A receita da folia

Foliões no Carnaval em Olinda, Pernambuco. (Foto: Welington Silva/2017)

Tem muita gente falando por aí que o ano só começou depois do Carnaval, mas o período de festa teve um peso muito importante para a economia do país em 2017. O maior feriado do Brasil neste ano  passou e já dá pra ter ideia do aproveitamento do Turismo durante esses dias, de acordo com informações de Secretarias de Turismo e órgãos locais.

A cidade de Salvador, que é um dos principais circuitos da festa, recebeu aproximadamente 600 mil turistas, 9% a mais do que no ano anterior. Estima-se que, em todo o estado da Bahia,  tenham passado cerca de 2 milhões de turistas que injetaram R$1,5 bilhão na economia local.

O Rio de Janeiro, também um destino-chave do Carnaval, irá concluir o balanço de dados nesta semana, mas a estimativa é que 1,1 milhão de turistas  do Brasil e do exterior tenham passado pelo estado durante os dias de folia, gerando impacto de  R$ 3 bilhões de receita na economia do estado.

Em ocupação hoteleira, algumas capitais, como Salvador, Recife e João Pessoa, alcançaram o número de 95% dos leitos ocupados durante os dias de folia. Segundo o MTur, a maioria dos demais destinos do Nordeste obteve uma média de 90% de ocupação hoteleira. Destinos como São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal também foram importantes beneficiados com a chegada de foliões para os dias de Carnaval.

O que tínhamos, quando se aproximavam os dias da festa de Momo, era a estimativa de receita de R$ 5,8 bilhões para o país, em toda cadeia produtiva, durante o período, o que correspondia ao pior desempenho dos últimos três anos.

Somadas as receitas dos estados do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, temos R$ 5,7 bilhões para a economia. Se acrescentamos a receita do Carnaval obtida no Distrito Federal, R$ 500 milhões, totalizamos R$ 6,2 bilhões, 7% maior do que o valor estimado e ainda sem o acréscimo da receita dos demais destinos do país.

O Turismo se mostra cada vez mais resiliente e, em tempos difíceis (ainda que de festa), tem sido aporte indispensável para a economia nacional. O Carnaval passou e os números não são extraordinários, mas toda oportunidade aproveitada é para se comemorar. E relembrar a importância do setor também nunca é demais. Seguimos acompanhando os dados do nosso Turismo.

O Carnaval e a crise

A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) divulgou hoje o estudo de expectativa de faturamento do setor produtivo no período do Carnaval em 2017. De acordo com a pesquisa, o maior feriado do calendário nacional deverá movimentar aproximadamente R$5,8 bilhões. Só os segmentos de alimentação fora do domicílio, tais como bares e restaurantes (R$ 3,31 bilhões), transporte rodoviário (R$ 977,9 milhões) e os serviços de alojamento em hotéis e pousadas (R$ 652,5 milhões), responderão por mais de 85% de toda a receita gerada.

Falei recentemente aqui sobre a expectativa do setor para o período: uma oportunidade a ser aproveitada ao máximo. Mas nem tudo é festa: a receita estimada para o período corresponde ao pior desempenho nos últimos 3 anos. Quando descontada a inflação no setor é a maior em pelo menos cinco anos, com 8,6% de queda. Em relação ao Carnaval de 2016, a receita calculada é 5,7% menor.

A redução da receita das diversas atividades turísticas ligadas ao Carnaval é, em grande parte, decorrência do planejamento e ajustes de orçamento da família brasileira, impulsionados pelo momento econômico em que atravessa o país. Em pesquisa em que foi apurada a ICF (Intenção de Consumo das Famílias) divulgada em janeiro deste ano, o índice revelou uma queda de 1,7% em relação ao período de verão de 2016. Na busca pela adaptação econômica em meio à crise, os gastos com lazer acabam sendo reduzidos e geram impacto no setor.

Quanto ao aumento de preços típicos de bens e serviços, a CNC afirma que não origina tanta influência na estimativa da receita para o Carnaval, já que, de acordo com a confederação, Nos últimos 12 meses, a variação média desses preços (5,8%) foi a menor desde 2009 (5,5%) e significativamente inferior à de 2016 (13,2%). O que reforça ainda mais o entendimento de que a motivação da queda na receita é adaptação à crise econômica.

Carnaval à vista!

A 40 dias do Carnaval, trade turístico se prepara. (Foto: Divulgação)

Estamos na metade de janeiro e trade turístico brasileiro já está preparado para o primeiro grande evento de 2017: o Carnaval. A 40 dias da festa do Momo, cidades famosas por suas comemorações nessa época do ano se organizam para receber os turistas foliões.

Além de visitantes estrangeiros que vêm conhecer a festividade no Brasil, o Carnaval é ainda um período fundamental para o turismo nacional: é o principal produto de promoção de diversos destinos no Brasil e um dos feriados mais bem aproveitados para viagens de brasileiros, além de ser o primeiro “feriadão” do ano.

Segundo projeções oficiais, a cidade do Rio de Janeiro espera receber 1,1 milhão de turistas juntamente com a receita de aproximadamente R$ 3 bilhões, durante os 4 dias de festa. Para os desfiles das escolas cariocas, alguns lotes de reservas de ingressos já estão esgotados.

Salvador já comemora os 96% de ocupação da rede hoteleira para o Carnaval e aguarda ainda o aumento da procura até a data da festa. A promoção do evento para a cidade de Salvador é massiva e tem sido realizada desde o fim do ano passado.

Cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo e Recife têm também investido na divulgação de programações para a data, desde os primeiros dias de janeiro.

Para o turismo nacional, o momento é de aproveitamento de todas as oportunidades. A promoção para o Carnaval, assim como o investimento nos quesitos segurança, transporte e estruturas de apoio devem ser prioritários, considerando-se que a data é uma injeção de receita na economia do turismo para as cidades símbolo da festa e também para destinos que não possuem programações renomadas, os destinos de “descanso”.

O Carnaval do Brasil se difere de todos os outros carnavais mundo afora. É uma experiência cativante para muitos turistas que, não raro, adquirem a tradição de passar o período no mesmo destino, durante anos. A maior festa urbana do país, de cores vibrantes e ritmo contagiante, tem também a cara do povo brasileiro: ímpar, alegre e festiva como tem que ser.