O que a taxonomia muda no Turismo Brasileiro? – Parte 2

Como detalhamos na Parte 1, a taxonomia estabelece parâmetros objetivos para que empresas, investidores e governos identifiquem o que realmente contribui para metas climáticas, ambientais, sociais e econômicas. 

A implementação da TSB vai alterar três áreas críticas, inclusive no turismo, que vamos acompanhar de perto: 

1. Acesso a Financiamentos: Empreendimentos turísticos alinhados à taxonomia terão prioridade em editais e linhas de crédito verdes (BNDES, Banco Mundial, fundos climáticos), além de acesso a investidores ESG e fundos de desenvolvimento sustentável. 

2. Políticas Públicas e Fomento: O governo federal, progressivamente, vai incluir os critérios da TSB em todas as políticas públicas, incluindo PAC do Turismo, emendas parlamentares, incentivos fiscais e programas de capacitação; transformando a conformidade com a taxonomia em requisito estruturante. 

3. Valorização Competitiva: Empresas, hotéis, restaurantes e destinos enquadrados na TSB ganharão reconhecimento internacional, diferenciação no mercado consumidor, certificações globais e maior atratividade para investidores e turistas conscientes. 

Mesmo tratando-se de um processo de inclusão que vai privilegiar as empresas enquadradas na taxonomia, teremos mais detalhes a partir da regulamentação de cada atividade e de suas leis. O mais relevante é que teremos parâmetros claros e as empresas, destinos e profissionais saberão como fazer sua parte para a mitigação do processo de aquecimento global que impacta nosso setor de forma contundente (falaremos mais na Parte 3) 

Taxonomia Sustentável Brasileira: o papel do Turismo – Parte 1

O Brasil chega à COP 30, em Belém (10 a 21 de novembro de 2025), com um feito histórico: a Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), recém-instituída pelo Decreto nº 12.705, que torna o Brasil o primeiro país do mundo a incluir o turismo de forma abrangente e integrada em sua taxonomia de sustentabilidade. Esta é uma decisão estratégica que não apenas ajuda a consolidar a liderança brasileira em turismo sustentável, mas também sinaliza uma transformação profunda na maneira como o setor opera, investe e contribui para o desenvolvimento sustentável do país. 

O que é a Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB)? 

A TSB funciona como um “dicionário da sustentabilidade” – um sistema de classificação oficial que define, com critérios técnicos e científicos, quais atividades econômicas, projetos e ativos são realmente sustentáveis. Coordenada pelo Ministério da Fazenda a taxonomia estabelece parâmetros objetivos para que empresas, investidores e governos identifiquem o que realmente contribui para metas climáticas, ambientais, sociais e econômicas.  

A TSB é orientada por três objetivos estratégicos. O primeiro é: mobilizar e reorientar o financiamento e os investimentos públicos e privados para atividades com impactos positivos, visando desenvolvimento sustentável, inclusivo e regenerativo. Em segundo lugar promover o adensamento tecnológico voltado à sustentabilidade, com elevação de produtividade e competitividade em bases sustentáveis. E por último criar bases para produção de informações confiáveis dos fluxos de finanças sustentáveis, estimulando transparência, integridade e visão de longo prazo. 

Por que o Brasil incluiu o Turismo na TSB? 

O Brasil é o primeiro país no mundo a incluir o turismo na TSB, e isso não é por acaso. O setor é responsável por cerca de 7% do PIB brasileiro e emprega mais de 7 milhões de pessoas, sendo fundamental para a economia regional, especialmente em áreas com biodiversidade significativa e comunidades tradicionais. Ao integrar o turismo na taxonomia, o Brasil reconhece o setor como parte essencial da transformação ecológica, criando um marco regulatório que alinha competitividade com sustentabilidade. 

A decisão reforça o compromisso brasileiro com a Agenda 2030 da ONU e as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Acordo de Paris, posicionando o turismo como vetor de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, proteção da biodiversidade e geração de trabalho decente em comunidades.