A nova edição do relatório “Monitoring Sentiment for Intra-European Travel”, da European Travel Commission (ETC), oferece insights estratégicos para quem trabalha com turismo — inclusive aqui no Brasil. O estudo, publicado em abril de 2025, revela que os europeus continuam priorizando as viagens, mesmo diante de um cenário econômico ainda instável.
Embora a intenção geral de viajar tenha caído ligeiramente (de 75% para 72%), os viajantes planejam mais viagens, estadias mais longas e orçamentos mais altos. Entre abril e setembro, 27% dos europeus pretendem fazer três ou mais viagens — um crescimento de 6%. E o tempo médio de permanência também aumentou: 42% planejam ficar entre 7 e 12 noites.
No aspecto financeiro, os sinais são positivos: 30% dos viajantes planejam gastar entre €1.501 e €2.500 por viagem, e 17% devem ultrapassar a marca de €2.500. A hospedagem lidera os gastos (27%), seguida por alimentação (20%) e atividades no destino (16%).
Uma das mudanças mais significativas é a queda de 8% no interesse pelos destinos tradicionais do sul da Europa, como os litorais mediterrâneos. Em contrapartida, cresce a busca por destinos alternativos e menos explorados, inclusive em países menos óbvios como Albânia, Bósnia e Bulgária. Quem opta por esses destinos também tende a gastar mais e a permanecer por mais tempo.
Outro fator decisivo é a consciência climática: 81% dos europeus já afirmam que o clima influencia suas decisões de viagem. Evitar destinos com calor extremo, procurar climas mais amenos e monitorar o clima com mais atenção são comportamentos em ascensão.
O que isso significa para o Brasil?
Este é um sinal claro para destinos brasileiros que buscam atrair o mercado europeu: é hora de pensar em diferenciação, autenticidade e sustentabilidade. Destinos com menor densidade turística, experiências culturais e gastronômicas autênticas, e iniciativas concretas de sustentabilidade ambiental podem se destacar neste novo cenário.
Será que somente sol e praia continuam tão atrativos? E destinos muito cheios? E o lixo nas praias e cidades?É também uma oportunidade para repensar os pacotes e a comunicação com esse público: valorizar a permanência mais longa, oferecer experiências significativas e posicionar o Brasil como uma alternativa viável em tempos de mudanças climáticas. O turismo europeu nos mostra que o “novo viajante” busca profundidade, responsabilidade e conexão. O Brasil está preparado ou se movimentando para acolher esse perfil com inteligência e estratégia?