Four Seasons Madrid

Madri quer ser polo da hotelaria de luxo

Nos últimos doze meses, a capital espanhola testemunhou a (esperada!) inauguração de propriedades de três das mais luxuosas redes hoteleiras do mundo: Four Seasons Madrid, Mandarin Oriental Ritz Madrid e Rosewood Villa Magna Madrid. E isso parece ser só o começo de uma nova era: Madri quer ser polo da hotelaria de luxo.

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Isso mesmo: em plena pandemia, três das principais redes de hotéis de luxo abriram unidades em Madri, impulsionando um novo projeto da cidade de ser um novo pólo do turismo de luxo na Europa. Primeiro, a rede canadense Four Seasons abriu seu primeiro hotel na Espanha, o Four Seasons Madri, em pleno centro da cidade, começando uma transformação importante na região. Depois, agora em 2021, as duas reaberturas hoteleiras mais esperadas do país aconteceram: os agora Mandarin Oriental Ritz Madrid  (antigo e icônico Ritz Madrid) e Rosewood Villa Magna Madrid (antes Villa Magna, então parte do portfólio da Leading Hotels of the World).

Passei o último mês em viagem pela Espanha e, nos meus vários dias madrileños, fiz questão de me hospedar por alguns dias nas três propriedades recém abertas. Você pode conferir detalhes de todas elas também no meu Instagram @maricampos

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Four Seasons Madrid reestrutura turismo de luxo no centro de Madri

Inaugurado há cerca de um ano no número 3 da Plaza Canalejas, em pleno centro de Madri, a passos da Puerta del Sol, o Four Seasons Madrid (diárias desde 615 euros, mais detalhes sobre valores aqui) ganhou logo ao lado um gigante centro comercial de luxo, as Galerías Canalejas, e uma loja da Hermès no próprio lobby do hotel.

O lobby impressiona, com pé direito gigante, concierge e recepção discretos, bar de canto, uma imponente escadaria e a adorável escultura de KAWS em frente ao hall dos elevadores (parte da imensa coleção de arte espalhada por todo o hotel). Os house cars são inconfundíveis Porsche Panamera estampados com o logo del hotel, que chamam a atenção de todo turista que passa pela região.

Do lado de dentro, quartos espaçosos e muito confortáveis, com luxuosas amenidades Hermès. Os hóspedes todos recebem um safety kit com máscaras cirúrgicas e álcool em gel – e há fartura de displays de álcool em gel em todos os ambientes do hotel.

Os grandes destaques ficam por conta do belo spa na cobertura, com direito a piscina climatizada coberta e deliciosos lounges ao ar livre com vista panorâmica para Madri, e a imperdível Dani Brasserie, o mais gostoso rooftop da cidade, com bar e restaurante. A Dani Brasserie, do chef Dani Garcia, abre para todas as refeições também para não hóspedes e serve um excelente café da manhã com pratos à la carte e buffet assistido (com tudo devidamente protegido e individualizado) incluídos. O serviço ali é irretocável: eficiente e cálido na medida, para fazer jus às vistas espetaculares do local.

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Mandarin Oriental Ritz Madrid dá novo twist ao grande ícone hoteleiro da cidade

O novo Mandarin Oriental Ritz, Madrid (diárias desde 850 euros, mais detalhes sobre valores aqui), reaberto neste 2021 após três anos e 99 milhões de euros de reforma, conseguiu manter todo o charme e a história do hotel mais icônico da cidade, aliado agora a uma vibe contemporânea e cosmopolita. 

Até hoje ligado à realeza espanhola (rei e rainha estiveram por lá durante minha estadia no hotel em outubro, por sinal), o novo Ritz foi inteiramente reformado e remodelado e ganhou espaços incrivelmente convidativos – a começar pelo próprio lobby, que ganhou um balcão de canto e uma impressionante instalação de arte no teto que provoca reflexos lindos conforme a luz do dia e da noite vai mudando.

Os quartos todos contam com vista externa, amenidades da Natura Bissé e uma adorável maleta de couro com secador, difusor e chapinha. As suítes têm também serviço de mordomo incluído e impecáveis (nada mini) minibar e room service. O novo spa tem uma imperdível área de piscinas climatizada e aquecida (ambas cobertas), cujo décor foi pensado para ser uma extensão dos novos banheiros dos quartos de hóspedes. 

A gastronomia todinha do hotel está à cargo do chef Quique Dacosta – inclusive o room service, de longe o melhor de toda minha viagem. O restaurante Palm Court, com décor bastante clássico, mas agora sob uma encantadora cúpula de vidro, recebendo muita luz natural o dia todo (funciona o dia todo e ali é servido também o delicioso café da manhã). Tem um minúsculo Champagne Bar ao fundo, para jantares especiais. Ao lado do Palm Court fica o luxuoso Deessa, o restaurante gourmet de Quique Dacosta, com direito a muito dourado e décor bem contemporâneo. Com tempo bom e temperaturas mais quentes, abrem o El Jardín del Ritz, todinho ao ar livre, no delicioso jardim do hotel.

O maior destaque fica por conta do Pictura, o novíssimo e imperdível bar do hotel. Acessível através de uma porta espelhada ao lado da recepção, o visual do bar impressiona, com quadros de artistas contemporâneos espanhóis retratados como se fossem pinturas expostas no vizinho Museo del Prado. Os barmen parecem saídos de um filme de James Bond e são excelentes; e os drinks, divinos, vêm sempre acompanhados de deliciosas castanhas e amêndoas tostadas e temperadas. 

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Rosewood Madrid Villa Magna consolida a vocação para o luxo do bairro Salamanca

O Rosewood Madrid Villa Magna (diárias a partir de 700 euros, mais detalhes sobre valores aqui) acaba (literalmente) de abrir suas portas em Madri. Após a esperada remodelação dos últimos 15 meses, quando o grupo Rosewood assumiu de fato a propriedade, o hotel foi inaugurado no último dia 22 de outubro – e, menos de uma semana depois, lá estava eu, a primeira jornalista brasileira a se hospedar no hotel. 

A nova entrada inclui um charmoso acesso para os carros e escada e rampa independentes para quem está à pé. A localização no charmoso bairro de Salamanca é excelente, seja para atividades culturais, gastronômicas ou de consumo. Os novos quartos ganharam décor muito elegante e contemporâneo, incluindo belos bar, living e banheiro, com amenidades da Maison Caulières – e kits de segurança sanitária, com máscara e álcool em gel, repostos diariamente. 

O novo hotel ganhou charmosos restaurante e bar – Las Brasas de Castellana e Tarde.O, respectivamente – e deve ganhar um restaurante estrelado até o final do ano. O principal destaque pra mim é a espetacular cafeteria Flor y Nata, o café contemporâneo mais bonito que já vi em Madri.

Também aberta a não hóspedes, a Flor y Nata tem dois charmosos espaços – um sossegado, com poltronas e mesas, e outro com banquetas e mesa alta, para quem quer apenas trabalhar por ali. Cafés e doces excelentes dia e noite, inspirados nas melhores pâtisseries francesas, e atendimento impecável. Das 16 às 19h30 ainda serve diariamente um lauto afternoon tea à la carte, com suas deliciosas pâtisseries incluídas no completíssimo menu (reserva obrigatória). 

O hotel tem também duas charmosas terrazas ao ar livre, um gramado externo para eventos, impactantes recepção e escadaria e inaugurará em breve seu esperado spa.

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As duas suítes mais caras da Espanha

Como Madri quer ser pólo da hotelaria de luxo, seus novos hotéis trouxeram também as suítes mais caras de toda a Espanha. As suítes reais (Royal suite) dos hotéis Four Seasons Hotel Madrid e Mandarin Oriental Ritz, Madrid, podem chegar a impressionantes 20.000 euros mais impostos por noite. 

A do Mandarin Oriental Ritz, situada no primeiro piso e com vista para o Museo del Prado, é opulenta: 228 metros quadrados divididos em sala de jantar, living, studio privado, dormitório circular com closet, banheiro estilo spa (com sauna a vapor e ducha de pedra natural incluídas), dormitório adicional e lavabo. 

A do Four Seasons tem impressionantes 431 metros quadrados e ocupa o que um dia foi o escritório do antigo presidente do Banesto: além de living e espaços quarto e banheiro, tem um imenso closet, escritório, cozinha, dois dormitórios, sua própria academia e até uma curiosa chaminé. 

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Madri quer ser polo da hotelaria de luxo

De fato, Madri quer ser novo polo da hotelaria de luxo e do próprio turismo de luxo na Europa. Em outubro passado, foi lançada a plataforma MDL – Madrid Capital del Lujo, que reune autoridades locais, governo espanhol e diversos empresários e investidores para tentar alavancar o turismo de luxo na capital espanhola. 

Do final de 2021 a meados de 2022, outros hotéis de luxo devem abrir as portas na cidade, incluindo o primeiro hotel da marca W (bem em frente ao Four Seasons Madrid, contribuindo para transformar a Plaza Canalejas em novo hub de luxo madrileño), o primeiro hotel da marca Edition (também da Marriott), o primeiro da rede francesa Evok e ainda o Radisson RED e o CR7 Pestana.  Acompanhe meu instagram @maricampos para conferir mais detalhes sobre o tema e esta viagem.

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Reservar um hotel inteiro: tendência na pandemia

Buyout: reservar hotel inteiro é tendência na pandemia

Como evitar encontrar desconhecidos hospedados no mesmo lugar que você? É só reservar o hotel inteiro, tendência na pandemia principalmente no segmento de luxo, e receber família e amigos como se estivesse em casa. Buyout é o termo em inglês usado no setor de viagens e turismo quando um único cliente fecha um hotel. Acontecia antes da pandemia, em viagens multigeracionais, eventos familiares ou empresariais, ou simplesmente para garantir privacidade a ricos e famosos. Com a pandemia, o buyout ganhou força. O jargão vem do mundo empresarial, onde buyout significa comprar uma empresa, ou parte dela, e assumir o controle.

Além ter acesso a todos os serviços normalmente oferecidos pelo hotel, quem faz buyout também customiza a hospedagem e tem experiências personalizadas. Se o grupo gosta de cozinhar, por exemplo, pode ser possível incluir no buyout o uso da cozinha do hotel. O buyout foi uma das tendências para 2021 que mais me chamou a atenção durante a ILTM, a maior e mais importante feira de viagens de luxo da qual participei mais uma vez em dezembro. Falei sobre buyout, staycation e outras tendências do mercado de turismo de luxo neste meu texto para o jornal O Globo, publicado no início de janeiro.

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Na Europa, o buyout aumentou no verão passado como contou na ILTM Kevin Triboulet, diretor de Vendas e Marketing do grupo francês Airelles:

“Tivemos muito buyout no verão europeu. Pan deï Palais, em Saint-Tropez, por exemplo, foi reservado várias vezes por famílias e grupos de amigos.”

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Ainda antes do início do verão de 2020 no Hemisfério Norte, a Virtuoso, associação global voltada para experiências de viagens de luxo, chamou a atenção para o buyout:

Buyout oferece privacidade, que frequentemente é uma prioridade para viajantes do segmento de luxo, assim como distanciamento social, que continuará a ter alta demanda por muito tempo depois de as restrições causadas pela pandemia terem sido suspensas”, disse em entrevista a Forbes Misty Belles, diretora geral de Relações Públicas da Virtuoso.

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No Brasil

A tendência chegou ao Brasil. Dois exemplos de hotéis no litoral que oferecem buyout são o cearense Casana (foto no início deste texto), na Praia do Preá, perto de Jericoacoara, e o potiguar Kilombo Villas, em Sibaúma, nos arredores de Pipa. O Casana tem apenas oito espaçosos bangalôs com vista para o mar, incluindo um com dois quartos e outro com beliches. O Kilombo oferece dez acomodações com decorações únicas, uma delas com 230 metros quadrados. Buyout é mais frequente no segmento de luxo, mas também é possível fechar uma pousada econômica.

Coworth Park: reservar um hotel inteiro é tendência na pandemia
North Lodge, casa com três quartos em Coworth Park, Ascot | Foto de divulgação

Pode entrar que a casa é sua

Como privacidade e distanciamento social não são problemas para a hotelaria de luxo, com a pandemia aumentou também o aluguel de villas, casas e apartamentos dentro de hotéis e resorts, com todos os serviços. Assim como no buyout, experiências podem ser personalizadas e incluir menus exclusivos, por exemplo. Uma das novidades apresentadas na ILTM foi o North Lodge, casa com três quartos, cozinha e jardim privativo no Coworth Park, da Dorchester Collection, em Ascot, a cerca de 15 km do Aeroporto de Heathrow.

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Do lado de cá do Oceano Atlântico há uma nova villa no Cheval Blanc St-Barth Isle de France, no Caribe. A Villa de France tem cinco quartos, cozinha, duas piscinas privativas e acesso à praia.

“É um novo produto com privacidade para o hóspede se sentir em casa, mas com todos os serviços do hotel”, disse durante a ILTM Anne-Laure Pandolfi, diretora de Relações Públicas e Inovação da marca Cheval Blanc, parte do conglomerado de luxo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton) que deve inaugurar este ano um esperado hotel em Paris.

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‘Private retreats’

Em uma escala maior, a rede canadense Four Seasons tem hoje mais de 750 opções de hospedagem no que chama de private retreats: apartamentos, casas ou villas dentro dos hotéis. Recentemente, o grupo hoteleiro inaugurou cinco residências no Parque Nacional Serengeti, na Tanzânia. As novas villas do FS Safari Lodge Serengeti têm de um a três quartos e os hóspedes podem fazer safáris exclusivos. Para quem prefere praia, no FS Seychelles uma das novas villas tem sete quartos. Com vista para o Oceano Índico, piscina privativa de borda infinita e cozinha, acomoda até 14 pessoas. Já nas Maldivas a villa de sete quartos pode acomodar até 20 pessoas em uma ilha particular no FS Private Island at Voavah, Baa Atoll.

Residences DC Dubai: reservar um hotel inteiro é tendência na pandemia
Representação do terraço de um dos apartamentos das Residences DC Dubai | Divulgação
Residencial com serviço de hotel de luxo

Para além da hotelaria, o mercado imobiliário de alto padrão incorporou residenciais com grife e serviço de hotel de luxo, entre eles o de concierge. Há lançamentos a caminho neste segmento inclusive no Brasil, como o Rosewood São Paulo. A tendência dos residenciais de luxo com serviço de hotelaria é forte e grupos hoteleiros às vezes fazem o lançamento primeiro no mercado imobiliário. É o caso da Dorchester Collection com as Residences Dubai, previstas para este ano. O novo hotel de Dubai, o décimo do grupo, ficou para setembro de 2022. Em Londres a Dorchester Collection inaugurou recentemente as Mayfair Park Residences, ao lado do hotel 45 Park Lane.

“Sem dúvida os residenciais são um dos nossos focos para o futuro próximo”, disse na ILTM Christopher Cowdray, CEO da Dorchester Collection.

Leia também: Como é uma “staycation” em um resort urbano no Rio

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Quarto com piscina no Six Senses Shaharut, em Israel

Como será a hotelaria de luxo na era covid-19

Junho chegou, e a reabertura de hotéis de luxo na Europa e nos Estados Unidos se torna mais frequente. Já dá para visualizar algumas mudanças neste setor. Ou não. Na realidade, por razões diversas, a hotelaria de luxo na era covid-19 não será muito diferente. Claro que protocolos de limpeza foram modificados, e todas as redes já criaram os seus. Esta semana a associação de hotéis de luxo independentes Leading Hotels of the World anunciou o programa Health Stays. O Baccarat Hotel, em Nova York, foi além e criou o cargo de Diretor de Saúde e Segurança Ambiental. Grandes grupos e pequenas propriedades terão que fazer ajustes em função da segurança sanitária para funcionários e hóspedes. Mas o maior impacto para a hotelaria de luxo, principalmente no Brasil e para os hoteleiros independentes, será mesmo o econômico.

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Novos hotéis de luxo previstos para 2021

Hotelaria de luxo na era covid-19: fachada do hotel Belmond Copacabana Palace, no Rio de Janeiro
Copacabana Palace, Rio de Janeiro: reabertura em agosto | Foto de Carla Lencastre

No início de junho, a pesquisa “Recuperação da hotelaria urbana no Brasil”, realizada pela HotelInvest em parceria com Omnibees, STR e FOHB, e lançada pela Panrotas, indicou que o setor será o último segmento da hotelaria a sair da crise. Somente lá para 2023, em um cenário otimista. O levantamento, que não considerou resorts, faz a ressalva de que hotéis de luxo voltados para o lazer no Rio de Janeiro e em capitais do Nordeste podem ter recuperação menos lenta. O Rio começou a promover o relaxamento do isolamento, e teoricamente os hotéis podem funcionar. Mas a situação na cidade continua crítica e ícones da hotelaria, como o Belmond Copacabana Palace, seguem fechados. Os poucos hotéis abertos recebem profissionais da área de saúde e pessoas que necessitam de um local para se isolar.

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Piscina do Memmo Baleeira, no Algarve
Memmo Baleeira, Algarve: reabertura em junho | Foto @MemmoBaleeira

Na Europa, neste momento a prioridade da hotelaria de luxo na era covid-19 é salvar as férias de verão com o turismo interno, até porque a maioria dos países ainda está com restrições nas fronteiras. Para citar um que lidou bem com a crise, em Portugal as primeiras notícias de reabertura de hotéis independentes de luxo ou lifestyle, todos com a certificação nacional Clean&Safe, são no litoral, como o Sublime Comporta, a pouco mais de uma hora de Lisboa. O Memmo Hotels, com duas propriedades na capital e uma no Algarve, reabre primeiro o Baleeira, no litoral, em 6 junho. Também no Algarve será reaberto no dia 19 o Vila Vita Parc.

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Hotelaria de luxo na era covid-19: piscina em um dos quartos do novo Six Senses Shaharut, no Deserto de Negev, em Israel
Six Senses Shaharut, no Deserto de Negev: inauguração em setembro | Foto de divulgação/Assaf Pinchuk

Enquanto os independentes se preocupam com o verão no Hemisfério Norte, redes seguem expandindo as marcas da hotelaria de luxo na era covid-19. Depois do Regent Shanghai Pudong, ex-Four Seasons que trocou de bandeira em plena pandemia, o grupo britânico IHG confirmou para este ano a inauguração do Regent Phu Quoc, no Vietnã. E anunciou um InterContinental em Roma em 2022. Também parte do IHG, Six Senses chega em dezembro a Israel (Shaharut, no Deserto de Negev, foto de uma das suítes no topo do texto) e anunciou, no início da pandemia, um hotel em Roma para 2021, entre outros já previstos.

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A seguir, listamos algumas novidades que já estão sendo postas em prática.

Serviço

Item de luxo essencial que terá que ser ajustado sem perder a graça. Principalmente em hotéis butique nos quais serviço caloroso é característica importante. Check-in virtual não é comum neste segmento, mas muitas vezes a operação já era realizada em uma área exclusiva para garantir privacidade. No Rosewood Little Dix, nas Ilhas Virgens Britânicas, hóspedes que chegarem pelo mar farão check-in na embarcação.

Há serviços que hotéis de alto padrão continuarão oferecendo, entre eles levar a mala até o quarto e o de abertura de cama. O hóspede decide se quer ou não, como já acontecia antes. A apresentação do quarto pode ser substituída por um telefonema. Hotéis de rede podem investir em tours virtuais para mostrar as amenidades dos quartos, apps para contato em tempo real e até robôs para atender a alguns pedidos de room service.

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Alimentos & bebidas

A maioria dos hotéis de luxo já oferecia serviço à la carte, mesmo quando havia também um bufê. Este será outro ajuste relativamente simples. Assim como o dos minibares, que podem ser abastecidos sob demanda, quando e se o hóspede quiser, como anunciou o novo 1 Hotel West Hollywood, em Los Angeles. Já no hotel boutique Esencia, na Riviera Maya, uma novidade para a reabertura em 10 de junho é o menu digital do restaurante. O hóspede pode fazer o pedido pelo próprio celular.

O Esencia faz parte do Forbes Travel Guide. O guia fez uma extensa lista de hotéis de luxo que estão abertos ou vão reabrir nos próximos meses. O único representante brasileiro (na lista atualizada em 16 de julho) é o Belmond Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu, com reabertura está prevista para 20 de agosto. Mesma data do Belmond Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.

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Design

Em hotéis de luxo, espaço e distanciamento social sempre foram importantes. A maioria das propriedades não terá que fazer grandes mudanças no desenho das áreas comuns. Mas marcar hora para usar a academia de ginástica ou ir ao restaurante passa a ser recomendável ou mesmo obrigatório. A decoração de quartos e suítes está sendo repensada aqui e ali, com objetos menos fáceis de serem limpos deixados de lado. O menu de tratamentos do spa, por exemplo, pode ser acessado por QR code. É mais uma novidade no Hotel Esencia, em Tulum.

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Há um ponto de convergência entre os mais luxuosos e os mais econômicos: serão poucos os ajustes nos desenhos de quartos e áreas comuns. Nos hotéis de luxo, não falta espaço; nos econômicos modernos, como os operados sob a bandeira da Wyndham, menos é mais. Estas propriedades privilegiam, nos últimos anos, um design minimalista e funcional. O que facilita muito alcançar a limpeza almejada na hotelaria na era covid-19.  

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Mandarin Oriental Hong Kong

Como estão as reaberturas de hotéis na Europa e na Ásia

Hotéis na Europa começaram a reabrir este mês. Na China, onde as operações foram retomadas há algumas semanas, algumas propriedades apresentam boas taxas de ocupação. Tanto no continente europeu quanto no asiático, esta primeira fase de reabertura da hotelaria é voltada para o público regional. Ainda que os cenários locais sejam muito diferentes do Brasil, por enquanto é o que temos de referência para nos preparar. Algumas modificações nas reaberturas de hotéis na Europa e na Ásia parecem temporárias, como restaurantes fechados. Outras provavelmente chegaram para ficar, como protocolos de limpeza mais rígidos, já anunciados por diversos grupos hoteleiros, inclusive brasileiros, e check-in touchless.

Atualização: Em 12 de maio, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC na sigla em inglês) anunciou protocolos globais para a segurança sanitária na hotelaria, entre outros setores. As medidas (em inglês) estão neste link.

REABERTURAS DE HOTÉIS NA EUROPA E NA ÁSIA: La Réserve Paris
Sala de uma das suítes do La Réserve Paris | Foto de Carla Lencastre

La Réserve Paris foi o primeiro hotel palácio da capital francesa a reabrir, seguindo novos procedimentos de higienização e de distanciamento social. Neste primeiro momento, o hotel está recebendo apenas moradores da cidade ou dos arredores. Seus dois restaurantes e o bar permanecem fechados. Mas a cozinha também voltou a funcionar e as diárias incluem café da manhã e jantar, servidos nas acomodações (são 25 suítes e 15 quartos). O restaurante Le Gabriel, com duas estrelas Michelin, agora entrega em casa. Na Suíça, o La Réserve Genève reabriu e o La Réserve Eden au Lac Zürich está previsto para 11 de maio.

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Leia mais: Como é se hospedar no La Réserve Paris

REABERTURAS DE HOTÉIS NA EUROPA E NA ÁSIA: Club Med Alpe d'Huez
Um dos quartos do novo Club Med Alpe d’Huez, na França | Foto de divulgação

Ainda na França, e na Itália, o Club Med pretende reabrir seus resorts de neve em julho para receber moradores dos dois países, que geralmente viajariam para outros lugares no verão. Tiago Varalli, diretor do Club Med Brasil, contou em uma live Check Point, na Panrotas, que os resorts de inverno do grupo na França e na Itália, em princípio, funcionarão nos meses de julho e agosto.

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Em seu site, o Club Med listou oito novas medidas de segurança sanitária, como medição diária de temperatura de todos os hóspedes, funcionários (serão todos testados antes de retornar ao trabalho) e fornecedores. Um bloco de quartos será reservado para isolamento, caso apareça alguma suspeita de covid-19. Já os bufês de refeições self-service, tão amados pelos brasileiros no Club Med e em outros resorts, ficarão no verão passado. Os resorts do grupo francês continuarão com bufês e o hóspede pode escolher o que quiser, mas agora funcionários montarão os pratos. No Brasil, por enquanto os planos do Club Med são reabrir seus três resorts (nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia) em julho.

Atualização: O Club Med adiou a reabertura dos resorts em São Paulo e Rio de Janeiro para o final de agosto, e o da Bahia, para setembro.

exemplos asiáticos

Na China, onde o grupo reabriu dois de seus quatro resorts, Varalli diz que a taxa de ocupação tem chegado perto de 100%, apenas com o turismo regional. Mais uma vez, vale lembrar que a China vem de uma situação econômica antes da pandemia bem diferente da brasileira.

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REABERTURAS DE HOTÉIS NA EUROPA E NA ÁSIA: Regent Shanghai Pudong
O novo Regent Shanghai Pudong | Foto de Ken Seet

Uma ação da hotelaria em Hong Kong deixa claro como os cenários são diversos, mas ainda assim é inspiradora. Hotéis de luxo uniram forças e criaram uma aliança que seria impensável em tempos pré-covid-19. Oito grupos hoteleiros, entre eles Mandarin Oriental (foto no alto do texto), Peninsula, Rosewood e Shangri-La, formaram a aliança Heritage Tourism Brands. Hong Kong já sofria com a queda de visitantes antes do novo coronavírus, por conta dos protestos políticos.

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A ideia da aliança é defender de maneira unificada junto a órgãos como o Hong Kong Tourism Board e a Hong Kong Hotel Association a posição da hotelaria de luxo nos planos de reconstrução do turismo. Segundo a plataforma especializada na indústria de viagens Skift, o escritório de turismo local planeja investir US$ 52 milhões agora em junho para ajudar a recuperação do setor de viagens. Formado por alguns dos empresários mais ricos de Hong Kong, o objetivo vai além de fazer lobby. O grupo pretende também criar um fundo próprio para financiar a promoção de seus hotéis na própria Hong Kong, fazendo parcerias com atrações turísticas da cidade para criar experiências voltadas para os moradores.

Da China veio também a primeira notícia de um novo hotel em tempos de crise. O InterContinental Hotel Group (IHG) inaugura em 16 de maio o Regent Shanghai Pudong, e continua expandindo a marca de luxo na Ásia. Vietnã será o próximo país. O hotel de Xangai não chega a ser inteiramente novo. É uma troca de bandeira: a propriedade hoje é o Four Seasons Pudong.

Há vida pós-quarentena nas reaberturas de hotéis na Europa e na Ásia .

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