Em Brasília, Abracorp defende o setor em encontros com o governo

por Gervásio Tanabe, presidente executivo oAbracorp

Estivemos em Brasília um dia após o mercado ter conhecimento do projeto “Voa Brasil”, que tem como finalidade aquecer o turismo nacional por via de passagens aéreas mais baratas. Conforme o projeto em estudo pelo governo, as companhias ofereceriam passagens a R$ 200 na baixa temporada a estudantes, funcionários públicos e aposentados que tenham renda até R$ 6.800.

Todo caminho que movimente o mercado de turismo é bem-vindo. Principalmente os que analisam um dos principais custos desse mercado: passagens aéreas. Nessa mesma semana, a Abracorp divulgou o faturamento do setor de viagens corporativas no mês de janeiro. As vendas totais alcançaram R$ 982 milhões, em comparação a R$ 835 milhões em 2019, antes da pandemia da Covid, um aumento de 17,6%.

O resultado de janeiro de 2023 deve-se ao desempenho do segmento de passagens aéreas, que faturou R$ 632 milhões, quase 60% de todo o volume dos onze setores analisados. Embora o aéreo doméstico tenha apresentado queda de 22% no número de tíquetes corporativos, houve um aumento no valor na passagem de 27,8%. Além disso, há uma diferença muito grande entre tarifa corporativa e lazer, o que nos preocupa. As tarifas altas fazem com que as empresas revisem suas programações de viagens; e o mercado corporativo é fundamental no mix de viajantes.

Para uma reserva São Paulo-Rio-São Paulo, a chamada “ponte aérea”, com viagem marcada para junho, o custo seria de cerca R$ 350,00. Se uma empresa fizer a mesma reserva para a próxima semana, o custo da passagem será entre cinco e seis vezes maior (numa pesquisa feita em 27mar).

O corporativo está, em parte, subsidiando o lazer. Isso faz algum sentido, mas a diferença assusta o gestor de viagens, responsável pelos custos de viagens em uma empresa. Lembro que o viajante enquanto pessoa jurídica, que se desloca para trabalhos, é o mesmo viajante pessoa física nas férias.

Aliás, como não poderia deixar de ser, essa pauta também fez parte da longa agenda em Brasília. A Abracorp esteve representada no encontro promovido pelo CNC com a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e com o vice-presidente Geraldo Alckmim abordando temas importantes como a isenção de vistos para americanos, canadenses, australianos e japoneses e a reforma tributária no contexto do turismo.

A Abracop também esteve apoiando o lançamento da Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos, presidida pelo deputado federal Paulo Barbosa, na reunião na presidência do PSD na Câmara, que nos apoiou decisivamente na votação do PL 1138 sobre remessas ao exterior, e na eleição do deputado Romero Rodrigues para a presidência da Comissão de Turismo da Câmara

No final do dia estivemos em uma reunião pautando a política de compras de passagens com a Central de Compras do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, esse um tema muito importante dentre as pautas em discussão com o Governo Federal que, há anos, a Abracorp tem defendido, junto com a ABAV. A participação da agência de viagens no processo de compras de passagens do governo federal.

CARTA PARA OS MAIS NOVOS

por Gervásio Tanabe, presidente executivo Abracorp

Entramos na celebração do 13º ano de atividades da Abracorp. É um período de muita relevância histórica e que deve ser celebrada. Nascemos pouco tempo depois da falência do banco americano Lehman Brothers (2008), gatilho que virou a economia mundial de pernas para o ar. Para os mais novos, lembro que os principais Bancos Centrais do mundo injetaram bilhões de dólares no mercado para enfrentar a falta de liquidez e amenizar os impactos da crise. Empresas anunciaram milhares de demissões e prejuízos em seus caixas.

Em um curto espaço de tempo, o mundo já tinha saído do fatídico 11 de setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas de Nova Iorque foram atingidas.

Ainda para os mais novos, talvez o mais perto disso seja o que enfrentamos nos últimos dois anos com a pandemia. A resiliência é tão grande que, além de resistir ao impacto, nos reinventamos e nos tornarmos ainda mais fortes. Um exemplo é o faturamento de janeiro de 23, o maior dos últimos cinco anos, incluindo aqui, obviamente, 2019, ano antes da pandemia. O número por dentro deve ser analisado com mais detalhes, mas o fato é que se mantém robusto.

Um bom caminho para ser que somos e o que pretendemos é a jornada percorrida até chegar em nossa missão. Queremos “disseminar, junto aos associados, as melhores práticas de governança corporativa e compliance, buscando o empoderamento e a excelência do relacionamento nos negócios entre todos, clientes, fornecedores, colaboradores e governo.

A nossa visão é “ser referência na indústria de viagens e eventos corporativos, promovendo seu desenvolvimento”.

Se isso é um pouco vago, lembro que uma iniciativa operacional que padronizou de processo, reduzindo mais de 50 tipos de voucher de locadoras para seis tipos; ratificamos aos nossos associados a importância do rigoroso modelo de gestão e compliance; em plena pandemia, obtivemos a certificação da IS0 27.001, focada na gestão de dados, até em função do BI ABRACORP, hoje, referência obrigatória no mercado; e ampliamos nossa presença junto ao governo, tanto na esfera do poder executivo como do legislativo, atuando decisivamente para criarmos leis e mecanismos de apoio ao associado durante a pandemia. Soubemos ampliar nossas responsabilidades que foram além dos nossos negócios, liderando ações humanitárias.

De fato, 13 anos não são 15, como seria, se tivéssemos completado uma década e meia, mas cada ano que vivemos na Abracorp valem por dois.

AS DÚVIDAS DO NDC

POR Gervásio Tanabe, presidente executivo.

Realizamos nossa Reunião Geral dos Associados, no início de fevereiro, no Grand Mercure São Paulo Ibirapuera. Essa é uma instância de nossa governança criada para fortalecer o diálogo entre o Conselho da Abracorp e seus Associados.

Nos temas desse encontro, abrimos espaço para falar sobre o NDC (New Distribution Capability). Para quem anda não está familiarizado com a sigla, a IATA a define como “um programa lançado para o desenvolvimento e adoção no mercado de um novo padrão de transmissão de dados baseado em XML (Padrão NDC)”.

Ainda segundo a IATA, o padrão NDC aprimora a capacidade de comunicação entre companhias aéreas e agentes de viagens e está aberto a qualquer terceiro, intermediário, provedor de TI ou não membro da IATA, para implementação e uso.

Nós da Abracorp vemos que essa “capacidade de comunicação entre companhias aéreas e agentes de viagens” está muito aquém do esperado para uma relação de uma transação seamless como as aéras costumam dizer.

De maneira sintetizada, trata-se de uma forma de distribuição para a companhia aérea onde ela detém controle total sobre o conteúdo e o processo de distribuição. Poranto, virá dela o que distribuir, por quanto distribuir, quando distribuir e para quem distribuir.

Além dessa reflexão sobre o conceito, a Abracorp entrevistou os desenvolvedores ARGO (Em tratativas de integração com WOOBA, ENVISION, LEMONTECH, RESERVE e WOOBA para sabermos qual seria o estágio de integração do NDC ao GDS para 15 companhias aéreas. Notadamente, ainda estamos em estágios bem inicial.

Convidamos para nosso plenário representantes dos 3 GDSs que atuam no Brasil, Aline Pontes (country manager da Amadeus), Karina Fioraneli (Sabre) e Luis Vargas (Travelport). Todos eles estão preparados para essas integrações com o NDC, bastando para isso adequações individuais, pois cada companhia aérea tem seu fluxo sistêmico próprio, não tão padronizado, como defende a IATA. Mas existem os famosos roadmaps. O que é prioridade no Brasil pode não ser na França, ou vice-versa. Quem milita no meio tecnológico sabe o que isso significa.

Os prazos são curtos, de um modo geral, e existem fios a serem conectados nesse emaranhado todo, e temos que ficar atentos para não levarmos choques com alguns temas :

  • Não há padrão, cada companhia aérea adota processos distintos;
  • Dificultando o processo de vendas;
  • Elevação de custos de distribuição;
  • Conflito entre canais, inclusive com o próprio canal direto da companhia aérea.
  • Impacto no processo de PÓS VENDAS
  • Impacto nas relações individuais entre agências e GDSs, as quais tem contratos de distribuição em médio  e longo prazos

Esse tema não é novo para o setor e nem a Abracorp está se movimentando agora. Contudo nos mantemos na condição que contribuição para tornar os interesses o mais equilibrado possível, sendo que no final, o consumidor ganhará com um setor saudável e sustentável.

É consenso que no segmento corporativo, o tema é complexo, dadas aos requisitos de conectividade e serviços exigidos pelo cliente corporativo. E esse, ao que tudo indica, não se deu conta dessa complexidade.