O efeito “Trump slump”


Enquanto mais pessoas estão viajando no mundo todo (de acordo com a UNWTO), cada vez menos turistas estão escolhendo os Estados Unidos como destino. É o que informam os dados da U.S. Travel Association (Associação de Viagens dos EUA): as chegadas de turistas internacionais caíram abruptamente na terra do Tio Sam desde o começo de 2017.

No primeiro trimestre desse ano, a associação informou o número de 7,3 milhões de chegadas de visitantes internacionais (excluindo Canadá e México), ou seja, uma queda de 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O decréscimo foi notado em quatro dos primeiros sete meses do ano, mas foi mais percebido nos meses de fevereiro e março, que apresentaram queda de 6,8% e 8,2%, respectivamente.

A queda de desembarques internacionais nos EUA alimenta o receio de que a política vigente esteja afastando os turistas, sendo um dos efeitos “Trump slump”. Principalmente porque as quedas foram mais observadas nos meses seguidos à posse do presidente norte-americano.

A queda mais acentuada veio dos turistas do Oriente Médio; a já esperada diminuição é resultado da chamada “proibição muçulmana”, norma da administração Trump que afeta viajantes do Iraque, Irã, Síria, Iêmen, Sudão, Líbia e Somália e entrou em vigor ainda em janeiro, logo após Trump assumir a presidência.

Os países do Oriente Médio estão longe de ser os principais emissores de turistas para os EUA, mas ainda assim, prevê-se que o país americano irá perder, até o final do ano, a receita de mais de $350 milhões de dólares de turistas de países muçulmanos.

Ainda, as visitas aos EUA dos viajantes mexicanos  (cujo país de origem é o principal alvo do sistema anti-imigratório da atual Casa Branca) diminuíram também este ano, apresentando queda de 7% no primeiro semestre.

Além disso, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) também acredita (declaradamente!) que as políticas do presidente estão tendo um efeito resfriador no turismo vinculado aos EUA,  não apenas por parte dos países afetados pela proibição muçulmana, mas também de outras partes do mundo.

De acordo com UNWTO, foi registrado no Barômetro do Turismo de 2017 uma alta de 4% no número total de desembarques internacionais nos Estados Unidos. Mesmo assim, as organizações do Turismo americano preveem uma leve queda no fechamento deste ano.

Força do dólar

Em contrapartida, subjacente ao declínio no turismo vinculado aos EUA, tem sido o dólar forte, o que torna os EUA mais caro para os estrangeiros visitarem. A queda dos visitantes nos EUA pode ser produto da combinação do reflexo da política Trump com a força da moeda americana.

Brasileiros nos EUA

Em 2016, os Estados Unidos receberam 1,69 milhão de turistas brasileiros. O número é o menor desde 2011 e 24% abaixo do que o registrado em 2016, mas ainda assim expressa 2,2% do total de turistas no país durante o ano passado.

Para 2017, a previsão é de que esse número caia ainda mais: a Associação de Viagens dos EUA prevê uma queda de 23% na chegada de visitantes brasileiros. Entretanto, como não é tão difícil observar, é provável que esta queda seja consequência não da política Trump, mas resultado de nossas próprias políticas.

Seguimos acompanhando.

Turismo dos EUA em defesa de Cuba


Mais um capítulo da trama do Turismo estadunidense no governo Trump se iniciou após o então presidente norte-americano afirmar que está se dedicando a uma “revisão integral” da política com Cuba e que as novas diretrizes terão “importantes diferenças” em relação às medidas adotadas por Obama.

Após o anúncio e temendo um retrocesso na reaproximação, um grupo de mais de 40 empresas e associações de turismo dos Estados Unidos pediram, nesta quarta-feira (24), em carta a Donald Trump, que ele não voltasse atrás no processo de normalização das relações bilaterais entre os EUA e Cuba, iniciado em 2014 por Obama.

Além de tentar impedir um possível retrocesso no relacionamento com Cuba, a carta pede ainda que Trump reduza as exigências burocráticas a fim de facilitar as viagens para o país e contribuir para a expansão do Turismo na ilha.

O processo iniciado por Obama traz reflexos de desenvolvimento no setor na relação entre os dois países: segundo dados oficiais do governo de Havana, 284.937 turistas americanos passaram por Cuba, o que consiste em 74% a mais do que no ano anterior.

Também como parte do processo de reaproximação entre os dois países, em maio do ano passado, partiu dos EUA o primeiro cruzeiro em direção a Cuba em mais de 50 anos. Pouco depois, em agosto de 2016, o primeiro vôo comercial ligando Washington e Havana começou a operar, o que também não ocorria há mais de meio século.
O Turismo é, antes de tudo, um produto de
integração. As conquistas adquiridas através do projeto facilitador da relação entre Estados Unidos e Cuba (relacionamento historicamente conturbado) não são apenas dos países mencionados: são vitórias para o setor como um todo, pois conferem desenvolvimento à indústria, integralmente. O que será feito deste processo no governo Trump e quais as consequências para o Turismo entre os dois países, ainda não podemos prever ao certo. Seguimos acompanhando o setor por aqui e no mundo.