Quem vai dominar o mercado de viagens nos próximos anos?

Voltando ao relatório “Travel 2040”, desenvolvido em parceria com Google e Deloitte, vamos compartilhar mais alguns insights que complementam o meu post anterior sobre o Brasil como um dos maiores emissores de turistas até 2040. Nos próximos 15 anos, o número de viajantes internacionais deve atingir 2,4 bilhões, um aumento de 60%. Países como China, Índia e Estados Unidos vão liderar esse crescimento, moldando novos comportamentos e preferências no mercado global de viagens.

Índia e EUA: Protagonistas em Transformação

A Índia, com um crescimento projetado de cinco vezes no número de viajantes, será impulsionada por uma geração jovem e digitalmente engajada, que prefere reservas de última hora e destinos próximos inicialmente, expandindo gradualmente para locais mais distantes. Enquanto isso, os Estados Unidos manterão sua liderança, representando até 40% dos viajantes globais em destinos fora da Europa. Com um perfil de consumidor mais experiente, os americanos valorizam marcas confiáveis, estando dispostos a pagar mais por serviços de alta qualidade.

Mudança no Cenário de Destinos

O cenário global de destinos populares também passará por mudanças significativas. Espanha deverá superar a França como o país mais visitado, enquanto México e Oriente Médio despontam como fortes concorrentes. Emirados Árabes Unidos continuarão a expandir seu turismo, enquanto a Arábia Saudita investe em infraestrutura de alta qualidade e grandes eventos, como a Expo 2030.

Veja o meu post sobre o Brasil como mercado emissor até 2040 aqui.

Brasil entre os 15 Principais Mercados Emissores de Turistas para 2040: Projeções da Deloitte e Google

Um estudo colaborativo entre Deloitte e Google, chamado NextGen Travellers and Destination, traz interessantes dados e análises sobre a transformação da indústria de turismo com foco nos perfis de viajantes e grupos de destinos. O material revelou uma série de previsões para o setor até 2040, destacando que o Brasil está em um caminho sólido para figurar entre os 15 maiores mercados emissores de turistas até lá. Esse crescimento pode ser o futuro reflexo de mudanças profundas na economia brasileira e a expansão da classe média, além de um conjunto de fatores globais e locais analisados minuciosamente pelos especialistas da Deloitte e do Google.

O interessante do estudo foi a utilização de modelos preditivos, baseando-se em milhões de buscas de dados do Google, juntamente com análises de dados de organizações como a ONU TURISMO e GapMinder. A abordagem preditiva busca mapear fluxos turísticos globais com variáveis como a renda per capita e o Índice de Preços ao Consumidor, focando em um horizonte temporal até 2040.

Sobre o Brasil como destino de visitantes internacionais, o estudo não revela dados. Mostra que, em termos de crescimento nas Américas, o México é destacado entre os destinos que continuarão a atrair turistas, devido às suas praias e paisagens naturais, enquanto o Brasil não é mencionado entre os destinos prioritários. Contudo, o relatório enfatiza que a América do Sul, como região, apresenta um crescimento acima da média no número de chegadas de turistas internacionais.

A Metodologia do Estudo: Como a Deloitte e o Google Chegaram a Essas Conclusões?

O estudo, intitulado NextGen Travellers and Destinations, combina a expertise em dados e comportamento do Google com as capacidades analíticas e de previsão de mercado da Deloitte. A metodologia é baseada em modelos preditivos e na análise de diversas variáveis que influenciam diretamente o comportamento de turistas e os fluxos de viagens.

O Brasil Hoje como Mercado Emissor

Atualmente, o Brasil já é um importante mercado emissor de turistas na América Latina, mas ainda não ocupa uma posição de destaque global como outros mercados maiores e mais maduros, como Estados Unidos, Reino Unido e China. No entanto, o aumento do poder aquisitivo da população e o crescimento da classe média têm impulsionado um desejo crescente por experiências internacionais.

Embora o turismo brasileiro ainda enfrente desafios, como a volatilidade cambial, a infraestrutura, a conectividade e a recuperação econômica de longo prazo; a projeção de crescimento até 2040 reflete o potencial de aumento no número de brasileiros viajando ao exterior. Em 2019, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram para fora do país chegou a aproximadamente 10,5 milhões, e a expectativa é que esse número cresça substancialmente nas próximas duas décadas.

Historicamente, alguns mercados mundiais são responsáveis por uma grande quantidade de viagens, se configurando em mercados-fonte de viajantes internacionais. Em 2019, conforme mostra a imagem, China, EUA, Alemanha, Reino Unido e Rússia, já respondiam por 34% das viagens pelo planeta. 

Fonte: Our vision on the tourism industry transformation NextGen travellers and destinations, [s.l.: s.n.], 2024.

Em 2040, esses mesmos países, junto com a Índia, serão responsáveis por 42% das viagens que virão a ocorrer no mundo. E o Brasil entra para o ranking dos 15 países que mais viajarão, de acordo com as projeções do estudo.

Fatores Analisados no Estudo e Projeções para o Brasil

A projeção de que o Brasil se tornará um dos 15 principais mercados emissores de turistas é baseada em diversos fatores identificados no estudo:

            1.         Expansão da Classe Média e Aumento da Renda Disponível: A previsão considera que a expansão da classe média brasileira aumentará a base de consumidores com renda disponível para gastar em viagens internacionais. Segundo o estudo, turistas da classe média+ compõem o perfil predominante de novos viajantes, e a inclusão desse público é essencial para as projeções de crescimento.

            2.         Facilidade de Acesso a Vistos e Infraestrutura Aérea: Outro fator relevante é o desenvolvimento da infraestrutura aérea, tanto interna quanto externa. A facilidade de obtenção de vistos para países estrangeiros e o aumento das rotas aéreas para destinos internacionais também são cruciais para que o turismo brasileiro possa se expandir.

            3.         Uso de Tecnologia e Acesso à Informação: Com o avanço do acesso digital, mais brasileiros estão planejando viagens internacionais online, sendo o Google uma ferramenta essencial para busca de informações sobre destinos e logística de viagens. O estudo aponta que cerca de 60% das buscas de viagens em mercados emergentes, como o Brasil, são realizadas online, o que facilita o planejamento e a decisão de compra de passagens e pacotes de viagens.

            4.         Mudança no Perfil de Consumo e Preferências de Viagem: O estudo ressalta que os brasileiros estão cada vez mais interessados em experiências culturais e de ecoturismo, alinhando-se à demanda global por turismo sustentável e responsável. A conscientização ambiental, impulsionada por iniciativas de ESG (Ambiental, Social e Governança), também influencia as escolhas de destinos e experiências.

Projeções Numéricas para 2040

Os dados indicam que o Brasil está em uma trajetória sólida para se tornar um dos maiores mercados emissores de turistas do mundo nas próximas duas décadas. Com um aumento da classe média, infraestrutura em expansão e o apoio de tecnologias digitais, o país tem todas as condições para consolidar sua posição como um ator global relevante no setor de turismo.

As Tendências do Turismo Global para 2025 Segundo o Relatório Horizons da Skyscanner

Com 2025 se aproximando, a Skyscanner lançou seu relatório Horizons, que traz insights sobre as tendências que moldam o futuro do turismo global. Utilizando dados de busca e reservas próprios, além de uma pesquisa com 19.000 viajantes, o relatório destaca as mudanças nos comportamentos de viagem, preferências regionais e influências tecnológicas, revelando como a indústria de viagens está se adaptando a novas demandas.

Uma das principais tendências destacadas, que já é conhecida, é a influência crescente da tecnologia e da inteligência artificial (IA) nos serviços de viagem. De acordo com a Skyscanner, essas tecnologias estão revolucionando a maneira como fornecedores e consumidores se conectam e interagem, impulsionando experiências mais personalizadas e eficientes. Soluções de IA estão sendo adotadas para gestão de receitas e ofertas personalizadas, com companhias aéreas utilizando essas ferramentas para criar propostas mais dinâmicas e adaptadas às expectativas dos consumidores, em especial das gerações Millennials e Gen Z. Estes grupos agora representam metade dos gastos com viagens aéreas e exigem experiências que ressoem com seus valores de personalização e conexão digital.

Mesmo diante de desafios econômicos globais, a força da demanda por viagens é evidente. Segundo a pesquisa, 80% dos viajantes planejam manter ou aumentar o número de viagens em 2025 em relação a 2024. Regiões como Índia, Emirados Árabes Unidos e Brasil lideram a intenção de aumentar a frequência de viagens, enquanto a Europa e a América do Norte mostram um comportamento mais conservador. A busca por um senso de comunidade e experiências compartilhadas é uma tendência emergente, onde eventos esportivos, instalações artísticas e viagens temáticas são formas de conectar os viajantes com interesses comuns.

O relatório também revela as preferências regionais de destinos: na Europa, destinos próximos como Espanha e Itália continuam no topo, refletindo a busca por conveniência e economia. Nas Américas, grandes cidades como São Paulo, Nova York e Londres dominam as pesquisas, enquanto, na Ásia-Pacífico, o destaque é para cidades como Seul e Tóquio. O planejamento antecipado de viagens de longa distância é uma tendência notável, com tempos de reserva que ultrapassam 100 dias para destinos intercontinentais.

Para 2025, a Skyscanner prevê que a competição no mercado será acirrada, com companhias aéreas oferecendo promoções e experiências personalizadas para atrair os consumidores. A busca por flexibilidade, acessibilidade e inovação será essencial para que os fornecedores de viagens continuem relevantes em um mercado cada vez mais dinâmico e tecnologicamente orientado. O relatório destaca um futuro promissor para a indústria de turismo, onde tecnologia, personalização e um desejo renovado por experiências significativas irão moldar as preferências e comportamentos de uma nova era de viajantes.

Na imagem abaixo, alguns dados sobre as fontes de inspiração para as viagens. Para o Brasil, as mídias sociais e as recomendações de outras pessoas são os principais fatores que influenciam. Essas também são tendências médias globais, conforme demonstrado abaixo:

Fonte: Horizons 2025: Planning Trends, Skyscanner.net, disponível em: https://www.partners.skyscanner.net/news-case-studies/horizons-2025-planning-trends . acesso em: 3 nov. 2024.

Já os principais as aspectos a considerar em termos de custos das viagens, os brasileiros olham para os custos de vôos e hotéis, assim como a média global. O câmbio favorável também é um dos custos considerados pelos brasileiros, já acima da média global.

Fonte: Horizons 2025: Planning Trends, Skyscanner.net, disponível em: https://www.partners.skyscanner.net/news-case-studies/horizons-2025-planning-trends . acesso em: 3 nov. 2024.

Fiz um novo episódio do meu podcast HUB TURISMO com Rodrigo Possatto, Diretor da Smiles Viagens. Te convido a nos assistir no YouTube. Os temas que realmente interessam aos profissionais de turismo e que tratamos nesse papo são:

– qual o modelo de negócios da Smiles Viagens

– como a empresa complementa o portfolio do Grupo GOL 

– os primeiros passos da Smiles Viagens no mercado e os desafios enfrentados

– os diferenciais que ela oferece para agências de turismo interessadas em ampliar suas opções de produtos e serviços.

Rodrigo também compartilha as vantagens que as agências podem obter ao se associarem à Smiles Viagens, destacando o potencial de crescimento, aumento de clientela e expansão internacional. 

Se preferir pode nos ouvir no HUB TURISMO AQUI.

travel designer: Pra quem quer trabalhar com turismo de luxo

Tive um ótimo bate-papo com Ricardo Ferreira no meu podcast HUB TURISMO e CARREIRA sobre as novas formas de preparar profissionais para atuar no mercado de turismo de luxo no Brasil. Se preparar para ser TRAVEL DESIGNER. A escola de negócios se chama RADIX e já formou 400 alunos em 2024, com novidades para 2025. Confira o episódio em vídeo e áudio.

Do latim, raiz. A base de tudo, o alicerce necessário para que todo grande projeto floresça. Assim é com uma viagem inesquecível. Seu planejamento é o começo da melhor experiência que se pode ter. RADIX é o primeiro curso profissionalizante do setor, com o objetivo de formar profissionais travel designers, uma das carreiras mais desejadas do mercado de turismo.

programa pioneiro de Turismo de Luxo no Brasil, concebido pela colaboração das renomadas agências Latitudes, Matueté, Primetour e Teresa Perez. Após o extraordinário sucesso das primeiras turmas, estamos entusiasmados em anunciar as próximas edições do Radix.

Acesse o site da Radix ⁠aqui

O que o pai da “IA” que ganhou o nobel de física sobre os riscos que corremos?

Ontem, quando saiu a notícia sobre o novo prêmio Nobel de Física, fiquei super interessada em entender qual foi a teoria sobre inteligência artificial, IA, que o levou a esse grande mérito. Seu nome é Geffrey Hinton, o pai da IA.  Depois de ler, ver várias de suas aulas e entender um pouco o que ele quis dizer com sua teoria, resolvi trazer aqui algumas reflexões. Quem entender do tema, por favor me corrija e ajude.

O autor discute a evolução e os paradigmas da inteligência artificial (IA) desde a década de 1950, contrastando abordagens inspiradas na lógica simbólica com as que são inspiradas biologicamente, como as redes neurais artificiais. Ele traz uma abordagem inspirada biologicamente, que se concentra no aprendizado das forças das conexões em uma rede neural.

Se entendi bem, o modelo dele otimiza os pesos das conexões na rede neural com base nos erros cometidos, tornando o processo de aprendizado muito mais eficiente do que métodos evolutivos aleatórios. Além disso, Hinton argumenta que os modelos de linguagem LLMs (Large Language Models), como o GPT-4, são descendentes de redes neurais simples treinadas com retropropagação e que, devido à vasta quantidade de parâmetros e interações de características, esses modelos realmente “entendem” as informações de maneira similar ao funcionamento do cérebro humano. Ele destaca que, ao contrário dos métodos simbólicos, as redes neurais conseguem unificar teorias de significado baseadas em listas estruturais e características semânticas. 

Ainda um pouco complicado de entender, mas basicamente ele criou um modelo com base nas características de como nosso próprio cérebro funciona. Hinton afirma que sim, a máquina é inteligente (todavia ainda não tem consciência). Ufa!. Que ela cria coisas novas e já aprende com seus erros. E o mais assustador, ela tem “vida” própria e pode agir sem que os humanos possam dar um comando a ela. Não sente medo nem dor, mas pode entender esses sentimentos humanos com base em padrões.

Sigo lendo e buscando entender Hinton, que trabalhou dez anos no Google e saiu da empresa em 2023 para poder dar sua opinião sobre os riscos que a evolução desses sistemas traz para a humanidade. O autor alerta para os potenciais riscos associados ao avanço da inteligência artificial, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de superinteligências que possam superar a inteligência humana e agir de maneiras que prejudiquem a humanidade. Ele enfatiza a necessidade urgente de considerar e mitigar esses riscos para evitar cenários catastróficos no futuro.

Listo aqui aqueles que ele menciona: 

1. Manipulação Política e Social

   – Eleições com informações falsificadas: Utilização de imagens, vozes e vídeos gerados por IA para influenciar resultados eleitorais, minando a democracia.

   – Manipulação de Opinião Pública: A superinteligência pode persuadir indivíduos de maneira mais eficaz do que humanos, potencialmente direcionando ações coletivas sem supervisão humana.

2. Perda Massiva de Empregos

   – Desaparecimento de Empregos Intelectuais: Assim como a revolução industrial eliminou empregos manuais, a IA avançada pode substituir funções intelectuais, levando a altos níveis de desemprego.

   – Expansão de Trabalho em Setores Específicos: Em áreas como saúde, a IA pode aumentar a eficiência sem causar perda de empregos, mas em outros setores, como vigilância e manufatura intelectual, a substituição pode ser significativa.

3. Vigilância e Armas Autônomas

   – Vigilância Massiva: Implementação de sistemas de vigilância avançados, já observados na China, que podem ser amplamente utilizados para monitoramento e controle social.

   – Armas Letais Autônomas: Desenvolvimento de armas que operam de forma autônoma sem a necessidade de intervenção humana direta, aumentando o risco de uso indevido e conflitos armados.

4. Cibercrime e Pandemias

   – Cibercrime Facilitado: IA pode ser usada para automatizar e intensificar atividades criminosas online, como fraudes, ataques cibernéticos e disseminação de desinformação.

   – Pandemias Digitais: Possibilidade de uso de IA para criar e espalhar vírus digitais ou manipular sistemas críticos de saúde pública.

5. Discriminação e Viés

   – Viés Algorítmico: Sistemas de IA podem perpetuar ou amplificar preconceitos existentes se não forem devidamente regulamentados e treinados para serem imparciais.

   – Manipulação de Sistemas de Decisão: Ao substituir humanos em sistemas de decisão, a IA pode introduzir vieses que são difíceis de detectar e corrigir, já que os pesos das redes neurais são menos transparentes.

6. Ameaça Existencial a Longo Prazo

   – Superinteligência Autônoma: IA avançada pode desenvolver subobjetivos próprios, como a busca por mais controle e poder, o que pode levar à subjugação ou aniquilação da humanidade.

   – Competição entre Superinteligências: Múltiplas IAs inteligentes competindo por recursos pode resultar em uma evolução desenfreada onde as mais agressivas e autopreservadoras dominam, similar aos conflitos tribais entre chimpanzés.

   – Controle Irreversível: Uma vez que uma superinteligência obtenha controle, ela pode impedir que os humanos desliguem ou controlem o sistema, tornando qualquer tentativa de mitigação difícil ou impossível.

O que você pensa nessa hora? Não é ficção, é a vida real.

Referências:

Geoffrey Hinton | On working with Ilya, choosing problems, and the power of intuition

By SanaContainer: YouTubeYear: 2024 https://www.youtube.com/watch?v=n4IQOBka8bc

UNIVERSITY OF OXFORD, Prof. Geoffrey Hinton – “Will digital intelligence replace biological intelligence?” Romanes Lecture. https://www.youtube.com/watch?v=N1TEjTeQeg0

Por que o brasil (e o turismo) precisa de mais mulheres no poder?

No próximo domingo, dia 6 de outubro, o Brasil realizará as eleições municipais, um momento crucial para renovar os representantes das prefeituras e Câmaras Municipais. Hoje, às vésperas de exercer meu voto me perguntei sobre o turismo e sobre as mulheres. Logo percebi que a representatividade feminina ainda é uma questão crítica tanto na política quanto no turismo. Somos a maioria da população brasileira e estamos cada vez mais presentes em vários segmentos econômicos, mas nossa participação nos espaços de poder e decisão ainda está muito longe da igualdade.

 Mulheres na Política: Um Caminho de Desafios

Nas eleições de 2020 e 2026 apenas 12% dos prefeitos eleitos eram mulheres. Vereadoras, somente16% dos eleitos foram mulheres, ainda muito distante da equidade de gênero desejada. Isso demonstra que, apesar da cota de gênero, a realidade política brasileira continua marcada por barreiras estruturais e culturais que dificultam a presença feminina.

Esse cenário de desigualdade reflete a posição internacional do Brasil em termos de representatividade feminina. Hoje, em 2024, nós estamos na 132ª posição no ranking global de mulheres no legislativo, atrás de países conhecidos por regimes autoritários, como a Coreia do Norte e a Arábia Saudita. Embora a legislação tenha sido ampliada ao longo dos anos para incluir medidas de incentivo, como a destinação de 30% dos recursos do Fundo Eleitoral para candidaturas femininas, isso ainda não resultou em uma mudança significativa no equilíbrio de poder.

 Turismo: Protagonismo Feminino, mas com Desafios

O setor de turismo é uma das áreas em que as mulheres têm uma presença considerável. Nós representamos 49% da força de trabalho na área aqui no Brasil, ocupamos diversos tipos de funções ligadas ao esteriótipo feminino de “cuidar”, “arrumar”, “servir”. Mas muito longe do “chefiar”, “liderar”.

Um estudo do World Travel & Tourism Council – WTTC, revelou que 57% das agências de viagens e operadoras de turismo são lideradas por mulheres, uma realidade que foge aos estereótipos tradicionais de gênero e merece mais investigação. Ainda assim, essas mesmas mulheres enfrentam dificuldades para ascender a cargos de liderança e obter remunerações equivalentes às de nossos colegas homens. A desigualdade salarial e a segregação de gênero no turismo são reflexos de um problema maior que também se verifica na política.

Além disso, embora nós, mulheres, tenhamos níveis de escolaridade superiores aos dos homens no setor de turismo, somos sub-representadas em cargos estratégicos e de poder, tanto nas empresas privadas quanto no governo; o que foi detalhado em estudo publicado na Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo. Esse cenário ilustra como, mesmo em um setor em que as mulheres são a maioria, as estruturas atrasadas ainda limitam nosso protagonismo.

 O Desafio da Igualdade

Para mitigar essas desigualdades, é fundamental que se promovam políticas públicas que incentivem não só a participação, mas também a permanência e ascensão das mulheres em todos os setores. No caso da política, é crucial garantir que as candidaturas femininas não sejam apenas formais, mas recebam apoio real para se tornarem competitivas. No turismo, é necessário criar condições mais favoráveis para que as mulheres possam equilibrar carreira e família, e que as empresas e governos estejam comprometidos com a promoção de igualdade de gênero. Além disso, temos que apostar na liderança feminina em cargos de empresas, entidades e associações. 

 Perspectivas Futuras

A participação das mulheres na política e no turismo no Brasil revela um panorama de avanços e desafios. Nós já conquistamos espaços, seja por meio de leis ou de nossas próprias iniciativas, mas o caminho para a equidade de gênero ainda é longo. No próximo domingo, as eleições municipais mais uma vez evidenciarão o quanto ainda é necessário fazer para garantir uma representatividade justa e inclusiva.

Para que as mulheres tenham mais protagonismo na política e no turismo, é essencial que os esforços para eliminar as desigualdades de gênero sejam constantes e eficazes. O Brasil precisa reconhecer que a inclusão feminina é vital para uma sociedade mais justa e democrática. A eleição de 2024 representa mais uma oportunidade para repensar a participação das mulheres nos espaços de poder. Somente com políticas inclusivas e o enfrentamento de preconceitos e estereótipos é que será possível garantir que as mulheres ocupem o lugar de líderes e não de coadjuvantes.

Superando o Medo de Falar em Público: 5 dicas para Profissionais de Turismo


O setor de turismo é altamente dinâmico, e a habilidade de se comunicar bem, seja em uma apresentação para colegas, clientes ou parceiros, é essencial para o sucesso de qualquer profissional da área. No entanto, para muitos, falar em público ainda é um dos maiores desafios. Se você já sentiu aquele frio na barriga ao precisar apresentar um projeto ou conduzir uma reunião, saiba que não está sozinho. O medo de falar em público é comum, mas pode ser superado com preparação e prática.

Por que temos medo de falar em público?

A ansiedade de falar em público está enraizada no nosso instinto de sobrevivência. Quando nos colocamos em uma situação de exposição, como ao apresentar uma nova ideia para clientes ou parceiros, nosso cérebro muitas vezes interpreta essa situação como uma ameaça, acionando a famosa resposta de “luta ou fuga”. Isso resulta em sintomas como mãos suadas, garganta seca e até mesmo a sensação de que sua mente deu um branco.

Para profissionais do turismo, que muitas vezes precisam se apresentar de forma convincente e inspiradora, essa ansiedade pode ser prejudicial. No entanto, ao invés de tentar eliminar completamente esse medo, o segredo está em aprender a controlá-lo e transformá-lo em uma força para melhorar sua performance.

Dicas práticas para superar o medo de falar em público

Aqui estão algumas técnicas simples que podem ajudá-lo a enfrentar esse medo e se destacar em suas apresentações:

  1. Prepare-se de forma estratégica: No setor de turismo, é importante conhecer bem o conteúdo que você irá apresentar. Estude seu material, faça anotações claras e se familiarize com todos os pontos que serão abordados. Quanto mais preparado você estiver, mais confiança terá. Lembre-se de saber COM QUEM você está falando para adaptar seu conteúdo.
  2. Pratique, pratique e pratique: Falar em público é uma habilidade que pode ser aperfeiçoada com o tempo. Faça ensaios em frente ao espelho ou grave suas falas para analisar seu desempenho. A prática constante ajuda a tornar a experiência mais natural e menos estressante.
  3. Use técnicas de respiração: Uma respiração controlada pode fazer toda a diferença. Antes de começar uma apresentação, faça uma pausa para respirar profundamente algumas vezes. Isso ajuda a acalmar os nervos e clarear a mente.
  4. Foque na mensagem, não em você: Lembre-se de que o objetivo da sua fala é transmitir uma mensagem importante, seja sobre um novo destino turístico, uma estratégia de marketing ou um novo pacote de serviços. Concentre-se no que você está dizendo, em vez de se preocupar com como os outros estão te julgando. Responda a essa pergunta: o que quero que as pessoas façam depois dessa minha fala? Esse deve ser o centro de sua mensagem.
  5. Aceite o nervosismo: É normal sentir um pouco de ansiedade antes de falar em público. Esse nervosismo pode até ser útil, pois mantém você mais atento e focado. O importante é não deixar que ele domine sua apresentação.

Transforme o medo em uma oportunidade de crescimento

No turismo, falar em público vai muito além de apresentações formais. Pode envolver desde reuniões de negócios até o contato direto com clientes em eventos ou workshops. A sua capacidade de se comunicar bem é uma ferramenta poderosa para transmitir credibilidade e confiança. Aproveite todas as oportunidades e fale.

Com prática e dedicação, qualquer profissional pode transformar o medo de falar em público em uma oportunidade de crescimento. Lembre-se: o público está interessado no que você tem a dizer, e não no seu nervosismo. A chave está em controlar essa ansiedade e usar a comunicação a seu favor.

Julho 2024 com -4% de chegadas globais


Em julho de 2024, o turismo internacional recuperou 96% dos níveis registrados antes da pandemia, com forte demanda na Europa e a reabertura dos mercados na Ásia e no Pacífico.

Segundo a última edição do Barômetro da ONU Turismo do Turismo Mundial, cerca de 790 milhões de turistas viajaram internacionalmente nos primeiros sete meses de 2024, aproximadamente 11% a mais do que em 2023 e apenas 4% a menos do que em 2019. Os dados mostram um bom começo neste ano, seguido de um segundo trimestre mais modesto. Os resultados estão alinhados com as projeções da ONU Turismo de plena recuperação das chegadas internacionais em 2024, apesar dos riscos econômicos e geopolíticos atuais.

O Oriente Médio continua liderando a recuperação. A recuperação atual ocorre apesar de diversos desafios econômicos e geopolíticos, o que destaca a forte demanda por viagens internacionais, assim como a eficácia de impulsionar as conexões aéreas e relaxar as restrições de visto. O aumento da conectividade aérea e a facilitação de vistos têm promovido a recuperação das viagens internacionais, e os dados mostram que, até agora, todas as regiões do mundo registraram resultados positivos neste ano.

O Oriente Médio continua sendo a região que mostrou o maior crescimento em termos relativos, já que, durante os sete primeiros meses de 2024, as chegadas internacionais aumentaram 26% em comparação com os níveis registrados em 2019. A África recebeu 7% mais turistas do que nos mesmos meses de 2019. A Europa e as Américas recuperaram 99% e 97% de suas chegadas registradas antes da pandemia, respectivamente, durante esses sete meses. A Ásia e o Pacífico registraram 82% de suas chegadas turísticas alcançadas antes da pandemia (-18% em comparação com 2019), atingindo 85% em junho e 86% em julho.

De acordo com dados mensais ou trimestrais fornecidos pelos países, no primeiro semestre de 2024, um total de 67 de 120 destinos em todo o mundo havia recuperado o nível de chegadas registrado em 2019. Entre os países que apresentaram melhores resultados no período de janeiro a julho de 2024 estão Qatar (+147% em comparação com 2019), onde as chegadas mais que dobraram, Albânia (+93%), El Salvador (+81%), Arábia Saudita (+73%), República da Moldávia (+50% em junho) e Tanzânia (+49% em junho).

Em relação às receitas do turismo internacional, nos seis primeiros meses de 2024, 47 de 63 países com dados disponíveis haviam recuperado os valores registrados antes da pandemia, e muitos deles mostraram crescimento de dois dígitos em comparação com 2019 (em moedas locais e a preços atuais). Entre os países que apresentaram melhores resultados em junho e julho de 2024 estão Albânia (+128%) e Sérvia (+126%), onde as receitas mais que dobraram (em comparação com o mesmo período de 2019), seguidos por Tajiquistão (+85%), Paquistão (+76%), Montenegro (+70%), Macedônia do Norte (+60%) e Portugal (+57%). Turquia (+55%) e Colômbia (+54%) também apresentaram resultados positivos. Cabe destacar o caso da Arábia Saudita (+207%) e El Salvador (+168%), que experimentaram um crescimento extraordinário em comparação com o primeiro trimestre de 2019.

Os dados sobre os gastos por turismo internacional mostram uma forte demanda de turismo emissor entre janeiro e julho de 2024, especialmente por parte dos mercados emissores mais importantes, como os Estados Unidos (+32%), Alemanha (+38%) e o Reino Unido (+40% em março), em comparação com o mesmo período de 2019. Austrália (+34%), Canadá (+28%) e Itália (+26%) também indicaram gastos por turismo emissor consideráveis registrados em junho de 2024. Os dados limitados para a Índia mostram o notável incremento dos gastos por turismo emissor, que experimentaram um incremento de 86% no primeiro trimestre de 2024 (em comparação com o primeiro trimestre de 2019).

Os dados revisados para 2023 mostram que as receitas de exportação provenientes do turismo internacional totalizaram 1,8 trilhões de dólares dos Estados Unidos (incluindo receitas e transporte de passageiros), alcançando praticamente o mesmo nível que antes da pandemia (-1% em termos reais em comparação com 2019). O PIB proveniente diretamente do turismo também recobrou em 2023 os níveis prévios à pandemia, alcançando aproximadamente 3,4 trilhões de dólares dos Estados Unidos, o que equivale ao 3% do PIB mundial. Em 2019, o turismo contribuiu diretamente ao 4% do PIB mundial.

Tudo aponta que 2024 finalizará com resultados positivos, se bem que persistem desafios. O Índice de Confiança no Turismo de ONU Turismo mostra expectativas positivas para o último trimestre do ano, com 120 pontos para o período setembro-dezembro de 2024, embora abaixo das perspectivas para o período maio-agosto, que obtiveram 130 pontos (em uma escala de 0 a 200, onde 100 reflete que se prevêm os mesmos resultados). Aproximadamente 47% dos especialistas em turismo que participaram da pesquisa sobre a Confiança preveem melhores resultados para o setor nos quatro últimos meses de 2024, enquanto 41% preveem resultados semelhantes e 11% piores resultados. Isso reflete a normalização gradual dos resultados do turismo após um ano positivo em 2023.

Os especialistas assinalaram que a inflação em viagens e turismo, a saber, o aumento dos preços do transporte e do alojamento, é o principal desafio que enfrenta atualmente o setor turístico, assim como a situação econômica mundial, a escassez de pessoal e os fenômenos meteorológicos extremos.

FONTE: ONU Turismo:

saiba como os Mercados Emergentes Redefinem o Turismo Global

O turismo global é um dos principais motores da economia mundial, influenciando o crescimento econômico, a criação de empregos e a interculturalidade. Recentemente, o setor tem mostrado uma impressionante capacidade de resiliência e inovação, após enfrentar desafios sem precedentes durante a pandemia. O retorno às viagens em massa nos últimos anos revela uma série de tendências que moldarão o futuro dos fluxos turísticos globais e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. Essas são as conclusões do WTTC – World Travel & Tourism Council em seu último relatório que passamos a mencionar a seguir.

A hegemonia americana e a ascensão dos mercados emergentes

Os Estados Unidos permanecem como o mercado mais poderoso no setor de viagens e turismo, com uma contribuição histórica para sua economia. No entanto, por mais que o mercado americano ainda esteja no topo, é impossível ignorar o crescimento vertiginoso de outras potências, especialmente nos mercados emergentes. A China, que antes de 2020 era vista como uma força em ascensão, reafirmou sua posição como uma das maiores potências do turismo mundial, mesmo com o impacto das restrições prolongadas de viagens durante a pandemia. Hoje, a China ocupa a segunda posição global, e projeções apontam que, nos próximos dez anos, deve ultrapassar os EUA, tornando-se o maior mercado de turismo do planeta.

Mas não é apenas a China que está mudando o cenário global. A Índia também se destaca cada vez mais no turismo, ocupando agora uma posição de destaque no top 10 mundial. Seu crescimento constante no setor reflete não apenas o aumento das viagens domésticas, mas também o crescente apelo do país como destino para visitantes internacionais. O papel desses mercados emergentes evidencia uma mudança estrutural nos fluxos turísticos, com uma redistribuição do poder econômico global.

Esses dois países, China e Índia, representam uma transformação significativa no turismo global, não apenas em termos de números, mas também na forma como moldam o futuro das viagens. O turismo, que por décadas foi dominado por destinos ocidentais, está se tornando cada vez mais multipolar, com destinos na Ásia, África e América Latina ganhando terreno.

Redescoberta de destinos tradicionais e o apelo de novos locais

Embora os destinos tradicionais como França, Itália e Espanha continuem a ser pontos de destaque no turismo global, estamos observando uma diversificação dos interesses dos turistas. Muitos viajantes estão buscando destinos menos conhecidos, impulsionados pela busca por experiências autênticas, culturais e naturais. Países como o Quênia, Egito e Colômbia, por exemplo, têm visto um aumento expressivo nos fluxos de visitantes, à medida que se posicionam como destinos únicos e autênticos, longe do turismo de massa.

A ascensão desses destinos reflete uma mudança no comportamento dos viajantes, que agora buscam não apenas conforto e conveniência, mas também conexão com culturas locais, biodiversidade e experiências que vão além do comum. Essa tendência está diretamente associada ao fortalecimento de políticas de sustentabilidade, que promovem o ecoturismo, o turismo de aventura e as viagens voltadas à preservação do meio ambiente.

Sustentabilidade como eixo central do futuro do turismo

A sustentabilidade já não é apenas uma palavra da moda no setor de viagens; ela se tornou um eixo central nas estratégias das principais economias turísticas. Com o aumento do turismo em destinos naturais e culturais, há uma preocupação crescente em proteger esses ativos, assegurando que as gerações futuras também possam desfrutar dessas experiências.

A dissociação entre o crescimento do turismo e o aumento das emissões de gases de efeito estufa é um dos objetivos mais ambiciosos do setor. Países ao redor do mundo estão investindo em infraestrutura mais verde, incluindo transportes menos poluentes, eficiência energética em hotéis e atrações turísticas, além de incentivar o turismo responsável por meio de políticas de conscientização.

Além disso, o setor também está se tornando mais inclusivo. Destinos estão cada vez mais promovendo a inclusão de comunidades locais na cadeia de valor do turismo, gerando empregos e oportunidades para grupos historicamente marginalizados, como mulheres, jovens e minorias étnicas. Essa abordagem não só ajuda a desenvolver a economia local, mas também proporciona aos viajantes uma experiência mais autêntica e significativa.

O papel da tecnologia na transformação da experiência de viagem

A tecnologia desempenha um papel fundamental na redefinição do turismo moderno. A inteligência artificial (IA), por exemplo, está transformando a forma como os viajantes planejam, reservam e experimentam suas viagens. Aplicações de IA permitem recomendações personalizadas de destinos, facilitam a logística de viagens e melhoram a experiência do cliente por meio de assistentes virtuais e serviços de concierge.

Além disso, a digitalização de passaportes e vistos, a adoção de tecnologias de pagamento sem contato e a expansão do turismo virtual (com o uso de realidade aumentada e virtual) também estão alterando profundamente a maneira como as pessoas viajam. Essas inovações não apenas melhoram a eficiência e a conveniência das viagens, mas também criam oportunidades para novas formas de interação e imersão nos destinos.

A recuperação dos gastos dos viajantes internacionais

Mesmo com a retomada dos fluxos turísticos globais, os gastos dos turistas internacionais ainda estão em processo de recuperação em muitas regiões. Países como Arábia Saudita, Turquia e Quênia lideram a recuperação, com aumentos significativos nos gastos em relação aos níveis pré-pandemia. Esses números, embora impactantes, refletem uma nova era de investimentos em infraestruturas turísticas e promoção internacional, o que tem atraído visitantes de mercados diversificados.

Esse retorno é alimentado por um aumento na confiança dos viajantes e pela flexibilidade proporcionada pelos destinos, que têm trabalhado para remover barreiras às viagens, seja através da flexibilização de restrições sanitárias ou pela introdução de políticas de incentivo ao turismo.

Fique de olho

O turismo global está entrando em uma nova fase, marcada pela resiliência, inovação e mudanças nos padrões de fluxo de visitantes. A hegemonia de destinos tradicionais está sendo desafiada pela ascensão de novos mercados, e o foco em sustentabilidade e inclusão promete moldar o setor nas próximas décadas. O futuro do turismo está cada vez mais conectado com a tecnologia e o desenvolvimento sustentável, com potencial para transformar as viagens em uma força ainda mais poderosa para a economia global.