Estamos na encruzilhada?

Algumas situações nos fazem sentir o drama do “efeito sanduíche”, ou como algumas outras pessoas preferem dizer: aquela sensação de estar entre “a cruz e a espada”; ou, ainda, “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. O fato é que estamos diante a uma encruzilhada. As agências de viagens no Brasil sofrem pressões que as espremem, entre os fornecedores e os clientes.

Quando fazemos reservas hoteleiras para os clientes e aceitamos que os fornecedores emitam as faturas para as nossas agências, a documentação chega às vésperas do vencimento. Para os clientes o prazo de pagamento fica curto e, por isso, eles pedem cada vez mais prazo para as agências. Os hotéis não estão nem aí. Além de cobrarem juros das agências, sem cerimônia eles mandam notificações de cobranças via cartório e, pior, até ligam para os clientes dizendo que nós não pagamos em dia a fatura.

Se nós optamos em fazer as reservas solicitadas e recomendamos aos nossos clientes que eles efetuem os pagamentos diretamente para os hotéis, então  ficamos sem receber as comissões. Resultado: temos custos adicionais para manter um departamento de cobrança. Aliás, registre-se aqui também que, há falta de transparência por parte de vários hotéis no que diz respeito à gestão do pagamento de comissões para as agências. Não é raro as agências, quando cobram dos hotéis o que lhes é devido, ouvirem como resposta: “O ano fiscal se encerrou e já prestamos contas aos investidores. Por isso, não posso efetuar pagamentos retroativos” ou então “podemos negociar”.

Ora bolas, nós, agentes de viagens, também gostaríamos e merecemos receber o que nos é devido: todas as comissões atrasadas, com juros e correção. As regras vigentes no país, infelizmente, só têm uma mão! Ou seja: os agentes de viagens são sempre os prejudicados. Caso as agências paguem as faturas com atraso, os hotéis cobram juros. Quando recebemos, quase sempre com atraso, devemos ficar felizes, mesmo sem receber os juros.

Assim, parece mesmo que existe mesmo uma “regra” no mercado brasileiro. Aqui os fornecedores só pagam as agências quando eles querem e se quiserem pagar. Como costuma dizer o jornalista Boris Casoy, “isso é uma vergonha!”

Tudo poderia ser igual e funcionar como funciona no exterior. Nos outros países os clientes efetuam os pagamentos diretamente para aos hotéis, que creditam as comissões semanalmente para as agências, por meio de sistemas como Pegasus Solutions, WPS ou direto pelas cadeias hoteleiras com cheque, etc.

Edmar Bull

Vencemos a batalha

O dia 22 de maio, segundo a enciclopédia livre Wikipédia, é uma data que marca importantes eventos históricos. Caso o nosso setor também alimentasse um calendário do tipo, a reunião da Agency Programme Joint Council (APJC), que foi realizada na última quinta-feira (22/06/2013), das 14:30 até depois das 18:00 horas, mereceria registro.

Com a participação dos representantes das companhias aéreas, da IATA América Latina e sob a condução do diretor da IATA no Brasil, Carlos Ebner, Eraldo Palmerini, Francisco Leme, Goiaci Guimarães e esse bloqueiro aqui debateram, por quase quatro horas, vários temas que pautam os legítimos pleitos apresentados pelas agências de viagens.

Em clima de diálogo, fundamentado por fatos e argumentos consistentes, nós conseguimos avançar uma das etapas no processo de negociação. A partir de agora, todas as agências de viagens que possuem faturas credoras junto às empresas aéreas (internacionais e nacionais) passarão a receber da IATA/BSP o que lhes é devido com D1. Ou seja: todas as faturas credoras serão liquidadas não mais nas sextas-feiras, mas sim nas quintas-feiras.

Mesmo que parcial, a batalha vencida possui inestimável valor simbólico à medida em que espelha a força da nossa união. Abav e Abracorp juntas, apoiadas na crescente mobilização das agências de viagens associadas, renovam as esperanças de que podemos acumular vitórias a cada novo encontro quadrimestral da APCJ. O próximo será realizado em outubro.

Antes, porém, de 4 a 8 de setembro, ocupando organizadamente o maior centro de eventos da América Latina, temos a oportunidade de manifestar livremente nossos anseios e demonstrar o verdadeiro valor das agências de viagens; como melhor canal de atendimento, de consultoria e de vendas do setor de viagens e turismo.

Edmar Bull
 

E aí, IATA D2?

A IATA exige carta de fiança para que as agências de viagens possam ter crédito e passem a fazer a emissão de bilhetes aéreos via BSP.

A IATA também exige que as agências de viagens efetuem os respectivos pagamentos devidos no prazo. Rigorosamente, semana após semana, todos os valores estipulados nas faturas são e precisam ser quitados sem atraso pelas agências de viagens. Caso contrário, a ameaça de cortarem o sinal das agências de viagens é feita.

Porém, na hipótese dessas faturas apresentarem créditos em favor das agências – o que tem sido cada vez mais comum, em razão de equivocadas cobranças de ADM´s por parte das cias. aéreas –, os valores são pagos pela IATA/BSP com D2. Ou seja: com dois dias de atraso.

Cabe aqui colocar quatro questões para a reflexão de todos e, em especial, para as autoridades que são, nacionalmente, ou deveriam ser, as responsáveis pela regulação do setor da aviação civil no país:

1-) Se as agências de viagens são obrigadas pela IATA/BSP a fazer a apresentação das cartas de fiança, por que o mesmo não é exigido das empresas aéreas, para que elas possam vender seus TKT´s por meio da rede de agenciamento de viagens e operadoras turísticas no Brasil?

2-) Se as agências de viagens são obrigadas a pagar no prazo os valores devidos, por que nós recebemos, invariavelmente, com atraso de dois dias, quando, na realidade, somos nós os credores das companhias aéreas?

3-) O BSP está a serviço de ambas as partes envolvidas no processo – as companhias aéreas e as agências de viagens –, ou apenas existe para defender os interesses das primeiras em relação às segundas?

4-) Por que nós não podemos também fazer ADM´s quando as cias aéreas estão erradas?

Não podemos aceitar como argumento o fato de o BSP precisar de dois dias a mais de prazo para fazer o rateio dos valores arrecadados das agências em favor das companhias aéreas IATA. O relatório credor ou devedor já é de conhecimento da IATA e das agências com alguns dias de antecedência.

Afinal, pagar o que é devido às agências de viagens sem atraso constitui obrigação.
Edmar Bull