Os números falam

Este ano será muito positivo para o corporativo. Esta é a minha principal conclusão após analisar os dados que foram divulgados ontem (28) pela Abracorp e que se referem à movimentação do setor de viagens corporativas no primeiro trimestre de 2014. Neste “curto” período de tempo, as 32 agências de viagens associadas à entidade registraram faturamento total de R$ 3,3 bilhões, número que representa crescimento de 18,3% se comparado com o mesmo período de 2013 (R$ 2,8 bilhões). 

O setor aéreo doméstico também cresceu: foram quase 8% a mais de bilhetes emitidos e um volume de vendas de R$ 1,3 bilhão (incremento de 15,4%). Em âmbito internacional, a pesquisa igualmente revelou bons resultados – 18,6% de crescimento e movimentação superior a R$ 996 milhões. 

O estudo ainda deixou claro o contínuo crescimento das pequenas redes e dos hotéis independentes no mercado doméstico – mais uma vez eles lideraram as vendas em número de diárias, respondendo por 63,7% do market share da entidade, fator que reafirma a importância do B2B Reservas, cuja base de dados já reúne grande parcela dos empreendimentos hoteleiros no país.  

Vale ressaltar o salto registrado no setor de eventos, que obteve uma variação positiva de 32,4%. Este cenário reflete a flexibilidade das agências de viagens corporativas em atender à oferta do receptivo, sobretudo no que diz respeito às oportunidades geradas pela Copa do Mundo. 

Estes são apenas alguns dos resultados que apareceram na pesquisa de vendas e que ilustram um trimestre extremamente positivo. Os números ratificam a certeza de que, até o final do ano, devemos, sim, crescer dois dígitos, conforme anunciado em 2013. 

Quanto custa?

Embora seja extremamente importante atender às necessidades de cada um dos clientes que batem à nossa porta, é fundamental que nós, agentes de viagens, também voltemos nossa atenção para questões internas, as quais muito podem contribuir para o aprimoramento e consequente valorização dos serviços que prestamos.

Ainda hoje, em pleno século XXI, é possível perceber a enorme dificuldade encontrada pelas agências em encarar a precificação – hoje à base do fee como pilar estratégico do negócio. Este avanço histórico, que nos permitiu reduzir a dependência das comissões pagas pelas companhias aéreas e pelos hotéis, entre outros tantos fornecedores da cadeia produtiva do setor, já se transformou em muito mais do que apenas uma tendência de mercado.

No entanto, esta nova realidade, que inclui a cobrança de taxa pelos serviços prestados, já amplamente vivenciada no mercado de viagens corporativas pelas agências de viagens associadas à Abracorp, não comporta mais incertezas e temores. Independente do segmento ou nicho de atuação, cabe às agências de viagens receberem justa remuneração pelos serviços prestados.

Hoje, mais do que nunca, é preciso investir em capacitações que orientem desde assistentes administrativos a consultores de viagens sobre o universo da administração financeira. É imprescindível que todos compreendam o fluxo financeiro das agências de viagens e o impacto contábil e financeiro gerado a partir da emissão de uma reserva, conhecendo também mais a fundo os impostos incidentes em cada uma das operações.

Agora eu pergunto: você sabe rentabilizar sua empresa?

Edmar Bull

NDC enriquecedor

Durante o Fórum Panrotas, no painel “IATA e o novo sistema New Distribution Capability (NDC)”, ficaram claros alguns dos vários itens que compõem a pauta das reuniões internacionais que mobilizam a WTAAA – Aliança Global das Associações de Agências de Viagens.  Jean-Charles Odelé-Gruau, diretor regional da IATA para as Américas, subiu ao palco e fez uma apresentação na qual enalteceu os benefícios da plataforma NDC, apresentada por ele como revolucionária e que promete facilitar o dia a dia das companhias aéreas, das agências de viagens e dos consumidores. 

Entretanto, diante das duas primeiras perguntas que fiz: “Quem pagará a conta?” e “Os preços cobrados serão os mesmos para GDSs, agências de viagens e companhias aéreas?”, o diretor da IATA limitou-se a afirmar que esta era uma “questão difícil de ser respondida”, reiterando, logo em seguida, os benefícios do sistema – comparação entre tarifas e voos, limites de bagagem, refeições e bebidas diferenciadas e wi-fi a bordo foram os mais repetidos. 

O “agregador”, como se referiu Jean-Charles ao NDC, deve favorecer a precificação dinâmica e oferecer extenso conteúdo às agências de viagens, permitindo que elas também realizem buscas mais avançadas – o que possibilita agregar mais qualidade ao trabalho de atendimento à demanda. O representante da IATA afirmou ainda que, assim como os sistemas atuais, é possível que as informações disponibilizadas sejam apresentadas aos consumidores. 

Ao ser questionado, então, sobre o fato de que, se implantado, o sistema incentivaria as companhias aéreas a continuar vendendo diretamente para o consumidor, Jean-Charles “contra-argumentou” dizendo que “as aéreas já tornam a venda direta possível por meio de seus websites”. 

Enfim, o painel foi enriquecedor, revelando à indústria de viagens como um todo que ainda existe muito a ser debatido sobre o NDC, sobretudo no que diz respeito ao papel que as agências de viagens desempenharão neste “novo processo de distribuição” e quais serão os impactos diretos e indiretos do NDC sobre a cadeia de valor. 

O diálogo franco e direto continua.   

Edmar Bull