A matéria abaixo, publicada no Presstur ( www.presstur.com ) retrata o comportamento das viagens dos portugueses ao exterior em 2011. Vale sempre a reflexão quando falamos de número de visitantes:
– qual o tamanho do mercado emissor ? – qual o percentual de viagens de longa distância ? – qual o acesso aéreo ? – qual o gasto médio desse vistante ? – quantos dias ele ficou no Brasil ? Essas e outras variáveis são importantes para avaliar a importância do mercado para o turismo brasileiro em seu impacto total, ou seja, na geração de empregos, entrada de divisas e investimentos. É isso que deve orientar os gastos com promoção no exterior, estabelecendo prioridades de países e investimentos com retorno. Vamos aos números abaixo, o que fica é sempre a necessidade de estabelecer estudos e pesquisas que possam orientar decisões de mercado e de organismos públicos. E muitas vezes a colaboração internacional permite ajustes e melhores resultados.
É suposto as estatísticas quantificarem algumas realidades, como seja, para este caso, a evolução das viagens dos portugueses. A ser assim, então o Brasil foi o destino de 12% das viagens dos portugueses ao estrangeiro, mais do dobro do que se deduzia das estatísticas de há uns anos. Na semana passada, o INE português divulgou uma informação em que dizia que “a população residente em Portugal efectuou 15,2 milhões de viagens turísticas, menos 1,2% do que em 2010” e especificava que “do total de deslocações realizadas pelos residentes em 2011, 90,4% foram destinadas a locais em território nacional e somaram 13,7 milhões. As restantes, cerca de 1,5 milhões, tiveram como seu destino principal o estrangeiro”. O Instituto informou ainda que “comparativamente com 2010, o número de deslocações domésticas apresentou uma diminuição marginal (-0,3%), enquanto as destinadas ao estrangeiro caíram 9%, a que não será alheio o factor financeiro na escolha do destino das viagens turísticas”. Quando se comparam estes dados com os que foram publicados no Anuário do Ministério do Turismo do Brasil, a conclusão a que se chega é que o Brasil foi o destino de um pouco mais de 12% das viagens dos portugueses ao estrangeiro em 2011, até ligeiramente acima de 2010, uma vez que o decréscimo das chegadas dos portugueses ao Brasil foi de 2,8%, menor que o decréscimo de 9% que o INE diz ter ocorrido nas viagens dos portugueses ao estrangeiro. A única conclusão possível seria, então, que o destino Brasil ficou mais forte em Portugal, o que não é confirmado nem pelos números da TAP, que é a maior companhia aérea europeia em ligações com o Brasil, nem pelas indicações dos operadores turísticos. A questão é que há estatísticas … e estatísticas. Os dados do Anuário do Ministério do Turismo brasileiro baseiam-se, designadamente, em informação do Departamento de Polícia Federal, ou seja, nas fichas que os viajantes estrangeiros preenchem à entrada no País. Em Portugal, o INE elabora as estatísticas com base no “Inquérito às Deslocações dos Residentes (IDR) [que] são obtidos a partir da inquirição de uma amostra de cerca de 5.000 unidades de alojamento (12.000 indivíduos), com uma rotação de 50% no início de cada ano, mediante recolha telefónica trimestral precedida de uma entrevista presencial”. Umas, portanto, são “factuais”, pois trata-se de contabilizar impressos. As outras são “extrapolações” a partir de uma amostra. A questão é que estatisticamente deveriam “falar” da mesma realidade. O INE português há uns anos que deixou de publicar números sobre os destinos das viagens dos residentes e o último ano em que o fez foi relativamente aos anos de 2004 a 2007. Segundo a informação que divulgou nessa época, o Brasil era o quarto destino internacional para onde os portugueses mais viajavam, especificando que no período de 2004 a 2007 o número de portugueses que viajou para o Brasil foi sucessivamente de 231,8 mil, 200,8 mil, 143,4 mil e 94,7 mil. Para esses anos, as estatísticas brasileiras indicam que as chegadas de portugueses ao Brasil foram sucessivamente 336,9 mil, 357,6 mil, 299,2 mil e 280,4 mil. |
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