Entre os dias 21 e 23 de Junho aconteceu no Pullman Vila Olímpia a 3ª edição do encontro anual da GBTA (Global Business Travel Association) Brasil. Em um período crítico como o atual, o que vi e percebi foi bastante animador.
Em primeiro lugar, o público. Foi gratificante em uma das palestras ser perguntado quantos gestores havia na plateia, e ter um retorno de pelo menos 60% das mãos levantadas. É um avanço neste mercado, onde geralmente nestes eventos temos muito mais fornecedores e figuras públicas do que compradores e gestores (sejam eles decisores ou influenciadores). Talvez seja parte do movimento que enxergo fundamental para as mudanças reais que precisamos rumo ao amadurecimento do mercado: a participação efetiva dos reais donos do dinheiro que faz a roda girar e que compõe as estatísticas dos estudos apresentados. A parte mais importante do tripé (fornecedores finais-TMCs-clientes) finalmente estava lá.
Lembro-me que uma das perguntas na primeira palestra que fiz, sobre integração de conteúdo hoteleiro, me deu espaço para também externar aquilo em que acredito e venho tentando transmitir através deste espaço: não são os clientes que devem se adaptar às necessidades do fornecedor… é justamente o contrário, e este mercado está muito mal acostumado pelos anos de prática sem contestação. O mundo muda em velocidade incrível, nós nos adaptamos às necessidades dos nossos clientes, e nossos fornecedores precisam se adaptar às nossas necessidades. Duro de ouvir para alguns, difícil de dizer sem ser incisivo… mas já estava na hora de alguém falar isso em público, tocar na ferida.
Outro ponto positivo foi a diversificação do conteúdo do Evento, onde além de painés temáticos da área, houve palestras de especialistas em redes sociais, comportamento humano, feedback, gestão de pessoas, etc. Somos profissionais multifacetados, e se queremos trazer resultados diferentes para nossas corporações, não podemos continuar fazendo as coisas do mesmo jeito que sempre fizemos. Nota 10 para os palestrantes que se apresentaram.
Inscrições nestes eventos são caras. Nada mais justo do que ver o dinheiro de sua empresa, ou o seu (quando o investimento é pessoal) bem aplicado em estrutura (coffee, credenciamento, água, almoço, salas) mas principalmente, em conteúdo de alto nível e diferenciado. E é um desafio para nós, painelistas, inovar e trazer coisas diferentes. É inevitável repetir algumas coisas que a maioria já sabe, mas um imperativo sair da caixa… ninguém quer mais do mesmo.
Queria aproveitar e pedir desculpas por não ter mencionado 2 soluções de mercado em uma das minhas palestras, tendo mencionado apenas as que conhecia (e para o meu azar, estas 2 soluções eram justamente patrocinadoras do evento)… mas também soube que alguns não gostaram das ferramentas e dicas de negociação que mencionei, e isto não acho que devo pedir desculpas… eu estava lá para isso! Impossível agradar vendedores quando se está num evento para compradores.. ou pelo menos em 100% do tempo.
O painel da Cristiana da BRF e do Felipe da Souza Cruz com as TMCs foi muito bom para manter aberta a eterna discussão de como a TMC deve melhor servir seus clientes. E havia algumas com uma vontade genuína de se aprimorar, que ouviram de verdade e vão levar lições para casa. Outras, que sequer enviaram representantes, ou estavam lá só para trocar cartões de visitas, talvez não tenham aproveitado o valioso momento – mas o tempo, e as RFPs da vida, são implacáveis.
Em minha palestra sobre saving, procurei tratar de temas de Procurement em uma visão macro, e como enxergo que um bom negociador/gestor deve procurar economias para suas corporações. Gerenciar melhor Táxis, Locadoras, Refeições,Agregadores de Hotéis, e ter comportamentos diferenciados, como acompanhamento por amostras de requisições de viagens, e gestão semanal com poucos e eficazes KPIs, benchmarks e integração total com o Financeiro, foram dicas que entendo que levarão ao sucesso.
O painel do Edmar (blogueiro do espaço ABRACORP) com as Cias Aéreas deu voz aos nossos pleitos e à indignação com algumas práticas das nossas necessárias e desafiadoras fornecedoras de voos, mas há tanto a se falar que poderia ter durado mais umas 5 horas.
O painel de KPIs, que tive o prazer de conduzir junto com a Juliana Patti da Bayer, trouxe controles e ideias que já aplicamos e que funcionam bem para medir a performance de várias áreas do programa, e mais importante, torná-las atraentes aos olhos de quem toma as decisões e precisa ler e entender em 30 segundos coisas tão complexas (que levamos horas para sintetizar).
E por fim, a palestra do Joseph Bates sobre as estatísticas de Business Travel para o Brasil, extremamente interessante e com links com a economia que nos cerca, tão dependente de nós e de quem somos tão dependentes.
Concluindo, é gratificante ter feito parte de um evento desses, fazer parte de uma indústria em ascensão e contribuir singela e sinceramente com algo em que se acredita, e de onde tiramos nosso sustento. A grande mensagem que quero passar com este post, e tendo como enredo o evento da GBTA, é que os clientes estão ganhando corpo, de forma independente e convergente, e eventos desta envergadura contribuem decisivamente neste movimento do mercado. Quem não entender isso a tempo, vai ficar para trás. Quem entender, vai continuar tendo clientes, e por consequência, ganhar mais dinheiro.
Caro Fernão.
Eu faço minhas, as suas palavras, apenas com um detalhe.
Todo o sucesso do evento deve ser creditado a Voces, palestrantes, pelo nivel academico de seus temas e apresentações, aos Gestores de Viagens que, habitualmente, apoiam a GBTA na elaboração do evento e aos patrocinados,fornecedores qe participantes, que sempre apoiam as ações da GBTA.
O foco da GBTA sempre sera fazer, não o maior, mas o melhor evento de viagens corporativas tratando os temas de forma transparente e clara, mesmo que em alguns casos, sejam polemicos, contribuindo assim para a evolução e profissionalização da industria de viagens corporativas.
Forte Abraço.