Falta competência à gestão pública no Brasil. Não faltam exemplos que comprovam este fato. Mas, no que diz respeito ao mercado de viagens, a visão imediatista, reforçada pelas difíceis condições e circunstâncias econômicas atuais, que impõem rigoroso controle dos custos, agrava ainda mais a situação.
Ao invés de recorrer à consultoria qualificada das agências de viagens que possuem competência reconhecida por corporações privadas, dos mais variados portes e ramos de atividade; para que façam a gestão de vultosos recursos que elas destinam ao deslocamento de seus colaboradores diretos e indiretos, além de seus clientes, a miopia governamental ganha um novo impulso. Em outras palavras, com o argumento de que para economizar o poder público pensa comprar passagens aéreas, diárias hoteleiras e locar veículos, por exemplo, sem recorrer à consultoria profissional de uma TMC, o risco de déficit só faz ampliar.
Para quem é do ramo fica fácil compreender quais são as consequências nefastas que a compra direta gera para o mercado de viagens e o quanto essa prática pode causar ao já combalido erário público, fruto em sua maioria de impostos recolhidos da população. Para quem não é, a tese da desintermediação pode até parecer plausível. A ideia de eliminar um dos elos que compõem a rede de distribuição soa como “comprar direto da fábrica”, ou seja, “comprar mais barato”. Certo? Errado. Agir assim se assemelha a assumir os perigos da “automedicação”.
O limitado conceito da compra “pelo menor preço”, pressuposto em todos os processos de licitação pública e referenciados na famosa Lei 8666, possibilita que fornecedores apresentem propostas para fazer a gestão de viagens e vençam concorrências ofertando serviços “gratuitos” ou para serem remunerados a preços ínfimos. Resultado: por alguma via, certamente, tais prestadores encontram meios para lucrar.
Assim, pensando justificar um erro com outro erro, o despreparo gerencial no Brasil clama por mudanças!
Edmar Bull
Presidente do Conselho de Administração da Abracorp
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