Um estudo colaborativo entre Deloitte e Google, chamado NextGen Travellers and Destination, traz interessantes dados e análises sobre a transformação da indústria de turismo com foco nos perfis de viajantes e grupos de destinos. O material revelou uma série de previsões para o setor até 2040, destacando que o Brasil está em um caminho sólido para figurar entre os 15 maiores mercados emissores de turistas até lá. Esse crescimento pode ser o futuro reflexo de mudanças profundas na economia brasileira e a expansão da classe média, além de um conjunto de fatores globais e locais analisados minuciosamente pelos especialistas da Deloitte e do Google.
O interessante do estudo foi a utilização de modelos preditivos, baseando-se em milhões de buscas de dados do Google, juntamente com análises de dados de organizações como a ONU TURISMO e GapMinder. A abordagem preditiva busca mapear fluxos turísticos globais com variáveis como a renda per capita e o Índice de Preços ao Consumidor, focando em um horizonte temporal até 2040.
Sobre o Brasil como destino de visitantes internacionais, o estudo não revela dados. Mostra que, em termos de crescimento nas Américas, o México é destacado entre os destinos que continuarão a atrair turistas, devido às suas praias e paisagens naturais, enquanto o Brasil não é mencionado entre os destinos prioritários. Contudo, o relatório enfatiza que a América do Sul, como região, apresenta um crescimento acima da média no número de chegadas de turistas internacionais.
A Metodologia do Estudo: Como a Deloitte e o Google Chegaram a Essas Conclusões?
O estudo, intitulado NextGen Travellers and Destinations, combina a expertise em dados e comportamento do Google com as capacidades analíticas e de previsão de mercado da Deloitte. A metodologia é baseada em modelos preditivos e na análise de diversas variáveis que influenciam diretamente o comportamento de turistas e os fluxos de viagens.
O Brasil Hoje como Mercado Emissor
Atualmente, o Brasil já é um importante mercado emissor de turistas na América Latina, mas ainda não ocupa uma posição de destaque global como outros mercados maiores e mais maduros, como Estados Unidos, Reino Unido e China. No entanto, o aumento do poder aquisitivo da população e o crescimento da classe média têm impulsionado um desejo crescente por experiências internacionais.
Embora o turismo brasileiro ainda enfrente desafios, como a volatilidade cambial, a infraestrutura, a conectividade e a recuperação econômica de longo prazo; a projeção de crescimento até 2040 reflete o potencial de aumento no número de brasileiros viajando ao exterior. Em 2019, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram para fora do país chegou a aproximadamente 10,5 milhões, e a expectativa é que esse número cresça substancialmente nas próximas duas décadas.
Historicamente, alguns mercados mundiais são responsáveis por uma grande quantidade de viagens, se configurando em mercados-fonte de viajantes internacionais. Em 2019, conforme mostra a imagem, China, EUA, Alemanha, Reino Unido e Rússia, já respondiam por 34% das viagens pelo planeta.
Em 2040, esses mesmos países, junto com a Índia, serão responsáveis por 42% das viagens que virão a ocorrer no mundo. E o Brasil entra para o ranking dos 15 países que mais viajarão, de acordo com as projeções do estudo.
Fatores Analisados no Estudo e Projeções para o Brasil
A projeção de que o Brasil se tornará um dos 15 principais mercados emissores de turistas é baseada em diversos fatores identificados no estudo:
1. Expansão da Classe Média e Aumento da Renda Disponível: A previsão considera que a expansão da classe média brasileira aumentará a base de consumidores com renda disponível para gastar em viagens internacionais. Segundo o estudo, turistas da classe média+ compõem o perfil predominante de novos viajantes, e a inclusão desse público é essencial para as projeções de crescimento.
2. Facilidade de Acesso a Vistos e Infraestrutura Aérea: Outro fator relevante é o desenvolvimento da infraestrutura aérea, tanto interna quanto externa. A facilidade de obtenção de vistos para países estrangeiros e o aumento das rotas aéreas para destinos internacionais também são cruciais para que o turismo brasileiro possa se expandir.
3. Uso de Tecnologia e Acesso à Informação: Com o avanço do acesso digital, mais brasileiros estão planejando viagens internacionais online, sendo o Google uma ferramenta essencial para busca de informações sobre destinos e logística de viagens. O estudo aponta que cerca de 60% das buscas de viagens em mercados emergentes, como o Brasil, são realizadas online, o que facilita o planejamento e a decisão de compra de passagens e pacotes de viagens.
4. Mudança no Perfil de Consumo e Preferências de Viagem: O estudo ressalta que os brasileiros estão cada vez mais interessados em experiências culturais e de ecoturismo, alinhando-se à demanda global por turismo sustentável e responsável. A conscientização ambiental, impulsionada por iniciativas de ESG (Ambiental, Social e Governança), também influencia as escolhas de destinos e experiências.
Projeções Numéricas para 2040
Os dados indicam que o Brasil está em uma trajetória sólida para se tornar um dos maiores mercados emissores de turistas do mundo nas próximas duas décadas. Com um aumento da classe média, infraestrutura em expansão e o apoio de tecnologias digitais, o país tem todas as condições para consolidar sua posição como um ator global relevante no setor de turismo.