Loucos Invadem Louvre, exposição imagem Bobo olhando através dos dedos

Loucos invadem o Louvre

Loucos invadem o Louvre: Com a exposição Figuras do louco, da Idade Média aos Românticos o Museu do Louvre analisa o caráter subversivo do louco.

A mais nova exposição do Louvre apresenta ao visitante o mundo à parte dos loucos através dos tempos. E, visto que de louco todos temos um pouco, nada mais interessante do que explorar a origem da loucura, os loucos e suas representações através dos tempos. (Nota 1)

Na Idade Média, a definição de louco ou tolo nos era oferecida pelas Escrituras, em particular na primeira linha do Salmo 52: “O tolo disse em seu coração: ‘Não há Deus!'” Coincidentemente, como a grande maioria das doenças durante esse período, a loucura não era tratada como uma questão de saúde, mas de falta de espiritualidade. Segundo o salmo 52, quem se recusa a ouvir a palavra de Deus coloca-se à margem do mundo.

Essa “tolice ou loucura” religiosa evoluirá na boca do povo, nas salas reais, nas artes gráficas e na literatura. No mundo pagão, o termo louco designará qualquer pessoa estranha no sentido literal e figurativo da palavra.
Bobos da corte engraçados, disformes, cínicos ou politizados, seres assombrando telas de pintores como Bosch e Bruegel, tolos de amor como Lancelot e Tristan, loucos surpreendente famosos como São Francisco, possuído ao extremo pelo amor divino preenchem devaneios e o imaginário coletivo até os dias de hoje.

No vídeo à seguir a curadora da exposição desvenda as ligações entre a simbologia da Idade Média relativa ao personagem de Bobo da Corte e os recursos visuais utilizados no filme Joker.

Conservadora do Louvre e Curadora da Exposição – Descriptorafia do filme Joker.

Entre a Idade Média e o Renascimento, o louco literalmente invadiu todo o espaço artístico europeu e se estabeleceu como uma figura fascinante, conturbada e subversiva.

Armadura, provavelmente realizada para desfiles durante jutas – ver nota 2

A exposição temporária do Louvre apresenta manuscritos, livros impressos e gravuras, tapeçarias, pinturas, esculturas, objetos preciosos ou cotidianos. Esses itens oferecem uma visão encantadora e diversificada do mundo dos loucos, desde suas representações religiosas até suas encarnações mais profanas e críticas.

Com mais de 300 obras em exibição, Figuras do louco, da Idade Média aos Românticos convida o visitante a mergulhar em um mundo fascinante pleno de simbologia, que desafia as convenções e celebra a diversidade humana.


Com o tempo, a figura do louco começou a desaparecer lentamente do mundo artístico. De fato, um novo capítulo poderia ser escrito sobre a presença de loucos nas redes sociais, mas essa é outra história.

Para aqueles que desejam conhecer mais sobre o assunto, e não terão a oportunidade de ir ao Louvre, a partir de seu telefone acessando o link Figures du Fou é possível admirar peças importantes da exposição com comentários em francês e inglês. Boa visita!

16 de outubro de 2024 – 3 de fevereiro de 2025 Museu do Louvre.


Notas:
1. “Pessoas loucas estão absolutamente em toda parte. Elas permitem que você tenha uma visão íntima e próxima do pensamento, da cultura e da arte da Idade Média e do Renascimento, este momento de transição para os tempos modernos. O louco é uma figura-chave, testemunhando a evolução de nossa história.” Elisabeth Antoine-König, curadora da exposição.

2. Em 1514, Maximiliano I presenteou Henrique VIII com uma armadura que incluía o mais incomum ‘capacete com chifres‘ ou armadura, mais tarde escolhido como o símbolo do Museu Real dos Exércitos em Leeds.  Três trajes de design semelhante foram feitos por Seusenhofer, mas apenas a armadura dada ao neto de Maximiliano, o futuro imperador Carlos V, sobrevive intacta em Viena. A armadura de Henrique não sobreviveu. Devido à sua aparência extraordinária, acredita-se que o capacete com chifres tenha sido o do bobo da corte Will Somers. Originalmente, o capacete tinha painéis dourados de prata colocados sobre um rico tecido de veludo. fonte Wikipedia Foto: Geni – Photo by user:geni Photo of the horned helmet that was the basis of the royal armories logo. Permission details GFDL CC-BY-SA

Direitos, dinheiro e respeito. A mulher “parisienne” no dia 8 de março e sempre.

Uma característica única de Paris é ser um palco constante de manifestações culturais dos mais diversos tipos. Paris é uma cidade em constante ebulição. Manifestações artísticas, musicais, arquitetônicas, plásticas, manifestações sociais e políticas preenchem o quotidiano do (a) parisiense e até mesmo o visual da cidade (como em sua arquitetura contrastante e muitas vezes fruto de legendarias polêmicas). Algumas manifestações são criativas e, no entanto, conservadoras como a famosa Fashion Week, muitas outras frequentemente revolucionárias.

O dia 8 de março não podia ser diferente.

Este ano mais do que nunca, no domínio socioeconômico, as mulheres estão exigindo direitos, dinheiro e respeito. Apesar das promessas eleitorais de François Hollande, as francesas ainda ganham 26% a menos que os franceses.

 38 associações, feministas, sindicatos, ONGs e organizações de jovens chamam para mobilização. Os organismos chamam as mulheres (e homens comprometidos com a causa) à greve neste dia 8 às 15:40 em ponto. Por que 15:40? Porque, tendo em conta a diferença de 26% entre a remuneração de mulheres e homens (de acordo com dados do Eurostat), é a hora que as mulheres param de ser pagas a cada dia, com base em um dia normal.

Outra razão para desencadear uma greve? 80% dos empregos de tempo parcial são preenchidos por mulheres.

Um protesto percorreu o trajeto da Praça da República a Ópera passando em frente de lojas de departamento, onde há um grande numéro de trabalhadoras no ramo..

Já no registro cultural o projeto da AWARE, Archives of Women Artists, Research and Exhibitions, “Où sont-elles?” ou “Onde estão elas?” promove, em associação com diversos museus, visitas guiadas por conferencistas com destaque para as obras de artistas do sexo feminino de suas coleções. Do dia 8 ao dia 12 no Museu de arte moderna Georges Pompidou, no Museu D’Orsay, no Museu de Artes Gráficas e outros. Visitas gratuitas, reservas no site. http://www.awarewomenartists.com/action/visites-a-la-decouverte-des-artistes-femmes/

La parisienne - Auguste Renoir
La parisienne – Auguste Renoir 1900

E para terminar nosso percurso pela semana e vida da mulher em Paris, a biblioteca Forney no bairro 4 expõem uma coletânea de fotos, documentos e revistas apresentando a evolução da moda feminina durante a 1ª guerra mundial. Quando os acontecimentos ditaram a condição feminina e seu papel na sociedade, levando-as às manufaturas e até a beira das trincheiras, mudando assim seus costumes e aparências externas para sempre.  A exposição fica aberta até dia 17 de junho, dando oportunidade a quem perdeu a semana da mulher em Paris de desfrutar da ocasião e da descoberta da condição, sempre evolutiva, da mulher na França.

Bibliothèque Forney
1 rue du Figuier, 75004 Paris, até 17 de junho 2017