Agosto, um mês especial

O mês de agosto em Paris não é um mês como qualquer outro. É o segundo e último mês de férias escolares veranil  e também “O” mês de férias nacional. Na realidade as férias de todo mundo parecem estar divididas entre julho e agosto. A cidade não está totalmente parada, mas quase. 2/3 do comércio está fechado*. O outro 1/3 já saiu de férias imperceptivelmente em julho.

Há quem pense que esta não é uma boa época para visitar Paris. Efetivamente, para quem gosta de compras, julho é muito melhor. Porém, em contrapartida, se você não gosta de trânsito, de buzinas, de meios de transporte lotados, se você sonha em andar de bicicletas em Paris ou deseja tirar fotos únicas da cidade luz, este é o momento!

Atravessei a cidade hoje de manhã com minha bicicleta, do distrito 2 na margem direita até o 15° na margem esquerda: ZERO STRESS!

As ruas estão vazias, nem é preciso acordar às seis da manhã para tirar fotos e obter imagens “à lá Woody Allen”. A luz matinal é lateral até pelo menos dez da manhã e os fins de tarde reservados aos poucos jovens profissionais aficionados parisienses e muitos turistas, os verdadeiros amantes de Paris!

Sem falar na quantidade de festivais que a prefeitura põe a disposição para aqueles que optaram por não enfrentar os pontos turísticos europeus lotados durante a alta temporada: Festival de filmes ao ar livre, Paris Plage, Les Berges de la Seine, para citar alguns deles.

Então se você já ouviu alguém dizer que Paris não é bom em agosto e acreditou, revise seus conceitos, pois para o verdadeiro “parisien” agosto é mês ideal para desfrutar da beleza de sua cidade com tranquilidade, ar puro**e, além disso, uma série de animações públicas. Vai querer mais o quê?

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Sorria! Hora da foto no jardim do Palais Royal

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Uma tarde muito calma de domingo.
Paris
Fim de semana, ruas vazias. Ao fundo a antiga bolsa de comércio de Paris.
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Sem tumulto, ideal para fotos
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Os jovens parisienses mantém a tradição de ir ao bistro tomar uma taça de vinho e fumar um cigarrinho.
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Ruas pedestres e cafés animam a vida do parisiense em agosto.
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Olha essa ponte. Cade o povo? Uma de minhas fotos preferidas.
Paris
Embora pouco encontrado nos pontos turísticos, o verdadeiro parisiense está aqui.

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Post Scriptum

*Como a contratação de mão de obra temporária ou execução de horas extras são taxadas com encargos extraordinários não é viável para o comerciante fazer um revezamento do pessoal para férias. Para qualquer empresário é mais barato privar-se do volume transacional de um mês ao ano. Só não pratica este técnica quem não pode.

** Este é o primeiro ano em que os automobilistas não desfrutam de estacionamento grátis em Paris durante o mês de agosto. A nova diretriz da prefeitura visa preparar a cidade ao projeto futuro de uma capital sem veículos.

Praça da Concordia Paris

10 coisas para “não” fazer em Paris

O blogueiro Luís Vabo escreveu há duas semanas, 10 frases que seu patrão não suporta mais ouvir . Obrigada Luís, além de ter gostado muito do post, inspirou-me a ideia. Relato então, segundo minha opinião, 10 coisas a não serem feitas em Paris.

1- Nunca estale os dedos para chamar um garçom. Aqui é considerado gesto para chamar cachorros, então ou o garçom te dá uma bronca ou faz cara feia o resto da refeição.

2- Não fale com estranhos sem antes pedir licença. Uma palavrinha de reverência como “ pardon ou excusez-moi”  faz toda a diferença para um francês. Sempre cumprimente e olhe nos olhos prestadores de serviços e comerciantes, diga  bonjour, merci e trate todo mundo como gente importante, ou corre o risco de ter um serviço medíocre.

3- No metrô, não jogue no lixo seu tíquete após haver passado na catraca, você pode ser controlado a qualquer momento do percurso e se não puder provar que pagou seu transporte levará multa de 45 euros na hora ou ainda será levado para a delegacia para dar esclarecimentos. Aliás, não ande de metrô, vá a pé sempre que possível.

4- Nunca deixe mala, bolsa ou qualquer objeto a sós. Sobretudo se houver policia por perto!  O plano vigipirate não permite objetos sem cuidados, ainda que você esteja há um metro e meio de distância. Uma vez deixei 2 malas de 35 quilos há 1 metro e meio de distância da minha pessoa, pois não passavam entre os bancos de espera da estação de trem que me separavam da maquina de compras de passagens. Waw,  2 minutos depois tinha um esquadrão atrás das malas buscando o terrorista mentecapto. Que bronca que eu levei!  Fiquei condicionada, agora é só eu ouvir a jingle da SNCF meu coração acelera! Por sorte não me deram uma multa de 160 euros ou explodiram o “material duvidoso” protegido por um perímetro de segurança.

5 – Não coma no célebre Quartier Latin – com a clientela de inúmeros turistas garantida, não há o menor zelo na realização culinária ou do serviço. Vá ao Marais, ou ainda prove dos inúmeros pequenos restaurantes desconhecidos chamados brasseries. Veja quais enchem ao meio dia e siga o fluxo, parisiense sabe escolher onde e o que come!

6- Não vá ao famoso Moulin Rouge- o mais conhecido cabaré de Paris é também o mais lotado e menos aconchegante. Vá ao Lido, que está com um espetáculo novo de Franco Dragone ( Celine Dion e o Circo do Soleil fazem parte do curriculum deste incrível diretor artístico) ou ainda ao Paradis Latin, aonde comerá bem  e descobrirá a sua mítica sala construída por Gustave Eiffel.

7- Não alugue um carro. Através de uma empresa, contrate um veiculo com motorista brasileiro para conhecer o básico da cidade e depois aproveite para caminhar. A cidade é relativamente pequena e se for bem orientado durante uma visita guiada poderá economizar muito tempo e dinheiro com estacionamentos e multas.

8- Não use um Velib. Você precisa de um cartão com ship e ter certeza que saberá usar  essa parafernália pesada. Alugue uma bicicleta, junte-se a um passeio organizado. Ou ainda planeje uma estadia no Vale do Loire, onde poderá andar de bicicletas, beber vinhos, visitar castelos tranquilamente.

9- Não assine nenhuma petição, não confie em crianças sozinhas. Não se deixe levar pela idade . Na França crianças nunca ficam nas ruas à toa. Alguns ciganos deixam seus filhos e jovens pedindo dinheiro nas ruas voluntariamente. Aqui escola é publica e obrigatória para todos, há auxilio governamental e a exploração de crianças é crime. Cuidado!

10- Na elaboração de seu roteiro, não siga os conselhos de ninguém, ouça sua voz interior. Uns dirão: vá à Torre Eiffel! Outros dirão que isso é coisa para turista. Faça isso ou aquilo, foi incrível! Não ouça nada disso e venha confiante! Você encontrará uma Paris só sua, maravilhosa e feita sob medida para  seus sonhos.

E a 11° é como Dartanhã nos três mosqueteiros, não foi contabilizado, porém se destaca por sua importância: Não compre água na rua, no supermercado é possível comprar garrafinhas tanto em pacotes de 6 como separadamente. Além de cada garrafinha custar no máximo 25 centavos ao invés de 1 euro, sua armazenagem é mais higiênica e, portanto mais segura para sua saúde.

Et voilà! Bises* e boa semana querido leitor(a)!

( *É isso ai! Beijos)

Post Scriptum

Imagens da semana – um pouquinho de Paris Plage e o Pôr do Sol

 

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Na agenda cultural: Destaque para o festival de cinema ao ar livre da Villette

Festival de Cinema ao livre da Villette

 

Au Revoir UberPop

O diretor geral de Uber na França, Thibaud Simphal, publicou há semanas atrás uma carta sobre a proibição do serviço UberPop no país e o acato da nova lei pela empresa. Ao contrário de Uber, UberPop não exigia nenhum tipo de veículo específico ou outra qualidade por parte dos motoristas que ter um carro e saber dirigir.

Ele agradece seus 10 000 colaboradores, simpáticas pessoas que só esperavam “arredondar seu fim de mês” prestando serviços de transporte, segundo suas próprias palavras.

Com esses termos “mister Uber França” quase nos faz esquecer que estas simpáticas pessoas estavam completando seus orçamentos mensais realizando precariamente a profissão que outras pessoas já tinham como sustento.
Sinais dos tempos que não param? Sim, sem dúvida. Uma melhoria? Não sei. Enquanto se tratar de uma empresa explorando a necessidade de cidadãos para satisfazer uma insaciável busca de preços baixos por parte de ávidos consumidores, corremos todos o risco de nos tornarmos vítimas dessa falsa esperteza. Consumidores já não compram mais nada, leiloam ao revés, dando seu dinheiro para quem cobra menos. Ninguém esta querendo acreditar que o barato sai caro! Todo mundo místico, achando que vai haver milagre.

Aqui os táxis oferecem um serviço medíocre, mas com a popularização das plataformas on-line de veículos de transporte do tipo Uber pude testar e constatar que também oferecem serviços desiguais. Às vezes o motorista é bom, às vezes uma catástrofe. Às vezes conhece o caminho, às vezes ignora completamente. Às vezes vem bem vestido e te trata bem, às vezes é todo o oposto. O controle de qualidade ainda deixa a desejar. Outro detalhe: achar prestador às 11 da noite para uma corrida curta? Esqueça. Nenhum jovem auto empreendedor está interessado.

Eu espero que um dia o transporte compartilhado seja uma iniciativa que vise resolver a problemática da poluição e tráfego intenso gerado pelo excedente de veículos do planeta e não para dar milhões de dólares para uma única empresa e um dinheirinho para milhares de pessoas. Refletindo sobre o tema, incerta quanto a meu ponto de vista, pois habitualmente sou a favor de toda evolução-doa a quem doer- fui buscar um maior embasamento. Afinal, como ser contra a evolução? De que serve querer parar algo que está fadado a acontecer? Então, procurando maiores informações, encontrei a explicação desse meu sentimento de que algo está errado em um provérbio. Provérbio não falha!

” À Chacun son métier et les vaches seront bien gardées” que se traduz por: A cada um sua profissão e as vacas em seu lugar ficarão.

A origem deste adágio está em um conto do autor Florian- século XVIII. Nele encontramos Colins, jovem que cuida das vacas de seu pai. Quando em seu caminho cruza um guarda-florestal exausto de perseguir um veado sem sucesso, que ele propõe caçar em seu lugar, depois de lhe ter confiado aos cuidados seu rebanho.
Durante a caça, Colins não consegue pegar o veado e machuca o cão do guarda florestal. Quando volta decepcionado para seu gado, ele encontra o guarda florestal adormecido e o rebanho havia sido inteiramente roubado.

Aliás, Florian não foi o primeiro a pensar na questão.

«Quant quisque norit artem, in hac se exerceat »

tradução: Que cada um exerça a arte que conhece.

Cicero,  Grécia-  séc I antes de Cristo

Et voilà!

Boa semana querido leitor e até a próxima.

PS  UberPop foi proibido, mas Uber subsiste.

 

IMAGENS DA SEMANA

Última chamada

para as liquidações de verão, em vigor até dia 4 de agosto!

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Paris Plage – até 16 de agosto

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