mais porcelana
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Porcelana e Cristais
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Brinquedos
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Móveis
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Objetos inusitados
marché aux puces Paris
Descobrindo o mundo de antigamente
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Paraíso dos colecionadores
Paris Marché aux Puces
A moeda mais antiga ali era de 1924

Domingo, dia 5 de Abril outra importante caça acontecerá em Paris e seus arredores. Os pimpolhos estão convidados a caçar seus ovos de Pascoa em inúmeros lugares. No Jardim da Aclimatação 15 000 ovos esperam a garotada, na cidade medieval de Provins 8000 ovos serão espalhados dentro das muralhas, em Vaux le Vicomte 85 000 ovos para todo mundo ter a sua chance, haverá também caça no Hard Rock Café, no zoo de Thoiry e em muitos outros lugares. Agora basta somente  escolher aonde caçar no próximo fim de semana!

Caro leitor, FELIZ PASCOA! E até a semana que vem!

O que fazem aqueles que não têm petróleo

“A moda é para a França, o que as minas de ouro do Peru são para a Espanha.”- Jean-Baptiste Colbert, Ministro das Finanças e conselheiro de Luís XIV – século XVII.

O domínio francês no mundo da moda começou no século XVII, quando a arte, a arquitetura, a música e os trajes de Luís XIV e da corte de Versalhes eram apreciados e imitados por toda a Europa. Alfaiates e costureiros franceses desfrutavam de uma grande reputação e suas criações eram as mais procuradas pela nobreza e mais tarde pela burguesia emergente européia. No século XIX, com a chegada dos trens e barcos a vapor, tornou-se comum para as senhoras da alta-sociedade viajar a Paris para comprar roupas e acessórios franceses.

É bem verdade que a Espanha não tem mais as minas de ouro do Peru, mas somente um ministro muito visionário ou muito “puxa saco” para prever que os gastos de Luís XIV com suas roupas se tornariam investimento nacional em longo prazo! Não é à toa que os franceses gostam de dizer: Na França não temos petróleo, porém temos cérebros.

Certamente é graças a este eterno amor francês por sua cultura que nos meios artísticos só se fala de uma coisa: Jean Paul Gaultier.

Enfim, o filho pródigo, (lembra-se do choque ao ver pela primeira vez tênis e tutus de balé?) se tornou garoto prodígio da moda parisiense e estará de volta ao berço materno com a tão esperada exposição O planeta moda Jean-Paul Gaultier – da rua para as estrelas.
Jean Paul Gaultier cresceu perto de Paris e desde criança conviveu com o mundo da beleza. Não na rua e sim no salão de beleza da sua avó, onde ele admirava as sessões de maquiagem e cabelo, assim como as revistas de moda colocadas à disposição da clientela. Rapidamente, o jovem autodidata começou a desenhar coleções imaginárias e logo que completou 18 anos foi contratado por Pierre Cardin, começando assim uma carreira com muitos altos e baixos, porém tendo como constantes a polêmica e o apoio do mundo artístico. Lembra-se dos seios em cone da Madonna?

“Desde sua primeira coleção em 1976, você têm questionado os critérios de gosto e de mau gosto. Você chocou, perturbou e irritou, divertiu-se dissimulando pistas com um guarda-roupa ambivalente e intercambiável, falou Pierre Cardin ao entregar a Jean-Paul Gaultier a Legião da Honra da França em 2001».

Após um sucesso sem precedentes para uma exposição sobre moda, tendo passado por Montreal, Dalas, San Francisco, Madrid, Roterdã, Estocolmo, Brooklyn, Londres e Austrália, a chegada em Paris, cidade onde iniciou seu percurso profissional, marca um ponto importante da carreira de Jean Paul Gaultier. Pelo que li, uma recepção entusiástica espera a exposição.

O mundo da moda de Jean Paul Gaultier revela novas peças de alta costura e prêt-à-porter criadas entre 1970 e 2013. Além disso, a mostra reúne desenhos, arquivos, figurinos, trechos de filmes, desfiles, shows, videoclipes, fotos, performances de dança e até mesmo da televisão. O ponto alto do evento deve-se a colaboração da companhia de teatro montrealense UBU e do Museu de Arte Moderna de Montreal. Os aspectos multimídia e interativos da exposição prometem levar o visitante a um mundo elegante e criativo, que vai, no entanto, muito além do mundo da moda.

Le Grand Palais
01 Abril 201503 Agosto 2015

Domingo e Segundas de 10h a 20h

Quartas a Sábado de 10h a 22h

Fechado as terças e 1° de maio

Noite Européia de Museus  Sábado 16 Maio : entrada gratuita de 20h à meia-noite