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Imbecilidades – o seu telefone irá tocar (até onde me exponho?)

Dizem que tudo em excesso é ruim. Não sei, deve haver exceções. Ou períodos em que o excesso pode ser apreciado sem consequências graves, ou antes de elas chegarem. Pois preço a pagar sempre há.

O excesso de bravatas, por exemplo, acaba por isolar pessoas. Quantos empresários já não vimos sucumbirem devido a sua vaidade excessiva e por agirem como os coronéis mortos de Gabriela? Quantas atrizes se deformaram com botox e outras técnicas, para permanecerem jovens.

Ah os jovens. Eles podem ser imbecis por mais tempo. Mas hoje em dia, em que estão 25 horas por dia conectados… Vários estudantes tiraram fotos de suas provas e dos cartões de resposta das provas no Enem e postaram nas redes sociais. Tipo: “amigo, amiga, conhecido, conhecida, você que segue e não sei por que, pai, mãe, ninguém, todo mundo… tô no Enem”.

Mas não está mais. Quem postou fotos das provas em redes sociais, está desclassificado. Expulso do concurso. Só ano que vem… Ou pede pro papai pagar inscrição na Universidade Pagou Passou. E não esquece de fazer check-in.

Pois não entendo essas pessoas que vivem se expondo no mundo virtual. Claro, quando a gente viaja quer mostrar algumas fotos, quando ouvimos uma canção legal queremos compartilhar, quando nasce o filho de um amigo, queremos parabenizá-lo e celebrar juntos. O mundo on-line serve para isso. É o nosso mundo. On e off são uma coisa só.

Mas fazer daquilo um diário… Fazer chek-in em ponto de ônibus… distribuir uma piada, montagem, meme… a cada meia hora… Isso é excesso. É carência. É não ter noção. E isso vai ser cobrado no futuro.

Já há empresas que não contratam profissionais baseados no que eles postam nas redes… Esses meninos que tiraram fotos das provas e divulgaram, a outra que tentou pular o muro depois que os portões se fecharam (e ela disse que morava do lado), aquele que fala mal da empresa onde trabalha a toda hora (um conhecido lamenta todo o trabalho a fazer on-line… não tem chefe esse rapaz? Manda canelar!!!), aqueles que mentem estar doentes e de repente fazem check-in on-line no clube… Aqueles que divulgam que têm carro do ano, que viajam o mundo, que mostram a rotina dos filhos!!!!

Carência ou vaidade? Os dois. Mostrar que se tem, que se pode, dizer “como sou criativo”, “como sou querido e descolado, “como estou ao par com as últimas tendências do… do que mesmo?”… isso é tão importante?

E o que dizer das subcelebridades que mandam e postam fotos de absolutamente tudo o que fazem?

O pior: há leitores e há veículos… Como há muitos sites que exploram fotos proibidas e privadas, e poucas celebridades para tantas homes e páginas, apela-se para as subcelebridades, as celebridades esquecidas… E aí tem o público que quer fazer o mesmo.

Nós do turismo, conhecemos isso. Aqueles que querem registrar tudo o que fazem… Eles juram que são notícia. E a maioria dos sites de turismo “compram” essas notícias. Se vocês imaginassem tudo o que nos pedem…

Bom, o espaço está aberto para cursos de como usar as redes, a internet, como se expor, o que expor… Tem de ser matéria de escola, de qualquer faculdade… As pessoas perderam a noção. Se exibem sem razão.

Um dia o preço chega. Uma expulsão do Enem, um vídeo de sexo pessoal, uma chance de emprego perdida, o rótulo de desocupado/a (ou até de viciado em se exibir)…

Eu tento ficar no meio do caminho… Usar a internet para fins profissionais, com um pouquinho de vaidade aqui e ali, e criando uma rede on-line que me interesse.

Quando eu ficar solteiro, não será aqui que direi… Quando eu acordar, não postarei uma foto com a cara amassada. Quando eu chorar, não te molharei com minhas lágrimas de pixels. Quando eu precisar de ombros amigos, o seu telefone irá tocar. Quando eu tiver uma boa piada, tentarei compartilhar, mas geralmente o faço com quem está a minha volta (e rimos muito na Redação, por exemplo). Quando eu sentir saudades, pensarei em você. Quando eu quiser uma foto de suas crianças, vou eu mesmo aí e tiro uma na sala cheia de brinquedos. Quando eu sentir fome, peço on-line e me entregam, mas você nem vai saber o quanto estou engordando. Quando eu estiver vendo vídeos proibidos, pode ser que você esteja ao meu lado, mas não precisamos de plateias. Quando eu chegar em casa, chegarei em casa. Quando eu quiser participar de uma discussão on-line, me verás por lá. Quando eu achar aquela foto antiga, mando pra você no e-mail, no skype, no msn… Mas quando eu quiser rir junto, levo o álbum, imprimo cópias… Quando eu chegar antes de você, mando uma mensagem. Quando você chegar antes de mim, guarde o meu lugar.

Para quem importa é assim. Estou on e off, off e on. Nunca apenas uma coisa. Nunca em excessos prolongados. Assim espero. Mas se eu me exceder, espero que você me diga. Você tem meu número. É só me telefonar (coisa tão antiga…).

PS: adoro navegar na internet, descobrir coisas, fuçar, ver e-mails no smartphone ou no tablet, fico nervoso se não estou conectado… às vezes até me excedo. Mas quando é preciso silêncio, quando é preciso olhar no olho… coloco no modo silencioso (e torço para não vibrar rs). Em resumo: é muito difícil ver os limites, os excessos… e é aí que contamos com os amigos. Para dizer se estamos indo bem em nossa etiqueta virtual… Bom, adoraria colocar aqui uma foto sem camisa…mas melhor não.

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Sobre o Autor

Artur Andrade

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

Comentar

  • Artur,

    ainda estamos todos nos acostumando as novas ferramentas, ouvi em um evento semana passada: “as pessoas não querem reconhecer a sua marca nas redes sociais, elas querem ser reconhecidas”. Estamos todos experimentando esse novo glamour, podemos também ser notícias.
    Já cometi vários exageros, me mantenho cada dia menos presente, contudo cada dia mais leitor.

    Quanto aos excessos, aos exagerados, eles existiam fora da internet, fora das redes sociais, graças as nossas diferenças, nem todos estão na curva.

    E a culpa do holofote no rídiculo e na sub celebridade é a nossa curiosidade infantil e imbecil. E dela não há cura.

    Boa semana.

    • Grande Augusto… a internet é terra de ninguém mais que nunca. selecionar é difícil. saber o que está por trás, mais ainda… Uma pesquisa divulgada ontem mostra que os adolescentes hoje estão mais distraídos e dispersos. Aí o sem noção tira foto da prova do Enem e perde um ano de vida. É assim que se aprende. Mas ser ridículo e apreciar o ridículo faz parte também né… Temos de rir um pouco, até de nós mesmo…
      Abraço

  • Artur, meus parabéns!
    Pena que nem todos, principalmente aqueles que deveriam, irão compreender sua mensagem. De qualquer forma, seu texto é um excelente convite à reflexão!
    Abraço,

  • Artur, e vc continua sem o facebook???? kkkkkkkkkkkk Perfeito o post! Vc disse tudo e mais alguma coisa! APROVEITEM A VIDA!!! Ela está lá fora!! Abs

    • sem Facebook
      mas de vez em quando apareço no Face da PANROTAS…para antecipar entrevistas no Jornal PANROTAS ou no site…
      não sou tão isolado assim hein
      obrigado
      beijos
      Artur

  • Bravo Artur

    Seu texto está de acordo com o que penso. Algumas coisas são muito legais de compartilhar, mas temos que dosar.

    Do que já vi de ex colega de trabalho reclamando da empresa (sendo seguidor dela na rede, tendo chefias adicionadas) e depois postar uma carta de despedida agradecendo… Palhaçada pura. Falta ética profissional, que o jovem de agora não percebe.

    Erros de grafia cometemos. É humano, mas notamos e muito a “galera do bora pra facu” escrevendo como falam, como se as palavras não tivessem R, principalmente os verbos.

    Para a geração vivo online segurar a onda é a onda.

    • Perder a prova do Enem porque a necessidade de postar foto e mostrar aos amiguinhos (que devem estar também fazendo a prova) o que se está fazendo é um dos cúmulos do absurdo… Tem gente que perde emprego, namorado, casamento, oportunidades porque se expõe demais. Não sabe usar as ferramentas a favor…
      Tava sumida hein
      Abraços
      Artur

  • Grande texto. Pura verdade. As pessoas perderam a noção de espaço. Seria falta de educação junto com a carência e a vaidade? Tudo errado. Brasileiro segue moda. Moda do vizinho. O errado vira certo e o certo fica errado.
    Parabéns! Forte abraço!

  • Olá Artur, parabéns pelo texto!
    Muita gente perde mesmo a noção e se excede nas redes sociais, e poderiam aprender a usar as ferramentas para não se expor tanto, como restringir acesso a fotos e atualizações do facebook, por exemplo.
    Eu tenho é medo de fazer check-in em todo lugar que vou… imagine se um psicopata resolve me seguir? Me acha fácil!

    • Esse negócio de check-in é o auge da vaidade e do pedido de “olhem como sou bonito, descolado”, só falta dar beijinho no ombro…
      Mas não podemos negar que o virtual nos trouxe muitas coisas boas…Não saberia vover sem celular, internet…hehe logo eu que cresci brincando de pique nas ruas de Copacabana
      obrigado pelo comentário
      Abs
      Artur

  • Sensacional Artur !

    Mantenho dois blogs ativos, sendo um para o mercado divulgando a competitividade no turismo e outro pessoal, sobre minhas experiências gastronômicas na companhia dos amigos. Tenho dois perfis no Facebook, um no LinkedIn e monitoro 4 emails diferentes.

    Esta linha tênue para uns e larga para outros do que é necessário comunicar e do que tenho interesse em ser informado precisa ser amplamente discutida e divulgada.

    O parágrafo “Quando eu ficar solteiro…” é tudibom ! Podemos nos apropriar do texto e colar nas redes ? Parabéns !

    André Paranhos
    rioturismocompetitivo.blogspot.com
    feijoadascariocas.blogspot.com

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é carioca, taurino, jornalista e nasceu em 1969. É editor-chefe da PANROTAS Editora e mora em São Paulo desde 1998

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