AS DÚVIDAS DO NDC

POR Gervásio Tanabe, presidente executivo.

Realizamos nossa Reunião Geral dos Associados, no início de fevereiro, no Grand Mercure São Paulo Ibirapuera. Essa é uma instância de nossa governança criada para fortalecer o diálogo entre o Conselho da Abracorp e seus Associados.

Nos temas desse encontro, abrimos espaço para falar sobre o NDC (New Distribution Capability). Para quem anda não está familiarizado com a sigla, a IATA a define como “um programa lançado para o desenvolvimento e adoção no mercado de um novo padrão de transmissão de dados baseado em XML (Padrão NDC)”.

Ainda segundo a IATA, o padrão NDC aprimora a capacidade de comunicação entre companhias aéreas e agentes de viagens e está aberto a qualquer terceiro, intermediário, provedor de TI ou não membro da IATA, para implementação e uso.

Nós da Abracorp vemos que essa “capacidade de comunicação entre companhias aéreas e agentes de viagens” está muito aquém do esperado para uma relação de uma transação seamless como as aéras costumam dizer.

De maneira sintetizada, trata-se de uma forma de distribuição para a companhia aérea onde ela detém controle total sobre o conteúdo e o processo de distribuição. Poranto, virá dela o que distribuir, por quanto distribuir, quando distribuir e para quem distribuir.

Além dessa reflexão sobre o conceito, a Abracorp entrevistou os desenvolvedores ARGO (Em tratativas de integração com WOOBA, ENVISION, LEMONTECH, RESERVE e WOOBA para sabermos qual seria o estágio de integração do NDC ao GDS para 15 companhias aéreas. Notadamente, ainda estamos em estágios bem inicial.

Convidamos para nosso plenário representantes dos 3 GDSs que atuam no Brasil, Aline Pontes (country manager da Amadeus), Karina Fioraneli (Sabre) e Luis Vargas (Travelport). Todos eles estão preparados para essas integrações com o NDC, bastando para isso adequações individuais, pois cada companhia aérea tem seu fluxo sistêmico próprio, não tão padronizado, como defende a IATA. Mas existem os famosos roadmaps. O que é prioridade no Brasil pode não ser na França, ou vice-versa. Quem milita no meio tecnológico sabe o que isso significa.

Os prazos são curtos, de um modo geral, e existem fios a serem conectados nesse emaranhado todo, e temos que ficar atentos para não levarmos choques com alguns temas :

  • Não há padrão, cada companhia aérea adota processos distintos;
  • Dificultando o processo de vendas;
  • Elevação de custos de distribuição;
  • Conflito entre canais, inclusive com o próprio canal direto da companhia aérea.
  • Impacto no processo de PÓS VENDAS
  • Impacto nas relações individuais entre agências e GDSs, as quais tem contratos de distribuição em médio  e longo prazos

Esse tema não é novo para o setor e nem a Abracorp está se movimentando agora. Contudo nos mantemos na condição que contribuição para tornar os interesses o mais equilibrado possível, sendo que no final, o consumidor ganhará com um setor saudável e sustentável.

É consenso que no segmento corporativo, o tema é complexo, dadas aos requisitos de conectividade e serviços exigidos pelo cliente corporativo. E esse, ao que tudo indica, não se deu conta dessa complexidade.


Retrospectiva Abracorp relembre os principais assuntos de 2022

por Gervásio Tanabe, presidente-executivo

A matéria Viagens de trabalho têm forte recuperação, publicada no jornal Valor Econômico, no dia 28, é uma boa retrospectiva do que foi o setor neste ano de retomada de nossas atividades.

Logo a abertura, o texto é preciso ao sintetizar os resultados que alcançamos. “Depois de um ano com muitos altos e baixos por causa da pandemia, o setor de viagens corporativas deve fechar 2022 com um faturamento de R$ 10,8 bilhões, com uma alta de 150% na comparação com 2021 e 4,8% abaixo de 2019, quando a covid-19 ainda não tinha desembarcado no país. Os dados são parte de uma projeção feita pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) ao Valor.”

Se isso já foi feito, aqui deixo registrado o que a Abracorp fez neste anos que se vai.

• Desde o início do ano, foi disponibilizada a nova versão do BI. A ferramenta passou por processo de aprimoramento para oferecer melhor usabilidade, mais informações e projeções para auxiliar o associado. O relatório manteve-se como um importante instrumento de apoio para acompanhamento da evolução dos números do setor, permitindo vislumbrar perspectivas positivas para o ano, o que foi possível aferir mês após mês.
• Em março, celebramos mais um ano na trajetória da Associação. 12 anos marcados pelo esforço em continuar contribuindo com ética e transparência para o crescimento da indústria de viagens corporativas.
• A retomada do setor foi um dos principais assuntos discutidos no 9º Fórum Abracorp, que ocorreu em abril. Com o tema central “Reconectando o Cliente Corporativo”, o evento abordou os rumos do setor na esfera pós-pandemia, além de buscar as melhores estratégias para esse cenário. Nesse mesmo mês, Duda Vasconcellos foi eleito, o novo presidente do Conselho de Administração da Abracorp, posição em que deve ficar até o ano de 2024.
• O Client Advisory Board (CAB) foi um dos projetos de destaque desse ano e representou um avanço significativo em termos de governança por estimular a ampliação dos canais de diálogo entre os clientes e a entidade.
• Em agosto, nossos associados participaram de um evento exclusivo na cidade de Orlando (EUA), organizado pela Life at Campus em parceria com a Coris Brasil, Copa Airlines e Universal Orlando. Além de serem ministrados em um curso sobre estratégia & inovação, os participantes tiveram a oportunidade de explorar as diferentes fases que a Universal Studios enfrentou e sua capacidade de continuar a se reinventar, mais de uma vez, para se tornar o gigante do entretenimento que é atualmente.
• No mês de outubro, o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega foi convidado especial da Reunião de Associados Abracorp. O desafio do economista foi falar um pouco sobre as perspectivas econômicas para 2023. Na visão de Mailson, podemos manter otimismo sobre o futuro, mas devemos nos preparar para o que vier.
• Durante nossa Convenção Anual, que ocorreu em novembro, pudemos alinhar as agendas, avaliar projetos e planejar os próximos passos junto aos nossos associados. Também contamos com a palestra do paratleta Daniel Dias , que falou de sua trajetória, sua obstinação por metas e pelas estratégias vencedoras.
• Por fim, fechamos o ano de 2022 com uma excelente notícia! Mais uma vez, passamos pelo processo de auditoria e por mais um ano fomos aprovados para renovação do selo ISO/IEC 27001. A certificação ISO 27001 é uma padronização de segurança internacional para administrar e garantir a segurança e a confiabilidade da informação. A documentação traz um conjunto de controles e processos que uma organização usa para garantir a alta segurança de dados.

ABRACORP 2023: CRESCIMENTO COM PROTAGONISMO

No último dia de novembro, realizamos nossa Convenção Anual, que contou com a agradável parceria da Hero Seguros e do Palácio Tangará. É o momento em que estamos com todos os Associados, ajustamos nossas agendas, avaliamos projetos e planejamos os próximos passos da Associação. Passadas todas as turbulências dos últimos anos, não por acaso, concluímos que 2023 será o ano de crescimento com protagonismo.

Sabemos que 2023 terá também seus mistérios. Porém, como queremos ser protagonistas, já estamos nos preparando. Uma das boas iniciativas, acredito, foi criação do grupo Client Advisory Board, que tem como objetivo ampliar os canais de diálogo entre os clientes e a entidade. Fazem parte do primeiro grupo de clientes executivos da BUNGE, KPMG, IT´S INFORMOV e PETROBRAS.

Esse desafio lançado por nós para nós mesmos faz parte de uma longa reflexão entre os associados. Temos que ter um protagonismo ainda maior no nosso setor, trazendo soluções inovadoras, custos sustentáveis para todos os agentes da cadeia e muito, mas muita, criatividade na gestão.

É um desafio e tanto. Se os anos anteriores foram o da resiliência esse será o da superação. Talvez igual às enfrentadas pelo paratleta Daniel Dias, ganhador de 100 medalhas em torneios de natação. Fosse uma, já seria um vencedor.

Cito Daniel porque ele encerrou nossos trabalhos na Convenção. Falou de sua longa história, sua obstinação por metas e pelas estratégias vencedoras. Entre muitas, destaco aqui uma passagem curiosa que fala diretamente com nossos objetivos futuros.

Ele nos contou que abre garrafas com os dentes porque não tem as mãos para ajudá-lo. Em um determinado dia, viu que seus filhos faziam o mesmo. Sem alarde, orientou seus filhos a usarem as mãos. Parece que tudo ficou um pouco mais fácil.

Se Daniel me permite a analogia, é assim que, acredito, que o mercado agiu nos tempos mais recentes: abrimos garrafas com a boca. Porém, agora é hora de usarmos nossas próprias mãos, e irmos para a luta.

Boas festas para todos.