Viagens de Verão na Europa: Recuperação Completa e Novas Tendências que surpreendem

A ForwardKeys, empresa espanhola de inteligência de viagens ForwardKeys anunciou os dados para o verão europeu de 2024. As informações revelam uma recuperação robusta na demanda por viagens de verão em toda a região e um retorno completo aos níveis pré-pandemia, com mudanças relevantes nas preferências dos viajantes. O mais interessante desses dados é realmente a possível “fuga” de lugares com muita gente ou muito populares. O que podemos suspeitar com os dados a seguir é o desejo de conhecer novos lugares, ir a cidades de menor porte e pouco desbravadas. Veja os dados e as análises a seguir.

Londres é o Destino Mais Procurado em Meio ao Hype das Olimpíadas de Paris

A análise das buscas de voos de janeiro a abril de 2024 mostra que Londres (com 5% da participação nas buscas de voos para a Europa) beneficia-se do maior aumento relativo na participação das buscas por viagens no verão de 2024 (+1,9 pontos percentuais). Esse fator é impulsionado pela empolgação colateral das Olimpíadas de Paris, que tem ligações de transporte facilmente disponíveis para a capital francesa. Paris, em si, mostra uma popularidade semelhante (+0,5 pontos percentuais de aumento), embora sua participação nas buscas seja ligeiramente menor, pois muitos visitantes dos Jogos planejaram viagens diretas com antecedência. Istambul (+0,4 %), Roma (+0,7 %) e Milão (+0,7 %) ganham em popularidade relativa, enquanto destinos na Espanha, Grécia e Portugal (incluindo Atenas, Lisboa, Madri, Palma de Maiorca) perdem espaço após desfrutarem de grande demanda nos anos pós-COVID – refletindo mudanças nas preferências dos viajantes europeus.

No entanto, alguns destinos estão contrariando essa tendência, incluindo Tenerife (+0,41 %) e Izmir na Turquia (+0,25 %), que estão tendo o maior aumento de buscas entre destinos de médio porte. O crescente interesse nas cidades do norte da Europa, Reykjavik na Islândia (+0,21 %) e Munique (+0,15 %) reflete a popularidade de destinos com temperaturas mais amenas durante o verão entre os turistas. Na Europa Oriental, Tirana, capital da Albânia (+0,07 %) continua a crescer em popularidade, construindo seu sucesso nos últimos anos, e é acompanhada por Yerevan, Capital da Armênia (+0,03 %) e Tbilisi, Capital da Georgia (+0,09 %) populares entre turistas europeus e russos, devido à combinação de patrimônio natural e cultural disponível a preços acessíveis.

Muzeu historik kombëtar, Tirana, Albânia

A análise dos dados de reservas antecipadas para viagens a destinos urbanos europeus em julho e agosto de 2024 revela uma mudança nas preferências dos consumidores em direção a destinos de natureza (+19%) e urbanos (+14%) em detrimento de destinos tradicionais de sol e praia (+8%). Interessante notar que a busca por lugares menores e menos populares parece ser uma tendência entre os europeus nos meses de maior movimento de turistas na região.

Viajantes Europeus Focados em Destinos Asiáticos

Mesquita Vermelha, Pettah, Sri Lanka.

As viagens de saída da Europa também estão mostrando tendências claras, com crescimento ano a ano nas viagens intra-europeias (+14%) e viagens de longa distância para uma gama diversificada de mercados asiáticos (+16%). Dados de reservas antecipadas para julho e agosto indicam que os viajantes europeus estão cada vez mais escolhendo explorar paisagens e culturas de Pequim (+132%) em particular, bem como Osaka (+66%), Bangkok, Tailândia (+21%), Colombo, Capital do Sri Lanka (+21%) e Kuala Lumpur, Malásia (+14%). Esses destinos se beneficiam de vários fatores, incluindo melhor conectividade, isenção de visto para europeus entrando na China e a taxa de câmbio favorável do euro para o iene. O crescimento moderado na demanda por mercados dos EUA, como Chicago (+14%) e Miami (+9%), também é notável.

2017 e a Indústria da Paz

(Foto: Divulgação)

O turismo na Turquia vive um momento crítico: pela primeira vez, em 16 anos, o número anual de turistas estrangeiros em Istambul apresentou queda, caindo de 36,2 milhões de visitantes em 2015 para 9,2 milhões em 2016. O fato, como sabemos, se deve à terrível onda de ataques sangrentos à Turquia no ano passado, que repeliu os turistas, já que um dos fatores primordiais para uma viagem de férias é o quesito ‘segurança’.

No mês em que se encontra o Dia Internacional de Combate à Intolerância Religiosa, é impossível não comentar o tema. O destino mais procurado no país, Istambul, antes agitado e ocupado com visitantes de luxo, foi o maior alvo de ataques de extremistas e sofre com seus bairros e pontos turísticos quase desertos.

Para a Turquia, o turismo é uma peça-chave da economia, sendo fonte substancial de moeda estrangeira e geração de receita. Em 2015, o setor faturou US$ 35,5 bilhões no país. O impacto na indústria de turismo e viagens gerado pelos atentados é devastador para todas as esferas relacionadas e também para as finanças do país. Só  Istambul é responsável por 4,5% do PIB turco.

É impossível não lamentar o cenário atual do país após se deparar com as palavras de Cetin Gurcun, secretário-geral da associação de agências de viagens da Turquia, TURSAB, de que “2016 foi um ano perdido para o turismo turco”.  E pior: mesmo em 2017, é um ano que parece não acabar para o setor na Turquia.

Com projeções ainda perturbadoras por parte dos profissionais da indústria no país e com a incerteza do desempenho futuro do setor (principalmente após o último atentado em Istambul, em uma festa de Ano Novo, que reforçou ainda mais o recuo dos turistas) as autoridades governamentais sabem, no fim das contas, que é impossível desistir do turismo.

O turismo é a indústria da paz. É sobre receber o que vem de longe, abraçar o desconhecido, aceitar o incomum e se surpreender com o novo. É espantoso que, diante da evolução das relações pessoais, tecnológicas e diplomáticas, ainda precisamos discutir terrorismo e sofremos com as consequências dos ataques. Que em 2017 novidades patrimoniais, naturais e culturais dos destinos ocupem os noticiários e que se inicie um ano transformador, de aceitação da diversidade, respeito às culturas e aos povos, na Turquia ou em qualquer lugar do mundo.