12 imóveis tombados pelo IPHAN que poucos turistas conhecem em Salvador

Já que é pra tombar, o IPHAN tombou. Mas pouca gente soube.

Num lugar com tanta História e riqueza arquitetônica como Salvador, não faltam construções tombadas espalhadas em diversos pontos da cidade. Muitas estão no circuito turístico e são naturalmente vistas ou visitadas por quem circula. Outras até estão no caminho dos turistas, mas nem mesmo soteropolitanos notam que são imóveis de valor histórico. E há aqueles que estão fora dos roteiros, seja por ficarem longe dos cartões postais, ou por ficarem esquecidos naquelas ruas do Centro Antigo que não foram totalmente integradas no projeto de revitalização.

E como na semana passada (17 de agosto) teve o Dia Nacional do Patrimônio Histórico, nada mais justo do que destacar pelo menos doze dessas edificações, todas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), que acabam passando despercebidas por quem visita a cidade.

1) CASA DOS SETE CANDEEIROS

Localização: Rua São Francisco, Centro (na pracinha formada na esquina das ruas do Tesouro e do Tira Chapéu).

Descrição: A Casa dos Sete Candeeiros foi tombada pelo Iphan em 1938 e seu nome se deve aos sete lampiões de azeite que nela se penduravam durante a estadia da corte de D. João VI, como forma de iluminar melhor o ambiente. A casa nobre tem forte caráter defensivo, com robustez nas paredes e raras aberturas no pavimento térreo.

2) IGREJA SÃO MIGUEL

[Foto: Pousada Suítes do Pelô]
Localização: Ladeira de São Miguel (Rua Frei Vicente), Pelourinho

Descrição: A construção desta igreja em estilo colonial, que remonta ao início do século XVIII (1725 a 1732), se deve a Francisco Gomes do Rego, que a levantou sob a invocação do Senhor Bom Jesus de Bouças e São Miguel. Em destaque na fachada, um painel de azulejos, com emblema da Ordem 3ª de São Francisco, vindo de Lisboa por volta de 1790.

3) ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DA BAHIA

Localização: Praça Conde dos Arcos, Comércio

Descrição: Construída sob os alicerces do Forte de São Fernando, o Palácio foi edificado por D. Marcos de Noronha e Brito, em estilo neoclássico, e inaugurado em 1817, com duas portadas em mármore, com inscrições em memória a D. João VI. A fachada principal está voltada para a Praça Riachuelo, construída pela própria Associação, em 1866. O Palácio abriga uma biblioteca, uma pinacoteca e mobiliário do século 19. É a mais antiga associação patronal do Brasil.

4) SOLAR BERQUÓ

[Foto: Google Street View]
Localização: Rua Visconde de Itaparica, n. 8, Centro

Descrição: O Solar situa-se no sopé de uma das ladeiras que conduz à Baixa do Sapateiros, a antiga Rua da Vala. O início de sua construção data de 1691, conforme indica a gravação acima da portada, e deve seu nome ao Ouvidor do Crime, Francisco Antônio Berquó da Silveira, que nela habitou em meados do século XVIII.

5) SOLAR DO BARÃO DO RIO REAL

Localização: Praça Conselheiro Almeida Couto, Nazaré

Descrição: O prédio foi uma das primeiras edificações do bairro de Nazaré, e pertenceu ao Barão do Rio Real. Construída em paredes de alvenaria de tijolo, o solar desenvolve-se em dois pavimentos, mais mirante e pequeno porão. Sua planta é típica de residências urbanas mais ricas do séc. XVIII. O Barão do Rio Real, do engenho Camuciatá, ficava no casarão sempre que vinha para a Capital (Salvador). Posteriormente, o imóvel se tornou pousada dos padres da Congregação das Missões e depois pertenceu ao Colégio Nossa Senhora de Lourdes. Hoje, encontra-se abandonado.

6) PAÇO DO SALDANHA

[Foto: Google Street View]
Localização: Rua do Saldanha, Centro Histórico

Descrição: Um dos mais notáveis palácios construídos no Brasil colonial, com destaque para sua imponente portada em pedra lavrada, única na arquitetura baiana. Para construir o Solar, o coronel António da Silva Pimentel usou o terreno de casas que havia comprado em 1699 à Ordem Terceira do Carmo. Com sua morte (1706), o solar passa aos herdeiros, até chegar às mãos de D. Manoel Saldanha da Gama, filho do vice‐rei da Índia e viúvo de D. Joana Guedes de Brito, filha do coronel. Depois de um longo período de abandono, foi restaurado e hoje abriga o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia.

7) SOLAR DO CONDE DOS ARCOS

[Foto: Dimitri Cerqueira]
Localização: Avenida Leovigildo Filgueiras, Garcia

Descrição: A data da portada – 1781 – indica o término da construção. O nome do solar está ligado ao VIII Conde dos Arcos e Governador da Capitania da Bahia, D. Marcos de Noronha, que viveu na casa por sete anos. O Palácio é classificado como solar por ter a planta quase quadrada, desenvolvida em dois pavimentos e coberto por telhado de quatro águas. Na área externa tem uma escadaria que liga o pavimento nobre ao jardim. Já na década de 30 do Século XX, o casarão foi vendido para Peter e Irene Baker, um casal de missionários da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, que fundaram o Colégio Dois de Julho.

8) SEMINÁRIO DE SÃO DÂMASO

Localização: Rua do Bispo, Centro Histórico

Descrição: Edifício do século XVII e tombado individualmente pelo Ministério da Cultura (MinC) como Patrimônio do Brasil. O solar tem três pavimentos e é propriedade da Igreja Católica através da Arquidiocese de Salvador. Não há registro exato da data da construção, mas o que se sabe é que em 1814 foi doado pelo testamento do Cônego José Teles de Menezes, para que fosse estabelecido o Seminário projetado por D. Frei Francisco de São Dâmaso Abreu Vieira, 14º Arcebispo Primaz do Brasil.

9) FORTE DO BARBALHO

[Foto: Manu Dias]
Localização: Rua Marechal Gabriel Botafogo, Barbalho

Descrição: A construção foi idealizada pelo Capitão Luís Barbalho, no contexto das Invasões Holandesas no Brasil. O forte foi reconstruído com melhor traçado, com alvenaria de pedra e cal, no Governo Geral de Alexandre de Sousa Freire (1667-1671), sendo concluído em 1712, como informa uma placa sobre o portão de acesso. No século seguinte, durante a Guerra de Independência, a fortificação foi a primeira a ostentar a bandeira do Brasil, após a expulsão das tropas portuguesas da Bahia. Anos mais tarde, o forte foi usado como Cadeia Pública de Salvador, e no período da Ditadura Militar, foi o principal palco de tortura no Estado.

10) ABRIGO DOM PEDRO II

[Foto: HF Fotografia]
Localização: Avenida Luiz Tarquínio, Boa Viagem

Descrição: A época de sua construção não é conhecida. Acredita-se que seja da primeira metade do século XIX e que foi a residência de um embaixador português. Em 1877, foi adquirido pelo Governo da Bahia para a instalação do Asilo de Mendicidade Santa Izabel, em homenagem à princesa imperial, passando definitivamente para a administração municipal em 1913. Em 1943, passou a ser chamado Abrigo Dom Pedro II.

11) SOLAR AMADO BAHIA

[Foto: Fred Matos]
Localização: Rua Porto dos Tainheiros, Ribeira

Descrição: O casarão que se destaca na paisagem da orla da Ribeira foi inaugurado em 1904 pela Família Amado Bahia, que usou a residência até 1924. A casa é envolvida em ferro fundido, importado da Inglaterra, e vidros franceses nas portas e janelas, em estilo art noveau. Em 1949, o Solar foi doado à Associação de Empregados do Comércio da Bahia, e recentemente ganhou notoriedade na mídia ao ser colocado em leilão.

12) LAR FRANCISCANO SANTA IZABEL

Localização: Rua Jogo do Lourenço, Saúde

Descrição: O Lar foi fundado em 1848, por membros da Ordem Terceira de São Francisco. O objetivo era dar abrigo aos membros idosos da Ordem (como faz ainda hoje), tendo sido inaugurado em 1860. Hoje, com a denominação de Lar Franciscano, cabe às irmãs franciscanas hospitaleiras, desde 1932, zelar pela instituição e cuidar dos idosos.

FOTO EM DESTAQUE: Igreja do Carmo e Igreja da Ordem Terceira do Carmo, por Ronaldo Silva [ASCOM Pelourinho]

FONTE:

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/05/26/palacio-tombado-que-foi-casa-de-vice-rei-vai-a-leilao-em-salvador.htm

http://portal.iphan.gov.br/

http://www.bahiaja.com.br/turismo/noticia/2013/05/16/casa-dos-7-candeeiros-na-vida-de-dom-joao-vi-e-no-roteiro-turistico,60122,0.html

http://www.infopatrimonio.org/?p=19285

http://www.salvador-turismo.com/riachuelo/associacao-comercial.htm

http://gshow.globo.com/Rede-Bahia/Aprovado/noticia/2017/03/conheca-historia-de-tres-solares-importantes-de-salvador.html

http://www.hpip.org/def/pt/Homepage/Obra?a=1166

http://bahiatextos.blogspot.com.br/2010/12/solar-barao-do-rio-branco-historico.html

http://www2.cultura.ba.gov.br/2011/04/18/solar-sao-damaso-passa-por-manutencao/

http://atarde.uol.com.br/politica/noticias/forte-do-barbalho-foi-o-principal-centro-de-tortura-na-bahia-1576076

http://www.salvador-turismo.com/barbalho/forte.htm

http://www.cidade-salvador.com/patrimonios/abrigo-dom-pedro/abrigo.htm

http://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/conheca-casas-de-salvador-que-chamam-atencao-por-sua-arquitetura-marcante/

http://www.igrejas-bahia.com/salvador/lar-franciscano.htm

Bahia perde o fundador e diretor do Instituto Imbassaí

“Todo grande sonho começa na mente de um sonhador. Lembre-se de que você tem, dentro de você, a garra e a paciência para atingir as estrelas e mudar o mundo” (Harriet Tubman)

O Turismo baiano está de luto pelo falecimento do querido Francisco Oliveira, fundador e diretor do Instituto Imbassaí, ONG que transformou as vidas de milhares de moradores dos povoados do Litoral Norte da Bahia, promovendo capacitação profissional e inclusão no mercado de trabalho através da intermediação junto aos empreendimentos hoteleiros  e turísticos da região, tais como o Grand Palladium Imbassaí, o Iberostar Resort, o Vila Galé Marés, o Tivoli Eco Resort e a Grou Turismo.

A ONG foi fundada em 2005 e reconhecida como Entidade de Utilidade Pública pela Prefeitura de Mata de São João, município ao qual pertencem as localidades de Praia do Forte e Imbassaí. ‘Seu Francisco’, como era conhecido pelos amigos, dedicou a vida a projetos sociais, com passagens pela ONU e por países da África. No Litoral Norte, além de ter papel fundamental na redução do índice de analfabetismo local, trouxe iniciativas como o ‘Pontes para o Futuro’, em parceria com a PLAN international e a União Europeia, e o projeto ‘Horta nas Escolas’, que em 2016 realizou uma grande feira agregando doze instituições de ensino públicas dos arredores.

O velório será nesta segunda (14/08), a partir das 17h, na sede do Instituto Imbassaí.

Tetos de Salvador: 15 igrejas para visitar (e olhar para o alto)

Esse provavelmente foi um dos posts mais trabalhosos que eu já escrevi. Desde que inventei que iria tentar catalogar alguns tetos das igrejas históricas de Salvador, sem saber por qual começar numa cidade conhecida pela infinidade delas, achei na minha ingenuidade que conseguiria finalizar a matéria em menos de um mês. Isso foi em abril do ano passado, e entre um trabalho e outro, me ocupou até meados de novembro.

Deveria tirar as fotos dos tetos mais importantes? Dos mais bonitos? Dos mais diferentes? Confesso que não sei. A verdade é que ao longo desses 6 meses, sempre que passava por acaso na frente de qualquer igreja que fosse, tirava o celular do bolso e registrava uma foto (daí a qualidade não estar aquela coisa maravilhosa). Algumas eram realmente sem graça, mas outras foram uma grata surpresa – não pelo teto em si, mas porque me “obriguei” a visitar locais que nem cogitava.

Óbvio que esse post não contemplou nem 10% de todas as igrejas existentes em Salvador, e minha ideia não era escrever nenhum livro com informações técnicas e específicas do ano de construção ou quem foi o autor. Como pelo menos duas estavam fechadas para reforma, pedi licença ao Google para postar foto de terceiros, com os devidos créditos das imagens.

Notadamente alguns dos mais famosos foram pintados por José Joaquim da Rocha, artista baiano do Século XVIII, cujas obras podem ser encontradas nos museus de Salvador, além de admiradas nos forros das naves de igrejas do período colonial, não apenas na Capital, como também em cidades históricas do Recôncavo.

No City Tour tradicional, o passageiro visita pelo menos duas – a Igreja de São Francisco, no Pelourinho, e a Igreja do Bonfim, na Cidade Baixa. Mas na cidade de 365 delas, esta matéria pode ajudar a destacar quais valem uma visita por conta própria (e merecem um torcicolo de tanto admirar aquela beleza que só Deus sabe como o povo conseguia projetar há tantos séculos). O melhor de tudo: quase todas listadas aqui têm entrada gratuita.

Antes de começar, aperte o play no vídeo e deixe Caymmi te conduzir na leitura.

1) Igreja São Domingos Gusmão (1781). End.: Largo do Terreiro de Jesus, s/n, Pelourinho.

Foto: Aníbal Gondim.

2) Catedral Basílica (1672). End.: Largo do Terreiro de Jesus, s/n, Pelourinho

Foto: Rui Lima

3) Igreja da Conceição da Praia (1774). End.: Rua da Conceição da Praia, s/n, Comércio

4) Igreja do Bonfim (1754). End.: Largo do Bonfim, s/n, Bonfim

5) Igreja de São Francisco (1733). End.: Largo do Cruzeiro de São Francisco, s/n, Pelourinho

6) Igreja da Lapa (1744). End.: Avenida Joana Angélica, 41, Centro

7) Igreja do Rosário dos Pretos (1780). End.: Largo do Pelourinho, s/n, Pelourinho
8) Igreja do Carmo (Século XVII). End.: Largo do Carmo, s/n, Carmo

9) Igreja São Pedro dos Clérigos (Século XVIII). End.: Largo do Terreiro de Jesus, s/n, Pelourinho

10) Igreja da Vitória (Século XVII). End.: Largo da Vitória, s/n, Corredor da Vitória

11) Igreja da Ordem Terceira do Carmo (1817). End.: Largo do Carmo, s/n, Carmo

12) Igreja de Santo Antônio da Barra (Século XVII). End.: Largo de Santo Antônio da Barra, s/n, Barra

13) Igreja da Ordem Terceira de São Francisco (1831). End.: Rua da Ordem Terceira, s/n, Pelourinho

14) Igreja da Misericórdia (1722). End.: Praça da Sé, 6, Centro Histórico

15) Mosteiro de São Bento (Século XVIII). End.: Largo de São Bento, s/n, Centro 

[Foto do topo: Igreja dos Mares, o único templo gótico de Salvador, localizada na Cidade Baixa. Vale uma parada estratégica no caminho para a Igreja do Bonfim]