PROGRAMADA EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO PARA EVENTOS PODE RECUPERAR ATÉ R$ 18 BILHÕES AOS COFRES PÚBLICOS

por Gervásio Tanabe, presidente executivo Abracorp

Acabamos de divulgar o faturamento de fevereiro do setor de viagens corporativas. Voltamos a apresentar bom desempenho, com faturamento de R$ 908 milhões, 76% acima do mesmo período de 2022 e 10% acima de fevereiro de 2019, antes da pandemia da Covid-19.

O resultado, porém, não reflete a recuperação total do setor de viagens corporativas, que ainda não retomou o volume de 2019. Se no faturamento já estamos acima de 2019 é porque as tarifas, fruto de inflação e alta de insumos, tiveram um aumento. Mesmo assim, 2022 fechou 7,46% abaixo de 2019.

As agências de viagens corporativas carregam, ainda, em seus balanços, o peso dos prejuízos enfrentados de 2020 a 2022, pois mesmo com a redução de volumes a praticamente zero em 2020, tiveram custos de manutenção e pessoal, para que os clientes pudessem ser atendidos, mesmo que em menor quantidade.

A  Fundação Dom Cabral (FDC) preparou um estudo sobre o Programa Emergencial de Recuperação do Setor de Eventos (Perse). O levantamento mostra que o setor teve variação positiva de 5,8% no estoque de empregos formais e informais, enquanto a economia como um todo 3,8% no mesmo período. Hoje 92% da mão de obra formalmente empregada não têm ensino superior. A geração de empregos bate os 18 milhões, entre formais e informais. Ou seja, cada posto gerado subsidia a manutenção de três outros indiretos e induzidos.

Outro dado relevante é a variação positiva de 6,3% no estoque de empregos formais, acima da economia como um todo, que apresentou variação positiva de 5,4% em 2021 em relação a 2020.

A  Lei 14.148, que acaba de completar um ano, instituiu o Perse, reduzindo a zero a alíquota de quatro impostos federais por cinco anos: PIS, Cofins, IRPJ e CSLL. Também houve a renegociação de dívidas tributárias e não tributárias com a União com descontos de até 70% e com prazo máximo de quitação de 145 meses.

Mais de R$ 595 milhões já foram arrecadados pelos cofres públicos até o momento com o Perse, mas a expectativa com a renegociação de dívidas é de uma recuperação total de R$ 18 bilhões, conforme o estudo  feito pela Fundação Dom Cabral.

Ainda segundo a FDC, a pandemia evidenciou uma questão sobre o mercado de eventos e turismo: o desconhecimento da importância do setor para a economia brasileira, responsável por 6,4% do PIB, movimentando mais de R$ 550 bilhões (WTTC,2022). Além de fomentar toda a cadeia, impulsionando direta ou indiretamente 571 atividades econômicas.

Durante a pandemia, o segmento ficou inativo/proibido de operar por cerca de 24 meses, mas teve de arcar com o custo da manutenção dos equipamentos, equipes e tributos. A pesquisa da FDC expõe em números esse período de inatividade total:

• Queda de 50,2% na receita nominal e no volume de atividades para o mês de abril de 2020, no auge da pandemia, seguido de picos negativos entre junho de 2020 (-17,4%) e março de 2021 (-25,4%).

• Variação negativa de 19% no estoque de empregos formais (2020/2019), enquanto o agregado da economia apresentou queda de 1% (RAIS,2023).

• Variação negativa de 20,5% no estoque de empregos formais e informais (2020/2019), enquanto todos os setores apresentaram queda de 8,7% (PNAD, 2023).

• Variação negativa de 5% no número de empresas, enquanto a economia como um todo registrou queda de 1% (2020/2019) (RAIS, 2023).

O estudo comprova que qualquer alteração no Perse pode gerar um descontrole incalculável em um setor relevante que está se recuperando.

Em Brasília, Abracorp defende o setor em encontros com o governo

por Gervásio Tanabe, presidente executivo oAbracorp

Estivemos em Brasília um dia após o mercado ter conhecimento do projeto “Voa Brasil”, que tem como finalidade aquecer o turismo nacional por via de passagens aéreas mais baratas. Conforme o projeto em estudo pelo governo, as companhias ofereceriam passagens a R$ 200 na baixa temporada a estudantes, funcionários públicos e aposentados que tenham renda até R$ 6.800.

Todo caminho que movimente o mercado de turismo é bem-vindo. Principalmente os que analisam um dos principais custos desse mercado: passagens aéreas. Nessa mesma semana, a Abracorp divulgou o faturamento do setor de viagens corporativas no mês de janeiro. As vendas totais alcançaram R$ 982 milhões, em comparação a R$ 835 milhões em 2019, antes da pandemia da Covid, um aumento de 17,6%.

O resultado de janeiro de 2023 deve-se ao desempenho do segmento de passagens aéreas, que faturou R$ 632 milhões, quase 60% de todo o volume dos onze setores analisados. Embora o aéreo doméstico tenha apresentado queda de 22% no número de tíquetes corporativos, houve um aumento no valor na passagem de 27,8%. Além disso, há uma diferença muito grande entre tarifa corporativa e lazer, o que nos preocupa. As tarifas altas fazem com que as empresas revisem suas programações de viagens; e o mercado corporativo é fundamental no mix de viajantes.

Para uma reserva São Paulo-Rio-São Paulo, a chamada “ponte aérea”, com viagem marcada para junho, o custo seria de cerca R$ 350,00. Se uma empresa fizer a mesma reserva para a próxima semana, o custo da passagem será entre cinco e seis vezes maior (numa pesquisa feita em 27mar).

O corporativo está, em parte, subsidiando o lazer. Isso faz algum sentido, mas a diferença assusta o gestor de viagens, responsável pelos custos de viagens em uma empresa. Lembro que o viajante enquanto pessoa jurídica, que se desloca para trabalhos, é o mesmo viajante pessoa física nas férias.

Aliás, como não poderia deixar de ser, essa pauta também fez parte da longa agenda em Brasília. A Abracorp esteve representada no encontro promovido pelo CNC com a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e com o vice-presidente Geraldo Alckmim abordando temas importantes como a isenção de vistos para americanos, canadenses, australianos e japoneses e a reforma tributária no contexto do turismo.

A Abracop também esteve apoiando o lançamento da Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos, presidida pelo deputado federal Paulo Barbosa, na reunião na presidência do PSD na Câmara, que nos apoiou decisivamente na votação do PL 1138 sobre remessas ao exterior, e na eleição do deputado Romero Rodrigues para a presidência da Comissão de Turismo da Câmara

No final do dia estivemos em uma reunião pautando a política de compras de passagens com a Central de Compras do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, esse um tema muito importante dentre as pautas em discussão com o Governo Federal que, há anos, a Abracorp tem defendido, junto com a ABAV. A participação da agência de viagens no processo de compras de passagens do governo federal.

CARTA PARA OS MAIS NOVOS

por Gervásio Tanabe, presidente executivo Abracorp

Entramos na celebração do 13º ano de atividades da Abracorp. É um período de muita relevância histórica e que deve ser celebrada. Nascemos pouco tempo depois da falência do banco americano Lehman Brothers (2008), gatilho que virou a economia mundial de pernas para o ar. Para os mais novos, lembro que os principais Bancos Centrais do mundo injetaram bilhões de dólares no mercado para enfrentar a falta de liquidez e amenizar os impactos da crise. Empresas anunciaram milhares de demissões e prejuízos em seus caixas.

Em um curto espaço de tempo, o mundo já tinha saído do fatídico 11 de setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas de Nova Iorque foram atingidas.

Ainda para os mais novos, talvez o mais perto disso seja o que enfrentamos nos últimos dois anos com a pandemia. A resiliência é tão grande que, além de resistir ao impacto, nos reinventamos e nos tornarmos ainda mais fortes. Um exemplo é o faturamento de janeiro de 23, o maior dos últimos cinco anos, incluindo aqui, obviamente, 2019, ano antes da pandemia. O número por dentro deve ser analisado com mais detalhes, mas o fato é que se mantém robusto.

Um bom caminho para ser que somos e o que pretendemos é a jornada percorrida até chegar em nossa missão. Queremos “disseminar, junto aos associados, as melhores práticas de governança corporativa e compliance, buscando o empoderamento e a excelência do relacionamento nos negócios entre todos, clientes, fornecedores, colaboradores e governo.

A nossa visão é “ser referência na indústria de viagens e eventos corporativos, promovendo seu desenvolvimento”.

Se isso é um pouco vago, lembro que uma iniciativa operacional que padronizou de processo, reduzindo mais de 50 tipos de voucher de locadoras para seis tipos; ratificamos aos nossos associados a importância do rigoroso modelo de gestão e compliance; em plena pandemia, obtivemos a certificação da IS0 27.001, focada na gestão de dados, até em função do BI ABRACORP, hoje, referência obrigatória no mercado; e ampliamos nossa presença junto ao governo, tanto na esfera do poder executivo como do legislativo, atuando decisivamente para criarmos leis e mecanismos de apoio ao associado durante a pandemia. Soubemos ampliar nossas responsabilidades que foram além dos nossos negócios, liderando ações humanitárias.

De fato, 13 anos não são 15, como seria, se tivéssemos completado uma década e meia, mas cada ano que vivemos na Abracorp valem por dois.