Turismo religioso apresenta crescimento global

Em audiência na Câmara dos Deputados no dia 11 de junho de 2025, o Ministro do Turismo, Celso Sabino, destacou o momento promissor do setor. Segundo ele, o Brasil registrou um aumento de 49% no número de turistas estrangeiros nos cinco primeiros meses de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. “Estamos a caminho de alcançar a marca de 10 milhões de turistas internacionais neste ano, o que pode consolidar o turismo como a principal matriz econômica do país”, afirmou o ministro.

Durante a mesma audiência, o deputado Bibo Nunes chamou atenção especial para o turismo religioso, ressaltando sua importância econômica e social. Para ele, o Brasil tem potencial para se tornar um polo de peregrinação e fé, tanto para turistas nacionais quanto internacionais.

O apelo de destinos espirituais transcende fronteiras. Segundo dados da Coherent Market Insights, o mercado global de turismo religioso foi estimado em US$ 1,38 trilhão em 2025, com projeção de atingir US$ 2,17 trilhões até 2032, impulsionado por uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 6,7%. Já outras análises apontam para um mercado mais conservador, mas ainda robusto: US$ 174 bilhões em 2024, com expectativa de alcançar US$ 263 bilhões até 2029.

Entre os principais destinos religiosos globais, além de Israel e Roma, destacam-se o Caminho de Santiago de Compostela ,com mais de 440 mil peregrinos em 2024, com crescimento médio superior a 10% ao ano; o Santuário de Fátima registrando mais de 6 milhões de visitantes por ano e Meca (Arábia Saudita), já que o Hajj e a Umrah atraem milhões de fiéis muçulmanos, movimentando bilhões de dólares na economia saudita.

O Brasil reúne todos os ingredientes para transformar o turismo religioso em um motor econômico: diversidade de expressões religiosas, festas populares com raízes espirituais profundas, além de santuários já consolidados como o de Aparecida (SP), o Santuário do Pai Eterno (GO) e o Juazeiro do Norte (CE), terra de Padre Cícero.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Artigos Religiosos, o turismo de fé movimenta cerca de 18 milhões de viagens ao ano no Brasil e gera um impacto econômico superior a R$ 15 bilhões, entre hospedagem, transporte, alimentação e comércio de artigos religiosos.

Além da alta resiliência econômica, o turismo de fé oferece estabilidade de demanda já que peregrinações e festas religiosas ocorrem ao longo de todo o ano e forte engajamento emocional, uma vez que experiências religiosas geram vínculos duradouros com os destinos.

As declarações do Ministro Celso Sabino mostram que o Brasil está atento à vocação econômica do turismo. Ao mesmo tempo, o alerta de Bibo Nunes sobre o potencial do turismo religioso reforça a necessidade de políticas públicas e iniciativas privadas focadas neste nicho de alto valor agregado.

Num mundo em que o viajante busca mais do que belas paisagens — busca sentido, conexão e experiências autênticas — o turismo religioso surge como um caminho viável, lucrativo e profundamente transformador. Para o Brasil, é mais do que uma oportunidade: é uma vocação pronta para ser lapidada. A fé move negócios.

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Ricardo Hida

Doutorando, Mestre em Ciência da Religião e pesquisador da PUC-SP em Turismo religioso, é escritor e professor. Graduado pela FAAP e pós-graduado pela Casper Líbero, trabalhou na Air France, Accor, Atout France e hoje dirige a Promonde, consultoria de marketing e comunicação. Escritor, está à frente também do Fórum de Turismo e espiritualidade. Foi em uma viagem de imprensa a Lourdes, na França, na época em que era diretor adjunto do escritório de Turismo francês no Brasil, que Ricardo Hida compreendeu a dimensão do Turismo religioso. Ao voltar para São Paulo, foi conhecer mais sobre esse universo que movimenta milhões de viajantes a cada ano em todo o mundo, há muitos séculos. Romarias, peregrinações, retiros. Não importa a tradição, o segmento não para de crescer.

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