O desenho da crise econômica brasileira apresenta alguns sinais de alerta que devem ser levados em conta com toda atenção e seriedade. Um deles incide sobre um dos pilares da atividade turística como um todo – o transporte aéreo. As quatro maiores companhias aéreas com voos regulares no Brasil (Avianca, Azul, Gol e Latam) acumulam prejuízos significativos, que chegam perto dos R$ 5 bilhões, em 2015, quando anualizamos, pela média, o resultado negativo de R$ 3,7 bilhões consolidado nos primeiros nove meses do ano. O prejuízo contábil dos três primeiros trimestres representa o triplo daquele verificado em igual período no ano de 2014. Calcula-se que as aéreas acumulam prejuízos da ordem de R$ 13 bilhões, nos últimos 13 anos, salientando que boa parte desse resultado decorre do fato da aviação ser altamente sensível à variação cambial, com itens como combustíveis, manutenção, leasing, entre outros, atrelados ao dólar.
Deixemos as planilhas salpicadas de vermelho das quatro aéreas para aterrissarmos no território todo azul dos cinco maiores bancos em operação no país. A somatória do lucro contábil destas instituições, consolidada nos três trimestres de 2015, resultou em R$ 45. 1 bilhões. Anualizando pela média, a conta ultrapassa os R$ 60 bilhões. Só o lucro anualizado de um deles passa dos R$ 4 bilhões – aproximando-se, em termos nominais, do prejuízo calculado das quatro aéreas mencionadas.
Não se trata de comparar o desempenho desde ou daquele setor, nem abrir mão do otimismo e do ânimo que marcam a conduta dos players da grande cadeia turística, onde destacamos a presença das empresas associadas à Abracorp. Mas os números aqui apresentados se encarregam de mostrar o duro caminho que temos de percorrer para virar esse jogo. Sabe-se que as aéreas pleiteiam redução da carga tributária e política de preços menos escorchantes do querosene de aviação.
Mais do que nunca, a palavra de ordem é essa: união, lembrando que cerca de 70% do faturamento das agências de viagens tem origem no setor do transporte aéreo! E unidos, seremos muito mais fortes.
Rubens Schwartzmann
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