SEEKER: antecipação do comportamento do consumidor

A análise do comportamento do consumidor de viagens também passa a ser uma realidade; mas não depois da viagem, antes dela, para entender seu perfil, preferências e tipo de produto que o estimula mais. Isso traz uma enorme mudança na forma de fazer marketing dos destinos e produtos turísticos.

Assim como os dados de demanda turística estão cada vez mais antecipados, agora um projeto inédito da ACCOR  traz um estudo do perfil de viagens de seus clientes. Trata-se do SEEKER. O grupo da área de hospitalidade, por meio de seu programa de fidelidade Le Club Accor, acredita que o luxo vai além do serviço: “luxo é intuição e antecipação das necessidades do cliente”. O SEEKER, por meio de um entendimento profundo dos desejos do cliente busca entregar uma experiência única.

O levantamento é feito por meio da imersão do hóspede numa experiência sensorial que busca medir as respostas de comportamento como batimento cardíaco e a atividade cerebral sob certos estímulos diante de destinos e produtos turísticos (experiências). Além de inovadora, a ideia vai trazer novas perspectivas para o marketing dos produtos turísticos, da mesma forma que a identificação biométrica, trazendo não somente componentes tecnológicos, mas melhorando e antecipando a experiência do turista em qualquer etapa da viagem.

A pasta do turismo

A manutenção da pasta do turismo é uma boa notícia recebida pelo setor nessa quarta, 28/11.

A anunciada fusão do Ministério com Cidades e Integração traria danos irreversíveis ao segmento que pode gerar empregos, atrair investimentos e aumentar a arrecadação de divisas. Depois desse anúncio, os passos importantes serão a nomeação de pessoas com conhecimento na área e a existência de um orçamento à altura dos desafios que virão pela frente.

Da mesma forma, a continuação das políticas públicas essenciais como o Plano Nacional de Turismo 2018-2022 e o Conselho Nacional de Turismo, podem fazer com que muitos projetos não sejam começados do zero, ou outros abandonados.

Vale aqui lembrar das propostas elaboradas pelas entidades de turismo por meio do Conselho Empresarial da CNC, que é a contribuição dos empresários aos rumos do turismo no país. O documento já foi entregue ao então candidato Jair Bolsonaro, e poderá ser também um instrumento do novo Ministro e sua equipe.

Cada vez mais, a participação efetiva e forte das entidades e empresários se torna uma condição fundamental para os avanços do setor, sem depender de governos, mas interagindo para que cada um possa fazer bem sua parte. Falamos um pouco sobre isso no post da semana passada.

Conheça aqui as propostas do Conselho Empresarial da CNC.

O que virá?

Em tempos de mudanças de governos, temos percebido em nossas andanças, já há algum tempo, uma transformação na atuação dos atores públicos e nos empresários de turismo do Brasil. A sensação é de que os governos (federal, estadual ou municipal) estão cada vez menos atuantes no campo do turismo. Por uma lado há a junção da pasta com outros setores como cultura, esportes, e até cidades; por outro, diante dos déficits fiscais, há a diminuição de orçamentos dedicados ao setor. E percebemos, ainda, casos de indicação partidária com perfis totalmente inadequados para o turismo.

Nesse cenário, como fica a atuação do setor privado e das entidades de turismo? Todos em xeque. Com a dependência histórica das verbas, e das atuações descontínuas dos governos, os empresários ainda não encontraram um caminho de atuação independente e forte. Não há ações conjuntas numa indústria já fragmentada por natureza; há, muitas vezes, entidades com pouca representatividade e que não inovam na forma de fazer o associativo.

Queremos ser uma indústria forte? Queremos fazer lobby? Fica a minha reflexão, na torcida para que empresários do turismo brasileiro, dos diversos segmentos, possam liderar mais os processos ligados à promoção e comercialização de produtos e destinos turísticos.

 

8 megatendências que influenciarão o turismo

O Euromonitor International divulgou um novo relatório, no World Travel Market (WTM) de Londres, sobre as megatendências que moldam o futuro das viagens. A proposta da pesquisa é ajudar na compreensão das mudanças de comportamentos dos consumidores e como elas impactam os países e indústrias, mostrando como o setor turístico está se desenvolvendo globalmente dentro do ambiente econômico e social. No relatório foram divulgadas oito megatendências que abrangem consumidores de todo o mundo, comentadas abaixo:  

  1. Desconstruindo a viagem do cliente: a maior parte dos viajantes ainda está “presa” nos processos tradicionais que abarcam desde o momento de preparação da viagem até à volta para casa, deixando pouco espaço para a personalização. Mas isso tem mudado. Com a finalidade de elevar o grau de fidelização dos clientes, alguns agentes de mercado têm procurado envolver os viajantes fora das fases de engajamento tradicionalmente compreendidas, favorecendo, também, a personalização de experiências.
  2. Resíduos plásticos: Uma maior preocupação com o meio ambiente já é uma realidade em uma parcela dos viajantes globais. E a conscientização sobre os efeitos negativos dos resíduos plásticos aumentou consideravelmente entre eles. Isso tem levado diversas empresas do setor a buscar propostas mais sustentáveis e alternativas viáveis que conversem com esses clientes.
  3. A alegria de perder (The Joy of Missing Out): trata-se de uma tendência recente que veio para contrariar a hiperconectividade. Estimulados por um desejo de aproveitar o momento sem distrações, os turistas buscam “experiências off-line”. E os atores de mercado estão atentos a isso.
  4. Conservation China: nas últimas décadas, o mundo tem estado atento a modernização da China. Ao mesmo tempo em que, por vezes, se observa a imagem da China associada ao desrespeito com o meio ambiente. Por esse motivo o país está mudando, considerando a conservação e vendo o turismo como uma forma de impulsionar as economias rurais.
  5. Blurring Industry Lines: as marcas de varejo estão mais atentas à indústria de viagens para aumentar os pontos de contato com seus clientes. Seguindo a lógica de que as pessoas viajam em um período limitado do ano, mas consomem o ano inteiro, essas empresas começaram a pensar em produtos e serviços para alcançar esse público em qualquer época.
  6. Economia compartilhada ganhando os céus: aqui os consumidores optam por pagar pelo acesso/compartilhamento de bens e serviços dentro de um determinado período de tempo, baseando-se na negociação e não na propriedade. É a chamada “economia de acesso”, facilitada por serviços como reservas de transportes e hospedagens alternativas que contribuem, também, na personalização das viagens.
  7. Experiências “facilitadas”: essa megatendência aponta o uso da tecnologia na facilitação das jornadas de viagens. Como exemplos são citados a biometria e o reconhecimento facial, que estão se tornando cada vez mais comuns nos aeroportos. Os viajantes buscam ter seus processos de viagens facilitados e isso é algo que já pode ser proporcionado pela inovação tecnológica.
  8. Trading Down: agentes de mercado estão procurando ampliar o alcance de seus clientes atingindo aqueles que tem menor poder aquisitivo, através de recursos como, por exemplo, facilidades de pagamento. Essa preocupação se dá pelo perceptível crescimento econômico de algumas camadas sociais em determinadas localidades do globo. E acaba se refletindo no crescimento de voos de baixo custo e numa movimentação para aumentar a segmentação de hotéis.

Muitas dessas tendências também já são realidade do Brasil, é ficar atento para não perder tempo e transformar para se adaptar e inovar.

Valorização do dólar influencia turistas brasileiros

Os gastos dos turistas internacionais no Brasil cresceram 3,4%, de janeiro a setembro deste ano, em comparação com o mesmo período no ano passado. Essa porcentagem é referente às compras realizadas por cartão de crédito e às trocas oficiais de moeda. E, segundo o Banco Central, ela equivale a soma de US$ 4,51 milhões.

Por outro lado, os gastos dos brasileiros no exterior caíram de US$ 1,72 bilhão no ano passado para US$ 1,19 bilhão, em 2018, no mês de setembro. O que pode ser explicado substancialmente pela desvalorização do real neste ano, principalmente no início do segundo semestre.

Atualmente o dólar opera em alta e ronda R$3,70. Já o euro comercial está custando R$ 4,22. E esses valores têm bastante implicação no mercado turístico. Com a alta dessas moedas os gastos dos brasileiros tendem a diminuir porque dentro deste cenário busca-se reduzir o orçamento para as despesas em viagens no exterior, quando não se chega a adiar ou cancelar essas viagens. Mas vale lembrar que, por outro lado, o valor ainda termina por ser bastante atrativo para os estrangeiros virem ao Brasil. É o que expressa esse crescimento de 3,4%.

Mas não se deve esperar um quadro desanimador para os turistas brasileiros. Por exemplo, segundo a operadora de turismo CVC as suas reservas confirmadas somaram 3,48 bilhões de reais no terceiro trimestre. Número expressivo que totaliza um aumento de 30% comparado ao mesmo período em 2017, mostrando que os brasileiros continuam realizando suas viagens. E ainda neste campo, há de se considerar também que a alta do dólar pode contribuir para impulsionar o turismo interno ou por países da América do Sul. O que não pode ser encarado como algo negativo.

 

Como fazer mais por seu cliente

Segundo uma pesquisa realizada pelo Booking.com, os brasileiros passam mais tempo arrumando a mala das férias do que pesquisando o destino da viagem. Na pesquisa que reuniu 21.500 entrevistados de 29 países, o brasileiro ficou em terceiro lugar como a nacionalidade que mais passa tempo realizando essa tarefa, ficando atrás apenas dos indianos e dos colombianos.

De acordo com os entrevistados, o viajante brasileiro gasta, em média, seis horas e meia separando os itens para viagem. Duas horas e meia a mais do que ele leva para pesquisar acomodações (4h) e uma hora e meia a mais do que ele leva para pesquisar o destino (5h).

Toda essa preparação, no entanto, não impede que os brasileiros cometam alguns deslizes na hora da arrumação, como esquecer um item essencial (45%) ou colocar na mala mais roupas do que o necessário para o destino (48%). Sendo esse último dado algo que poderia ser melhor evitado com mais tempo de pesquisa sobre o local da viagem e as atividades que serão feitas por lá.

Para esse auxílio organizacional torna-se evidente o papel fundamental das empresas de turismo e, principalmente, dos agentes de viagens. O viajante pode ser melhor orientado recebendo dicas sobre o que fazer no destino e investindo mais tempo pesquisando sobre a cultura do destino e as opções de lazer disponíveis. Valendo também, a venda antecipada de experiências.

Por isso, a nossa dica é para que as empresas busquem se manter atualizadas sobre o comportamento de seus clientes (diversos sites de viagens mostram, com uma certa regularidade, pesquisas que revelam dados necessários para essa orientação) e encontrem a melhor maneira de ajudá-los.

 

Veja também nossa matéria sobre o papel do agente de viagens: https://bit.ly/2xLLuCS

Como alcançar os Millennials?

Millennials, ou geração Y, compreende as pessoas nascidas entre os anos de 1979 e 1995. Uma faixa etária de abrangência considerável entre pessoas com um relativo poder de consumo. E exatamente por esses motivo, é importante estar atento a eles.

Altamente conectados, esse grupo está sempre em busca de acesso à cultura e informações variadas, além de inspiração e entretenimento. E se dividem em dois subgrupos: os young millennials, que hoje têm entre 18 e 24 anos. E os old millennials, entre 25 e 34 anos.

Os young millennials tendem a ser mais realistas. E também são mais conscientes quando se trata da vida financeira. Ainda assim, e talvez justamente por isso, eles costumam ser adeptos da “filosofia” YOLO (You Only Live Once/Só Se Vive Uma Vez) e por essa razão prezam bastante pelo seu tempo.

Já os old millennials caracterizam um grupo que está passando por momentos da vida que exigem maturidade, ao mesmo tempo em que procuram se distanciar da carga da vida adulta através de pausas e atividades que consideram prazerosas. Eles costumam ser nostálgicos, e mais otimistas e flexíveis que os young millennials.

Para alcançar os dois grupos dessa geração é necessário que a marca interessada esteja atenta a essas particularidades e criem conteúdos que supram os seus anseios. Logo, ela precisa se preocupar em fornecer informação, ao mesmo tempo que oferece um conteúdo inspirador dentro de um meio que proporcione entretenimento.

Dentro do campo turístico podemos dizer que essa geração se encaixa no perfil de clientes que busca serviços mais econômicos, embora dentro de um padrão de qualidade. Por serem, em sua maioria, eficientes com a tecnologia, eles também tendem a ser mais autônomos ao planejarem suas viagens. Então, se um serviço mais tradicional, como os oferecidos por hotéis e agentes de viagens, quiser cativá-los, vai precisar oferecer a eles o que eles não podem obter sozinhos. Como o conhecimento diferenciado dos destinos e ofertas de experiências únicas. Quando se trata dos Millennials, a fuga do tradicional é sempre uma boa pedida.

A tecnologia e o humano na aviação

 

Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) anunciou os resultados da sua Pesquisa Global de Passageiros (GPS) de 2018. Foram 145 países envolvidos e mais de dez mil respostas fornecidas, para reafirmar a percepção de que, atualmente, os passageiros buscam novas tecnologias a fim de melhorar a eficiência das suas viagens.

A pesquisa revelou que os passageiros desejam se informar sobre as viagens em tempo real, através de seus dispositivos pessoais. Assim como apreciam “recursos facilitadores”, como é o caso da identificação biométrica, e “recursos de controle”, como o rastreamento de bagagens.

Receber informações sobre o status do voo (82%), bagagem (49%) e tempo de espera na segurança / imigração (46%) foram identificadas como as três principais prioridades dos viajantes após a reserva de um voo. Sendo essas informações preferencialmente recebidas através de um dispositivo pessoal. 73% dos passageiros, por exemplo, gostam de receber informações via SMS ou aplicativo de smartphone.

Outro dado mostrado pela pesquisa é que a maioria deles valorizam serviços que possam ser feitos de maneira autônoma. Como é o caso check-in de bagagem self-service, preferido por 70% dos entrevistados, e do check-in automatizado, preferido por 84%.

No entanto, é importante ressaltar que, embora as empresas devam ficar atentas e trabalhar para suprir o desejo dessa maioria, a minoria não deve ser ignorada. Embora seja menor, existe a parcela que ainda opta pelo “toque humano”. Cerca de 43% dos viajantes, por exemplo, preferem usar uma agência de viagens para reservar seus voos. E quando há algum tipo de problema, durante a viagem, uma parte considerável tende a resolver a situação por telefone ou interação presencial. Como já falamos aqui, em um texto sobre o papel do agente de viagens, o “toque humano” ainda é bastante valorizado.

Diante desse cenário fica posto o desafio dos aeroportos e companhias aéreas atenderem as expectativas dos seus clientes respeitando a pluralidade. Focar nos desejos em comum e trabalhar para oferecer uma diversidade de opções pode ser a melhor estratégia. Cada vez mais me convenço que as tecnologias estão avançando e tendem à melhorar a vida das pessoas, no entanto, nada substitui o contato humano. Não quero falar só com robôs.

Transformação digital

Hoje comemora-se o Dia Mundial do Turismo. E o tema deste ano, proposto pela Organização Mundial do Turismo (UNWTO), é “Turismo e a Transformação Digital”. A ideia é pensar sobre os impactos dos avanços tecnológicos e como o setor pode sustentar um crescimento contínuo e inclusivo dentro do cenário atual.

As tecnologias digitais abriram um mundo de possibilidades dentro do turismo. Por causa delas aumentaram-se as conexões e o acesso ao mercado turístico global por parte de diversas empresas dentro da área, possibilitando uma melhora na inclusão e no empreendedorismo de comunidades locais. Mas esse desenvolvimento positivo só pode ser proporcionado dentro de um modelo consciente de turismo sustentável. E se bem planejado, ele pode contribuir com benefícios fundamentais como a proteção do patrimônio cultural e dos recursos naturais. Ao mesmo tempo que auxilia o desenvolvimento do setor.

Um dos setores econômicos mais importantes do mundo, o turismo contribui com 10,4% do PIB mundial e gera 313 milhões de empregos. Também conhecido como um setor de rápido crescimento, tem nas tecnologias e plataformas digitais a contribuição para essa realidade. Ao oferecer, através delas, acesso global aos consumidores. E permitir que os provedores de serviços melhorem o desenvolvimento da área.

No Brasil o turismo é responsável por 2 milhões de empregos diretos e 2,9% do PIB direto. Mas há uma necessidade de se trabalhar melhor as tecnologias digitais na cooperação com o desempenho das empresas, da experiência dos turistas e da competitividade no mercado internacional. Havendo um engajamento maior do setor com essas tecnologias,  os desafios na gestão de destinos podem ser superados. Assim como, torna-se possível o aumento da competitividade local e da promoção internacional do Brasil.

 

O dólar e os movimentos dos turistas

Passando rápido para comentar a influência da alta do dólar, que passou dos R$ 4,00.

Como comentei há pouco aqui, a passagem do dólar para esse novo patamar tem influenciado de forma significativa as viagens dos brasileiros ao exterior. Em agosto desse ano, os gastos destes no exterior caíram quase 21%.

Do outro lado, os gastos dos estrangeiros no Brasil parecem não ter reagido na mesma proporção; cresceu 6% em agosto de 2018 em relação ao mesmo mês do ano passado.

A tendência, pelo menos até a posse e as primeiras medidas do novo Presidente da República, o dólar deve estar no patamar dos 4 reais. Segundo estimativas da EXAME o cenário externo e o nacional das eleições deve ter reações do mercado nos próximos dias.

Também comentado pela ABEAR, além da influência do dólar no preço do petróleo, os impostos também impactam fortemente os preços das passagens. Seguimos acompanhando.