A evolução dos hotéis durante a pandemia

Que 2020 foi um ano de crise sem precedentes para a hotelaria e toda a indústria turística nacional e internacional nós já sabemos. O desaparecimento dos hóspedes e hotéis fechados em março ao processo de reabertura de propriedades e destinos neste segundo semestre, passamos por um sem fim de protocolos, ajustes e transformações não apenas para adequação aos novos tempos como também de muita criatividade para tentar driblar a crise. E, no processo, houve uma incrível evolução dos hotéis durante a pandemia. 

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Afinal, com muita cautela, hotéis precisaram este ano não apenas adaptar-se aos novos protocolos de higiene e segurança desenvolvidos pela indústria, como também flexibilizar-se diante das novas expectativas dos viajantes.

LEIA AQUI: Como é a reabertura de um hotel na pandemia

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A tendência do isolamento

A popularização do termo turismo de isolamento, por exemplo, impulsionou nestes dois últimos meses a procura por propriedades que garantam distanciamento entre hóspedes que realmente não querem ter contato frequente com outras pessoas – e, sobretudo, hotéis rodeados de natureza.

Já contei aqui na coluna que os lodges na Amazônia brasileira finalmente estão vendo crescimento significativo no número de hóspedes domésticos (e finalmente também estão direcionando seus esforços de comunicação e divulgação a eles). Na Europa, essa mesma tendência provocou um avanço do turismo rural em países como Itália, Espanha e França neste último verão do velho continente que já passa dos 40%.

LEIA TAMBÉM: Os desafios da hotelaria na Amazônia durante a pandemia

A onda do staycation também vem “salvando” propriedades urbanas em grandes cidades aqui e lá fora. Hotéis na orla do Rio de Janeiro, por exemplo, têm investido bastante na ideia de que vale a pena mudar de bairro na sua própria cidade para viver uma nova experiência em viagem e recarregar energias com vistas deslumbrantes da capital carioca e bom serviço – sobretudo enquanto viagens de longa distância ainda são consideradas arriscadas pela maioria dos viajantes (ou mesmo impossíveis atualmente para os brasileiros, dependendo do destino).

LEIA TAMBÉM: 10 hotéis no Brasil para fazer turismo de isolamento.

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Foto: Shangri-La Istanbul at Bosphorus

Novas funções

A evolução da hotelaria na pandemia trouxe novidades antes consideradas impensáveis que podem ter vindo, de fato, para ficar. Se parte do mercado demitiu muitos funcionários no começo da pandemia, a reabertura vem forçando algumas dessas propriedades a recontratar pessoal para se adaptar adequadamente às exigências para reabertura, como novos formatos de serviço de café da manhã etc.

LEIA TAMBÉM: Como a hotelaria está redesenhando empregos na pandemia

E a hotelaria de luxo segue criando inclusive novas funções para o mercado – vide o interessante exemplo do Shangri-La Istanbul at Bosphorus, que criou o primeiro “mordomo de Baklava” do mundo, dedicado exclusivamente a servir de maneira pomposa a clássica sobremesa acompanhada de sorvete (que passou a ser ofertada a todos os hóspedes do hotel). 

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NOVOS USOS PARA ESPAÇOS ANTIGOS

Outras propriedades passaram a criar novos usos para seus espaços de negócios (que ainda devem ficar ociosos por muito tempo, dados os prognósticos para este setor), como estruturas para home office e school office (como já contei aqui). Ou mesmo para exibições privadas de disputadas partidas esportivas televisionadas (de futebol, por exemplo) para pequenos grupos, com serviço dedicado de alimentação e bebidas (exemplo do Shangri-La Toronto que começa a chegar a alguns hotéis em São Paulo e Londres). 

LEIA TAMBÉM: Como hotéis estão driblando a crise na pandemia.

Depois da bem sucedida onda dos “room offices” – termo desenvolvido pela Accor mas já adotado por inúmeras outras propriedades, de rede ou independentes, que transformaram parte de seus quartos em escritórios para uso diário como workplaces -, tem hotéis convertendo quartos em academias privativas.

É o caso, por exemplo, dos hotéis da marca Westin, que transformaram alguns de seus quartos e suítes em salas fitness de uso privado, com equipamento personalizado e esterilizado – e que ainda permitem também a contratação por hora de um personal trainer para quem desejar (além, é claro, de banheiro completo e exclusivo para a ducha pós treino). 

A Meliá International criou nos Estados Unidos uma estratégia digital chamada BeDigital360 com a premissa de se aproximar do hóspede e criar novas experiências diversas dentro do hotel. O foco são clientes que morem em um raio de até 200km da propriedade, mesmo que não fiquem hospedados. Quartos para serem usados como escritórios ou academias durante o dia, ou mesmo experiências gastronômicas ou de day use estão entre as possibilidades oferecidas pelo serviço. 

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Alimentos e bebidas na dianteira

O setor de Alimentos & Bebidas, como já comentei aqui há algumas semanas, tem sido um dos grandes ativos da hotelaria na recuperação do setor desde o começo dos processos de reabertura. Hotéis estão se esforçando não apenas para criar opções gastronômicas para levar visitantes a seus restaurantes como – e principalmente – criando opções sedutoras para que o hóspede da casa se sinta seguro para fazer todas as suas refeições ali mesmo. 

LEIA MAIS: Como Alimentos e Bebidas vêm ajudando a recuperação hoteleira na pandemia

A estratégia tem dado certo em grandes cidades brasileiras e também no exterior, sobretudo em destinos com toques de recolher ou limitações de horários de funcionamento permitidos para bares e restaurantes, como cidades na França, Itália ou Espanha.

Vale destaque o exemplo do The Balmoral de Edimburgo, na Escócia, parte da RoccoForte Hotels, que criou o The Curfew Club (algo como “clube do toque de recolher”), com experiências diversas disponíveis apenas após das dez da noite. As experiências incluem, por exemplo, um “tour” por uma seleção de uísques do bar Scotch (que conta com mais de 500 rótulos) servida diretamente no quarto e com degustação conduzida pelo “Whisky Ambassador” do hotel. Ou uma aula de mixologia para criar seus próprios coquetéis madrugada adentro, em sua suíte. 

A inovação também está levando os caprichados restaurantes de hotéis de luxo a investirem pela primeira vez em serviços de delivery. É o caso, por exemplo, do Hotel Unique, em São Paulo. Membro da Preferred Hotels, seu badalado restaurante SKYE lançou o STAAR @SKYE, serviço de entrega dos pratos e drinks do seu menu através do aplicativo iFood.  

Mais do que nunca, a evolução da hotelaria na pandemia mostrou que o mercado precisa ficar atento tanto às transformações do planeta como às transformações dos próprios hóspedes (estilos, prioridades, necessidades, focos) neste processo para evoluir de fato junto com eles.

LEIA TAMBÉM: Revolução cultural na hotelaria em tempos de coronavírus.

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Revolução cultural da hotelaria em tempos de coronavírus

Na última década, a hotelaria em geral passou a investir cada vez mais nos seus espaços sociais. Grandes redes como Marriott e Hilton adotaram o termo “social hub” para descrever seus lobbies e espaços públicos anexos. Mas, hoje, há uma verdadeira revolução cultural ocorrendo nestes espaços da hotelaria em tempos de coronavírus e da necessidade de distanciamento social.

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Já tem um tempo que a gente considera um lobby de hotel ideal quando tem um certo jeito vibrante, gente indo e vindo, preferencialmente com um bar anexo cheio de locais, peças de design ou obras de arte de impacto aqui e ali.

Lobbies opulentos em hotéis clássicos sempre funcionaram como locais de reunião profissionais e pessoais de moradores também – veja exemplos clássicos como as Galeries do Four Seasons George V em Paris, o lobby do St Regis DC em Washington, do incrível Mandarin Oriental Bangkok ou mesmo do hoje já quase decadente Alvear Palace Hotel, em Buenos Aires.

Mas na última década houve um verdadeiro boom – iniciado em grande parte por hotéis boutique e/ou independentes – em reativar o lobby e outros espaços comuns dos hotéis como uma verdadeira sala de estar para hóspedes e locais. 

VEJA TAMBÉM: O que mudou na recreação infantil dos hotéis na pandemia

Crédito: Divulgação

Uma nova fase para os chamados “social hubs”

Hotéis de todos os tipos e tamanhos passaram a oferecer cada vez mais opções de socialização em seus espaços públicos, misturando geralmente alimentos e bebidas, conectividade, ócio e lazer tudo num mesmo espaço. Virou cena corriqueira ver grupos de amigos festejando em mesas altas de bar e gente trabalhando sozinha em seu computador em uma poltrona praticamente lado a lado.

LEIA TAMBÉM: Como ser um bom hóspede na pandemia

E a iniciativa vinha dando muito certo, fosse nos espaços descolados de grandes marcas como W Hotels ou mesmo espaços diminutos em pequenas pousadas.  Criar espaços nos quais hóspedes pudessem se reunir com amigos e família e permanecer no hotel fora dos seus quartos se tornou uma norma, e vinha realmente fazendo sucesso.

Mas a pandemia do novo coronavírus e todas as necessidades de limpeza e distanciamento social que vieram com ela começaram rapidamente a promover uma espécie de revolução cultural da hotelaria em seus espaços públicos. Projetados para interação social, hoje a maioria dos lobbies em hotéis de diferentes tamanhos refletem enormemente a necessidade dos dois metros de distanciamento entre hóspedes: menos móveis, menos objetos, minimalismo exacerbado, necessidade de “emanar” limpeza o tempo todo. 

Leia também: Como estão funcionando os hotéis em tempos de pandemia

Foto: Mari Campos

Cada vez menos contato

Da maioria das pousadas brasileiras aos hotéis de grandes redes, a nova disposição de móveis (com muito menos deles no recinto) virou norma – além de menos arranjos de flores e objetos de decoração também. Via de regra, tudo que não pode ser facilmente desinfectado foi confinado aos porões, longe da vista dos hóspedes. A própria limpeza dos espaços públicos, aliás, que geralmente era feita à noite, longe dos olhos dos hóspedes, agora é geralmente feita à luz do dia, já que as indicações visuais de higiene se tornaram hoje mais importantes do que nunca. 

Veja dez hotéis no Brasil para praticar turismo de isolamento

Soluções tecnológicas necessárias, como check-in e check out online, contato com o staff via app e outras iniciativas “contactless” que ganharam força nos últimos meses, também vêm evitando que hóspedes sequer tenham que passar por esses espaços. 

E espaços antes vibrantes ou aconchegantes estão se tornando rapidamente cada vez menos convidativos. Salões que conservam ainda poltronas, puffs e sofás estão geralmente adotando elementos visuais (como almofadas, cartazes ou até objetos bem humorados) para sinalizar onde o hóspede pode ou não ficar. Hoje, mais do que nunca, se não houver grandes espaços externos, o hóspede está passando a maior parte do seu tempo no hotel dentro do próprio quarto (muitas vezes, desde o café da manhã). 

Leia mais: Como ser cuidadoso ao retomar suas viagens durante a pandemia

Revolução ainda maior no setor de pousadas e bed&breakfasts

Em muitas pousadas brasileiras está acontecendo o mesmo fenômeno porque passam os bed&breakfast europeus, em uma revolução cultural da hotelaria em tempos de coronavírus ainda mais complicada, já que afeta a própria natureza do negócio. Afinal, este tipo de propriedade sempre prezou justamente pelo aconchego, pela fácil interação entre os hóspedes e, principalmente, pela interação constante entre eles, staff e proprietários no cotidiano da hospedagem.

Mesas antes próximas para o café da manhã agora estão muito afastadas e a maioria dos hóspedes está tomando o café no seu próprio quarto. Salas de leitura cheias de livros e revistas para folhear despretensiosamente enquanto a gente tomava um chá ou café à tardinha também já são muito mais raras – e definitivamente menos frequentadas. 

Veja também: como o setor de alimentos e bebidas pode ajudar na recuperação da hotelaria

Para muitos negócios, a revolução cultural trazida pelos tempos do novo coronavírus vem significando mudanças importantes em ambientes que fazem parte da própria identidade da propriedade. Os pratos com bolos e potes com biscoito para livre serviço durante a tarde nos salões sumiram ou deram lugar a pedaços embalados individualmente para que o hóspede pegue o seu e vá comer no quarto ou no jardim. 

O bate-papo gostoso com os donos da pousada durante o serviço do café está sumindo devagarinho, seja pela ausência de hóspedes para o serviço no salão ou pela necessidade dos donos prestarem atenção em tantos protocolos durante o serviço que fica complicado relaxar e conversar. Mas, felizmente em muitos casos, esse bate-papo que é também a alma das nossas pousadas está sendo transferido para os jardins e demais áreas externas das propriedades, nos quais o distanciamento social pode ser mantido sem problemas. 

LEIA também: Como as pousadas brasileiras se prepararam para a retomada do turismo durante a pandemia

Ressignificando aconchego e socialização

A exigência de oferecer menos quartos disponíveis também ajuda nesse sentido, já que favorece naturalmente o distanciamento entre hóspedes. Pousadas e pequenos hotéis também costumam já ter um staff muito mais reduzido, e que hoje em dia se desdobra mais do que nunca em diferentes funções e cuidados. 

LEIA TAMBÉM: O que mudou na recreação infantil dos hotéis na pandemia

Mas a calidez entre hóspedes e donos e staff neste tipo de estabelecimento é sua marca registrada e é preciso “manter essa chama acesa”. O desafio de manter a personalidade de uma propriedade sem sacrificar de nenhuma maneira a segurança dos hóspedes e funcionários nestes tempos é imenso. Em muitos casos, está rolando uma ressignificação da idéia de “aconchegante” e “sentir-se em casa” nestes tempos tão assépticos. 

Há grandes exemplos no Brasil, da pequena pousada Provence Cottage, em Monte Verde, MG, à charmosa Casa Turquesa, em Paraty, RJ. Ambas propriedades já estão reabertas e vêm sendo elogiadas pelos hóspedes pela conduta que está sabendo equilibrar muito bem a segurança que o momento exige com a calidez que fez a fama do negócio. Mas há mudanças que talvez tenham realmente vindo para ficar neste sentido. E, é claro, é necessário que todos entendam e se ajustem aos novos protocolos, respeitando as regras estabelecidas por cada propriedade, pelo bem individual e comum. 

LEIA TAMBÉM: como ser um bom hóspede em tempos de pandemia

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Alimentos e bebidas na recuperação da hotelaria

Na minha coluna anterior, falei que hotéis que tinham deixado de ver a receita unicamente em termos de ocupação de quartos e diárias vendidas teriam alento nestes tempos de pandemia. Pois hoje eu quero falar especificamente sobre como os investimentos no setor de alimentos e bebidas (F&B) contribuem enormemente na recuperação da hotelaria. 

Nestes tempos de baixa ocupação, embora F&B tenha margens bem diferentes de lucro, seus custos também são bem diferentes. Assim, o setor pode representar um percentual realmente importante da receita durante a pandemia. Com sorte, pode também criar hábitos no consumidor que perdurem também depois dela.

Um dos espaços externos para refeições do The Dylan Amsterdam. Foto: Divulgação

Hotéis na europa já começam a perceber diferença na receita

Em Amsterdã, por exemplo, a ocupação nos hotéis está aquém do esperado, já que o principal público da hotelaria da cidade sempre foi estrangeiro. Entretanto, hotéis de luxo que reabriram já vêem um aumento considerável de receita neste setor nesta fase em comparação ao mesmo período do ano passado.

“O hotel The Dylan, por exemplo, foi um dos primeiros a reabrir e tem um restaurante estrelado no Michelin. O gasto médio no restaurante já está maior nesta fase de reabertura do que era antes da pandemia”, conta Erik Sadao, da Sapiens Travel. “Quem está consumindo em bares e restaurantes dos hotéis neste momento ainda é um público muito local, mas que está realmente consumindo mais e melhor”, conclui. 

Sadao conta também sobre outras mudanças interessantes em curso por lá, como o fato de alguns alimentos antes muito disputados e caros estarem mais acessíveis atualmente. “Como não está havendo demanda suficiente, conseguimos encontrar ostras de boa procedência por um euro. Queijos consumidos majoritariamente por turistas também tiveram queda significativa nos preços”, conta. No Brasil, isso está acontecendo também com o camarão em alguns destinos muito turísticos do litoral. 

Leia mais: Como hotéis estão driblando a crise na pandemia.

Gastronomia ítalo-brasileira no restaurante Neto, no Four Seasons São Paulo. Foto: Mari Campos

Novas oportunidades no setor também no brasil

Em terras brasileiras, muitas propriedades de diferentes nichos também entendem o quanto a receita proveniente do setor de alimentos e bebidas pode contribuir para a recuperação da hotelaria.”Acreditamos que setores como lazer e alimentos e bebidas são eixo essenciais e não negócios de oportunidade, ou negócios que possam ser terceirizados”, diz Alexandre Zubaran, CEO da Enjoy Hotéis e Resorts.

E a pandemia reforçou a ideia na empresa. “No primeiro trimestre tinhamos um orçamento ousado para a área de F&B e realizamos algo como 40% da receita total. Para a retomada, teremos que aprender como ser rentáveis com 20% a 30% de ocupação, e em F&B não será diferente. Mas acreditamos que em nosso caso o percentual de participação na receita total deverá se manter”, afirma.   

As restrições impostas pela pandemia de Covid-19 acabaram trazendo ainda mais oportunidades para este setor na Enjoy. “Em nossos hotéis atendemos tanto hóspedes quanto proprietários e buscamos entender também seus desejos e interesses. Além de preços especiais, criamos combos de refeição e parcelamento das despesas de alimentos e bebidas. E montamos também um empório que oferece desde itens de conveniência, como fralda descartável ou protetor solar, até itens de F&B com embalagem familiar, para consumo no próprio apartamento”, explica Zubaran. 

Em um período de tantas mudanças e tanta necessidade de proatividade, inúmeras novas medidas protetivas foram implantadas para garantir segurança de hóspedes e colaboradores. Tudo isso gera custos e, obviamente, pode e deve gerar também receita. “Mudamos procedimentos no recebimento de mercadorias, na armazenagem, na produção e principalmente na forma de servir nos nossos bares e restaurantes”, conta Zubaran.

Mas a confiança no papel do setor de alimentos e bebidas na recuperação da hotelaria segue. “O setor de F&B seguirá sendo essencial para nosso modelo de negócio. Mas entendemos que o nível de confiança em relação à marca fará cada vez mais diferença. Caberá à empresa implantar e comunicar protocolos rígidos e sobretudo, garantir sua aplicação adequada”. 

Entenda melhor o que é turismo de isolamento.

Charme e excelência em qualquer refeição na Provence Cottage.
Foto: Divulgação

Excelência na serra mineira

O setor de F&B também teve sempre papel importantíssimo na adorável Provence Cottage, em Monte Verde, MG, que tem indiscutivelmente um dos melhores restaurantes da região. “Por ser chef, alimentação e hospedagem sempre andaram de mãos dadas, como personagens principais dos meus negócios. Sempre tive cuidado extra na manipulação e na escolha dos ingredientes”, conta Ari Kespers, um dos proprietários da pousada.

Nesta fase de retomada, a gastronomia segue protagonista e gerou também novas oportunidades. “Recebemos forte demanda também por atender hóspedes de outras pousadas da região, com refeições que estas pousadas não oferecem. E que Monte Verde, com o comércio fechado, também não atende neste momento. Isso tem incrementado de 10% a 20% nosso faturamento, o que compensa as restrições governamentais de ocupação máxima de 40% em estadias”. Falo mais sobre pousadas brasileiras neste processo de reabertura para o turismo aqui.

LEIA MAIS detalhes sobre a Provence Cottage aqui.

Leia mais: Quando será seguro viajar pelo Brasil?

Bons drinks no Fasano Angra. Foto: Mari Campos

Oportunidade de novos hábitos para os brasileiros

Tradicionalmente, salvo raras exceções, no Brasil não existe a cultura de frequentar hotéis para consumo de alimentos e bebidas em seus bares e restaurantes. Cenário bem diferente em destinos da Europa, por exemplo, nos quais bares e restaurantes de hotéis são frequentemente incluídos no lazer de alguns moradores.

Mas a pandemia (associada à necessidade de “domesticação” do lazer) pode ser também a oportunidade de incutir estes novos hábitos no consumidor. “Brasileiros em geral gastam muito menos que estrangeiros (sobretudo americanos) durante sua hospedagem. Normalmente pagam pelos pernoites, mas acabam saindo para comer e beber fora. Já outras nacionalidades consomem muito mais alimentos e bebidas no próprio hotel, e também mais serviços de bem-estar”, explica Erik Sadao.   

Como valores de diárias levam cada vez mais em consideração esse mix de gastos/consumo dos hóspedes e hotéis precisam, obviamente, de rentabilidade, sabemos que com baixa ocupação as tarifas nacionais podem subir. Por isso, urge que as propriedades busquem também uma rentabilidade cada vez maior do setor de alimentos de bebidas nesta fase de recuperação da hotelaria. E, preferencialmente, que isso se estenda também para o pós-pandemia. 

Gerar nova consciência e novos hábitos no consumidor – inclusive na busca por lazer dentro de sua própria cidade – é fundamental.  “Hotéis no Brasil, sobretudo nesta fase em que viajaremos unicamente de maneira doméstica, precisam criar cada vez mais alternativas para que o viajante brasileiro se sinta de fato à vontade e inspirado para consumir mais dentro do próprio hotel – seja por segurança, solidariedade ou mesmo por apelo e prazer”, afirma Sadao. 

Leia tudo que já publicamos sobre hotelaria em tempos de coronavírus.

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Um hotel-spa cinco estrelas em Bordeaux

Bordeaux é terra de excelentes bistrôs e grandes rios. Terra muito boa para explorar também em um cruzeiro fluvial, como o que fiz com a Uniworld ao longo de uma semana, visitando as principais vinícolas e vilarejos da região. E Bordeaux é também terra de um premiado hotel-spa cinco estrelas.

Mas a cidade de Bordeaux também é incrível, e vale estadias cada vez maiores para a gente dar conta de visitar todas suas atrações e bairros cheios de personalidade, e ainda ter tempo para provar muitos wine bars e bistrôs. O que pouca gente sabe é que a região de Bordeaux também pode ser destino certeiro para pausa, sossego, relax absoluto. É essa a receita vencedora do belo Les Sources de Caudalie, um hotel de luxo com um premiado spa Caudalie que foi um dos grandes pioneiros do enoturismo da região.

São apenas vinte minutos de carro que separam o hotel-spa cinco estrelas do centro de Bordeaux. O aeroporto da cidade fica também à mesma distância, fazendo do hotel também uma escapada possível para quem tem poucos dias disponíveis.

Inteiramente rodeado pelos belos vinhedos da vinícola Château Smith Haut Lafitte, com mais de 600 anos de história, tem diferentes opções de acomodação dispostas horizontalmente, de quartos convencionais a cottages de sonho, que parecem saídos de um filme de época, repletos de carvalho e pedras calcárias. 

Clique aqui para ler como deixar a sua casa com jeito de hotel.

No hotel-spa cinco estrelas em Bordeaux há também quartos tipo cottage, todos enormes e extremamente recomendáveis. Chalés completos, com hall, sala de estar, quarto, varanda mobiliada, closet e um enorme banheiro (com amenidades da Caudalie, é claro).

Além disso, a propriedade – imensa!, com direito a bosque, fazendinha, lagos etc – é também repleta de obras e instalações de arte espalhadas por toda parte.

Seus excelentes restaurantes fazem todos bom uso do conceito farm-to-table de seus restaurantes, utilizando em seus pratos algumas frutas, ervas e vegetais cultivados ali mesmo. Além disso, os produtos do terroir do sudoeste francês são coisa seríssima para todos eles, por mais distintos que sejam entre si.

O La Grand’Vigne, do chef Nicolas Masse, tem duas estrelas Michelin – e é ali mesmo que é servido diariamente um impecável café da manhã. O La Table de Lavoir é um bistrô tipicamente francês e o descolado Rouge funciona mais com um tapas bar, para refeições mais rápida.

O spa vale o quanto pesa, com vinte diferentes salas de tratamento, duas piscinas, saunas e jacuzzi. Foi ali mesmo que foi inventada a vinhoterapia, que consiste em tratamentos de beleza e relaxamento à base de vinho (as sementes da uva são ricas em polifenóis, poderosos aliados nos tratamentos anti-idade, entre outros benefícios). 

Clique aqui para ler sete dicas para tornar suas viagens mais sustentáveis a partir de agora.

A estrutura do hotel-spa em Bordeaux e de seus múltiplos e tão variados espaços fazem da propriedade um local perfeito tanto para casais como para famílias com crianças pequenas (a infra para os pequenos, aliás, é impressionante). Há também bicicletas disponíveis para empréstimo, trilhas, piscinas, fazendinha, salas de jogos, espaços lúdicos, biblioteca e academia.  Atividades como visitas à vinícola, piqueniques entre os vinhedos, aulas de culinária e degustações podem ser arranjadas, mediante pagamento extra.

Seja para pré ou pós cruzeiro, o premiado hotel-spa cinco estrelas Les Sources de Caudalie, em Bordeaux, é perfeito para descansar após explorar Bordeaux ou mesmo para escapar de Paris por dois ou três dias.

Clique aqui para ler mais sobre hotelaria na França.

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Sustentabilidade na hotelaria no sul da Bahia

Há algum tempo, escrevi neste texto aqui sobre a necessidade da hotelaria encontrar seu equilíbrio com a sustentabilidade, mencionando diversas iniciativas em hotéis no exterior. Agora está na hora de falar um pouco de Brasil. Mais especificamente sobre sustentabilidade no sul da Bahia.

Afinal, há cada vez mais viajantes levando estas iniciativas seriamente em consideração antes de decidir-se ou não pela reserva em um determinado hotel e já entenderam que é preciso muito mais do que colocar nos banheiros aquele aviso para evitar a troca constante de toalhas.

Da água servida em garrafas de vidro nos quartos a sistemas de auto-suficiência energética, felizmente há hotéis levando isso a sério no Brasil também. Mas, infelizmente, eles ainda são pouquíssimos; muitos proprietários ainda preferem, por exemplo, os lucros oriundos da venda de água no frigobar que a iniciativa de oferecer gratuitamente água em garrafas de vidro, como tantas propriedades no exterior já fazem.

Na semana passada, estive em férias pela região sul da Bahia e escolhi me hospedar em duas propriedades hoteleiras com filosofias muito parecidas, e ambas extremamente focadas na sustentabilidade. Entretanto, vale ressaltar desde já que, apesar de muitos avanços e excelentes iniciativas, estas propriedades ainda têm diversas mudanças que poderiam e deveriam implementar diariamente para favorecer a sustentabilidade de seus negócios.

VEJA TAMBÉM: Oito pousadas para escapar no final de semana.

Em Trancoso, a escolhida foi a Pousada Mata N’ativa, uma pousada de charme a 500 metros do Quadrado e iguais 500 metros da Praia do Nativo. Além da localização acertadíssima, que permite ao hóspede fazer muita coisa sem nem tirar o carro do estacionamento, a pousada é pioneira na região em iniciativas sustentáveis, tendo inclusive selos internacionais de certificação.

Ali as fossas são 100% ecológicas, os quartos ficam dispostos em diferentes predinhos ao redor de um estupendo jardim e o restaurante utiliza somente produtos locais para o preparo das refeições. Mesmo no décor, a escolha foi por móveis, artistas e artesãos locais. Colabora com iniciativas de preservação da região.

Os quartos da Mata N’ativa são bastante confortáveis e contam todos com ar condicionado e varanda e amenidades Trosseau (alguns têm também hidromassagem). As diárias incluem um delicioso café da manhã em estilo buffet (com pratos quentes feitos individualmente na hora) e a infra-estrutura inclui ainda piscina, playground para os pequenos e uma sala para massagens – tudo sempre respeitando o ambiente. Ali até o sistema de wifi é diferenciado para não interferir no jardim de maneira nenhuma.

LEIA MAIS DETALHES SOBRE A POUSADA MATA N’ATIVA AQUI.

Também em Trancoso, a Etnia Casa Hotel (que, aliás, é agora composta por 7 Villas completíssimas, mas sem abrir mão dos serviços de primeira em hotelaria) também é outro bom exemplo de sustentabilidade no sul da Bahia. Prioriza os ingredientes 100% locais, valoriza os ítens locais na decoração e apoia diferentes projetos de sustentabilidade no turismo, como a Associação Despertar Trancoso e a Ilha de Alcatrazes.

Em Arraial D’Ajuda, é o Maitei Hotel quem sai na frente. Localizado a cinco minutos de caminhada da praia do Mucugê, o Maitei é inteiramente focado em sustentabilidade e utiliza 100% energia solar. São apenas 17 quartos, sendo 9 deles com vista para o mar, todos muito espaçosos, incluindo belíssimas varandas. Amenidades L’Occitane, hidromassagem, diferentes espaços de living, sala de massagens, academia e duas piscinas com vista panorâmica para o mar estão entre os atrativos.

Artesãos locais são os responsáveis pelas peças que decoram áreas comuns e quartos e ingredientes da região são a base para a gastronomia caprichada de seu restaurante, do café da manhã ao jantar. O que se faz absolutamente urgente ali é eliminar por completo o uso de plástico na propriedade. Porque não adianta investir nos canudos sustentáveis se água e amenidades ainda são entregues aos hóspedes em embalagens plásticas, certo?

LEIA MAIS DETALHES SOBRE O MAITEI HOTEL AQUI.

Estes exemplos de sustentabilidade no sul da Bahia valem entrar na wish list. Propriedades assim comprometidas ainda são infelizmente raras na hotelaria brasileira mas, de pouquinho em pouquinho, hoteleiros vão felizmente entendendo que é possível (e também parte do seu dever) investir pesado no turismo sustentável sem abrir mão dos altos padrões de serviço, deixando o hóspede duplamente satisfeito.

Dá pra ler mais sobre esta minha viagem e as hospedagens no sul da Bahia aqui e também aqui.

VEJA TAMBÉM: sete ideias para fazer suas viagens mais sustentáveis a partir de agora.

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