O diretor geral de Uber na França, Thibaud Simphal, publicou há semanas atrás uma carta sobre a proibição do serviço UberPop no país e o acato da nova lei pela empresa. Ao contrário de Uber, UberPop não exigia nenhum tipo de veículo específico ou outra qualidade por parte dos motoristas que ter um carro e saber dirigir.
Ele agradece seus 10 000 colaboradores, simpáticas pessoas que só esperavam “arredondar seu fim de mês” prestando serviços de transporte, segundo suas próprias palavras.
Com esses termos “mister Uber França” quase nos faz esquecer que estas simpáticas pessoas estavam completando seus orçamentos mensais realizando precariamente a profissão que outras pessoas já tinham como sustento.
Sinais dos tempos que não param? Sim, sem dúvida. Uma melhoria? Não sei. Enquanto se tratar de uma empresa explorando a necessidade de cidadãos para satisfazer uma insaciável busca de preços baixos por parte de ávidos consumidores, corremos todos o risco de nos tornarmos vítimas dessa falsa esperteza. Consumidores já não compram mais nada, leiloam ao revés, dando seu dinheiro para quem cobra menos. Ninguém esta querendo acreditar que o barato sai caro! Todo mundo místico, achando que vai haver milagre.
Aqui os táxis oferecem um serviço medíocre, mas com a popularização das plataformas on-line de veículos de transporte do tipo Uber pude testar e constatar que também oferecem serviços desiguais. Às vezes o motorista é bom, às vezes uma catástrofe. Às vezes conhece o caminho, às vezes ignora completamente. Às vezes vem bem vestido e te trata bem, às vezes é todo o oposto. O controle de qualidade ainda deixa a desejar. Outro detalhe: achar prestador às 11 da noite para uma corrida curta? Esqueça. Nenhum jovem auto empreendedor está interessado.
Eu espero que um dia o transporte compartilhado seja uma iniciativa que vise resolver a problemática da poluição e tráfego intenso gerado pelo excedente de veículos do planeta e não para dar milhões de dólares para uma única empresa e um dinheirinho para milhares de pessoas. Refletindo sobre o tema, incerta quanto a meu ponto de vista, pois habitualmente sou a favor de toda evolução-doa a quem doer- fui buscar um maior embasamento. Afinal, como ser contra a evolução? De que serve querer parar algo que está fadado a acontecer? Então, procurando maiores informações, encontrei a explicação desse meu sentimento de que algo está errado em um provérbio. Provérbio não falha!
” À Chacun son métier et les vaches seront bien gardées” que se traduz por: A cada um sua profissão e as vacas em seu lugar ficarão.
A origem deste adágio está em um conto do autor Florian- século XVIII. Nele encontramos Colins, jovem que cuida das vacas de seu pai. Quando em seu caminho cruza um guarda-florestal exausto de perseguir um veado sem sucesso, que ele propõe caçar em seu lugar, depois de lhe ter confiado aos cuidados seu rebanho.
Durante a caça, Colins não consegue pegar o veado e machuca o cão do guarda florestal. Quando volta decepcionado para seu gado, ele encontra o guarda florestal adormecido e o rebanho havia sido inteiramente roubado.
Aliás, Florian não foi o primeiro a pensar na questão.
«Quant quisque norit artem, in hac se exerceat »
tradução: Que cada um exerça a arte que conhece.
Cicero, Grécia- séc I antes de Cristo
Et voilà!
Boa semana querido leitor e até a próxima.
PS UberPop foi proibido, mas Uber subsiste.
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