Viajar pela Pacific Coast Highway é um programa que encanta até quem não é grande adepto de road trips. A estrada, também conhecida como Califórnia Highway 1 ou California 1, percorre o litoral do Estado mais famoso do Oeste dos EUA de norte a sul. Seu trecho mais procurado é entre Santa Mônica (Los Angeles) e São Francisco.
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São 730 km que poderiam ser percorridos entre nove e dez horas, se o objetivo fosse viajar em apenas um dia, direto. Mas, para quem quer apenas chegar de um ponto ao outro, melhor fazer o roteiro pela I5, em seis horas, ou combinando essa rodovia com a US-101 (nesse caso, são seis horas e meia). Pela Pacific Coast, o mais importante não é o destino, mas sim tudo aquilo que se encontra pelo caminho.
E há de tudo: cânions, praias, pontes, serras, paisagens deslumbrantes e muitos locais que merecem algumas horas de visita, ou até mesmo um dia todo. Por isso, o ideal é passar pelo menos duas noites em pontos diferentes da Pacific Coast Highway. Se você tiver mais tempo, melhor ainda: fique mais, porque vale a pena.
Meu roteiro completo pela Pacific Coast Highway foi de sete noites, sendo três no ponto de partida (São Francisco) e duas em Los Angeles. As outras duas foram divididas entre San Luis Obispo e Santa Barbara, ambas na Pacific Coast Highway.
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Pacific Coast Highway: a estrada
Há alguns trechos da Pacific Coast Highway que têm pista dupla, especialmente nos momentos que ela se confunde com a US-101. Isso ocorre um pouco à frente de San Luis Obispo (mais precisamente em Gaviota Beach). As duas vias só voltam a se separar muitos quilômetros depois, na aproximação a Malibu.
Mas a maior parte da Pacific Coast Highway é composta por pista simples, em estrada cheia de curvas, com montanhas e muitas pontes. Na maioria dos trechos, à direita o Oceano Pacífico sempre está à vista (no meu caso, que parti de São Francisco rumo a Los Angeles), com seu tom azulado.
Há uma grande variação de velocidade máxima permitida. Nos trechos de serra mais travados, fica em torno de 35 milhas por hora (56 km/h). Nos demais pontos de pista simples, é permitido acelerar até 55 mph (88 km/h). Nos locais em que a pista é dupla, a máxima é de 65 mph (104 km/h).
O piso da Pacific Coast Highway é bem pavimentado na maior parte dos trechos, e a estrada é bem sinalizada. Entre São Francisco e Los Angeles, não há pedágios nessa via.
Fiz a Pacific Coast Highway ao volante de uma RAM 1500, pois minha viagem foi mais ampla do que esses sete dias – incluindo parques como Death Valley, em que algumas áreas são mais fáceis de percorrer com um veículo robusto. Mas qualquer tipo de automóvel é adequado para o trajeto.
Como a estrada é cheia de curvas, esta pode ser uma excelente oportunidade para alugar um carro que ofereça mais esportividade ao volante, como um BMW 320i ou um Ford Mustang (mais comuns nas locadoras). No trajeto, encontrei muitos Chevrolet Corvette e Porsche 911 – que já são um pouco mais difíceis de achar em empresas tradicionais de locação.
Como chegar e o que ver
Navegadores GPS do próprio carro ou os usados no smartphones (Maps e Waze, por exemplo) costumam calcular a rota usando vias expressas e o caminho mais rápido. Para não ter erro, em São Francisco coloque a localização Pacifica no dispositivo.
Assim, logo que sair de São Francisco, você já estará na Pacific Coast Highway. No trecho inicial, já são avistadas inúmeras montanhas e praias como Montara Beach. Cerca de duas horas e meia depois, seguindo pela CA-1, chega-se a Monterey, que vale algumas horas de visita.
Ao lado, está uma cidadezinha ainda mais interessante, Carmel-by-the-Sea. A viagem continua em direção à região de Big Sur. E é neste ponto que estão as paradas mais interessantes e cênicas, que têm pontos de observação para produção de imagens.
Em Whaler’s Cove, grandes perdas emergem do Pacífico e, dependendo da hora do dia, as nuvens parecem se projetar do mar ao céu. Bixby Bridge é a ponte mais famosa da Pacific Coast Highway. Logo adiante, o Hurricane Point é um belíssimo desfiladeiro, com uma pequena praia ao lado.
Outras paradas importantes a caminho de Los Angeles são San Luis Obispo, Santa Barbara, Malibu e, finalmente, Santa Mônica.
pacific coast highway: Carmel e Monterey
Monterey é a cidade sede do concurso de elegência de Pebble Beach, o mais famoso evento de carros clássicos dos Estados Unidos – aliás, coincidentemente, este ocorreu uma semana antes de eu passar por lá.
Em Monterey vale passear por Old Fisherman’s Wharf e Cannery Row – região que abrigava antigas fábricas de sardinha e se transformou em ponto turístico. Nos dois locais, você terá lojas, restaurantes e belas vistas do Pacífico. Se houver tempo, a cidade tem um interessante aquário.
Além de praias lindas (e um tanto geladas), Carmel-by-the-Sea investe na preservação histórica. Seu epicentro é a Ocean Avenue, que termina na praia Carmel Sunset Beach. Estacione o carro nos arredores e vá conhecer os charmosos cafés, restaurantes, inúmeras galerias de arte e lojas de grifes de luxo.
Minha recomendação de hospedagem para a primeira noite na Pacific Coast Highway é Carmel, após visitar Monterey. Para ficar no epicentro da cidade, escolha o Pinne Inn, belíssima propriedade cuja decoração clássica combina com o clima retrô da cidadezinha.
Por lá, o estacionamento é gratuito. Diárias a partir de US$ 260 em outubro. Uma curiosidade sobre Carmel: fundada em 1916, ela já teve como prefeito ninguém menos que Clint Eastwood. Aliás, quem acaba de comprar uma mansão histórica em Carmel é Brad Pitt.
pacific coast highway: Big Sur
Se Monterey tem um centro revitalisado e muito turístico, e Carmel investe no clima retrô, a parada seguinte traz um clima de Velho Oeste à Pacific Coast Highway. Em Big Sur, a cerca de 40 minutos de Carmel, estão pontos importantes citados acima, como Bixby Bridge e Hurricane Point.
A área de Big Sur tem cerca de dez quilômetros com complexos que parecem ter saído de um filme de faroeste. Incluem postos de combustível, restaurantes, lojas e hotéis de rodovia. O destaque fica por conta do River Inn, com diárias a US$ 250 em outubro.
Para quem quer uma hospedagem com mais clima de clássica road trip americana, Big Sur tem esta e outras opções. Inclusive, alguns campings. Já San Luis Obispo acabou sendo apenas uma parada para dormir, por causa de problemas logísticos que enfrentei (explico abaixo). O local, no entanto, merece ser explorado, segundo os turistas com quem conversei por lá.
Santa Barbara
A segunda noite foi em Santa Barbara, que merece mais que um dia de visita. Mas, como eu não tinha esse dia extra, aproveitei a belíssima orla da cidade com uma passagem pelo Stearns Wharf, seu pier mais famoso (com restaurantes, algumas lojinhas e estacionamento gratuito).
As praias do centro são East Beach e West Beach, com faixa de areia (branquinha) longa e boa infraestrutura. Na parte oeste, a água é extremamente calma. Outro ponto que visitei foi a State Street, considerada o centro de Santa Barbara.
A zona animada tem alguns dos restaurantes mais bacanas da cidade. Recomendo o espanhol Loquita (202 State St), em que comi uma das melhores paellas da vida. É importante fazer reserva, pois o local é concorrido.
O estilo espanhol, aliás, domina a cidade. E pode ser visto em uma das melhores opções de hospedagem de Santa Barbara, o hotel Californian. Descolado e contemporâneo, está bem ao lado da State e tem diárias a partir de US$ 800 em outubro, com US$ 48 de estacionamento por dia.
Para economizar, tanto as praias do lado leste quanto do oeste têm boas opções de hotéis no estilo bed & breakfest, com estacionamento gratuito. Eu recomendo o Blue Sands Inn (US$ 200), com quartos confortáveis, piscina, visual contemporâneo.
Fica do lado oeste. Nas proximidades, por cerca de US$ 70 a mais por dia, mas com uma oferta bem melhor de serviços, há um resort a beira mar: Hilton Santa Barbara Beachfront.
São Francisco de carro
Pontos inicial e final da viagem, São Francisco e Los Angeles são visitas obrigatórias para quem quer começar a conhecer a Califórnia. Qualquer roteiro sobre ambas merece uma reportagem exclusiva. Por isso, aqui o foco é o automóvel nessas duas grandes cidades.
São Francisco, com atrações mais concentradas, merece pelo menos três dias. Tem entre os destaques a orla de Fisherman’s Wharf, Golden Gate Bridge, as ladeiras, as casas de estilo vitoriano e o distrito Haight-Ashburry, epicentro do movimento hippie.
E sabe o que é ideal em São Francisco? Explorar sem carro. Por isso pode ser mais interessante começar a jornada na Pacific Coast Highway pela cidade do norte. Nesse caso, você só precisa alugar o automóvel no dia de partida.
Dá para explorar San Francisco a pé, de ônibus, bonde, Uber ou táxi (estes ficam sempre entre US$ 10 e US$ 15). Já estacionar o carro nos hotéis pesa no bolso. No meu, a diária para o automóvel era de US$ 67 (com manobrista). Mas como minha RAM 1500 é de porte grande, a conta subiu para US$ 77 por dia. Não vale a pena.
Hospedei-me na região de Union Square, que é central e está a um táxi rápido da maioria das atrações. Além disso, concentra a maior parte dos hotéis. Minha escolha foi o Beacon Grand, que ocupa um prédio histórico, mas foi completamente remodelado. Tem um excelente bar rooftop, um bom restaurante e quartos muito modernos. Diárias a partir de US$ 310 em outubro.
Los Angeles de carro
Los Angeles, extremamente espalhada e com péssimo sistema de transporte, é cidade que exige carro para ser explorada. Três dias é o mínimo, mas dá para ficar bem mais, pois as atrações são inúmeras – incluindo as imediações.
Táxi e Uber em Los Angeles são caríssimos. De Santa Monica a Beverly Hills, por exemplo, você vai gastar pelo menos US$ 70. Então, o carro vale a pena. O problema é que nos bairros mais badalados as diárias de estacionamento custam entre US$ 50 e US$ 70. Mas há alternativas.
No moderninho Andaz Calabasas (US$ 200), que fica naquele que é hoje um dos bairros residenciais mais valorizados da cidade, o estacionamento custa US$ 15 por dia, uma excelente oferta para Los Angeles. As opções noturnas na área, porém, são bem restritas.
Para explorar bares e restaurantes de táxi e Uber, o melhor é hospedagem em locais que tenham vida noturna mais animada, como Hollywood, West Hollywood, Beverly Hills e Santa Mônica. E aqui vai uma dica: em Fairfax, entre Beverly Hills e West Hollywood, o The Beverly Laurel tem estacionamento gratuito, com manobrista.
É uma propriedade no estilo road hotel (que os americanos chamam de motel) em pleno coração de Los Angeles. Todo reformado, é simples e sem muitos serviços, mas charmoso e confortável. Além disso, tem restaurante próprio investe em um ar retrô, pois é uma propriedade histórica. Diárias a partir de US$ 170 em outubro.
Dicas importantes
Faz calor na Califórnia no verão? Muito! Em áreas de deserto, as temperaturas são altíssimas. E mesmo em Los Angeles, a estação é muito quente. Mas não a beira mar. A brisa do Pacífico pode deixar as temperaturas bem mais baixas nas zonas litorâneas até em julho e agosto.
Em locais como Carmel, Monterey, Malibu, Santa Barbara e Santa Mônica, houve momentos em que, mesmo com sol, eram 19 graus Celsius nos termômetros. Recomenda-se, portanto, estar preparado. Para quem sente mais frio, um agasalho é importante para essas regiões mesmo no verão.
É comum a neblina na Pacific Coast Highway. Em locais como o Hurricane Point, deixa a paisagem mais bela. Em outros, pode atrapalhar bastante. Houve pontos em que nem dava para ver o Pacífico, embora ele estivesse bem ao lado.
A neblina na região é mais comum pela manhã. Por isso, pode valer a pena explorar alguns locais na parte da tarde, para ter uma experiência melhor.
Logo abaixo de Big Sur, há um trecho da Pacific Coast Highway em que o asfalto desabou, formando um buraco. Por isso, em alguns momentos do dia, a rodovia pode estar fechada (como ocorreu em um dos dias em que a percorri). Nesse caso, é preciso voltar até Monterey para fazer o roteiro pela US-101.
Antes de viajar, pesquise se a estrada está completamente aberta. Se não estiver, vale a pena sair cedinho de Carmel, visitar Big Sur e depois voltar para Monterey para ir locais como San Luis Obispo e Santa Barbara pela US-101. Se deixar para fazer isso no fim do dia, será cansativo.
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