Decadência no ar

É triste constatar que a pobre e decadente aviação comercial brasileira se rende às forças estrangeiras. A TAM anunciou esta semana a troca das soluções tecnológicas ofertadas pelo GDS Amadeus em favor do Sabre, que já atendia a LAN – o que, certamente, também terá efeitos em reservas e no operacional para as agências de viagens.
Foi-se o tempo em que tínhamos uma grande empresa brasileira de aviação com background suficiente para encarar e espanar as águias do além-fronteiras.
Aliás, desde o ano 2000 as empresas aéreas no país perderam o foco e passaram a tecer uma colcha de retalhos sobre a rede de distribuição. Uma colcha hoje repleta de cores, fios e texturas discrepantes, de elevadíssimos custos, que promove contínuos impactos negativos sob a rentabilidade do setor como um todo.
Vale lembrar que, o início deste vai e vem “estratégico” contou com o suporte do Sabre ao projeto E-TAM e, ainda, por iniciativas “inovadoras” semelhantes patrocinadas por outras empresas aéreas, incluindo aquelas que sucumbiram e nem existem mais.
Afinal, o objeto social das empresas aéreas mudou? Ao invés de prestarem bons serviços de transporte de passageiros e de cargas, elas agora focam em tecnologias embarcadas em outros interesses comerciais? Quem é que paga essa conta?
Edmar Bull
Presidente do Conselho de Administração da Abracorp

Na vanguarda

Nos meus posts aqui no Espaço Abracorp costumo repetir, mesmo que muitas vezes apenas conceitualmente, sobre a importância das agências de viagens corporativas inovarem no atendimento e nos serviços prestados para manterem seus clientes ou conquistarem novos mercados. Se na teoria é fácil, na prática também é muito simples.
Não é preciso inventar a roda para alcançar seus objetivos. Estas inovações oferecem a oportunidade para que as empresas (clientes) saiam de sua zona de conforto e invistam em procedimentos mais qualificados e que ajudem a obter melhores resultados. Um exemplo contundente dessa postura de vanguarda de inovação, que serve de benchmarking para todas as agências que atuam no mercado de viagens de negócios, é a utilização – pelas empresas – dos meios eletrônicos de pagamento nas operações. A utilização de contas centralizadas de faturamento para gerenciar os investimentos em viagens é um case de absoluto sucesso. Este é um diferencial com valor percebido com muita clareza tanto pelas empresas privadas quanto pelas do setor público.
Entre os benefícios para as empresas estão o maior prazo para pagamento e, por meio de uma única fatura mensal, conveniência, segurança, redução de custo e simplificação de processos. Além disso, oferece qualidade na gestão das viagens, com as facilidades de BI (Business Intelligence) e as análises das reservas feitas por um centro de custos, a escolha do perfil do fornecedor, entre tantos outros. Do lado das agências de viagens corporativas, poder incrementar ainda mais o serviço de consultoria especializada, as deixam alinhadas com as melhores tendências de mercado e up to date num cenário cada vez mais competitivo.
A Abracorp entende que o atual cenário macroeconômico constitui fator de estímulo para a adoção dos meios eletrônicos de pagamento no país, agregado a um inovador recurso de gestão ofertado às empresas clientes que demandam redução de custos. Com isso, também alcançamos um dos objetivos da entidade, que é identificar as melhores práticas e compartilhar com as agências de viagens e seus clientes, contribuindo com o fortalecimento do setor como um todo.

Exigências

“Vendas no comércio registram a maior queda desde agosto de 2003”. Esta é uma entre as várias manchetes que ocupam o noticiário nos últimos meses. Entretanto, para as agências associadas Abracorp, o mercado de viagens corporativas apresenta crescimento de 2,9% no primeiro trimestre de 2015, comparado a igual período do ano passado. Um feito notável; uma vez que o primeiro trimestre de 2014 registrou movimentação recorde devido à antecipação das vendas, motivadas pela realização da Copa do Mundo no Brasil.

Comparados à movimentação dos três primeiros meses de 2013, os resultados obtidos agora correspondem a ganhos ainda mais expressivos: iniciamos 2015 com mais de 20% de vendas.

Ainda que o nosso crescimento percentual recém-alcançado seja significativamente inferior em relação aos primeiros trimestres dos dois anos anteriores, frente ao desempenho negativo atualmente amargado por vários outros setores e segmentos, com raríssimas exceções, temos sim motivos para acreditar que trilhamos o caminho certo rumo à superação das adversidades.

Contudo, alguns fatores precisam ser bem observados para garantir a correta compreensão sobre os dados e, o mais importante, servir de referência setorial na análise das tendências – as quais, certamente, sinalizam horizontes cada vez mais desafiadores.

É fato que a necessidade de reduzir custos se impõe às corporações de maneira indiscriminada e isso estimula a demanda pelos serviços especializados em gestão de viagens, atraindo maior número de clientes para as TMCs qualificadas, instrumentalizadas e, portanto, detentoras de vantagens comparativas em relação aos canais de venda direta.

Do mesmo modo, o perfil empreendedor, que mantém aquecida a criação de novos CNPJs no País, especialmente com o surgimento de micros, pequenas e médias empresas, também contribui com a ampliação das oportunidades de negócios.

Porém, além de manter investimentos em tecnologia, capacitação profissional e gestão de processos eficientes, que resultam no indispensável aumento da produtividade, o cenário vindouro exige mais e sempre mais: diversidade de serviços e capacidade de inovação.

Edmar Bull
Presidente do Conselho de Administração da Abracorp