No início de agosto, tivemos a nossa Reunião Geral de Associados, campo de nossa governança onde o Conselho de Administração apresenta sua agenda para os associados. O encontro aconteceu com o apoio do Blue Tree Premium Faria Lima, em São Paulo.
Esta reunião foi um pouco diferente, a começar pela carinhosa participação de Chieko Aoki, fundadora e presidente da Rede Blue Tree, que recepcionou a todos os presentes. Ela também abriu nossos trabalhos, colocando na pauta um tema pouco usual: a alegria.
Isso aconteceu porque nos relatou um pouco de suas recentes experiências com outros países. Para Chieko Aoki, após tudo o que passamos, somos ainda um povo alegre, o que nos torna único. E nos passou ótimas notícias sobre a recuperação do mercado, com boas taxas de aproveitamento da Rede Blue Tree nos últimos meses, enfatizando a importância da atuação das agências Abracorp.
Outro momento marcante e emocionante da nossa reunião foi uma merecida homenagem a Francisco Leme, fundador da Jet Stream Turismo, que recentemente foi comprada pelo Grupo Tastur, de Franca (SP). Ele também é um dos responsáveis pela criação da Abracorp, e sua contribuição para o setor é histórica e recheada de determinação. Grande parte do que o setor é hoje deve a ele. Em suas palavras, disse que a Abracorp nasceu da união, o que significou, ao longo do tempo, o exercício de algumas renúncias para o bem o setor.
Um terceiro momento importante foi a apresentação para os associados do Projeto Client Advisory Board (CAB), um avanço importante em nossa governança, que tem como objetivo ampliar os canais de diálogo entre os clientes e a Abracorp. Entendemos que com esse movimento fortaleceremos o relacionamento e a cooperação mútua para desenvolver novas soluções de gestão de viagens, despesas e eventos corporativos.
Os desafios são enormes, mas a união e um esforço concentrado em prol do desenvolvimento do setor têm sido decisivos neste momento e a grande diferença entre o protagonismo e a passividade. Acho que podemos nos inspirar na alegria e na união, como disseram Chieko e Chico na abertura. Dois bons elementos para esse e outros desafios.
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CRISE NO ABASTECIMENTO: A DEMANDA É MAIOR QUE A OFERTA
POR GERVASIO TANABE, Presidente executivo da Associação Brasileira de Agência de Viagens Corporativas (ABRACORP)
A economia está prestes a fechar seus primeiros seis meses contínuos pós-pandemia e o copo continua meio cheio e meio vazio. O setor de viagens corporativas pode ser um bom termômetro do que foi superado e ainda o que está por vir.
O recente estudo elaborado pela Associação Brasileira de Agência de Viagens Corporativas (ABRACORP) demonstrou que o faturamento de maio deste ano chega R$ R$ 1,093 bilhão, abaixo apenas 2,4% do mesmo período de 2019. A manter esse ritmo, o setor deve fechar com um faturamento 20% maior do que o ano de 2019, período ainda pré-pandemia.
Por dentro, esses números ainda demonstram algumas fragilidades, das quais duas são destaques: o primeiro é que o faturamento é impactado, principalmente pela alta de insumos críticos como os combustíveis e pela inflação do setor, visto que o número de viajantes é ainda inferior ao de 2019. É visível, entretanto que as viagens estão retomando, basta ver os eventos corporativos que pipocam pelo Brasil inteiro e a melhora da ocupação hoteleira nas grandes capitais corporativas. O outro é que o resultado das agências corporativas ainda não acompanha os ganhos gerais, devido à elevação dos custos operacionais.
Agora começamos a olhar o copo meio vazio. O mercado de viagens corporativas – e outros tantos – começou a reagir de forma rápida e um dos problemas ocasionados foi o desequilíbrio entre demanda e oferta. Especialistas já previam, mais ao final de 2021, que a retomada econômica traria junto uma forte crise de abastecimento, incluindo mão de obra. E é exatamente o que o setor de viagens corporativas está enfrentando. Nem tudo é na internet, como alguns previam, na plena pandemia, para quem tudo iria ser diferente.
O turismo já apontava retomada ainda em 2021 e, mês a mês, isso veio se consolidando até o início de 2022, já com muitos setores faturando mais do que 2019. Ocorre que existe um sério problema na cadeia produtiva desses bens e serviços e exemplos não faltam. Basta ver a indústria aérea, onde o impacto da falta de mão de obra para atender as companhias tem causado verdadeiro caos nos aeroportos mundo afora.
Seguindo uma analogia das fábricas paradas, agências tiveram que dispensar funcionários no auge da crise pandêmica, pois as viagens pararam totalmente, demorando sua retomada. E hoje não se consegue recuperar essa mão de obra na mesma velocidade do atendimento exigido pelo cliente, diga-se, não se preocupa muito com isso, não abrindo mão de SLA´s do pré pandemia. Embora esse mesmo cliente não esteja, muitas vezes, entregando seus produtos ao consumidor com os mesmos prazos da pré-pandemia.
Um consultor de viagens ou um consultor de eventos, por exemplo, não é mão de obra que se prepara em alguns dias. E o estoque de mão de obra está baixíssimo. Isso tudo acaba impactando na vida corporativa e até em nossa vida pessoal cotidiana.
A cadeia de suprimentos e de serviços está travada, não existindo estoques, a produção segue para atender uma demanda altamente reprimida e a conclusão é essa: uma simples bateria de um notebook levando 3 meses para ser entregue. Nos moldes da produção por demanda, a produção deveria adequar-se a essa demanda, mas o pequeno detalhe é que demanda veio como uma avalanche, causando o caos que enfrentamos hoje.
Não resta outra alternativa senão paciência até que essa cadeia retome os padrões de produção. Não é o caso de desesperar-se e substituir o fornecedor, por esse motivo. A crise de abastecimento é global, não é setorial e local.
AssembLeia da Abracorp debate agenda parlamentar do setor
GERVASIO TANABE, Presidente executivo da Associação Brasileira de Agência de Viagens Corporativas (ABRACORP)
No final de janeiro, realizamos a Assembleia Geral da Abracorp, no Hotel Rosewood, um conjunto de edifícios do início do século 20, que foram cuidadosamente transformados em residências particulares, lojas sofisticadas e locais de entretenimento, além do próprio hotel.
Além de nossa pauta de governança, tivemos um bom momento para avaliação do mercado e o que vem pela frente. Porém, a agenda parlamentar foi a que tomou o maior destaque, porque temos três temas relevantes em discussão ainda aberta e que podem afetar diretamente o nosso setor.
O primeiro destaque veio com a surpreendente Medida Provisória 1.094, que não reduziu a alíquota do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre as remessas de valores ao exterior contemplando, apenas, a redução do IRRF sobre as operações de leasing para aeronaves. A surpresa vem dos sinais púbicos que recebíamos de áreas do governo que acolhiam nosso pleito e que não foram considerados no texto final.
Um dos afetados, como sabemos, é o mercado de eventos internacionais, hoje com 37 mil operadoras e agências de viagem cadastradas no CADASTUR do Ministério do Turismo. A elevação das alíquotas gera um aumento de custos, logo encarecimento das viagens, diminuição de sua demanda, fechamento de empresas e desemprego.
Felizmente, temos bons interlocutores dentro do Congresso Nacional e que estão atentos ao nosso pleito. Um deles é o deputado Bacelar (Podemos/BA), que preside a Comissão de Turismo da Câmara. Ele já apresentou uma das muitas emendas junto à MP 1094 para incluir agências e operadoras de turismo na medida que reduz as alíquotas do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre remessas ao exterior. Outro parlamentar importante é o senador Fernando Collor (Pros/AL), presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, que também tem atuado como um porta-voz da nossa causa e patrocinou emenda no mesmo sentido.
Há outros parlamentares também olhando para nossa causa, como os deputados Otávio Leite (PSDB/RJ); Joice Hasselmann (PSL/SP), relatora do PL 908 sobre responsabilidades das agências de viagens; Herculano Passos (MDB/SP), ex-presidente da Frentur; Neston Cardoso Jr. (MDB/MG), ex-presidente da CTur; Vicente Carvalho (Republicanos/SP), Líder do partido; Rosana Valle (Republicanos/SP); senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB) e do senador Nelsinho Trad (PSD/MS), Líder do partido. Todos apresentaram emendas com o mesmo objetivo.
Não menos importante é a recente mobilização que os deputados Alexandre Frota (PSDB/SP), Mário Heringer (PDT/MG) e Luizão Goulart (Republicanos/PR), no sentido de proporem projetos de lei para alterar a Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986, que estabelece os direitos de passageiros/consumidores em caso de cancelamento ou alteração da passagem aérea.
Seguindo nossa agenda, o segundo ponto, resgatado de governos anteriores, é o projeto que institui a Central de Compras, que pretende deslocar para o governo todo o processo de viagens corporativas, da operação à gestão dos gastos. Estranho entender esse movimento tão amplo. Seria mais do que natural a centralização da gestão do orçamento, como é feito em 100% das empresas. No entanto, abraçar, in house, a operação parece, no mínimo, um desvio de funções, que vai gerar ineficiência e gastos desnecessários.
Partindo de premissas equivocadas, a Central de Compras pretende substituir a expertise de toda uma indústria de gestão de viagens corporativas (especialidade conquistada pela capacitação, experiência e investimentos em tecnologia de centenas de agências de viagens corporativas ao longo dos últimos 20 anos), através da estatização da atividade, somente viabilizada com a contratação de centenas de colaboradores, a preços de servidores públicos, um custo seguramente maior do que o praticado pelas TMCs que atuam no setor.
Algumas reuniões já aconteceram entre a ABRACORP, a ABAV DF e os representantes da Central e do próprio SERPRO. Nessas ocasiões, enfatizamos as complexidades dos processos de gestão de viagens. Estamos na expectativa dos próximos passos, numa tentativa de trabalharmos em conjunto, com a efetiva iniciativa público-privada.
Por fim, e não menos importante, temos o Projeto de Lei 908/21, em tramitação na Câmara dos Deputados, que determina que as agências de viagens passarão a ter reponsabilidade objetiva pelos serviços remunerados de intermediação que executam, mas não responderão, salvo se tiverem contribuído para a sua ocorrência, por vícios ou defeitos relacionados a fornecedores de transporte e meios de hospedagem.
Sempre bom lembrar que em 2021, a receita total alcançou R$ 4,370 bilhões, o que representa cerca de 40% do faturamento de 2019 (R$ 11,388 bilhões), mas crescimento de 18% em comparação aos números de 2020 (R$ 3,705 bilhões).
Além de termos que remar contra a maré, por conta dos desastres causados pela pandemia, somos obrigados a vencer problemas. Isso gera uma perda de energia que poderia estar sendo direcionada ao desenvolvimento, ao investimento, ao crescimento de postos de trabalho e econômico no setor do turismo. Com isso, já estamos presenciando o fechamento de empresas internacionais no Brasil, reflexo direto destes fatores. Nossa agenda é de defesa do setor do turismo, onde as viagens corporativas têm relevância direta no ecossistema do turismo.