É uma grande alegria poder voltar ao conteúdo sobre roteiros de viagem fora do Brasil. A medida que as fronteiras da Europa vão se abrindo para brasileiros vacinados, começo a postar aqui conteúdos sobre regiões incríveis do continente. Começo pela França, um dos primeiros países a anunciar a abertura. Mais precisamente, pela Provença, o local que mais me surpreendeu nos últimos anos.
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Para quem gosta de fazer road trips explorando estradinhas secundárias com lindas paisagens, a Provença é um destino ideal. Conhecida pelas lavandas, os vinhos, a gastronomia e a arquitetura de estilo provençal, a região do sul da França é muito diversificada. A maioria das atrações está no interior. Porém, há também algumas cidades na praia, além de atrações naturais como cânions lindos de parar o coração.
Com cinco dias dá para ver o básico. Mas o ideal mesmo é já aproveitar a viagem e ver tudo. Eu recomendo dez dias. Fiquei onze, e não foram suficientes (mas teve GP de Fórmula 1 no meio do caminho, e dediquei três desses dias completos à competição).
É importante fazer duas ou três bases para conhecer direitinho a região, porque alguns lugares ficam distantes dos outros. Eu escolhi três: Luberon (o parque), Aix-en-Provence e Saint-Tropez.
Em minha opinião, é essencial alugar um carro para explorar a Provença. Há trens, por exemplo, em Avignon e Aix-en-Provence. Porém, no Luberon, sem carro a visita fica praticamente impossível. E esta é a parte mais legal da região.
A melhor época para ir à Provença é a segunda quinzena do mês de junho. Para quem quer ver os campos de lavanda, não há outra ocasião. E também não é tão quente nem lotado quanto em julho.
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Primeira parte da Provença: Luberon
Eu fiz minha base em uma cidadezinha chamada L’isle-sur-la-sorgue, conhecida pelas feirinhas provençais e ao lado do parque Luberon.
Antes de ir ao Luberon, recomendo que você assista o filme “Um Bom Ano”. Ele mostra a essência do local, com sua vida pacata, lenta, regada a bons vinhos, culinária e paisagens deslumbrantes.
No Luberon, as estradas são estreitas, mas com ótima pavimentação. A paisagem é sempre marcada por campos de lavandas, videiras ou árvores altas. É recomendável redobrar o cuidado, pois há muitos ciclistas pelo caminho. Aliás, eles estão por quase toda a região de Provença, conhecida também pela prática do ciclismo – o tour de France passa por lá.
A cidade essencial é Gordes , um vilarejo provençal no alto de uma montanha. O local é dominado pela arquitetura típica da região, com inspiração medieval, além de hotéis e restaurantes charmosos. No primeiro caso, o mais badalado é o La Renassaince, ao lado da famosa fonte do vilarejo.
No caminho de Gordes a Bonnieux, você verá alguns campos de lavanda. Visite a vinícola Chateau La Canorgue, cenário de “Um Bom Ano”. Faça degustação e escolha o vinho topo de linha, que custa 20 euros e é excelente.
Termine o dia em Lourmarin, para ver o por do sol no belíssimo Chateau de Lourmarin, visitar galerias de arte, comprar sabonetes da Provença e jantar. Eu fui ao restaurante do simpático hotel Le Moulin, um dos melhores em que já estive na vida. Paixão total.
Avignon: quando Roma foi à França
No segundo dia, acordei e, de bike (programa que vale muito a pena na Provença), fui até a cidade de Fontaine-de-Vaucluse. Além do caminho cheio de áreas verdes e construções medievais, o destino é um espetáculo.
Por lá, está a nascente subterrânea do rio de águas cristalinas Sorgue, de um tom esverdeado impressionante. O trajeto de bike foi de 15 km na ida e mais 15 km na volta. Aluguei a bicicleta no hotel, por 16 euros a diária.
Em seguida, fui visitar a famosa cidade de Avignon, que tem como principal atração o suntuoso Palácio dos Papas. Ele fica na cidade murada, onde há outra visita imperdível, a Ponte de Avignon. A partir dela, dá para ver toda a parte histórica da cidade.
Pedras e vida noturna
Depois, fui a Les Baux-de-Provence, a 40 km de Avignon. O caminho é espetacular, com a estrada rodeada por maciços de pedras. O vilarejo, aliás, fica sobre um deles.
Antes de chegar, dá para vê-lo a partir de um observatório, e a paisagem é inesquecível. Em Les Baux, além da arquitetura medieval, há diversas lojinhas de queijos e trufas.
A parada seguinte foi Saint-Remy, a apenas 10 km. Cidade murada, plana, cheia de fontes, foi inspiração para alguns quadros de Van Gogh.
O ponto forte de Saint-Remy é a noite, a mais animada desta região de Provença. Em frente bares e restaurantes (excelentes para experimentar a culinária provençal), na hora do por do sol (entre 20h e 21h no verão), há bandas de estilos variados, que vão do pop ao tradicional flamenco espanhol.
As ruas viram uma festa, com pessoas dançando. É um clima muito legal.
O manhã seguinte foi dedicado às cidades de herança romana de Arles e Nimes. Na primeira há um anfiteatro que lembra o Coliseu. Na outra, pontes romanas e uma cópia do Pathernon. Depois, visitei a famosa vinícola Chateauneuf du Pape. À tarde, mudei de base.
Aix-en-Provence e Marselha
Minha segunda base foi Aix-en-Provence, a mais escolhida por quem vai à Provença. Trata-se de uma cidade média, universitária, com excelente rede hoteleira.
Seu centro histórico é um charme, cheio de lojas, restaurantes e animados bares. Nele, está a Cours Mirabeau, que carrega o apelido de “avenida mais bonita do mundo”.
Aix fica a 38 km de Marselha, a maior cidade da Provença. A chegada à região de avião é por lá. Porém, dá também para desembarcar em Nice, se o plano for combinar essa viagem com a Riviera Francesa.
Não é a base ideal, pois não tem o espírito das cidadezinhas provençais. Porém, vale a visita. Há diversos pontos históricos incríveis, como a antiga prisão Chateau D’if (para chegar, é preciso pegar um barco no porto de Marselha).
Outro ponto turístico interessante é a bela basílica Notre-Dame de la Garde. Porém, o melhor programa é o passeio às Calanques de Cassis.
Ele também exige que se saia de barco do porto de Marselha. Optei por um programa em um barco que só leva seis pessoas, por isso paguei 60 euros (com a empresa Turquoise Calanques, que faz reservas por internet). Porém, a partir de 20 euros, há passeios em barcos maiores (e cheios), saindo tanto de Marselha quanto de Cassis, cidade ao lado.
Dá ainda para fazer uma trilha, para observar as calanques (que são cânions) de cima. A água esverdeada e cristalina entre montanhas forma um cenário deslumbrante, bom para a prática de snorkel.
Lavandas e mais cânion
Em toda a região de Provence, em junho e julho, dá para ver campos de lavanda. Os mais belos, no entanto, estão em Valensole, 100 km ao norte de Marselha e a 70 km de Aix.
E há ainda mais um cânion que vale a visita na região. Trata-se do Gorges du Verdon, ou Garganta do Verdon, o cânion mais profundo da Europa. A cor verde da água é impressionante.
Saint-Tropez
A badalada cidade pode ser combinada tanto com a região de Provença quanto com a Riviera Francesa. Trata-se também de um bom ponto transição para quem quer fazer as duas em uma viagem só, algo que exige entre 15 e 20 dias (apenas de carro, sem necessidade de outro tipo de transporte).
Saint-Tropez foi minha terceira base. A cidade litorânea é conhecida pela vida noturna, pelo porto repleto de imensos iates e pelos clubes de praia. É uma das sensações do verão europeu, e tem também um belo centro histórico. Por lá, passei três noites.
Estradas da Provença
Os preços na Provença, especialmente os de restaurantes, são bem mais baixos que os praticados em outras regiões da França, como a vizinha a Riviera Francesa.
A maior parte dos deslocamentos na Provença é feito por estradas secundárias, boas de dirigir, com muitas curvas e velocidades máximas de 100 km/h. Já as rodovias têm máxima entre 120 km/h e 130 km/h, dependendo da região.
A maioria dos pedágios tem apenas cobrança automática, e alguns guichês só aceitam cartões (os com chip muitas vezes não são aceitos). Fique atento aos letreiros no alto das cabines para passar por um com a opção de pagamento em notas ou moedas. Sempre há um ou dois guichês com essa funcionalidade.
Tanto nas cidadezinhas medievais quanto nas maiores, é muito fácil encontrar vagas de estacionamento. Estão por toda a parte – no caso das muradas, fora delas. Os preços variam de 1 a 5 euros pelo dia todo.
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