ADM – Por que a cia aérea tem sempre razão?

Airline Debit Memo, vulgo ADM, tem sido, ao longo dos últimos anos, um problema tão grave como uma fraude de emissão, outra das constantes dores de cabeça das agências de viagens. Em ambos os casos, atingem direto não somente as agências associadas à Abracorp, mas, também, agências que atuam em todos os segmentos.

Se fizermos uma lista ou uma pronta referência às políticas de ADM das companhias aéreas, certamente teremos uma verdadeira enciclopédia, tal a variedade de razões e valores que elas determinam. Diz a IATA/BSP que as regras das ADM´s são critérios exclusivos das cias aéreas e que ela (IATA/BSP) simplesmente cumpre, na prática, tais regras.

Tempos atrás, desenvolvemos, na Abracorp, um levantamento sobre ADM´s indevidas e os números assustaram – em um setor cuja margem é cada vez mais estreita, pode-se imaginar o desespero.

Muitas das cias aéreas simplesmente afirmam que cumprem regras globais e que pouco podem fazer para solucionar os problemas. Isso é desconhecido do grande público corporativo, mas as regras mudam da noite para o dia. E as cias aéreas entendem que apenas e tão somente um comunicado enviado via e-mail já é suficiente para afirmar que a agência foi avisada. Fazendo uma exagerada analogia, é como se o Detran alterasse, subitamente, as regras de trânsito e avisasse, pela internet, novos limites de velocidade para multas e as mãos das ruas, por exemplo. Simples assim.

Não há sequer uma padronização nas regras e penalidades, nem mesmo dentro das alianças globais como Star  Alliance, Oneworld ou Sky Team. Para piorar, às vezes até dentro de empresas que pertencem a um mesmo grupo econômico, há diferenças. As mudanças são tão constantes que nem mesmo os funcionários das cias aéreas sabem explicar ou estão atualizados com as regras. Algumas cias aéreas nem sequer traduzem para o português essas regras. Compreensível, uma vez que, com estruturas de atendimento cada vez mais enxutas, a verificação disso não é feita pela cia aérea, mas, sim, por empresas, como a Accelia, que faz auditoria nos bilhetes emitidos em busca de erros de emissão e é remunerada por erro detectado. Aliás, é importante citar que, no que diz respeito ao “custo” dessa auditoria terceirizada, as cias aéreas o repassam à agência na forma de taxa.

Antes que alguém venha comentar que estamos nos fazendo de vítimas, esclarecemos que não somos contrários à penalização dos erros. Somos contra, sim, as centenas de regras criadas pelas cias aéreas, que, diante da velocidade e constância nas alterações, induzem ao erro.

Isso tudo ocorre por não ter o setor, hoje, mecanismos de defesa para combater esse tipo de ação por parte das cias aéreas ou por órgãos reguladores. Ouse a agência não pagar a ADM e ela estará com sinal de emissão suspenso. Mas trabalhamos para que isso mude. E esta realidade há de mudar, com certeza, para um modelo, no mínimo, coerente. Eu pergunto: Por que a cia aérea tem sempre razão?

Edmar Bull

Os números falam

Este ano será muito positivo para o corporativo. Esta é a minha principal conclusão após analisar os dados que foram divulgados ontem (28) pela Abracorp e que se referem à movimentação do setor de viagens corporativas no primeiro trimestre de 2014. Neste “curto” período de tempo, as 32 agências de viagens associadas à entidade registraram faturamento total de R$ 3,3 bilhões, número que representa crescimento de 18,3% se comparado com o mesmo período de 2013 (R$ 2,8 bilhões). 

O setor aéreo doméstico também cresceu: foram quase 8% a mais de bilhetes emitidos e um volume de vendas de R$ 1,3 bilhão (incremento de 15,4%). Em âmbito internacional, a pesquisa igualmente revelou bons resultados – 18,6% de crescimento e movimentação superior a R$ 996 milhões. 

O estudo ainda deixou claro o contínuo crescimento das pequenas redes e dos hotéis independentes no mercado doméstico – mais uma vez eles lideraram as vendas em número de diárias, respondendo por 63,7% do market share da entidade, fator que reafirma a importância do B2B Reservas, cuja base de dados já reúne grande parcela dos empreendimentos hoteleiros no país.  

Vale ressaltar o salto registrado no setor de eventos, que obteve uma variação positiva de 32,4%. Este cenário reflete a flexibilidade das agências de viagens corporativas em atender à oferta do receptivo, sobretudo no que diz respeito às oportunidades geradas pela Copa do Mundo. 

Estes são apenas alguns dos resultados que apareceram na pesquisa de vendas e que ilustram um trimestre extremamente positivo. Os números ratificam a certeza de que, até o final do ano, devemos, sim, crescer dois dígitos, conforme anunciado em 2013. 

Quanto custa?

Embora seja extremamente importante atender às necessidades de cada um dos clientes que batem à nossa porta, é fundamental que nós, agentes de viagens, também voltemos nossa atenção para questões internas, as quais muito podem contribuir para o aprimoramento e consequente valorização dos serviços que prestamos.

Ainda hoje, em pleno século XXI, é possível perceber a enorme dificuldade encontrada pelas agências em encarar a precificação – hoje à base do fee como pilar estratégico do negócio. Este avanço histórico, que nos permitiu reduzir a dependência das comissões pagas pelas companhias aéreas e pelos hotéis, entre outros tantos fornecedores da cadeia produtiva do setor, já se transformou em muito mais do que apenas uma tendência de mercado.

No entanto, esta nova realidade, que inclui a cobrança de taxa pelos serviços prestados, já amplamente vivenciada no mercado de viagens corporativas pelas agências de viagens associadas à Abracorp, não comporta mais incertezas e temores. Independente do segmento ou nicho de atuação, cabe às agências de viagens receberem justa remuneração pelos serviços prestados.

Hoje, mais do que nunca, é preciso investir em capacitações que orientem desde assistentes administrativos a consultores de viagens sobre o universo da administração financeira. É imprescindível que todos compreendam o fluxo financeiro das agências de viagens e o impacto contábil e financeiro gerado a partir da emissão de uma reserva, conhecendo também mais a fundo os impostos incidentes em cada uma das operações.

Agora eu pergunto: você sabe rentabilizar sua empresa?

Edmar Bull