E os dados do turismo ?

A matéria abaixo, publicada no Presstur ( www.presstur.com ) retrata o comportamento das viagens dos portugueses ao exterior em 2011. Vale sempre a reflexão quando falamos de número de visitantes:

– qual o tamanho do mercado emissor ?

– qual o percentual de viagens de longa distância ?

– qual o acesso aéreo ?

– qual o gasto médio desse vistante ?

– quantos dias ele ficou no Brasil ?

Essas e outras variáveis são importantes para avaliar a importância do mercado para o turismo brasileiro em seu impacto total, ou seja, na geração de empregos, entrada de divisas e investimentos. É isso que deve orientar os gastos com promoção no exterior, estabelecendo prioridades de países e investimentos com retorno.

Vamos aos números abaixo, o que fica é sempre a necessidade de estabelecer estudos e pesquisas que possam orientar decisões de mercado e de organismos públicos. E muitas vezes a colaboração internacional permite ajustes e melhores resultados.

 

Brasil foi em 2011 o destino

de 12% das viagens dos portugueses?

Presstur 07-05-2012 (10h21 )

É suposto as estatísticas quantificarem algumas realidades, como seja, para este caso, a evolução das viagens dos portugueses. A ser assim, então o Brasil foi o destino de 12% das viagens dos portugueses ao estrangeiro, mais do dobro do que se deduzia das estatísticas de há uns anos.

Na semana passada, o INE português divulgou uma informação em que dizia que “a população residente em Portugal efectuou 15,2 milhões de viagens turísticas, menos 1,2% do que em 2010” e especificava que “do total de deslocações realizadas pelos residentes em 2011, 90,4% foram destinadas a locais em território nacional e somaram 13,7 milhões. As restantes, cerca de 1,5 milhões, tiveram como seu destino principal o estrangeiro”.

O Instituto informou ainda que “comparativamente com 2010, o número de deslocações domésticas apresentou uma diminuição marginal (-0,3%), enquanto as destinadas ao estrangeiro caíram 9%, a que não será alheio o factor financeiro na escolha do destino das viagens turísticas”.

Quando se comparam estes dados com os que foram publicados no Anuário do Ministério do Turismo do Brasil, a conclusão a que se chega é que o Brasil foi o destino de um pouco mais de 12% das viagens dos portugueses ao estrangeiro em 2011, até ligeiramente acima de 2010, uma vez que o decréscimo das chegadas dos portugueses ao Brasil foi de 2,8%, menor que o decréscimo de 9% que o INE diz ter ocorrido nas viagens dos portugueses ao estrangeiro.

A única conclusão possível seria, então, que o destino Brasil ficou mais forte em Portugal, o que não é confirmado nem pelos números da TAP, que é a maior companhia aérea europeia em ligações com o Brasil, nem pelas indicações dos operadores turísticos.

A questão é que há estatísticas … e estatísticas.

Os dados do Anuário do Ministério do Turismo brasileiro baseiam-se, designadamente, em informação do Departamento de Polícia Federal, ou seja, nas fichas que os viajantes estrangeiros preenchem à entrada no País.

Em Portugal, o INE elabora as estatísticas com base no “Inquérito às Deslocações dos Residentes (IDR) [que] são obtidos a partir da inquirição de uma amostra de cerca de 5.000 unidades de alojamento (12.000 indivíduos), com uma rotação de 50% no início de cada ano, mediante recolha telefónica trimestral precedida de uma entrevista presencial”.

Umas, portanto, são “factuais”, pois trata-se de contabilizar impressos. As outras são “extrapolações” a partir de uma amostra. A questão é que estatisticamente deveriam “falar” da mesma realidade.

O INE português há uns anos que deixou de publicar números sobre os destinos das viagens dos residentes e o último ano em que o fez foi relativamente aos anos de 2004 a 2007.

Segundo a informação que divulgou nessa época, o Brasil era o quarto destino internacional para onde os portugueses mais viajavam, especificando que no período de 2004 a 2007 o número de portugueses que viajou para o Brasil foi sucessivamente de 231,8 mil, 200,8 mil, 143,4 mil e 94,7 mil.

Para esses anos, as estatísticas brasileiras indicam que as chegadas de portugueses ao Brasil foram sucessivamente 336,9 mil, 357,6 mil, 299,2 mil e 280,4 mil.

 

Published by

Jeanine Pires

Apaixonada pela indústria de viagens e turismo, há 31 anos atua como líder do setor no Brasil e no exterior. Já Presidiu e foi Diretora da EMBRATUR entre 2003 e 2010; é Diretora da Pires Inteligência em Destinos e, no final de 2022, entrou para a CVC Corp como Diretora de Alianças e Relações Governamentais. Jeanine foi Co-fundadora da startup ONER Travel em 2020 e já atuou como Presidente do Conselho da Fecomércio São Paulo e da WTM Latin America. Com formação e especialidade em marketing de destinos e economia do turismo, Jeanine faz palestras, cursos e consultorias.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *