O ano começou mal para as empresas de turismo na B3! Entenda!

Este é daqueles posts que eu escrevo com gosto amargo na boca, mas a verdade é que faz muito tempo que não vejo um ano começar tão ruim para as empresas de turismo de capital aberto na B3.

Explico!

Juntas, CVC, GOL e Azul já perderam R$ 2.2B em valor de mercado em apenas 2 meses, veja:

A CVC acumula queda de 32% no ano, ela atingiu o menor nível histórico desde o IPO, que chegou a valer no auge em fevereiro de 2019, R$ 15B em valor de mercado, e agora vale “apenas” R$ 795M, uma queda de 94% portanto.

Sobre a CVC paira uma dúvida enorme se a gigante de Santo André vai conseguir renegociar a dívida que vence no primeiro semestre de R$ 695M, ela já contratou a BR Partners para fazer o reperfilamento desta dívida, mas especulo que não deve estar sendo uma negociação fácil;

A GOL caiu 23% no ano, as ações da companhia valem hoje menos que no auge da pandemia, recentemente a S&P e Fitch, agências globais referências em ratings, rebaixaram a nota de crédito da empresa de CCC+ para CC.

Já a Azul teve a maior queda entre as três, de 33%, outra empresa que também está valendo menos que na pandemia, a S&P também rebaixou o rating de crédito da companhia de CCC+ para CCC-.

A triste curiosidade aqui, é que quem investiu no IPO em qualquer uma destas empresas, perdeu muito dinheiro, por exemplo, a Azul abriu capital em abril de 2017, quem colocou R$ 10mil reais na época, achando que 6 anos depois teria um bom rendimento, hoje teria na conta apenas R$ 2.900 (dois mil e novescentos).

Já na GOL, quem entrou no IPO da empresa em 2004, achando que ia deixar uma boa herança para o filho, 19 anos depois, também se deu mal, quem colocou R$ 10mil reais em 2004 na empresa, hoje teria R$ 2.100 (dois mil e cem reais).

A CVC também não deu bom retorno para os acionistas que apostaram no IPO em 2013, quem colocou R$ 10mil reais na época, 9 anos depois teria R$ 2mil reais.

Juros altos é um câncer para empresas com alto endividamento

Em comum, as três possuem um alto endividamento de curto prazo, e com as taxas de juros nas alturas o custo da dívida ficou ainda maior.

Lula não está errado quando fala que a taxa de juros de 13,75% está uma vergonha, sobretudo com a inflação razoavelmente controlada (bateu 5,79% em 2022), de fato isto paralisa a economia e aumenta muito o custo financeiro, entenda que hoje um banqueiro de cueca samba canção e pantufa sentado no sofá, empresta dinheiro para o governo com um risco extremamente baixo e recebe de retorno 13,75% ao ano.

Este mesmo banqueiro, pra tirar a bunda do sofá e emprestar dinheiro para uma CVC ou para uma companhia aérea, vai cobrar um “prêmio pelo risco” muito alto, o que aumenta substancialmente o valor do juros e consequentemente da dívida.

Ainda tem a sombra do rombo da Americanas, que historicamente era uma companhia AAA em termos de crédito e rating, e que inevitavelmente, por tabela, gerou uma insegurança enorme para os bancos em relação a emprestar dinheiro para empresas com alto endividamento.

Uma Recuperação Judicial seria horrível para o setor

Note que na ausência de qualquer uma destas empresas conseguir honrar os compromissos de curto prazo, o caminho natural é uma recuperação judicial, o que seria horrível para o setor, que ainda tem muitos reflexos dos últimos 2 anos de pandemia.

No caso das companhia aéreas, a GOL conseguiu alongar a dívida que vencia em 2024 e 2025 para 2028, em troca, claro, de um juros mais altos.

A Azul está neste exato momento trabalhando para alongar suas dívidas também, decerto que o ponto de atenção e o que tira o sono dos executivos financeiros da companhia é o custo desta dívida.

Já a CVC talvez esteja com a situação mais difícil entre as três, é a que possui maior dívida de curto prazo, 600 milhões das debêntures emitidas vencem agora em abril.

Vamos torcer para que tudo melhore e se acalme, a pior notícia que podemos ter este ano é o pedido de recuperação judicial de algum player relevante, o recente caso da Avianca no nosso setor, e mais recente ainda da Americanas no varejo, provou que uma empresa gigante ruim consegue afetar todo o mercado.

Por dias melhores no turismo \o/

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