Fortalecer a prateleira de serviços

Depois da divulgação dos resultados de vendas das agências associadas Abracorp, em 28 de janeiro, cada um de nós deve ter analisado as planilhas com realismo, senso crítico e atenção aos sinais suscitados pelos números. Mais que o resultado em si e o peso dos valores absolutos, o balanço traduz efeitos da retração econômica no formato e no volume de viagens corporativas, com impacto sensível na movimentação aérea. Se a retração das vendas totais das agências associadas Abracorp em 2015 foi de 2,3% em relação a 2014, temos de prestar atenção para o necessário ajuste às tendências detectadas.
Uma delas chama a atenção. No agrupamento de seis atividades denominado ‘Outros Serviços’, na referida pesquisa de vendas da Abracorp, o faturamento geral cresceu 11,9%. Saltou de R$ 905.294.156 para R$ 1.013.085.750. Todas apresentaram resultado positivo – exceto Transfers, que caiu 11%. Os percentuais de crescimento das outras cinco atividades foram verificados em Eventos (5,7%); Cruzeiros (16,6%); Seguro Viagem (15,4%); Pacotes (37%); e Demais Serviços (13%). 
Diante desse quadro, tudo indica que as agências associadas Abracorp vão engrossar suas apostas no mercado promissor do segmento MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions). Com a alta do dólar, os destinos nacionais passam a ter papel preponderante para a alavancagem de viagens domésticas. Existe boa infraestrutura em capitais e cidades de porte fora do eixo Rio-São Paulo, para a realização de eventos pequenos, médios ou grandes. Fortaleza é um dos destaques nesse contexto, em que as agências associadas Abracorp tem um amplo espaço para ampliar portfólio e conquistar novos mercados.
O turismo de negócios tem peso indiscutível para a economia das cidades que se prepararam para isso. Gera aumento na ocupação dos hotéis, alavanca o comércio, impulsiona bares, restaurantes e o mercado de entretenimento. Vemos crescer os investimentos em centros de convenções para a realização de feiras, congressos, entre outros. Quando realizados em períodos de baixa temporada, são eventos que contribuem para manter aquecido o setor hoteleiro. E nós, as 30 agências de viagens corporativas Abracorp, temos de nos preparar mais e mais para oferecer os melhores produtos ao cliente, nas melhores condições possíveis

Rubens Schwartzmann.

 

Sinais do Planalto

Todos os atores que movem a economia do país acompanham pari passu a movimentação do governo federal em torno de temas cruciais. E o setor do turismo, onde se insere o segmento de viagens corporativas, vê com apreensão a propensão da presidente Dilma Rousseff de reeditar a CPMF. Na reunião do dia 28 de janeiro do Conselho do Desenvolvimento Econômico, o ‘Conselhão’, ela apontou a recriação do tributo como a melhor opção para superar as dificuldades.
Não bastasse o aperto geral por que passam nossas empresas, pressionadas pelas elevadas taxas de juros, inflação ascendente e câmbio desfavorável, a eventual ressurreição da CPMF tornaria o arrocho fiscal ainda mais corrosivo. Seria como transformar o ruim em péssimo, com impacto imediato sobre o custo de toda a cadeia produtiva do turismo. Considerando que a recriação da CPMF já está prevista no Orçamento aprovado pelo Congresso Nacional, visando à arrecadação de R$ 10,3 bilhões, temos de criar meios de nos defender.
Uma das formas de amenizar o impacto da possível volta da CPMF passa pelo incentivo ao uso do Cartão de Crédito no pagamento de serviços essenciais à indústria de viagens de negócios. No caso, se o comprador do serviço paga por meio de cartão, a alíquota do tributo (definido no próprio nome como ‘contribuição’) é cobrado uma só vez. No entanto, se compra for faturada pela agência, haverá uma dupla cobrança – paga o comprador, paga também a vendedora. Uma distorção gritante e injusta, ruim para todos os atores.
Todos sabemos que o conservadorismo retarda a percepção do brasileiro (pessoas físicas e jurídicas) sobre a notória obsolescência do modelo de compra faturada. A divulgação da pesquisa de vendas das associadas Abracorp, em 28 de janeiro, indicou um sinal positivo: em relação a 2014, o pagamento faturado recuou 15% e por meio de cartão, cresceu 34%. Porém, quando comparamos o setor aéreo com o hoteleiro, temos o primeiro registrando 63,3% de operações por cartão, E o segundo, com pagamento faturado de 56,5%.
Fechando: o mecanismo faturado já é página virada nos Estados Unidos. Vamos, nós, também, virar esse jogo.