O Carnaval e a crise

A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) divulgou hoje o estudo de expectativa de faturamento do setor produtivo no período do Carnaval em 2017. De acordo com a pesquisa, o maior feriado do calendário nacional deverá movimentar aproximadamente R$5,8 bilhões. Só os segmentos de alimentação fora do domicílio, tais como bares e restaurantes (R$ 3,31 bilhões), transporte rodoviário (R$ 977,9 milhões) e os serviços de alojamento em hotéis e pousadas (R$ 652,5 milhões), responderão por mais de 85% de toda a receita gerada.

Falei recentemente aqui sobre a expectativa do setor para o período: uma oportunidade a ser aproveitada ao máximo. Mas nem tudo é festa: a receita estimada para o período corresponde ao pior desempenho nos últimos 3 anos. Quando descontada a inflação no setor é a maior em pelo menos cinco anos, com 8,6% de queda. Em relação ao Carnaval de 2016, a receita calculada é 5,7% menor.

A redução da receita das diversas atividades turísticas ligadas ao Carnaval é, em grande parte, decorrência do planejamento e ajustes de orçamento da família brasileira, impulsionados pelo momento econômico em que atravessa o país. Em pesquisa em que foi apurada a ICF (Intenção de Consumo das Famílias) divulgada em janeiro deste ano, o índice revelou uma queda de 1,7% em relação ao período de verão de 2016. Na busca pela adaptação econômica em meio à crise, os gastos com lazer acabam sendo reduzidos e geram impacto no setor.

Quanto ao aumento de preços típicos de bens e serviços, a CNC afirma que não origina tanta influência na estimativa da receita para o Carnaval, já que, de acordo com a confederação, Nos últimos 12 meses, a variação média desses preços (5,8%) foi a menor desde 2009 (5,5%) e significativamente inferior à de 2016 (13,2%). O que reforça ainda mais o entendimento de que a motivação da queda na receita é adaptação à crise econômica.