Saúde!

Segundo os noticiários, as estradas neste fim de semana pascoal estariam lotadas. Se você pensa que no Brasil há siglas e normas demasiadas é porque nunca viveu por aqui um tempo. Na realidade aqui as estradas não ficam lotadas, aqui os noticiários anunciam o estado do trânsito segundo um código cromático e o alerta anunciava cor laranja para as estradas de todo os país, tanto no sábado, como na segunda-feira. Código laranja= trafego difícil, pelo menos 300 km de engarrafamento no conjunto de estradas nacionais.

Porque ser simples se podemos complicar?
Porque ser simples se podemos complicar?

Detalhe, o feriado de Páscoa aqui vai de sábado a segunda-feira. Isso porque na antiguidade a festa pascal durava uma semana após a data da ressurreição. Nos tempos modernos esta semana de festividades religiosas foi abreviada a um só dia, a segunda-feira de Páscoa.

Se eu me recusei a pegar a estrada no fim de semana, outros brasileiros tiveram a oportunidade de conhecer uma das mais belas regiões da França bem próxima  de Paris durante a semana passada. A Atout France, em colaboração com profissionais do turismo local, levou à região de Reims & Champagne alguns dos 38 tour-operadores brasileiros participantes da 10° edição do salão Rendez-Vous France.

Localizados a apenas uma hora e meia de carro de Paris, os 32 hectares recobertos de uvas pinot noir, pinot meunier e chardonnay e os 120 quilômetros de adegas subterrâneas da cidade de Reims são mundialmente conhecidos graças à uma produção superior a 320 milhões de garrafas de champanhe ao ano. As visitas aos produtores da famosa bebida, assim como inúmeras atividades desportivas da região atraem anualmente em torno de 300 mil visitantes. Em bicicleta, caiaque, caminhando por trilhas, muitas são as maneiras de descobrir Reims e essa região pontuada de vinícolas e vilarejos medievais.

No entanto, Reims não é somente conhecida por ser a cidade do champanhe, Reims é também a cidade da consagração dos reis da França. Após o batizado do primeiro soberano católico ocidental, Clóvis, no fim do século V, 33 reis franceses foram coroados na Catedral Notre-Dame de Reims. Notre-Dame de Reims se encontra entre as mais antigas catedrais góticas da Idade Média, tombada pelo Patrimônio Histórico Mundial, recebe um milhão e meio de pessoas ao ano. Além da catedral Notre-Dame de Reims, a Basílica Saint-Remi e o Palácio do Tau, são monumentos igualmente tombados pela UNESCO e merecem uma visita.

A maioria dos turistas brasileiros descobre Reims e Champagne durante o passeio de um dia que é oferecido por todos os receptivos da cidade. Porém, quem dedica mais tempo não se arrepende. O verdadeiro epicurista ou “bon-vivant” aproveita para se deliciar com o lugar e descobre com o devido tempo tudo que a região tem para oferecer: hospitalidade, arquitetura, história, gastronomia, beleza, “art de vivre” e champanhe, é claro!

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320 milhões de garrafas ao ano
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Champanhe e bons preços ( a partir de 23€ dependendo da marca )
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Toda Champanhe do mundo vem desta região. Um estoque incrível
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Cada produtor tem seu subsolo
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Adegas de Champanhe
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Nesta posição as garrafas são giradas diariamente
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120 km de adegas subterrâneas percorrem a cidade
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Notre-Dame de Reims- portal
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Mansão Moët
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Presente de Napoleão a Jean-Remy Moët
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Napoleão era amigo do senhor Jean-Remy Moêt
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Aqui repousa Dom Pierre Perignon (o pai da champanhe).
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Degustação na Moët Chandon e em outros produtores atraem muitos visitantes
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Notre-Dame de Reims
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Como sempre fora de Paris, os restaurantes são pitorescos e a vida mais calma
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Detalhe Notre-Dame de Reims
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Interior Saint-Rémi foto wikipedia
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Basilica Saint-Rémi
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Notre-Dame de Reims
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Notre-Dame de Reims
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Túmulo de Saint-Rémi
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Basílica de Saint-Rémi
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Saint-Rémi e o batismo de Clóvis, primeiro rei católico do ocidente

Saúde e até a semana que vem!

Caça ao tesouro

A semana passada eu escrevi sobre passeios realizados por parisienses que fogem da cidade em seus fins de semana, em busca de ar livre, beleza e “art de vivre” francesa. Na mesma ocasião prometi a você leitor e a mim mesma, falar mais destes lugares turísticos. Um compromisso, que admito,  palpitante e que preencherá meus planos de fins de semana com muito prazer.

Porém, neste domingo passado perdemos uma hora devido à mudança para o horário de primavera/verão e o dia ficou curto. Além disso, uma garoa intermitente nos martelava a idéia de não irmos muito longe. Sair do apartamento sim, mas aonde ir com tempo escasso e temperatura duvidosa?

Foi aí que pensamos no Mercado de Pulgas de Saint-Ouen, cidade limítrofe de Paris, accessível de metro. Há muito ouço falar, então vamos lá: em direção à periferia, metro Clignacourt! A partir daí, foi só seguir as placas “Marché aux Puces”.


Bem, tivemos que tomar cuidado para não nos perder no mercado público que antecede a área do mercado de antiguidades, o verdadeiro mercado de pulgas. Ali na “feirinha de rua” descobri que não preciso ir à Marrakesh para obter um monte de coisas que gostei de lá e nem ir à Turquia para comprar bons casacos de couro a preços convidativos. Entretanto não era este nosso objetivo, então continuamos seguindo as placas “Marché aux Puces”.
Atravessamos por baixo do Periférico (nosso anel viário) e entramos na primeira ruela que nos pareceu pitoresca, o Marché Vernaison, aonde tudo começou humildemente em 1918.

Atualmente o mercado de pulgas apresenta números impressionantes:
11 milhões de visitantes ao ano
11 km de ruas e ruelas.
1700 comerciantes.
35 restaurantes e lanchonetes.
E sobretudo, 500 milhões de euros de volume transacional ao ano, dos quais 80% para exportação.
Descobrimos antiguidades e pessoas interessantes, amantes da arte e de um bom papo, típico da venda de objetos que carregam muitas histórias.

O tempo passou rapidamente e sequer conseguimos percorrer metade dos 11 quilômetros de ruelas.

Outro lugar onde teremos que voltar!

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Nostalia no ar
Candelabros, cerâmica,quadros antigos, alguma preferência?
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Entre velharias e objetos de arte, é preciso saber diferenciar.
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A França tem muita variedade em mobiliário de diferentes épocas
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Mais arte e mobiliário
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Objetos de decoração
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Objetos a esmo criam ambiente retro
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A loja é de luminárias, mas eu gosto das caixas
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Aqui e ali uma surpresa
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Artes, antiguidades e um sentimento de nostalgia no ar
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Objetos variados
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11 quilômetros de ruas e ruelas
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Adeus plástico! Ops, isso é o passado ou a resposta para o futuro?
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A chuva não atrapalhou o passeio
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Quem não gosta desta registradora? Eu sempre sonhei em ter uma assim quando era pequena
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Bons tempos aqueles!!?
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Volta ao mundo e no tempo através dos objetos
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Méli-mélo ou pot-pourri de coisas e pessoas
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Atrás de cada objeto uma história
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Brinquedos antigos
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Bengalas e objetos variados
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Soldadinhos e carrinhos de todas as épocas
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Começando a caça
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Boeuf Bourguignon, o típico.
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Chez Louisette é um dos 35 restaurantes e lanchonetes do “marché”
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Tradicional e emocionante
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Guinguette – Música ao vivo e improvisação em troca de algumas moedas.
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A parada Chez Louisette nos fez voltar no tempo
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De tudo um pouco
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Desde a idade média o desenho na placa pendurada ajuda aos analfabetos
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Prataria
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Prataria. Quem limpa?
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Desde 1918 o mercado vem crescendo
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Objetos variados que lembram as casas de nossos ancestrais
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Mais porcelana
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Porcelana e Cristais
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Brinquedos
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Móveis
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Objetos inusitados
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Descobrindo o mundo de antigamente
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Paraíso dos colecionadores
Paris Marché aux Puces
A moeda mais antiga ali era de 1924

Domingo, dia 5 de Abril outra importante caça acontecerá em Paris e seus arredores. Os pimpolhos estão convidados a caçar seus ovos de Pascoa em inúmeros lugares. No Jardim da Aclimatação 15 000 ovos esperam a garotada, na cidade medieval de Provins 8000 ovos serão espalhados dentro das muralhas, em Vaux le Vicomte 85 000 ovos para todo mundo ter a sua chance, haverá também caça no Hard Rock Café, no zoo de Thoiry e em muitos outros lugares. Agora basta somente  escolher aonde caçar no próximo fim de semana!

Caro leitor, FELIZ PASCOA! E até a semana que vem!

Paris or not Paris, eis a questão

Difícil escolha no domingo passado, tantas coisas acontecendo que mal sabia o que fazer.

Dentre as atividades possíveis, estava bastante dividida entre ir ao Salão do Livro ou fazer como muitos outros parisienses e sair de Paris.

O Salão do Livro, que aconteceu do dia 20 ao dia 23 de Março no Pavilhão de Exposições de Porte de Versalhes, atrai anualmente quase 200 000 leitores. Em 2014, deste número, mais de 36 000 visitantes se situavam em uma faixa etária abaixo de 18 anos.

Leitora inveterada e ansiosa em legar este prazer ao caçula da família, sabendo que o salão dispunha de mais de 200m2 dedicados da literatura infanto-juvenil, já tinha ai argumento suficiente para o deslocamento até Porte de Versalhes. Além disso, o evento convida em torno de 3 000 autores para encontro com leitores, conferências e sessões de autógrafos. Para ajudar, o metro em linha direta, era gratuito neste domingo. Porém o argumento de maior peso era, sem dúvida, a homenagem que estava sendo feita ao Brasil. Como país em destaque o Brasil trouxe 29 autores e desfrutou de um espaço privilegiado na programação, tendo até um aplicativo para promoção de nossa literatura. Imaginem que o Martinho da Vila, sambista que escutei tanto graças ao meu falecido pai, estaria lá.

Apesar de tantos argumentos para ir ao salão, a ideia de escapar da cidade e ver o horizonte, dizer adeus às luzes de neon e as quatro paredes que nos cercam por mais de 40 horas por semana, sobretudo às vésperas do início de um rodízio de carros em Paris, me pareceu muito tentadora.

Sem saber o que fazer eu decidi utilizar uma técnica infalível adquirida em restaurantes de países estrangeiros. Quando não sei o que pedir, peço exatamente o que está comendo a maioria dos freguêses locais. Em viagem, se estiver em companhia de um amigo da nacionalidade do lugar confie nele. Então na hora da indecisão resolvi fazer o que fazem muitos parisienses que têm carro. Com a família e um amigo resolvemos fugir da cidade. “Outdoors” ai vamos nós! Na mochila: pão de natural, nozes e frutas para aguentar até a chegada ao restaurante há 100 km de Paris. Todos no carro direção à cidade medieval de Provins.

Valeu a pena? Valeu tanto a pena que nas próximas semanas vou contar para você aonde vão tantos parisienses que movimentam o mercado de turismo local enchendo as estradas nos fins de semana em busca de verde e também de história, aventura, arquitetura ou gastronomia. Enfim, aos olhos dos parisienses, vamos à busca da verdadeira França e sua “Art de Vivre” pertinho de Paris.

E como uma imagem vale mais que mil palavras…

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Nossa creperia com vista para a praça
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Uma das ruas de acesso a praça central
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Paisagens arquitetônicas cortam a linha do horizonte
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Em torno da praça central de Provins, um dos comércios de artesanato
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Praça central, Provins. A sua volta encontramos lojinhas,restaurantes e creperias
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Igreja Saint Quiriace exterior
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Igreja Saint Quiriace
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Igreja Saint Quiriace-no interior ogivas ovais e redondas, 2 momentos da construção religiosa: romana e gótica.
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Igreja Saint Quiriace
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A cidade recebia feiras comercias importantes nesta época.
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Uma vez dentro das portas a visita se faz a pé.
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A Torre é unipresente na paisagem. Detalhe janela casa século XII
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Servido (a)?
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Voltaremos em breve para ver os show de águias ou cavalos que acontecem nos fins de semana.
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No primeiro domingo de primavera o turismo na cidade começa a se movimentar timidamente.
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Simpatia no atendimento e comida fresca
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Restaurantes acolhem locais e visitantes
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Torre Cesar, aberta para visita, esconde a vida de uma masmorra medieval e desvenda a paisagem do lugar.
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Muralhas cercam a pequena cidade
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Sempre que posso levo os amigos em visita.Na foto meu amigo Fernando Santos
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O rei Felipe Augusto em 1201, Joana D’Arc e Charles VII em 1429 e agora é a nossa vez de visitar a igreja construída em 1160.
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Brincando de cavaleiro sob uma das portas da muralha
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Como resistir ao chantilly fresquinho?
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Livraria Medieval- foto Fernando Santos
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100 quilómetros e uma paisagem diferente, ideal para uma escapada de um dia.
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Simples e delicioso: crepe, cidra e agora falta o chantilly
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A cidade é sobretudo ideal para visita nos meses de verão, especialmente durante os animados fins de semana.

E então? O que achou da escolha?

Isso sem dizer que ainda não visitamos os 38 monumentos tombados pelo Patrimônio da Humanidade que se encontram em Provins. Outro dia voltamos!