Setembro é o mês de volta as aulas após as grandes férias de verão. Setembro não é um mês como os outros meses na França. Setembro é como um “segundo” começo do ano no país. O inicio de setembro é talvez comparável ao nosso “depois do Carnaval”. Que fique claro, Julho e Agosto na França são como Dezembro e Janeiro no Brasil.
Então, a França e o continente Europeu acabam de passar por suas primeiras férias de verão em tempos de Covid 19, ou seja, encarando o novo normal no âmbito turístico. Não quero escrever férias pós-pandemia porque ela não está erradicada, mas os números otimistas permitiram aos franceses se deslocar para muitos destinos livremente neste período.
Desde 15 de junho, a maioria dos países da União Européia e do espaço Schengen suspenderam as medidas restritivas em suas fronteiras aceitando viajantes franceses em seus territórios e vice-versa. Estava dada a largada para o verão e uma retomada parcial da atividade turística européia.
Junho e julho, meses de liberdade!
Durante esta temporada, vinte e cinco países europeus estavam e sequem acessíveis aos franceses sem condições, incluindo dezoito da UE: Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Espanha, Itália, Luxemburgo, Hungria, Croácia, Polônia, Malta, República Tcheca, Romênia, Bulgária, Eslováquia, Eslovênia e Suécia. Os países dos Balcãs, com exceção da Bósnia e Herzegovina, também são acessíveis sem restrições.
No início de julho a média de óbitos diários devido ao coronavírus na França era de 20 pessoas ao dia, no começo de agosto de 9 pessoas ao dia, números promissores.
No entanto, todos os países observam os níveis de epidemia alheios e podem, se os números ultrapassarem um determinado limite, reservarem-se o direito de restabelecer as restrições contra quaisquer cidadãos ou os vôos estrangeiros.
Sendo assim, por essas e muitas (põem muitas nisso) outras incertezas ligadas à pandemia, mesmo podendo viajar ao exterior, a maioria dos franceses e europeus resolveu ficar em seus países. Segundo estudos publicados pela Protourisme, empresa especializada em estudos e consultoria no sector turístico, somente 10% dos franceses arriscou atravessar as fronteiras por exemplo.
A cidade luz ficou vazia
Eu imaginei que em plena recessão ocasionada pelo Covid as pessoas não fossem viajar de maneira significativa.
Porém, pouco a pouco, no decorrer de julho Paris se esvaziou, aliás, a capital ficou particularmente vazia sem os parisienses e também sem turistas estrangeiros. Na cidade luz, a hotelaria pertencente às redes como Accord e pequenos hotéis abriram à espera de clientes, enquanto os hotéis 5 estrelas optaram por se manter fechados.
Férias no Novo Normal
O movimento nas estradas se intensificou. Estações balneárias de praia e até de montanha lotaram. Campings, trailers, casas de alugueis, casas secundárias, casas secundárias de familiares, camping selvagem, trekking e refúgios foram bastante procurados pela clientela francesa.
Apesar da crise, todo mundo deu um jeitinho. Meu filho Gabriel de 15 anos optou por caminhar e dormir em refúgios de montanha com um amigo, por exemplo. Veja um pouco deste universo a seguir.
Férias passadas na França, a Côte d’Azur aclamada e hotéis a meio mastro:
Como os franceses viveram suas férias em tempos de Covid?
O “neobanco” Revolut estudou o comportamento dos franceses durante este verão pós-Covid.
A escolha de alojamentos e métodos mencionados anteriormente diz muito sobre a tendência. Muitas “tribus” tentaram gastar o mínimo possível, ficaram em suas “bolhas” ou em atividades ao ar livre.
Felizmente nem todos os cidadãos foram tocados pela crise. A Côte d’Azur, por exemplo, se beneficiou particularmente do fluxo de turistas franceses. Os resorts à beira-mar de Cannes (aumento de 84%), Mandelieu (aumento de 37%), Nice (aumento de 29%) e Antibes (aumento de 26%) viram as despesas dos turistas saltarem, e estão entre as dez principais cidades francesas visitadas, de acordo com Revolut.
Um estudo semelhante da start-up Sumup, empresa que vende terminais de pagamento, concluiu que a Bretanha experimentou o crescimento mais forte de seus negócios durante o verão, com um aumento de 60% no número de transações de pagamento via cartões de crédito por comerciante.
Aglomerações e mudança de diretrizes
Uso obrigatório de máscara por toda a cidade de Paris .
O vai e vem da população no território nacional acabou inquietando as municipalidades. Assim, no início de julho o uso de máscara só era obrigatório em lugares fechados, no decorrer do verão foi exigido o uso de máscara em lugares propensos a aglomerações, como em pequenas ruas comerciais, feiras e praças da França. O mesmo aconteceu em Paris, primeiramente à beira do Sena e parques e em seguida por toda a cidade.
Infra-estrutura e/ou métodos de controle Da população
No novo normal os comércios têm sempre filas externas e as atrações turísticas e esportivas estão disponíveis somente com hora marcada. Haja paciência!
Há infra-estrutura, menus on-line, pedágio sem contato físico, pagamento sem contato e muito álcool-gel! Ao analisar vários milhões de transações, a Sumup confirmou o considerável crescimento do pagamento sem contato. Por exemplo, 64,5% dos turistas o usaram neste verão, contra apenas 38,5% no verão de 2019.
E há o que precisa haver: civismo e respeito, especialmente entre a parte mais idosa da população.
Eu mesma fiz um deslocamento de quinze dias para resolver questões familiares, e aproveitei do apartamento secundário da cunhada para “turistar” um pouco e constatar o “novo-normal”durante as férias na França.
Porém, existem também dissidentes, festas entre jovens, militantes contra o uso de máscaras, pessoas que temem o provável fim do dinheiro vivo e manifestantes políticos perdidos entre as novas regras sanitárias . E para esses há repressão e no melhor dos casos multas. Bem-vindo a setembro.
Nota: Situação atual referente ao Covid.
Saúde Pública França registrou 6.544 novos casos de coronavírus e 39 mortes na França nas últimas 24 horas.
71 departamentos estão agora em “vulnerabilidade moderada ou alta”, de acordo com a Saúde Pública Francesa .
Na primeira semana de aula 10 escolas foram fechadas devido à detecção de casos de Covid na França metropolitana*. ( dados excluem territórios ultramarinos)
A multa para aqueles que se recusam a usar mascaras é de 135 euros.
Siga os links para ver os gráficos detalhados : France Info e Covinfo.