8 megatendências que influenciarão o turismo

O Euromonitor International divulgou um novo relatório, no World Travel Market (WTM) de Londres, sobre as megatendências que moldam o futuro das viagens. A proposta da pesquisa é ajudar na compreensão das mudanças de comportamentos dos consumidores e como elas impactam os países e indústrias, mostrando como o setor turístico está se desenvolvendo globalmente dentro do ambiente econômico e social. No relatório foram divulgadas oito megatendências que abrangem consumidores de todo o mundo, comentadas abaixo:  

  1. Desconstruindo a viagem do cliente: a maior parte dos viajantes ainda está “presa” nos processos tradicionais que abarcam desde o momento de preparação da viagem até à volta para casa, deixando pouco espaço para a personalização. Mas isso tem mudado. Com a finalidade de elevar o grau de fidelização dos clientes, alguns agentes de mercado têm procurado envolver os viajantes fora das fases de engajamento tradicionalmente compreendidas, favorecendo, também, a personalização de experiências.
  2. Resíduos plásticos: Uma maior preocupação com o meio ambiente já é uma realidade em uma parcela dos viajantes globais. E a conscientização sobre os efeitos negativos dos resíduos plásticos aumentou consideravelmente entre eles. Isso tem levado diversas empresas do setor a buscar propostas mais sustentáveis e alternativas viáveis que conversem com esses clientes.
  3. A alegria de perder (The Joy of Missing Out): trata-se de uma tendência recente que veio para contrariar a hiperconectividade. Estimulados por um desejo de aproveitar o momento sem distrações, os turistas buscam “experiências off-line”. E os atores de mercado estão atentos a isso.
  4. Conservation China: nas últimas décadas, o mundo tem estado atento a modernização da China. Ao mesmo tempo em que, por vezes, se observa a imagem da China associada ao desrespeito com o meio ambiente. Por esse motivo o país está mudando, considerando a conservação e vendo o turismo como uma forma de impulsionar as economias rurais.
  5. Blurring Industry Lines: as marcas de varejo estão mais atentas à indústria de viagens para aumentar os pontos de contato com seus clientes. Seguindo a lógica de que as pessoas viajam em um período limitado do ano, mas consomem o ano inteiro, essas empresas começaram a pensar em produtos e serviços para alcançar esse público em qualquer época.
  6. Economia compartilhada ganhando os céus: aqui os consumidores optam por pagar pelo acesso/compartilhamento de bens e serviços dentro de um determinado período de tempo, baseando-se na negociação e não na propriedade. É a chamada “economia de acesso”, facilitada por serviços como reservas de transportes e hospedagens alternativas que contribuem, também, na personalização das viagens.
  7. Experiências “facilitadas”: essa megatendência aponta o uso da tecnologia na facilitação das jornadas de viagens. Como exemplos são citados a biometria e o reconhecimento facial, que estão se tornando cada vez mais comuns nos aeroportos. Os viajantes buscam ter seus processos de viagens facilitados e isso é algo que já pode ser proporcionado pela inovação tecnológica.
  8. Trading Down: agentes de mercado estão procurando ampliar o alcance de seus clientes atingindo aqueles que tem menor poder aquisitivo, através de recursos como, por exemplo, facilidades de pagamento. Essa preocupação se dá pelo perceptível crescimento econômico de algumas camadas sociais em determinadas localidades do globo. E acaba se refletindo no crescimento de voos de baixo custo e numa movimentação para aumentar a segmentação de hotéis.

Muitas dessas tendências também já são realidade do Brasil, é ficar atento para não perder tempo e transformar para se adaptar e inovar.

Vamos falar sobre economia?

A economia não é nem de longe um dos temas favoritos dos profissionais do Turismo e também não é, talvez, o assunto que todos almejam ler numa segunda-feira de manhã, mas o assunto surge frequentemente devido à predisposição do setor às diversas variáveis, incluindo, obviamente, as alterações econômicas.

A Euromonitor International publicou na última semana um estudo de previsões econômicas ao redor do mundo e, estando o Brasil numa posição instável diante do tema, nosso país foi alvo também do estudo, incluídos dados macro como PIB, inflação, taxa de desemprego, taxa de juros etc.

De acordo com o estudo, nosso mercado emergente possui previsões otimistas de recuperação da economia. Para as taxas de juros, a probabilidade é que haja redução anual.  Com o consumo já se recuperando paulatinamente, a produção industrial também está voltando aos trilhos, apoiada pela produção automobilística, eletrônica e máquinas.

Como resultado, a previsão da Euromonitor de crescimento do nosso PIB fica em 0,5% em 2017 e em 2,1% em 2018.

Relação com o Turismo

Sendo um grande influenciador do setor, o quadro econômico geral conduz algumas esferas e interfere em outras, como o número de viagens para o exterior, o gasto de turistas brasileiros em viagens internacionais, o número de turistas estrangeiros por aqui, compra de serviços de turismo e passagens aéreas, intenção de consumo etc.

Ainda de acordo com a Euromonitor, a estimativa é de que 9,2 milhões de brasileiros realizem viagens internacionais  até o fim de 2017. Nos gastos no exterior, até o mês de agosto, este ano ultrapassou em 35% (em relação ao mesmo período do ano passado) o valor das despesas de brasileiros em viagens para fora do país, de acordo com o Banco Central.

O fato é que, estudos podem prever recuperação e prognosticar riscos, mas a influência do quadro econômico brasileiro no Turismo pode apenas ser sentido no desenrolar dos fatos. Trabalhamos em prol de um setor que é altamente influenciado pela economia e dependente dela, não tem pra onde correr (a solução é permanecer acompanhando!).

Tendências para o turismo latino-americano

Dando sequência à lista de tendências que irão guiar o Turismo da América Latina nos próximos anos, nós, profissionais da indústria, percebemos que, no Brasil, algumas dessas tendências já têm moldado expressivamente o nosso setor.

Já comentei a respeito do relatório WTM Latin America Trends Report 2017, realizado pela WTM Latin America em parceria com a Euromonitor em dois posts anteriores (aqui e aqui), não deixe de conferir!

Seguimos com duas fortes tendências:

Empoderamento das mulheres: a independência das mulheres, a conquista pelo seu lugar no mercado de trabalho e voz mais ativa em casa são alguns dos fatores que têm influenciado diretamente o Turismo. É crescente o número de mulheres que viajam sozinhas (no primeiro semestre de 2017, uma em cada sete brasileiras entrevistadas pretendia realizar uma viagem desacompanhada, de acordo com o MTur) ou que, quando em família, escolhem o destino de férias, já que das decisões de consumo de uma família, 90% possui influência da mulher, segundo a FGV (2015).

Entre Brasil, Chile, Colombia, Argentina, Venezuela e México, a taxa de emprego das mulheres é a mais alta por aqui: 54,9%. Dentre estas que possuem emprego regular, 36,4% sustentam o lar, tendo a maior fonte de renda da família.

De acordo com o relatório, nos últimos anos surgiram sites e blogs escritos por mulheres que relatam sua experiência como viajantes autônomas. O estudo também afirma que, na maioria das vezes, as mulheres viajam sozinhas em busca da liberdade para organizar seu próprio itinerário de viagem, além de buscar experiências próprias e ganhar sentimento de confiança.

Compartilhamento de experiências: a busca pela experiência tem sido uma das grandes engrenagens das novas tendências do turismo no mundo inteiro. Na America Latina esta tendência se tornará mais evidente nos próximos anos, de acordo com o WTM Latin America Trends Report. O compartilhamento digital das experiências de viagem e o seu consumo atraem mudanças na forma de viajar: quando o turista é influenciado a experimentar não só determinado destino, mas de determinada forma.

Blogs, perfis no Instagram e páginas no Facebook são algumas das ferramentas de compartilhamento que irão modificar ainda mais a forma de viajar, não se restringindo apenas à promoção do destino. Experiências como: diferentes maneiras de se fazer o mesmo percurso, fuga dos pontos tradicionais do destino, serviços de gastronomia que são verdadeiros “achados”, são algumas das experiências compartilhadas que terão mais força, pois dizem respeito ao que foi vivido e não só visitado.

Ao longo dos anos temos acompanhado as mudanças da indústria do Turismo e o seu desenvolvimento. São inúmeras as motivações para as mudanças do setor: economia, política, comportamental etc., e é importante que estejamos atentos a cada transformação. Entretanto, uma coisa não muda: viajar permanece sendo uma das principais formas de lazer e a atenção aos consumidores e suas preferências é fundamental para que sejam desenvolvidas estratégias eficazes para o Turismo, na América Latina ou em qualquer lugar do mundo.

Mais tendências do turismo na América Latina

 

Falei aqui, anteriormente, a respeito do relatório sobre perspectivas da indústria para a América Latina, elaborado pela Euromonitor e WTM Latin America. Nele, constam algumas das principais tendências para o setor latino-americano, das quais uma (a 3ª idade viajante) foi o tema do post anterior.

Dando continuidade à lista de mudanças que irão direcionar o Turismo nos próximos anos, trago mais duas fortes tendências para ficarmos de olho:

Turistas “sem chefe”: a busca pela qualidade de vida também no emprego ou cargo ocupado tem remodelado a forma de trabalho. O número de profissionais que deixam seus empregos para trabalhar no que gostam e acabam tornando-se chefes de si mesmos é crescente a cada ano e traz inúmeras transformações importantes nos hábitos de consumo e nas relações pessoais.

Esse segmento de turista tem horário de trabalho flexível, possui inclinação para serviços personalizados, tende a ser mais autônoma na tomada de decisões. Para este grupo de viajantes, a linha entre trabalho e lazer é bastante tênue e, por isso, exercem influência na tendência “bleisure” (business+leisure). Os turistas sem chefe, segundo o estudo, possuem estilo de vida mais “livre”, buscando também na vivência de uma viagem fazer aquilo que gosta.

Vendas via smartphones: outra forte tendência, que já pode ser percebida e tende a tornar-se mais expressiva, é o uso de smartphones na hora de adquirir pacotes de turismo, ou compra de produtos e serviços. Sendo integrante diário da vida do turista, estes dispositivos serão também uma via de compras habitual para os serviços de turismo a medida em que este tipo de transação for se tornando confiável para os latino-americanos.

Esta tendência também é reforçada pela convergência de redes sociais com sites de de compras, com ofertas direcionadas através de tecnologias e ferramentas de busca.

Além de elaborar publicidade compatível com esses dispositivos é importante também que empresas de turismo estejam preparadas para atender a este tipo de demanda, com hotsites bem estruturados, acesso a termos de compra e venda digitais e tecnologia para que sejam realizadas as transações via smartphones.

Analisar as tendências para o setor traz a perspectiva de transformações nos serviços de turismo oferecidos e também das expectativas dos turistas. No próximo post trarei mais duas tendências para o setor na América Latina. Acompanhe!

As 5 principais tendências para a América Latina

Turistas com +50 são tendência para a indústria latino-americana (Foto: WTM Latin America)

A WTM Latin America em associação à Euromonitor apresentou o “WTM Latin America Trends Report 2017”, um relatório das principais tendências na indústria de turismo e viagens que vão tomar forma nos próximos anos na América Latina.

Cada vez a mais, a orientação regente tem sido a procura de ofertas e serviços personalizados alinhado à busca pelo fazer, ver e sentir (experiência), em detrimento do ter e comprar.

O relatório analisa mudanças comportamentais e demográficas, como o envelhecimento da população e o novos hábitos femininos, por exemplo, e o impacto destes na indústria do turismo. Das tendências listadas abaixo, as 5 mais expressivas que moldam e irão influenciar ainda mais o futuro da indústria na América Latina, de acordo com o relatório, irei realizar postagens futuras para explanar as tendências, com base nas considerações do estudo. As tendências observadas serão:

Envelhecimento da população e influência no turismo
Profissionais sem chefe e sua forma de viajar
Empoderamento das mulheres
O mundo digital: compartilhamento de experiências
Vendas por dispositivos móveis

3ª idade viajante

O aumento da população idosa já é uma tendência global para os próximos anos graças ao aumento da expectativa de vida promovida pelo avanço da medicina, tratamentos e prevenção de doenças. Segundo o relatório, a geração que está envelhecendo (os baby boomers) traz a perspectiva de que essa classe será uma parcela fundamental para o turismo na América Latina.

Isso porque os baby boomers irão transformar os hábitos de consumo desta faixa de idade. A estimativa é de que, em 2020, mais de 88 milhões de turistas da América Latina tenham mais de 50 anos (um crescimento de 40% em relação ao número de turistas desta faixa etária em 2010), correspondendo a 28% da parcela total de turistas latino-americanos.

O que essa tendência traz para a indústria? Políticas públicas que atenderão às necessidades de melhorias e adaptações nos destinos para receber turistas idosos, linguagem promocional direcionada à faixa etária, agências de turismo especializadas no consumo dessa classe de turistas. É também um impulso para a economia do turismo, jé que, por serem, em maioria, turistas aposentados ou com trabalho flexível (de carga horária reduzida), estes turistas dão um forte incentivo para viagens de baixa temporada, segundo o relatório.