Um Relais Chateaux na região de Champagne

Acaba de completar seu primeiro aniversário o hotel Royal Champagne Hotel & Spa, instalado na minúscula Champillon, em Champagne, França, a curta distância de Reims e Épernay.

O hotel, parte do portfólio Relais&Chateaux, era justamente o tipo de hotelaria – de luxo, com alta gastronomia, mas sem grandes afetações – que a região precisava. E foi justamente ali que me hospedei no final do ano passado, durante um tour pela região promovido pela Wine Paths.

Localizado a dez minutos de Épernay, o belíssimo hotel fica no alto de uma colina do vale Marne, rodeado por vinhedos. Por isso mesmo, todos os quartos e áreas comuns do hotel têm vistas para as os mesmos e as pequenas vilas de Champillon e Hautvilliers.

A antiga propriedade que existia ali (e também funcionou como hotel em outros tempos) foi totalmente renovada pelos novos proprietários, que souberam transforma-la em uma propriedade contemporânea e de décor sóbrio e delicado, que casa super bem com a região.

São apenas 49 quartos no total, todos extremamente espaçosos, com direito a área de living, um belo quarto, espaçosas varandas (sempre com vista para vinhedos e montanhas) e belíssimos banheiros, com banheiras que podem ser abertas para o quarto e luxuosas amenidades da Hermès. Serviço de café Illy e chás Jing gratuitos diariamente e champagne tasting na chegada também.

Foto: Mari Campos

Num destino que sempre oscilou entre os b&b’s mais simples e o luxo rococó, vibe “castelo”, o novo Relais&Chateaux inicia sem dúvidas uma nova geração na hotelaria na Champagne. Tudo ali é mais clean, mais fluido, mais harmônico; o serviço é simplesmente irretocável e antecipa nossas ideias e vontades, mas ao mesmo tempo a gente se sente incrivelmente à vontade o tempo todo.

A própria recepção é discreta, com uma mesa ao invés de balcões, num processo de check in e check out extremamente rápido e descomplicado. Para circular pela linda propriedade e arredores, há empréstimo de bicicletas elétricas, uma excelente pedida. O hotel conta também com um belo spa, com piscina interna e externa, e massagens sob demanda. Como a fachada do hotel é curva, cria “terraços” e desníveis e mesmo do spa e da piscina a gente tem sempre vista panorâmica.

Foto: Mari Campos

Mas é preciso enfatizar a excelente gastronomia da propriedade: são dois restaurantes que já seriam “destino” por si mesmos, com menus e serviços irrepreensíveis. O formal Le Royal é estrelado no Michelin e mais intimista e o delicioso Le Bellevue (que serve também o excelente café da manhã à la carte incluído nas diárias) aposta no conceito farm-to-table, com ingredientes frescos e sazonais – e vista belíssima para os terraços de vinhedos.

Excelente hotel, em um destino que realmente carecia de uma opção de luxo assim low profile. E excelente ver também como os novos associados Relais&Chateaux estão sabendo chegar ao mercado com muito mais bossa, e pondo de fato mais “luxo” nos serviços que oferecem.

Dá pra conferir minha review completinha sobre o Royal Champagne também aqui.

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Leela Palace New Delhi: terceiro melhor hotel urbano da Ásia

A esperada lista World’s Best Awards 2019 da Travel and Leisure acaba de ser divulgada e, como sempre, agita o mercado hoteleiro. Afinal, quem é que não quer ver sua propriedade figurando entre os melhores do mundo, segundo uma das mais prestigiosas publicações internacionais do setor?

A lista deste ano trouxe repetecos bem-vindos – como a escolha da rede Six Senses como a melhor rede hoteleira do mundo – , mas trouxe novidades que nos chamaram atenção. Como, por exemplo, o fato do The Leela Palace New Delhi ter sido escolhido o terceiro melhor hotel de todo o continente asiático.

Afinal, a Ásia é um dos continentes mais férteis do mundo para hotelaria de primeira linha. Veio de lá também o melhor hotel do mundo no ano passado, o Four Seasons Bali at Sayan (que considero também um dos melhores hotéis do meu mundo) e o vencedor deste ano, o Leela Palace Udaipur, na Índia.

A própria Índia é um país que preza pela hotelaria de altíssima qualidade, como já falamos aqui. E Delhi mesma tem vários excelentes hotéis de personalidades bem diferentes espalhados pela cidade toda – mas o Leela Palace merece, sim, estar entre os 100 melhores hotéis do mundo na lista da Travel and Leisure deste ano. Na categoria hotéis urbanos na Ásia, o Leela Palace New Delhi perdeu no ranking deste ano apenas para o novo Rosewood Beijing e para o Oberoi Mumbai.

O The Leela Palace New Delhi realmente superou todas as minhas expectativas durante minha hospedagem ali em abril último, durante um longo périplo indiano – e olha que já me hospedei em diversas pérolas da hotelaria indiana, inclusive na própria capital (como o incrível The Lodhi, do portfólio da Leading Hotels of the World).

O Leela Palace New Delhi segue o melhor estilo da hotelaria indiana, com excelência em serviços e acomodações super confortáveis – mas sem pecar em nenhum momento por excesso. Construído especificamente para ser um hotel de luxo, tem todos os seus móveis e objetos de décor feitos sob medida por artesãos locais – e chama atenção também pelo esmero nos muitos arranjos de flores espalhados pela propriedade toda.

Há certa opulência no lobby de entrada, mas os demais ambientes são bastante contemporâneos e cálidos, daquele tipo que faz o hóspede se sentir confortável rapidamente. Até mesmo a decoração dos quartos, que remete às vibes palacianas aqui e ali, são delicadas e aconchegantes – sua categoria standard tem os maiores quartos da cidade nesta categoria de entrada. Os quartos, aliás, têm excelente isolamento acústico, banheiros em mármore com banheira e chuveiro separados, cafés, chás e biscoitos cortesia e acesso ao sistema de mordomo.

A localização na área das embaixadas de Delhi permite deslocamentos razoavelmente fáceis tanto para o aeroporto como para zonas mais turísticas da cidade (e há muitas opções de restaurantes e compras nos arredores). Da bela rooftop pool com borda infinity no último andar – com água sempre mantida em perfeitos 26 graus – há vista panorâmica para Nova Delhi todinha.

São quatro restaurantes de especialidades diferentes (Internacional, Indiana, Japonesa e Italiana) abertos para almoço e jantar e um ótimo speakeasy bar, o Library Bar. O imenso buffet de café da manhã é servido diariamente no belíssimo Qube, inteiramente construído como um cubo de faces de vidro nos jardins do hotel – com décor cheio de espelhos que permite reflexos caprichados da paisagem externa no interior do restaurante. E ainda há um belo ESPA spa na propriedade.

Não fiquei hospedada em outros hotéis da rede Leela, mas a participação da unidade de New Delhi no World’s Best 2019 está corretíssima na minha opinião. A lista completa dos melhores hotéis do ano segundo a Travel and Leisure pode ser conferida aqui.

E dá pra conferir minha review completinha sobre o Leela Palace New Delhi aqui.

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A excelência da hotelaria de luxo na índia

Pequenas e grandes redes hoteleiras de luxo na Índia estão crescendo rápida e constantemente em comparação a outras redes internacionais. Com uma diferença fundamental: para as redes indianas, o hóspede é sempre e invariavelmente rei – ou, como eles mesmos preferem dizer, “the guest is God”.

Já andava com isso na cabeça desde minha última viagem à Índia, em abril último, mas a ideia ficou ainda mais evidente depois que assisti ao filme “Hotel Mumbai” (que chega aos cinemas brasileiros como “Atentado ao hotel Taj”, e que recomendo muito). Essa máxima comum aos hotéis de luxo indianos aparece repetidas vezes no filme (que é sobre como o papel dos funcionários do hotel Taj de Mumbai foi essencial no salvamento de alguns hóspedes durante os atentados terroristas de 2008).

O senso de hospitalidade faz parte da própria cultura indiana no dia-a-dia, e essa vocação é elevada à décima potência quando o assunto é hotelaria de luxo. Discrição, eficiência, cortesia, antecipação de vontades: tudo isso está ali, o tempo todo, quando somos hóspedes de um bom hotel na Índia. E sempre com gentileza, sorrisos e amabilidade no olhar, de uma forma que acaba frequentemente conectando quase que imediatamente hóspedes ao staff. Não por acaso, funcionários indianos da hotelaria de luxo são frequentemente disputados por grandes redes hoteleiras em outros destinos.

Os investimentos no setor hoteleiro tiveram um boom entre 2005 e 2010, quando muitas propriedades se remodelaram e muitos novos empreendimentos começaram a ser construídos (ainda que haja muito potencial de crescimento, o país recebeu quase nove milhões de turistas internacionais em 2016 contra pouco mais de dois milhões e meio no ano 2000). Desde então, novos subsídios e parcerias são frequentes para estimular tanto a hotelaria quanto o turismo em geral no país e a Índia vive um novo grande momento hoteleiro neste 2019 – incluindo aberturas internacionalmente muito importantes também para o turismo de negócios, como o recém-aberto Four Seasons Bengaluru (em Bangalore).

A hotelaria de luxo no país passou a focar muito na “hospitalidade experiencial”, buscando apelo também junto às novas gerações, introduzindo menu de experiências em seu portfolio e investindo em lounges, práticas sustentáveis e espaços sociais customizados (ou “instagram friendly”, como defendem alguns escritórios de arquitetura e design hoteleiro). O turismo focado em eventos também está redesenhando a hotelaria em alguns destinos que chegam a ver suas reservas crescerem dois dígitos ao ano, incluindo cidades como Varanasi, Puri, Tirupati e Shirdi.

A popularidade do país como destino para turismo de bem-estar também cresce sem parar (um bom exemplo é o hotel Ananda in the Himalayas, sobre o qual falo neste texto aqui) e parte dos hotéis de luxo começa a ver também significativo crescimento no mercado de destination wedding, até então bastante sub-explorado no país.  

Algumas experiências hoteleiras que tive no país estão dentre as mais significativas que já experimentei, incluindo estadias irretocáveis em hotéis como The Lodhi em Delhi, RAAS em Jodhpur, Leela Palace também em Delhi, Evolve Back Resorts em Hampi e as incríveis propriedades da Suján Luxury no Rajastão. Da Suján, já conhecia anteriormente o (ótimo) lodge Jawai Leopard Camp e tive o prazer de me hospedar nesta viagem nos excelentes Sher Bagh (no Ranthambore National Park) e Rajmahal Palace, em Jaipur.

A excelência da hotelaria de luxo na Índia está ajudando o setor a crescer mais rápida e constantemente que em outros destinos.
Piscina aberta para os territórios dos famosos tigres de Ranthambore no Sher Bagh da Suján Luxury. Foto: Mari Campos.

No RajMahal Palace, aliás, me hospedei durante uma viagem a trabalho, mas arrisco dizer que foi a mais impecável experiência hoteleira que já tive na Índia. Um hotel de apenas 14 quartos ocupando a antiga residência do marajá, com instalações, décor, amenidades e serviço simplesmente perfeitos (com café da manhã à la carte, chá da tarde à inglesa e lavanderia incluídos em todas as diárias). Dá pra ler minha review completa sobre o hotel aqui

Leia mais sobre minhas viagens pela Índia e os hotéis testados e aprovados no país aqui.

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The Beaumont: jóia da hotelaria londrina

A hotelaria de luxo londrina prima pelos altos padrões de serviço e não é de hoje. Hospedar-se em um hotel de luxo em Londres, assim como em Paris, é praticamente garantia de se deparar não apenas com instalações cheias de conforto mas, sobretudo, com staff de postura e serviços impecáveis, da recepção aos bares e restaurantes. Connaught, Mandarin Oriental Hyde Park (que, aliás, acaba de reabrir e muito em breve falaremos mais dele aqui), The Marylebone e Shangri-la Hotel London at The Shard são apenas alguns dos hotéis da cidade cujo serviço eu pessoalmente endosso integralmente.

Em março passado, mal eu desci do meu transfer da Blacklane em frente ao The Beaumont e a hostess à porta me olhou atentamente, com um sorriso no rosto, e emendou: “seja muito bem-vinda, senhora Campos. Como foi sua viagem?”. Eu nunca tinha me hospedado antes no hotel, nem tampouco o taxista sabia meu sobrenome.

O reconhecimento facial no hotel foi dos mais impressionantes que eu já vi, não se restringindo apenas à recepção. No restaurante, na conciergerie e por três vezes nos próprios corredores do hotel fui cumprimentada por diferentes funcionários que sabiam exatamente quem eu era e me saudavam fazendo uso do meu sobrenome. Sem afetações, sem exageros; tudo rápido, simpático e polido.

Até porque, veja a contradição, discrição é uma das características mais marcantes deste charmoso hotel de luxo no coração de Mayfair. Membro da excelente coleção L.V.X. da Preferred Hotels, o hotel ocupa um edifício recuado em uma rua estreita, de pouco movimento – mas a apenas duas quadras do agito da Oxford Street.

Fui convidada a me hospedar no The Beaumont esses dias e constatei que o o hotel realmente tem um padrão geral de serviços que não consegui comparar com nenhum outro da capital inglesa – por mais que eu seja fã declarada de vários deles! A discrição, antecipação de necessidades e desejos e eficiência em providenciar retorno (como diria George Clooney, what else?!) realmente me impressionaram. Com o detalhe da uniformidade e da constância: não importava o horário do dia, o dia da semana ou a hierarquia do funcionário, a postura era sempre a mesma – o que, pessoalmente, acho que faz toda a diferença em uma estadia.

Quartos discretos, charmosos e muito funcionais. Foto: Mari Campos

Fora isso, as instalações do hotel também são de primeira linha. Quartos sóbrios mas muito elegantes, cheios de madeira e obras de arte. Mesmo os menores deles têm excelentes banheiros, muito espaçosos e com detalhes muito bem-vindos, como piso aquecido. As facilidades eletrônicas estão todas ali, incluindo fartura em tomadas e entradas usb. E todas as diárias incluem mini-bar não alcoolico e deliciosos chocolates caseiros na abertura de cama.

O restaurante The Colony Grill Room serve excelentes opções de café da manhã cobradas à parte, mas o charmoso The Club Room, anexo ao lobby, tem diariamente um “corner” gratuito com café, chá e pastisseries todas as manhãs.

O décor inspirado nos anos 20 inclui diversos móveis e objetos vintage, livros raros numa charmosa biblioteca e uma coleção de mais de 1500 obras de arte espalhada pelo hotel todo. O hotel conta ainda com academia, um discreto spa, uma charmosa barbearia à moda antiga e Vintage Daimler para levar os hóspedes sem custos a diferentes pontos de Mayfair.

Dá pra ler mais sobre o The Beaumont London também aqui.

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A hotelaria e a moda

Faz tempo que a hotelaria e a indústria da moda começaram a namorar. Primeiro, vieram as boutique de grandes estilistas instaladas nos hotéis de luxo. Depois, assinaturas de nomes renomados, como Ralph Lauren ou Karl Lagerfeld, em itens que iam da roupa de cama ao próprio décor dos quartos. O inconfundível Christian Lacroix deixou sua marca em três hotéis em Paris, Dior em tantos outros (como o St Regis de Nova York) e Diane von Furstenberg no Claridge’s, em Londres, por exemplo. Narciso Rodriguez desenha os uniformes do Gramercy Park, em Nova York.

Com o passar dos anos, o relacionamento ficou ainda mais “intenso”, com vários hotéis desempenhando papéis importantíssimos durante as principais semanas de moda do mundo. E grandes marcas da moda resolveram abrir seus próprios hotéis, como os incrivelmente bem sucedidos Armani, Versace e Ferragamo, ou mesmo os finados Hotel Missoni (em Edimburgo) e Maison Moschino (em Milão). 

Hoje, diversos hotéis criaram novos cargos e funções relacionados a estilo, curadoria e inovação em moda, como a chegada de Joan Smalls nos W Hotels, Anna Dello Russo nos Rosewood Hotels and Resorts ou Timo Weiland nos Crowne Plaza, para apenas citar alguns. E outros estão investindo pesado em parceria com determinadas marcas para criar produtos exclusivos.

As malas da coleção do Ritz Paris com a Luxury Living. Foto: Divulgação.

É o caso, por exemplo, do Ritz Paris, que lançou há quase dois anos uma linha de malas e acessórios de viagem de luxo com a Luxury Living que vai muitíssimo bem, obrigada. As peças da coleção Ritz Paris La Bagagerie retomam um pouco o charme da Belle Époque, confeccionadas artesanalmente em couro Saffiano – mas com toda a conveniência e segurança das malas mais contemporâneas. 

O Royal Mansour Marrakech acaba de entrar neste jogo também: em parceria com Christian Louboutin, lançou uma exclusiva babouche – batizada de The Lady Mansour e vendida exclusivamente no próprio hotel pela bagatela de 800 euros – criada exclusivamente para o hotel, homenageando o artesanato excepcional do Marrocos e um de seus calçados mais icônicos. O design da mule de salto de 10 mm foi inspirado em detalhes do próprio hotel como treliças de madeira, motivos florais, arcos de ferradura e mosaicos – com a reconhecida sola vermelha de Louboutin, é claro.

Certas marcas de moda atraem demografias específicas que cada vez mais os hoteleiros querem em suas propriedades. Esse namoro ainda deve durar muito tempo, e ficar cada vez mais firme.

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