Pacific Coast Highway

viagem pela pacific coast highway, na califórnia

Viajar pela Pacific Coast Highway é um programa que encanta até quem não é grande adepto de road trips. A estrada, também conhecida como Califórnia Highway 1 ou California 1, percorre o litoral do Estado mais famoso do Oeste dos EUA de norte a sul. Seu trecho mais procurado é entre Santa Mônica (Los Angeles) e São Francisco.

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São 730 km que poderiam ser percorridos entre nove e dez horas, se o objetivo fosse viajar em apenas um dia, direto. Mas, para quem quer apenas chegar de um ponto ao outro, melhor fazer o roteiro pela I5, em seis horas, ou combinando essa rodovia com a US-101 (nesse caso, são seis horas e meia). Pela Pacific Coast, o mais importante não é o destino, mas sim tudo aquilo que se encontra pelo caminho.

E há de tudo: cânions, praias, pontes, serras, paisagens deslumbrantes e muitos locais que merecem algumas horas de visita, ou até mesmo um dia todo. Por isso, o ideal é passar pelo menos duas noites em pontos diferentes da Pacific Coast Highway. Se você tiver mais tempo, melhor ainda: fique mais, porque vale a pena.

Há pontos em que US-101 e Pacific Coast Highway são a mesma estrada
Há pontos em que US-101 e Pacific Coast Highway são a mesma estrada

Meu roteiro completo pela Pacific Coast Highway foi de sete noites, sendo três no ponto de partida (São Francisco) e duas em Los Angeles. As outras duas foram divididas entre San Luis Obispo e Santa Barbara, ambas na Pacific Coast Highway.

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Pacific Coast Highway: a estrada

Há alguns trechos da Pacific Coast Highway que têm pista dupla, especialmente nos momentos que ela se confunde com a US-101. Isso ocorre um pouco à frente de San Luis Obispo (mais precisamente em Gaviota Beach). As duas vias só voltam a se separar muitos quilômetros depois, na aproximação a Malibu.

Mas a maior parte da Pacific Coast Highway é composta por pista simples, em estrada cheia de curvas, com montanhas e muitas pontes. Na maioria dos trechos, à direita o Oceano Pacífico sempre está à vista (no meu caso, que parti de São Francisco rumo a Los Angeles), com seu tom azulado.

Há uma grande variação de velocidade máxima permitida. Nos trechos de serra mais travados, fica em torno de 35 milhas por hora (56 km/h). Nos demais pontos de pista simples, é permitido acelerar até 55 mph (88 km/h). Nos locais em que a pista é dupla, a máxima é de 65 mph (104 km/h).

O piso da Pacific Coast Highway é bem pavimentado na maior parte dos trechos, e a estrada é bem sinalizada. Entre São Francisco e Los Angeles, não há pedágios nessa via.

Fiz a Pacific Coast Highway ao volante de uma RAM 1500, pois minha viagem foi mais ampla do que esses sete dias – incluindo parques como Death Valley, em que algumas áreas são mais fáceis de percorrer com um veículo robusto. Mas qualquer tipo de automóvel é adequado para o trajeto.

Como a estrada é cheia de curvas, esta pode ser uma excelente oportunidade para alugar um carro que ofereça mais esportividade ao volante, como um BMW 320i ou um Ford Mustang (mais comuns nas locadoras). No trajeto, encontrei muitos Chevrolet Corvette e Porsche 911 – que já são um pouco mais difíceis de achar em empresas tradicionais de locação.

Bixby Bridge, na Pacific Coast Highway
Bixby Bridge, na Pacific Coast Highway

Como chegar e o que ver

Navegadores GPS do próprio carro ou os usados no smartphones (Maps e Waze, por exemplo) costumam calcular a rota usando vias expressas e o caminho mais rápido. Para não ter erro, em São Francisco coloque a localização Pacifica no dispositivo.

Assim, logo que sair de São Francisco, você já estará na Pacific Coast Highway. No trecho inicial, já são avistadas inúmeras montanhas e praias como Montara Beach. Cerca de duas horas e meia depois, seguindo pela CA-1, chega-se a Monterey, que vale algumas horas de visita.

Ao lado, está uma cidadezinha ainda mais interessante, Carmel-by-the-Sea. A viagem continua em direção à região de Big Sur. E é neste ponto que estão as paradas mais interessantes e cênicas, que têm pontos de observação para produção de imagens.

Em Whaler’s Cove, grandes perdas emergem do Pacífico e, dependendo da hora do dia, as nuvens parecem se projetar do mar ao céu. Bixby Bridge é a ponte mais famosa da Pacific Coast Highway. Logo adiante, o Hurricane Point é um belíssimo desfiladeiro, com uma pequena praia ao lado.

Outras paradas importantes a caminho de Los Angeles são San Luis Obispo, Santa Barbara, Malibu e, finalmente, Santa Mônica.

pacific coast highway: Carmel e Monterey

Monterey é a cidade sede do concurso de elegência de Pebble Beach, o mais famoso evento de carros clássicos dos Estados Unidos – aliás, coincidentemente, este ocorreu uma semana antes de eu passar por lá.

Em Monterey vale passear por Old Fisherman’s Wharf e Cannery Row – região que abrigava antigas fábricas de sardinha e se transformou em ponto turístico. Nos dois locais, você terá lojas, restaurantes e belas vistas do Pacífico. Se houver tempo, a cidade tem um interessante aquário.

Além de praias lindas (e um tanto geladas), Carmel-by-the-Sea investe na preservação histórica. Seu epicentro é a Ocean Avenue, que termina na praia Carmel Sunset Beach. Estacione o carro nos arredores e vá conhecer os charmosos cafés, restaurantes, inúmeras galerias de arte e lojas de grifes de luxo.

Minha recomendação de hospedagem para a primeira noite na Pacific Coast Highway é Carmel, após visitar Monterey. Para ficar no epicentro da cidade, escolha o Pinne Inn, belíssima propriedade cuja decoração clássica combina com o clima retrô da cidadezinha.

Por lá, o estacionamento é gratuito. Diárias a partir de US$ 260 em outubro. Uma curiosidade sobre Carmel: fundada em 1916, ela já teve como prefeito ninguém menos que Clint Eastwood. Aliás, quem acaba de comprar uma mansão histórica em Carmel é Brad Pitt.

pacific coast highway: Big Sur

Se Monterey tem um centro revitalisado e muito turístico, e Carmel investe no clima retrô, a parada seguinte traz um clima de Velho Oeste à Pacific Coast Highway. Em Big Sur, a cerca de 40 minutos de Carmel, estão pontos importantes citados acima, como Bixby Bridge e Hurricane Point.

A área de Big Sur tem cerca de dez quilômetros com complexos que parecem ter saído de um filme de faroeste. Incluem postos de combustível, restaurantes, lojas e hotéis de rodovia. O destaque fica por conta do River Inn, com diárias a US$ 250 em outubro.

Big Sur, na Pacific Coast Highway

Para quem quer uma hospedagem com mais clima de clássica road trip americana, Big Sur tem esta e outras opções. Inclusive, alguns campings. Já San Luis Obispo acabou sendo apenas uma parada para dormir, por causa de problemas logísticos que enfrentei (explico abaixo). O local, no entanto, merece ser explorado, segundo os turistas com quem conversei por lá.

Santa Barbara

A segunda noite foi em Santa Barbara, que merece mais que um dia de visita. Mas, como eu não tinha esse dia extra, aproveitei a belíssima orla da cidade com uma passagem pelo Stearns Wharf, seu pier mais famoso (com restaurantes, algumas lojinhas e estacionamento gratuito).

As praias do centro são East Beach e West Beach, com faixa de areia (branquinha) longa e boa infraestrutura. Na parte oeste, a água é extremamente calma. Outro ponto que visitei foi a State Street, considerada o centro de Santa Barbara.

Santa Barbara

A zona animada tem alguns dos restaurantes mais bacanas da cidade. Recomendo o espanhol Loquita (202 State St), em que comi uma das melhores paellas da vida. É importante fazer reserva, pois o local é concorrido.

O estilo espanhol, aliás, domina a cidade. E pode ser visto em uma das melhores opções de hospedagem de Santa Barbara, o hotel Californian. Descolado e contemporâneo, está bem ao lado da State e tem diárias a partir de US$ 800 em outubro, com US$ 48 de estacionamento por dia.

Para economizar, tanto as praias do lado leste quanto do oeste têm boas opções de hotéis no estilo bed & breakfest, com estacionamento gratuito. Eu recomendo o Blue Sands Inn (US$ 200), com quartos confortáveis, piscina, visual contemporâneo.

Fica do lado oeste. Nas proximidades, por cerca de US$ 70 a mais por dia, mas com uma oferta bem melhor de serviços, há um resort a beira mar: Hilton Santa Barbara Beachfront.

São Francisco de carro

Pontos inicial e final da viagem, São Francisco e Los Angeles são visitas obrigatórias para quem quer começar a conhecer a Califórnia. Qualquer roteiro sobre ambas merece uma reportagem exclusiva. Por isso, aqui o foco é o automóvel nessas duas grandes cidades.

São Francisco, com atrações mais concentradas, merece pelo menos três dias. Tem entre os destaques a orla de Fisherman’s Wharf, Golden Gate Bridge, as ladeiras, as casas de estilo vitoriano e o distrito Haight-Ashburry, epicentro do movimento hippie.

São Franscisco, ponto inicial de minha viagem pela Pacific Coast Highway

E sabe o que é ideal em São Francisco? Explorar sem carro. Por isso pode ser mais interessante começar a jornada na Pacific Coast Highway pela cidade do norte. Nesse caso, você só precisa alugar o automóvel no dia de partida.

Dá para explorar San Francisco a pé, de ônibus, bonde, Uber ou táxi (estes ficam sempre entre US$ 10 e US$ 15). Já estacionar o carro nos hotéis pesa no bolso. No meu, a diária para o automóvel era de US$ 67 (com manobrista). Mas como minha RAM 1500 é de porte grande, a conta subiu para US$ 77 por dia. Não vale a pena.

Hospedei-me na região de Union Square, que é central e está a um táxi rápido da maioria das atrações. Além disso, concentra a maior parte dos hotéis. Minha escolha foi o Beacon Grand, que ocupa um prédio histórico, mas foi completamente remodelado. Tem um excelente bar rooftop, um bom restaurante e quartos muito modernos. Diárias a partir de US$ 310 em outubro.

Los Angeles de carro

Los Angeles, extremamente espalhada e com péssimo sistema de transporte, é cidade que exige carro para ser explorada. Três dias é o mínimo, mas dá para ficar bem mais, pois as atrações são inúmeras – incluindo as imediações.

Táxi e Uber em Los Angeles são caríssimos. De Santa Monica a Beverly Hills, por exemplo, você vai gastar pelo menos US$ 70. Então, o carro vale a pena. O problema é que nos bairros mais badalados as diárias de estacionamento custam entre US$ 50 e US$ 70. Mas há alternativas.

No moderninho Andaz Calabasas (US$ 200), que fica naquele que é hoje um dos bairros residenciais mais valorizados da cidade, o estacionamento custa US$ 15 por dia, uma excelente oferta para Los Angeles. As opções noturnas na área, porém, são bem restritas.

Malibu

Para explorar bares e restaurantes de táxi e Uber, o melhor é hospedagem em locais que tenham vida noturna mais animada, como Hollywood, West Hollywood, Beverly Hills e Santa Mônica. E aqui vai uma dica: em Fairfax, entre Beverly Hills e West Hollywood, o The Beverly Laurel tem estacionamento gratuito, com manobrista.

É uma propriedade no estilo road hotel (que os americanos chamam de motel) em pleno coração de Los Angeles. Todo reformado, é simples e sem muitos serviços, mas charmoso e confortável. Além disso, tem restaurante próprio investe em um ar retrô, pois é uma propriedade histórica. Diárias a partir de US$ 170 em outubro.

Dicas importantes

Faz calor na Califórnia no verão? Muito! Em áreas de deserto, as temperaturas são altíssimas. E mesmo em Los Angeles, a estação é muito quente. Mas não a beira mar. A brisa do Pacífico pode deixar as temperaturas bem mais baixas nas zonas litorâneas até em julho e agosto.

Hurricane Point

Em locais como Carmel, Monterey, Malibu, Santa Barbara e Santa Mônica, houve momentos em que, mesmo com sol, eram 19 graus Celsius nos termômetros. Recomenda-se, portanto, estar preparado. Para quem sente mais frio, um agasalho é importante para essas regiões mesmo no verão.

É comum a neblina na Pacific Coast Highway. Em locais como o Hurricane Point, deixa a paisagem mais bela. Em outros, pode atrapalhar bastante. Houve pontos em que nem dava para ver o Pacífico, embora ele estivesse bem ao lado.

A neblina na região é mais comum pela manhã. Por isso, pode valer a pena explorar alguns locais na parte da tarde, para ter uma experiência melhor.

Monterey é uma das atrações da Pacific Coast Highway
Monterey é uma das atrações da Pacific Coast Highway

Logo abaixo de Big Sur, há um trecho da Pacific Coast Highway em que o asfalto desabou, formando um buraco. Por isso, em alguns momentos do dia, a rodovia pode estar fechada (como ocorreu em um dos dias em que a percorri). Nesse caso, é preciso voltar até Monterey para fazer o roteiro pela US-101.

Antes de viajar, pesquise se a estrada está completamente aberta. Se não estiver, vale a pena sair cedinho de Carmel, visitar Big Sur e depois voltar para Monterey para ir locais como San Luis Obispo e Santa Barbara pela US-101. Se deixar para fazer isso no fim do dia, será cansativo.

Pristine Luxury Camping

Pristine: tesouro escondido no deserto de sal da Argentina

O conceito de glamping recebeu destaque durante a pandemia, quando o turismo de isolamento ganhou adeptos que procuravam escapar de casa em segurança. No período, passou a se falar mais sobre campings de luxo como o Pristine Luxury Camp.

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Esta experiência de lifestyle é um tesouro escondido em um dos locais mais espetaculares da Argentina. Reunindo design, contato com a natureza e gastronomia, o Pristine Luxury Camp está em Salinas Grandes, o segundo maior salar – ou deserto de sal – da América do Sul.

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Salinas Grandes

O deserto de sal está localizado no norte da Argentina, entre a pré-cordilheira de Jujuy e a cordilheira dos Andes. Fica próximo às fronteiras com a Bolívia, ao norte, e Chile, ao oeste.

Salinas Grandes tem origem vulcânica, a partir de uma bacia que se formou entre as montanhas. Quando as águas secaram, restou o deserto branco, de sal.

Por lá também há os locais conhecidos como ojos de salar, lagos que podem ser vistos em alguns locais do deserto. A planície de sal ocupa área de 212 km², a 3.450 metros acima do nível do mar.

Como chegar

A melhor maneira de chegar a Salinas Grandes é partindo de Salta, que tem voos regulares de companhias argentinas a partir de diversas cidades do país, e até de Brasil – uma vez por semana, saindo de São Paulo.

Da Salta a Salinas Grandes, são 230 km e cerca de quatro horas de viagem. Isso se você não parar nenhuma vez na belíssima viagem pelas montanhas coloridas de Jujuy, pela Ruta 9 e a Ruta 52 – esta estrada termina no Chile.

Há alguns mirantes irresistíveis, além de quebradas (vales) como a de Humahuaca, em que se avista o rio Grande – de desgelo, seco durante o inverno.

Vale a pena parar em alguns dos mirantes da estrada, ou mesmo em cidades como Purmamarca, que tem feirinha de artesanato e onde está um dos destaques da paisagem do caminho, o Cerro de Los Siete Colores (Montanha das Sete Cores). A partir de Salta, a viagem é rumo ao norte.

Para quem prefere ir de carro a partir do Brasil, será necessário fazer algumas paradas no caminho. O salar está a pouco mais de 1.600 km tanto de Campo Grande (MS) quanto de Foz do Iguaçu (PR).

Pristine Luxury Camp

O Pristine Luxury Camp é uma fileira de cabanas que lembram os iglus do Círculo Polar Ártico. São brancos, todos com varanda privativa. Os maiores têm também jacuzzi a céu aberto.

Dentro das cabanas estão quartos e suítes luxuosos, com banheiro privativo, amenidades de banho, closet e minibar. O destaque fica por conta da parte transparente da cabana, com vista para o salar e as montanhas.

Claro que há cortinas black-out, para que a luminosidade extrema não atrapalhe o sono. De acordo com a administração, os hóspedes procuram a acomodação para passar finais de semana.

O objetivo é curtir a calmaria do salar e observar o espetáculo do céu iluminado do deserto à noite. Além das cabanas, a hospedagem tem uma tenda comum aos hóspedes e um restaurante.

Gastronomia

O Pristine Luxury Camp se classifica como camping de luxo por oferecer a experiência de acampar, mas com glamour. E a gastronomia é também uma atração.

A propriedade opera no sistema all inclusive (tudo incluído), com variedade de vinhos da Argentina, especialmente do norte, e pratos com ingredientes típicos da região. O carro-chefe é a lhama, servida, por exemplo, em ensopados. Outro destaque é a mortadela de lhama. As diárias partem de US$ 1.000 (cerca de R$ 5.600) em quartos para duas pessoas.

Radino Wine

Puglia: restaurantes imperdíveis na região do sul da Itália

Lembra que entre o fim do ano passado e o começo deste eu comecei uma série sobre a Puglia? Levou tempo para retomar, mas ainda há muito para se falar sobre a região do sul da Itália. E um assunto essencial em qualquer destino do país é a gastronomia. Por isso, hoje vou contar quais foram os restaurantes da Puglia que visitei e considero imperdíveis.

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Quando eu vou viajar, uma de minhas principais fontes de busca sobre dicas gastronômicas é a lista da Time Out, constantemente atualizada. Já errei seguindo as sugestões desse website, mas na maioria das vezes, elas são um acerto. Desta vez, não foi diferente.

Mas não é apenas a Time Out que me guiou em meu tour gastronômico pela Puglia. Procurei também dicas com amigos que já visitaram a região e, evidentemente, nos hotéis em que me hospedei. Todos foram bons? Longe disso. Mas os que valem a visita estão aí nessa listinha.

Série sobre a Puglia

Gastronomia na Puglia

Quais são as particularidades da gastronomia na Puglia? Como em quase toda região da Itália, as massas são destaque. Mas, aqui, há alguns ingredientes extras, um deles relacionado à geografia local. Trata-se dos pratos à base de frutos do mar.

A Puglia é banhada tanto pelo mar Jônico (que é parte do Mediterrâneo) quanto pelo Adriático. E isso faz com que seja uma das regiões mais legais da Itália para saborear frutos do mar.

Gastronomia e restaurantes na Puglia
Grotta Palazzese, em Polignano a Mare

Outro destaque fica por conta do azeite. Os da Puglia estão entre os mais famosos do mundo. Inclusive, ao redor das estradas da região, são comuns as oliveiras, que alternam espaço na paisagem com os vinhedos.

Isso porque o vinho também é um elemento importante da Puglia. O carro-chefe é a uva primitivo. Mas há bastante espaço também para a negroamaro. E tudo isso você encontra nos restaurantes da região. Abaixo, os imperdíveis.

Incluo também na lista opção em Matera. A cidade está na Basilicata, região vizinha. Porém, por ser uma das mais antigas do mundo, é uma visita comum para quem explora a Puglia.

Radino Wine – Matera, Basilicata

Em Matera, a gastronomia é um ponto alto. Há diversos restaurantes, inclusive estrelados. Muitos ficam dentro das cavernas das Sassi, o centro antigo da cidade. Um deles, belíssimo, é o Radino Wine.

Gastronomia e restaurantes na Puglia

Aqui, os pratos foram criados para combinar com a extensa carta de vinhos da casa, de todas as regiões da Itália, mas com foco nos primitivo e negroamaro. Afinal, um dos locais da Puglia mais próximos de Matera é Manduria, famosa por seus Primitivos.

Gastronomia e restaurantes na Puglia

O cardápio está sempre em renovação. Eu experimentei um saboroso tagliolini “cacio e pepe” com trufas raladas (17 euros). De entrada, vale provar a mortadela com foccacia ao pomodoro (13 euros).

E não se esqueça de pedir o famoso pão de Matera, que vem com azeite e é gratuito. Meu gasto total foi de 40 euros, com entrada, primeiro prato e taça de vinho e serviço.

Signoria – Noha, Puglia

Este sofisticado restaurante fica no Nohasi Palace, um dos hotéis em que me hospedei na Puglia. É na pequena Noha, ao lado da mais famosa Galatina (em Salento, parte sul da região). O menu é a la carte, mas na alta temporada também há o degustação.

Gastronomia e restaurantes na Puglia - Signoria

Sempre em mutação, tem combinação mais típica da Puglia: massas, peixes e frutos do mar. Mas também oferece carnes entre os segundos pratos. Eu escolhi um delicioso taglioni com manteiga trufada e camarões, que não está disponível no menu de abril.

Mas a experiência vai além do prato escolhido, começando com degustação de azeites e ofertas de algumas entradinhas, como tartar de atum e pãozinho com tomate. O atendimento é impecável.

As entradas, que incluem croquete com batata, burrata e carpaccio, custam entre 7 e 10 euros. Os primeiros pratos saem entre 14 e 18 euros e os segundos, de 16 a 18 euros. De sobremesa, experimente o cheesecake (10 euros).

Meu gasto foi de 45 euros, com entrada, primeiro prato, taça de vinho e serviço.

Meraviglioso – Osteria Moderna – Polignano a Mara, Puglia

No coração de Polignano a Mare, é recomendado pelo Guia Michelin, mas sem estrelas. Trabalha com menus fechados, degustação e a la carte. No terceiro caso, é obrigatório pedir pelo menos dois – primeiro e segundo prato, ou entrada e segundo, por exemplo.

Gastronomia e restaurantes na Puglia - Meraviglioso

Aqui, há interpretações modernas para a culinária italiana, com foco em peixes, frutos do mar e também em carnes. Escolhi camarão rosa com molho de entrada e filé mignon, que veio em um ponto perfeito, como principal – esses pratos não estão disponíveis no cardápio de abril, mas há similares.

O serviço começa com pães quentinhos, azeite e uma pequena entrada. Tudo cortesia de casa. As entradas custam de 15 a 22 euros. Os primeiros pratos saem entre 18 e 28 euros e os segundos, de 23 a 28 euros.

Como pedi apenas entrada e prato principal, gastei cerca de 85 euros, com taça de vinho. Foi uma das melhores experiências da viagem. Reserve pelo site do restaurante.

Grotta Palazzese – Polignano a mare, puglia

Gastronomia e restaurantes na Puglia - Grotta Palazzese

É considerado um dos restaurantes mais belos do mundo, por estar instalado em uma gruta, com vista para para o mar e os precipícios de Polignano a Mare. É preciso reservar com antecedência, pois é disputado, especialmente no verão europeu.

Só trabalha com menus fechados de no mínimo três pratos, mais sobremesa. E são pratos mesmo, não degustação. Os preços partem de 195 euros – sem bebidas.

Vale a pena? A comida é boa, mas não vale tudo isso. Já a experiência é inesquecível. Eu fiz uma matéria apenas sobre o Grotta Palazzese, que você pode ler aqui.

Buddy Guy´s

Três bares de jazz e blues para conhecer em Chicago

Em 2022 eu fiz o circuito da música, no sul dos Estados Unidos, e explorei tanto a capital mundial do blues, Memphis, quanto a do jazz, Nova Orleans. Mas esses dois ritmos também fazem parte da história de Chicago, cidade eleita em fevereiro a melhor metrópole dos Estados Unidos pelo sétimo ano consecutivo pelos leitores da Condé Nast Traveler.

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O jazz era a trilha sonora dos famosos bares clandestinos de Chicago nos anos 20, época da Lei Seca, que proibia a fabricação, transporte e vendas de bebidas alcóolicas nos Estados Unidos. Essa história, na cidade do Estado de Illinois, se confunde com a do famoso gângster Al Capone.

Já o blues entrou em evidência na cidade nos anos 40 e 50 e teve como principais expoentes à época o lendário Muddy Waters e sua gravadora, a Chess Records. Aliás, é possível visitar a gravadora para entender sua história e também saber mais sobre o blues em Chicago.

Uma curiosidade: a Chess Records já esteve na tela dos cinemas. Sua história, que inclui também as origens do rock and roll – por meio de Chuck Berry, no fim dos anos 50 -, foi mostrada no filme “Cadillac Records”. Com Adrien Brody (Leonard Chess, dono da gravadora), Beyoncé (Etta James), Jeffrey Wright (Muddy Waters) e Mos Def (Chuck Berry), o longa está disponível no Max (ex-HBO Max) e para locação no Prime Video, Google Play e Apple TV.

A Chess contribuiu bastante para transformar o blues em um forte elemento cultural de Chicago, que sobrevive com protagonismo até os dias de hoje. Por isso, quem vai à cidade não pode deixar de visitar alguns dos bares locais. Dos intimistas às grandes casas de show, estão espalhados por toda a metrópole.

Visitei Chicago e estive em três bares com música ao vivo. Dois deles são dedicados ao blues e um, ao jazz. Confira as dicas.

Veja também: Rota da música nos Estados Unidos

Blue Chicago

É o melhor – e mais divertido – bar dessa lista. A pequena, intimista e até um tanto rústica casa destoa bastante do bairro de alta renda em que está localizada, River North, que reúne os mais sofisticados hotéis da cidade, muitas lojas de luxuosas e espetaculares edifícios residenciais.

O Blue Chicago é bem escuro e tem um palco pequeno. O atendimento, tanto na entrada – que custa US$ 12, pagos na hora – quanto no bar não é dos mais cordiais. Aqui, não há aquele desespero da gorjeta típico dos Estados Unidos, nem atendimento nas mesas (convencionais e do tipo bistrô).

Você mesmo vai ao balcão pegar sua bebida – não se esqueça de comer algo antes, pois o Blue Chicago não tem cozinha. As cervejas partem de US$ 7 e o bourbon whisky, de US$ 8 (há variadas opções da bebida). O whisky escocês custa US$ 9 (o rótulo mais famoso é Johnny Walker, nas versões Red e Black).

Mas o atendimento atípico para os padrões americanos fica em segundo plano quando a banda começa a tocar clássicos do blues, que vão desde os mais conhecidos a alguns mais “lado B”. O destaque mesmo, porém, começa no segundo set, quando uma cantora passa a acompanhar a banda. O Chicago Blues é focado em vocalistas femininas, sempre priorizadas na casa.

É nesse momento que todos saem de suas mesas e cadeiras no balcão e vão para a pequena pista dançar ao som de blues tradicional e todas as suas vertentes, como soul e rhythm and blues. Impossível ficar sentado ao ouvir a música de altíssima qualidade.

Diferentemente de outros bares de blues da cidade, que abrem cedo, o Blue Chicago só recebe clientes a partir das 20h. Se quiser pegar uma mesa, é recomendável chegar nesse horário. Os shows começam às 21h, e vão até 2h30, dependendo do dia. O bar funciona de quarta-feira a domingo.

Blue Chicago: serviço


Endereço: 536 N Clark St, River North
Horários: quartas às sextas-feiras e domingo – 20h à 1h30; sábado – 20h às 2h30
Entrada: US$ 12 (não é possível fazer reserva)
Não aceita cartões; apenas dinheiro

Green Mill Cocktail Lounge

Fica em Uptown, um pouco afastado da região central de Chicago. De River North, onde eu fiquei hospedada, são entre 15 e 20 minutos de táxi – uma boa distância em uma cidade na qual se faz quase tudo a pé. Mas o local merece ser visitado, pois trata-se do mais antigo bar de jazz em Chicago ainda em atividade, nascido durante a época da Lei Seca.

O local era um bar clandestino (chamado nos EUA de speakeasy) e frequentado pela turma de Al Capone. Em 1933, a proibição às bebidas alcóolicas nos EUA foi encerrada. A partir de então, o Green Mill passou a receber nomes que se tornaram os maiores da história do jazz, como Louis Armstrong e Billie Holiday.

O ambiente é fiel às origens. No Green Mill, você se sente transportado aos anos 20 e 30. Há mesas, mas também dá para sentar no balcão. Os sets de jazz são de altíssima qualidade, e vão das 20h a 00h.

Porém, é recomendável chegar bem antes, pois o bar abre às 16h (todos os dias). Meu grupo chegou às 18h, e conseguiu pegar a última mesa – distante do palco, e sem nenhuma visibilidade, pois muitos ficam de pé à frente. Logo, o bar lotou, e se formou uma enorme fila na porta – situação que é recorrente, segundo relatos.

O ideal é ir em duas pessoas, ou um grupo pequeno, de no máximo quatro. Isso porque, assim, aumentam as chances de conseguir uma mesa mais à frente, o que é o ideal. Além disso, não é recomendável para grupos grandes, pois conversas não são toleradas uma vez que os sets começam.

Há atendimento nas mesas e no balcão mas, como o Blue Chicago, o Green Mill não tem cozinha. As cervejas partem de US$ 6 e o whisky (há rótulos americanos e europeus) de US$ 7. O bar tem também uma interessante carta de coquetéis (preços a partir de US$ 10). A entrada custa US$ 15.

Green Mill: serviço


Endereço: 4802 N Broadway, Uptown
Horário: todos os dias da semana, das 16h à 1h
Entrada: US$ 15 (não é possível fazer reserva)
Não aceita cartões, apenas dinheiro, mas há um caixa eletrônico dentro do bar

Buddy Guy´s Legends

Considerado um dos melhores bares de blues de Chicago, o Buddy Guy’s Legends leva o nome de seu proprietário, uma das maiores lendas da história do blues. Aliás, dizem que, em janeiro, o próprio Guy costuma aparecer constantemente, e dar uma canja no palco.

O ambiente destoa do dos outros dois bares, que são mais intimistas e pequenos. O Buddy Guy’s é grande, repleto de mesas e lembra uma típica lanchonete americana dos anos 50. No corredor de acesso aos banheiros, estão expostas fotos de muitas lendas do jazz. No bar, guitarras desses artistas – inclusive Eric Clapton, que já chegou a cantar no palco da casa.

O Buddy Guy’s também é restaurante, mas não há nada de muita qualidade. Hambúrgueres e frango frito são os destaques do cardápio. As bebidas são um pouco mais caras que nos outros dois bares, com whisky partindo de US$ 10 e cervejas, de US$ 8 – há também variados tipos de chopp, e muitos coquetéis.

A casa vende ingressos antecipadamente online – mas dá para chegar e comprar na hora, desde que não seja muito tarde e o bar já esteja lotado. Por todas essas características, o Buddy Guy´s é o mais turístico dessa lista. Há enormes grupos de pessoas que estão em Chicago a negócios ou em uma das muitas convenções sediadas na cidade.

Isso acaba atrapalhando um pouco, pois nota-se que boa parte do público não é apreciadora da música, e tende a ser barulhenta demais. Mas a música é de qualidade. Três bandas se apresentam por noite. O blues é a alma do Buddy Guy’s, mas há espaço também para ritmos como soul e até country.

Buddy Guy’s Legends: serviço


Endereço: 700 S Wabash Ave, Downtown/The Loop
Horários: quartas-feiras a domingo, das 17h à 1h
Entrada: US$ 15 (online) ou US$ 25 (adquirido na hora)
Aceita cartões de crédito

Polignano

7 cidades e vilarejos na Puglia (e imediações) que são visitas obrigatórias

No segundo capítulo sobre a região de Puglia (Apúlia), na Itália, o tema são as cidades e vilarejos que merecem ser visitados. Eu selecionei seis, e mais um que não fica nessa província, e sim na vizinha, Basilicata.

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Trata-se de Matera, um local tão incrível que acabou se tornando obrigatório para quem vai à Pugllia e é apaixonado por história. Para relembrar, o primeiro capítulo da série sobre essa belíssima região italiana mostrou as praias mais legais.

Já quando pensamos em cidades e vilarejos, tudo vai depender de quantos se pretende ficar, e de que tipo de viajante você é. Eu dediquei sete noites à Puglia (considerando uma passada em Matera).

Como era fim de verão, fiz aquele tipo de programa lento, começando o dia sempre na piscina ou em uma praia e me dedicando às cidades e vilarejos de meados da tarde em diante.

Por isso, faltaram locais que eu gostaria de ter visto, como Ostuni, Manduria e Taranto, além da capital Bari e de algumas praias na oeste (banhado pelo Mar Jônico, enquanto as do leste ficam no Adriático). Acabei também não explorando Monopoli, apesar de estar hospedada em suas imediações. Só fui ao centro jantar em uma das noites.

Assim, poderia ter ficado tranquilamente em Puglia durante dez dias, ou mais, sem repetir a programação. Por outro lado, no outono e no inverno, em sete dias dá para fazer o meu programa e ainda acrescentar os locais que não visitei. Isso porque a piscina sai do “cardápio”, e as praias nessas épocas são só para ver, não desfrutar.

A Puglia é dividida em regiões. Salento é ao sul, e tem Lecce como principal cidade. Mais ao norte, o Vale D’Itria tem como destaques Monopoli e Polignano al Mare, e fica nas imediações de Bari. Por isso, fazer duas bases é fundamental.

Eu acabei fazendo três, por incluir Matera no programa. A cidade da Basilicata, porém, pode ser visitada a partir da mesma base usada para Manduria e Taranto (nas quais não fui). E como se locomover entre elas? A melhor opção é alugar um carro. Mas todo o serviço sobre Puglia ganhará um capítulo dedicado no final dessa série.

Vale destacar que, em todas os locais visitados, além das atrações exclusivas, há diversas lojas para vendas de produtos típicos de Puglia – azeites e vinhos Primitivo e Negroamaro, entre outros. Sorveterias também são item de série.

Alberobello e as trulli de Puglia

Muitos chamam o local de cidade dos smurfs. Seu centro histórico é composto pelas trulli (plural de trullo), casinhas brancas com tetos cônicos que formam um dos cenários urbanos mais peculiares do mundo.

Alberobello, Puglia

Há diversas teorias para a origem das trulli. A mais comum é que surgiram como moradia de camponeses na época do Reino de Nápoles, ainda no período feudal. Há quem defenda que têm a arquitetura de teto cônico para que estes fossem fáceis de remover.

Assim, não poderiam ser classificados como moradia e ficariam livres de impostos. Essa teoria, porém, é menos aceita. Fato é que, atualmente, as trulli abrigam hotéis, lojas, bares e galerias de arte. São Patrimônio da Unesco desde 1996.

Matera

A cidade não está na Puglia, embora fique na divisa com essa região. Na Basilicata, Matera tem distância entre uma e duas horas dos destinos do “salto da bota”.

Matera é, oficialmente, a terceira cidade mais antiga da Itália. Porém, seu centro histórico (Sassi de Matera) é considerado um dos locais habitados mais antigos do mundo. Isso porque abriga pessoas desde 7.000 AC (período estimado), ainda na era pré-histórica.

A Sassi de Matera é composta por fachadas construídas em cavernas. Dividida entre Sasso Caveoso e Sasso Barisano, pode ser vista de vários observatórios nas praças da cidade, ao lado de igrejas e museus. Inclusive, o por do sol nesses locais é uma experiência única – e há artistas de rua executando músicas clássicas, o que dá ainda mais beleza ao evento.

Restaurante dentro de caverna na Sassi de Matera

Nos anos 50, a Sassi de Matera foi considerada o local mais miserável da Itália. Então, o governo levou seus moradores para conjuntos habitacionais modernos, e deu início à revitalização do local.

Agora, na Sassi, as cavernas abrigam restaurantes (inúmeros recomendados pelo Guia Michelin), galerias de arte, lojas de especialidades da região e bares Speakyease (a la Nova York e Chicago, escondidos sobre fachadas de outros estabelecimentos). Há ainda os hotéis, inclusive opções de luxo, que oferecem a possibilidade de hospedagem dentro das grutas – o esquisito é que a entrada dos quartos e suítes fica na área pública.

A gastronomia é tão festejada em Matera que há quem passe dias na cidade apenas para experimentar seus restaurantes. Além daqueles dentro das cavernas, há os com vista para a Sassi, mais legais no almoço. Desde 1993, o local é Patrimônio Mundial da Unesco.

Polignano a Mare, boa base para o norte de Puglia

A cidade das praias de grutas é cheia de belezas naturais combinadas a um lindo centro histórico. Ele tem vários decks de observação do mar esverdeado, no Adriático.

Polignano a Mare, Puglia

Em Polignano estive em dois dos restaurantes mais legais da Puglia: Grotta Palazzese (aquele da gruta; leia mais aqui) e Meravigloso. É considerado um dos locais mais importantes para se visitar na região, e escolhido por muitos como base para explorar o Vale D’Itria.

Polignano é terra de alguns grandes nomes da cultura italiana. Entre eles, o cantor Domenico Modugno. Há até um monumento dedicado ao artista ao lado do centro historico murado.

Lecce

É a cidade mais importante de Salento (a parte sul de Puglia). Marcada pela arquitetura barroca, tem diversas igrejas e catedrais nesse estilo, que formam um verdadeiro oásis de preservação histórica.

Porém, é preciso pagar para entrar nessas igrejas e catedrais. O preço é de 7 euros por uma e 11 euros por quatro. Lecce tem também um anfiteatro romano e diversos restaurantes e bares descolados.

Lecce, Puglia

Outro destaque? De todos os locais que visitei, é o único da Puglia com lojas mais conhecidas (lembrando que não fui a Bari, uma grande cidade italiana) – como Sephora, por exemplo. Nas demais, o comércio é mais voltado para produtos locais.

Otranto

A cidade mais oriental da Itália tem também uma das orlas mais lindas do país. Aqui, a cor do Adriático é encantadora. Além disso, o entorno de Otranto, que fica em Salento, tem algumas das praias mais lindas de Puglia.

No centro, à noite, os bares com músicas eletrônicas leves animam o clima a atraem os jovens. A catedral é uma aula de história, e uma lembrança da invasão otomana que castigou a cidade no século XV.

Otranto

Na capela, há vidros com crânios que podem perturbar os desavisados. Eles pertencem aos mártires italianos assassinados durante a invasão, considerados heróis pelo povo da cidade.

Locorotondo

A cidade branca lembra bastante as vilas da Grécia e chama a atenção pelos restaurantes e cafés com jazz, blues e até MPB ambiente.

É um bom local para degustação de vinhos de Puglia. Há muitas casas especializadas no produto para o visitante conhecer. Delas, também saem tours para as vinícolas das imediações.

Locorotondo, Puglia

Outro destaque de Locorotondo: do alto da cidade murada, há uma vista magnifíca do Vale D’Itria, com direito a algumas trulli. As casinhas brancas cônicas estão mais concentradas em Alberobello, mas podem ser vistas em diversos locais do vale.

Gallipoli

É a principal cidade da parte da Puglia banhada no Jônico. O centro murado fica em uma ilhota que começa com um belíssimo castelo.

Gallipoli

A orla é legal ao por do sol, com vários bares que oferecem vista privilegiada. Vale conferir o fenômeno no Cafe del Mar. Apesar de tocar músicas eletrônicas que nos levam a pensar que trata-se de uma filial da famosa casa de Ibiza, além do nome a de Gallipoli nada tem a ver com a espanhola.

E isso fica bem claro no final do evento de por do sol no Cafe del Mar. O eletrônico é substituído por alegres músicas italianas, dando um tom mais local e tradicional para o bonito fim de tarde.

Polignano a Mare

Puglia: seis praias incríveis para visitar na região italiana

Este blog começa agora uma série de reportagens sobre a Puglia, na Itália. Região menos famosa entre os brasileiros que Toscana, Veneto, Costa Amalfitana, Sicília e Sardenha, a Puglia vem ganhando mais evidência nos últimos anos. E glamour, com hotéis badalados e até um desfile inesquecível da grife Dolce & Gabbana, na primeira metade de 2023.

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A Puglia é encantadora, oferecendo ao viajante uma combinação que é irresistível para quem visita a Itália: história, gastronomia e praias paradisíacas. Por isso, é tanto um destino de verão quanto de outras temporadas, diferentemente de locais como Costa Amalfitana e Sardenha, que atraem mais pelo litoral.

Localizada no salto da bota que é o mapa italiano, a Puglia é banhada por dois mares: o Adriático e o Jônico, um braço do Mediterrâneo. É também sua localização a responsável por parte importante da história multicultural que se vê nos costumes e arquitetura.

Área arqueológica de Rocca Vecchia, na Puglia
Área arqueológica de Rocca Vecchia, na Puglia

Ponto mais ao leste da Itália, já foi ocupada, ou povoada, por vários povos dessa parte da Europa, como turcos e gregos. Tem também influência germânica e normanda. Os centros históricos de algumas cidades são Patrimônio Mundial da UNESCO, e têm peculiaridades que não se vê em nenhuma outra região italiana.

A localização é uma importante influência também na gastronomia, com constante combinação de frutos do mar à clássicos da culinária italiana. O azeite é fundamental. Puglia é uma das principais referências mundiais quando o assunto é o produto.

O blog dividirá esta série entre praias, cidades e vilarejos, hotéis e gastronomia. Para começar, vamos falar do litoral.

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A Puglia das praias paradisíacas

Os clubes de praia são uma tradição em diversos locais da Europa, inclusive na Itália. Oferecem boa infraestrutura para quem quer passar o dia à beira mar sem perrengue – e sem superlotação. Há diversas opções em Puglia.

Mas há também as belíssimas praias públicas, algumas de fácil acesso, outras que exigem caminhadas mais longas, e até trilhas leves. São mais cheias, mas valem a visita nem que seja para conhecer.

Pescoluse, praia na costa da Puglia banhada pelo Jônico
Pescoluse, praia na costa da Puglia banhada pelo Jônico

Há lindas praias por toda a Puglia. Cavernas e falésias são comuns na paisagem do litoral da região. O sul, na região de Salento, é interessante para conhecer opções no Jônico, que tem águas mais mornas que o Adriático. Mas, do lado oposto, também há praias lindíssimas, especialmente nas imediações de Otranto.

Mais ao norte da Puglia, uma região de praia interessante é Monopoli, próxima a Polignano a Mare – que é um dos locais mais conhecidos e turísticos da região. Abaixo, considerei seis praias que visitei e valem a visita – entre públicas e privadas.

Baia dei Turchi

A Baia dei Turchi é uma praia pública a 5 km do centro de Otranto. Para chegar, anda-se 1 km desde o estacionamento privado mais próximo (4 euros), sendo 300 metros por uma trilha linda (e, fique tranquilo: bem fácil). Dá para parar no início dessa trilha, em um estacionamento público. Mas é preciso chegar muito cedo para conseguir uma das poucas vagas.

A praia também tem história. Otranto passou por uma invasão de turcos otomonos no século XV, e as marcas desse capítulo triste e sangrento estão até hoje presentes no centro da cidade (falaremos mais disso no capítulo sobre vilarejos). Foi pela Baia dei Turchi que eles chegaram à região.

O local é belíssimo, com falésias, pedras e uma pequena faixa de areia branquinha (nenhuma das praias que visitei na Puglia é de pedras). E as cores do Adriático nessa praia são de um verde cristalino impressionante.

Não há grande infraestrutura. Por isso, é recomedável levar comidas e bebidas se for passar o dia. Mas ficar na Baia dei Turchi por muitas horas pode não ser uma ideia das melhores, pois a visitei às 17h, e ainda estava lotada. Se você é avesso a lugares cheios, o ideal é ir só conhecer, tomar um banho de mar e partir para o próximo programa.

Grotta della Poesia

É uma piscina natural em uma formação arqueológica no Adriático que garante uma paisagem espetacular. A praia, repleta de cavernas, é pública, mas para chegar à gruta paga-se 3 euros.

Não há faixa de areia. Ali, o legal é mergulhar nas águas cristalinas da piscina. Muitos gostam de pular das pedras mas, para os menos destemidos, há escadas de acesso.

A Grotta della Poesia está em uma área conhecida como Rocca Vecchia e é um dos lugares mais lindos da Puglia. Fica em Melendugno, entre Otranto e Lecce. Dá para programar sua parada no deslocamento entre as duas cidades. O estacionamento é público, com parquímetro – de 0,50 a 0,80 centavos de euros a cada meia hora, dependendo do dia e horário.

Lido Santo Stefano

Clubes de praia geralmente não ficam em faixas de areia paradisíacas. O Lido Santo Stefano é exceção. Está ao lado de um castelo, cercado por carvernas e o mar esverdeado e cristalino é quase uma piscina natural.

Em minha opinião, esse é um dos segredos mais bem guardados da Puglia. Inclusive, o público é bem italiano. São poucos os estrangeiros presentes. O local fica escondidinho em uma baía na região dos clubes de praia de Monopoli. É também muito legal para a prática de atividades como stand up paddle.

Passar o dia na infraestrutura do clube parte de 60 euros para duas pessoas, e ainda paga-se 8 euros por cada toalha (o estacionamento é gratuito). Esse é o ponto negativo, pois o preço é o mesmo (ou até mais alto) dos clubes mais sofisticados da Puglia, mesmo sem oferecer sofisticação.

Há banheiros limpos, mas simples, assim como os trocadores. O serviço não é dos melhores. Mas as cadeiras de sol são bastante confortáveis e, a melhor parte: não há superlotação no local mesmo no alto verão.

Na mesma área, o clube de praia mais badalado é o Lido Bambu, com excelente restaurante e cadeiras e camas de sol muito confortáveis. Parte de 60 euros para duas pessoas (na parte do jardim). Na praia, paga-se 90 euros.

O problema é que a faixa de areia é pequena em um local de mar cheio de pedras, e sujo nas imediações. É mais legal para badalar, comer bem e ser bem atendido do que para pegar praia.

Pescoluse

Pescoluse é uma das praias legais para visitar e passar o dia na parte do Mar Jônico. Não tem grutas, não tem falésias, mas tem águas cristalinas e morninhas. Além disso, os clubes de praia são bem legais.

Passei o dia no confortável e lindíssimo Le Cinque Vele, a partir de 55 euros para duas pessoas. O atendimento é excelente e a infraestrutura, bonita, luxuosa e confortável. O restaurante tem alta qualidade, com destaque para os pratos baseados em frutos do mar típicos da Puglia.

O estacionamento é gratuito. Fica bem ao sul da Puglia, a cerca de 30 minutos de Gallipoli, que é uma das principais cidades da costa jônica da região.

Praias urbanas na Puglia

As praias urbanas não são muito legais para passar o dia. Estão quase sempre cheias e nem sempre a faixa de areia (muitas vezes pequena) é limpa. Mas há duas em que vale passar mesmo que seja para dar uma olhada. Além de belas, ficam nos centros históricos.

Spiaggia della Puritá, na Puglia
Spiaggia della Puritá, na Puglia

Em Gallipoli, a Spiaggia della Purità (no Jônico) tem areias claras e mar esverdeado. Fica em uma uma avenida do centro histórico repleta de restaurantes e bares com música ambiente animada, bem legais para ver o belíssimo por do sol.

Lama Monachile, praia urbana na Puglia
Lama Monachile, praia urbana na Puglia

Em Poligano a Mare, a Lama Monachile está entre cavernas, aos pés do centro histórico da cidade. É belíssima para se ver dos observatórios à beira dos precipícios disponíveis nesse local. Altamente instagramável.

Stockyards

Stockyards: uma viagem ao Velho Oeste de verdade

Imagine uma cidade que parece ter saído de um filme de faroeste? Isso pode ser fácil de encontrar em visitas a estúdios de Hollywood, ou a parques temáticos de Orlando. Mas se este local for de verdade, não apenas uma locação ou atração montada? E se for carregado de história? É isso que você encontrará no Stockyards.

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O Velho Oeste de verdade existe e está em Fort Worth, no Texas. O Stockyards fica a cerca de 60 km de Dallas, uma das mais importantes cidades do Texas. O grande centro empresarial e sede de empresas AT&T e AECOM, até tem um atrações que remetem ao mundo dos cowboys.

Mas, para quem quer mesmo fazer uma imersão no Velho Oeste, o ideal é alugar um carro e dirigir até a vizinha Forth Worth, a mesma cidade cujo aeroporto é hub da American Airlines – e que é sede da companhia aérea. Na região norte está o Stockyards, uma verdadeira vila de cowboys.

Já assistiu “Era uma vez em Hollywood”, de Quentin Tarantino? Há uma cidade cenográfica que é cenário para a gravação do filme do ator interpretado pelo protagonista Leonardo di Caprio. É exatamente aquilo que você encontrará no Stockyards.

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O que é o Stockyards

Nada do que existe no Forth Worth Stockyards foi montado para atrair turistas. O local é um antigo ponto de encontro de vaqueiros e de comércio de gado, construído no fim do século XIX. Em 1976, foi declarado patrimônio histórico do Texas, e hoje é um importante ponto turístico para quem quer fazer uma imersão na cultura do Velho Oeste.

Nos quarteirões históricos e charmosos do Stockyards, há diversos estabelecimentos comerciais no estilo saloon, com decoração típica. Entre eles, restaurantes, bares e variadas lojas. As que mais chamam a atenção são as de artigos de couro, que têm produtos de qualidade a preços justos.

Além disso, há a arena de rodeios, com um ativo calendário de competições. Outra atração é o “John Wayne: An American Experience”, um museu que faz tributo ao ator que foi ícone dos filmes de faroeste. São mais de 400 objetos relacionados a Wayne.

Ao lado, o visitante vai encontrar o Texas Cowboy Hall of Fame (o hall da fama dos cowboys do Texas) e, logo em frente, o Billy Bob’s. Este é considerado o maior bar country do mundo, com dois palcos para shows. Toda noite, há atrações musicais no local.

Mas não é preciso esperar a noite para ouvir música country de qualidade no Stockyards. Há apresentações nos diversos saloons da área durante todo o dia.

Loja de artigos de couro no Stockyards
Loja de artigos de couro no Stockyards

Como chegar ao Stockyards

Tanto para quem está em Dallas quanto em Fort Worth, a maneira mais rápida de chegar ao Stockyards é de carro. Da primeira, os 60 km são percorridos em 40 minutos, dependendo do tráfego. A maior parte do trecho é feito pela Rodovia I30, de trânsito rápido.

Ao chegar a Fort Worth, o motorista passará pelo belo e bem preservado centro da cidade, antes de percorrer os últimos 5 km até o Stockyards. De downtown até a área histórica, há opção de ir de ônibus e até trem. Mas, nesse caso, a viagem levará pelo menos 20 minutos (de carro, são dez, no máximo).

Música ao vivo no Stockyards também tem sessões durante o dia
Música ao vivo no Stockyards também tem sessões durante o dia

No Stockyards, há diversas opções de estacionamento. A maioria dos bolsões está na East Exchange Avenue. Um deles, localizado do lado da avenida oposto à entrada na vila, é gratuito.

Como o Stockyards é uma área histórica nas ruas da cidade, o acesso é livre. O visitante pagará para ingressar aos museus e assistir rodeios. A maioria dos saloons com shows ao vivo, porém, tem entrada gratuita – o Billy Bob’s é uma das exceções (com ingressos a partir de US$ 5, dependendo do horário da visita).

Para conhecer o Stockyards, uma manhã e tarde bastam. Mas vale a pena ficar à noite para ver as atrações que só ocorrem nessa parte do dia. Nesse caso, uma boa opção é passar a noite no local (confira sugestões abaixo).

Hospedagem

Em Dallas, um dos melhores locais para hospedagem é o centro da cidade. Eu escolhi o charmoso hotel de design Lorenzo, bem próximo ao centro de convenções Kay Bailey Hutchinson, cuja arena tem constantes shows com artistas renomados. Pelo palco do histórico local já passaram nomes como The Beatles, Rolling Stones e Elvis Presley.

Hotel Lorenzo

O Lorenzo tem diárias a partir de US$ 150 em junho. Mas fique atento: os constantes eventos no centro de convenções tendem a inflacionar os preços de toda rede hoteleira de Dallas. No hotel, o estacionamento é de US$ 20 ao dia mas, se a lotação não estiver máxima, dá para negociar na recepção a isenção da tarifa – eu consegui.

Outras boas opções no centro são o Thompson (US$ 340), o bem localizado Adolphus (US$ 440) e o Omni (US$ 270). Já o Fairmont (US$ 240) fica próximo a um dos restaurantes fundamentais para conhecer entre as inúmeras boas opções de Dallas, o rooftop Monarch.

Já para quem prefere ficar em Uptown, a área mais empresarial da cidade, há opções como o Le Meridien (US$ 380), o W Dallas (US$ 380) e o Ritz-Carlton (US$ 710). Para passar a noite em Fort Worth, uma dica é o charmoso Drover, que combina elementos contemporâneos à decoração inspirada no Velho Oeste e fica no epicentro da área. As diárias partem de US$ 380.

Hotel Drover

Há, porém, opções mais em conta, como o Hyatt Place (US$ 180). Os valores dos hotéis não incluem impostos. Para chegar, a American Airlines tem voos diários e diretos entre São Paulo e Dallas Forth Worth.

Rota do Bourbon

A rota do bourbon e do whiskey em Kentucky e Tennessee

O sul dos Estados Unidos é conhecido por ser o epicentro da música americana, e também por locais que marcaram a história do país. Mas há um roteiro ainda pouco conhecida e explorada pelos brasileiros: a Rota do bourbon.

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Assim como o Nappa Valley, na Califórnia, atrai os amantes de vinho, os Estados de Tennessee e Kentucky formam um circuito para os apaixonados pelo bourbon – e o Tennessee Whiskey (entenda abaixo a diferença). Há inúmeras destilarias abertas à visitação.

No roteiro, o visitante aprende como é produzido a bebida. Mas não é só: há degustação de bourbon, exposições que contam a história das destilarias e até experiências gastronômicas.

Exposição na destilaria Jack Daniels

Bourbon X Tennessee Whiskey

O bourbon é uma bebida norte-americana da mesma família do whisky, originalmente escocês. Tem mais de 40% de teor alcoólico e é produzido a partir do milho. As estradas da rota são dominadas por plantações do grão.

95% das destilarias de bourbon dos Estados Unidos estão em Kentucky, onde a bebida foi criada, no século 18. Nesse Estado, também surgiu o mais famoso frango frito dos EUA, KFC (Kentucky Fried Chicken, ou frango frito do Kentucky).

Barris na destilaria Maker's Mark, na Rota do bourbon
Barris na destilaria Maker’s Mark, na Rota do bourbon

Atualmente, o Estado tem mais de 70 destilarias de bourbon. Dessas, 17 estão abertas à visitação.

Ali do lado, no Tennessee, também há diversas destilarias. Porém, a bebida produzida em muitas delas é chamada de Tennessee Whiskey (com essa grafia, diferente usada para o produto de origem escocesa).

E qual é a diferença? O processo de produção. O do Tennessee Whiskey usa carvão. O do bourbon, não.

Rota do bourbon e do whiskey tem belíssimos trechos rodoviários
Rota do bourbon e do whiskey tem belíssimos trechos rodoviários

Tennessee

Comecei a Rota do bourbon em Nashville, no Tennessee. Epicentro da country music, é um local que vale a pena conhecer. Repleta de bares especializados nesse gênero musical em sua rua central, a Broadway, a próspera capital do Estado também se destaca pela preservação histórica.

Em Nashville, a melhor opção de hospedagem para quem quer explorar a cidade é o centro. Entre os destaques estão o Hilton (Avenida 4th, 121; US$ 470 por dia), bem ao lado da Broadway, e o hotel de design Dream (Avenida 4th, 210; US$ 315 a diária).

Para economizar, a região do aeroporto, a 10 km do centro, oferece inúmeras opções de hotéis confortáveis com preços entre US$ 100 e US$ 150. É uma boa opção para quem está de carro, pois a maioria tem estacionamento gratuito.

Visitar a mais famosa destilaria dos EUA, a Jack Daniels (Lynchburg Highway, 133), é um dos passeios de destaque para quem visita Nashville. A fábrica fica em Lynchburg, a 120 km da capital do Tennessee. A viagem leva pouco mais de uma hora.

Na Jack Daniels, fabricante de Tennessee Whiskey, há três opções de ingressos. O tour custa US$ 20 e mostra as instalações da fábrica e todo o processo de produção da bebida.

O ingresso de US$ 30 dá direito a degustação de produtos da Jack Daniels. Por US$ 5 extras, o visitante pode experimentar também os whiskeys topo de linha da marca. Outra atração é o museu, que conta a história da fabricante por meio de objetos, documentos e até carros.

Kentucky: qual é a melhor base da Rota do Bourbon?

A Rota do bourbon está nas imediações de grandes cidades, como Louisville (280 km percorridos a partir de Nashville) e Lexington (340 km). Para quem quer viver uma experiência de cidade grande, ambas podem ser boas bases.

Em Louisville, há opções de acomodação interessantes no centro, como o moderno Omni (Rua 2nd, 400; US$ 230 a diária) ou o hotel de design histórico 21c Museum (Rua Main, 700; US$ 260 por dia). As cotações são sempre para o mês de julho.

O bar do hotel Omni, em Louisville Rota do bourbon
O bar do hotel Omni, em Louisville

A cidade de Louisville, a maior do Kentucky, tem uma famosa destilaria, a Evan Williams (Rua Main, 528). Além do tour tradicional para conhecer o processo de produção da bebida e de experiências de degustação, o local tem um bar subterrâneo, o ON3, que é da época da Lei Seca.

Os tours na Evan Williams partem de US$ 18, já com degustação de bebidas incluída.

A principal atração turística de Louisville é o Muhammad Ali Center (Rua N 6th, 144). O museu é dedicado ao astro do boxe, que nasceu na capital na cidade. Os ingressos custam US$ 18.

No entanto, Louisville pode representar uma viagem longa até algumas destilarias, pois há muitas estradas secundárias, de pista simples (e belíssimas) no trajeto. O mesmo ocorre com Lexington.

Experiência imersiva na Rota do bourbon

Por isso, se a intenção é fazer apenas uma base – e também viver uma experiência mais imersiva na Rota do bourbon -, as melhor opção é ficar nas pequenas cidades do roteiro. O destaque é Bardstown, cujo centro tem jeito de Velho Oeste.

Bardstown se autodenomina a capital mundial do bourbon. Tem bares que nos remetem a filmes de faroeste, com música ao vivo durante as noites, e bons restaurantes típicos, a exemplo do Mammy’s Kitchen & Bar (Avenida Stephen Foster, 116), especializado em gastronomia norte-americana.

Bardstown Rota do Bourbon
Mammy´s, restaurante no epicentro da Rota do Bourbon

O Mammy’s é um dos principais pontos de parada para almoço na Rota do bourbon, atraindo inclusive quem não está hospedado em Bardstown.

Há algumas opções de hotéis de grandes redes próximas ao centro. Porém, em frente ao Mammy’s, está a hospedagem mais charmosa da cidade. Trata-se do bed & breakfast Jailer’s Inn, que funciona no prédio de uma antiga prisão, construído em 1819.

O Jailer’s (Avenida Stephen Foster, 111) tem quartos aconchegantes e bem decorados, e mantém as características do edifício original. É uma atração turística da cidade, e tours para não hóspedes são permitidos. As diárias partem de US$ 190.

Destilarias

Bardstown tem também a sua destilaria, aberta à visitação. Trata-se da Bardstown Bourbon Company (Parkway Drive, 1.500), que oferece diversas experiências a partir de US$ 25. No local há um restaurante, o Kitchen & Bar, com opção de menus harmonizados com bourbon.

Outra destilaria com opção de jantar harmonizado é Jim Beam (Rodovia Happy Hollow, 568), uma das mais famosas do roteiro. Lá, é recomendável agendar as experiências (www.beamdistilling.com), pois há número limitado de participantes por grupo.

A Jim Beam é uma das que oferecem a opção de apenas fazer a degustação, sem o tour pela fábrica. Nesse caso, o preço é de US$ 12. Para acrescentar o tour para entender a processo de produção, o ingresso sobe para US$ 22.

Sala de degustação na Jim Beam Rota do Bourbon
Sala de degustação na Jim Beam

A experiência que inclui harmonização de bourbon com criações culinárias custa US$ 50 e é realizada não no prédio principal, mas no restaurante da destilaria, o Kitchen.

Por lá, o visitante também pode desfrutar almoço com pratos a la carte. Não há, porém, opção de jantar, pois o restaurante fecha às 17h, junto com a destilaria.

A Jim Beam fica em Clermont, a 30 minutos de Louisville e 40 min de Bardstown (que é mais próxima em quilômetros, mas tem percurso exclusivo por estrada de pista simples, que atrasa a viagem). Sua via de acesso, a Happy Hollow, concentra algumas outras destilarias do roteiro.

Maker’s Mark

Já a Maker’s Mark (Rodovia Burks Spring, 3.350) produz um dos bourbons mais exclusivos do mundo e tem um tour mais intimista. Há apenas uma opção, por US$ 20. Inclui passeio guiado pela propriedade e degustação de todos os cinco bourbons produzidos pela casa.

O agendamento (www.makersmark.com) é obrigatório, pois os grupos são pequenos e as vagas, limitadas. Vale reservar com bastante antecedência. Apesar de não ter opções variadas de experiência, como nas demais destilarias visitadas, a Maker’s Mark é a que ofereceu o tour mais elucidativo.

Além disso, o cenário de suas instalações é belíssimo. E a estrada que dá acesso à destilaria, em Loretto, é muito bonita, rodeada por bonitas casas de campo típicas dessa região dos Estados Unidos.

Etapa de produção na Maker's Mark Rota do bourbon
Etapa de produção na Maker’s Mark

A Maker’s Mark fica a apenas 30 minutos de Bardstown. Já para chegar à destilaria a partir de Louisville, o visitante leva cerca de uma hora e meia.

Serviço

Os tours são permitidos a pessoas de qualquer idade. Na Jack Daniels, inclusive, havia crianças no grupo. A degustação, no entanto, é só para maiores de 21 anos.

Quanto ao tempo de visita, depende das expectativas. Para ver apenas as destilarias mais importantes, três dias são suficientes. Já para fazer o roteiro completo, será necessária pelo menos uma semana.

No entanto, conhecer o processo em todas é um tanto repetitivo, pois eles são bem parecidos. Vale escolher no máximo três preferidas para fazer o tour completo, e ir às demais para conhecer as instalações, fazer degustação ou simplesmente comprar a bebida – que tem preços mais interessantes em suas fábricas que em outros locais.

Como chegar à Rota do Bourbon

Não há voos diretos do Brasil para Louisville ou Nashville. Porém, todas as companhias americanas que atuam no País, além da panamenha Copa Airlines, oferecem opções para a cidade com um ou duas conexões.

Os preços estão em torno de 6 mil para ambas as cidades, no mês de julho, auge do verão nos EUA. Em outubro, já no outono norte-americano e dos períodos mais populares de visitação – e com temperaturas mais amenas -, o valor médio cai para cerca de R$ 5 mil.

Aventoriba Lodge

Aventoriba Lodge é gLamping cheio de charme no coração da Mantiqueira

Você já ouviu falar em glamping? Trata-se de uma categoria de hospedagem cuja popularidade é relativamente nova. Para explicar por meio do significado da palavra, são campings com glamour. Ou, para ser mais clara, acampamentos com uma certa dose de requinte. Embora o Aventoriba Lodge não se classifique assim, foi essa minha impressão na experiência de hospedagem na propriedade.

No Instagram: @rafaelatborges

Mas o que é o Aventoriba Lodge? É a nova investida do tradicional – e luxuoso – hotel Toriba, em Campos do Jordão. Foi feita em parceria com o proprietário de uma área ao lado do parque Horto Florestal, onde está localizado.

Aventoriba é a marca de aventura do Toriba. Trata-se de um programa que oferece aos hóspedes – e, embora com menos frequência, a pessoas não hospedadas no hotel – experiências exclusivas em trilhas e cachoeiras e programas como passeio de cavalo. A maior parte das opções inclui gastronomia, como piquenique ao por do sol ou almoço em restaurante badalado.

E foi como Aventoriba que o Toriba decidiu batizar o conjunto de cabanas no Horto que oferece aos hóspedes uma experiência em contato com a natureza e com ótimas pitadas de boa gastronomia.

O conceito do Aventoriba Lodge

O Horto Florestal tinha casas de estilo colonial que foram reformadas para dar espaço ao Aventoriba Lodge. Há opções a partir de 30 metros quadrados, mais adequadas para casais. Já o maior lodge tem quase 80 metros quadrados e acomoda até nove pessoas. É próprio para famíias e grupo de amigos.

Lodge Sanhaço Aventoriba Lodge
Lodge Sanhaço

Os lodges ficam espalhados em uma parte alta do Horto. Muitos estão na mesma casa, como em que me hospedei, o Sanhaço. Ele “faz fronteira” com o Tico-Tico. Dependendo da demanda, podem ser integrados para formar uma opção de hospedagem para até oito pessoas.

O Tico-Tico tem uma suíte e o Sanhaço, dois quartos. Mas existe uma suíte extra que pode ser usada por ambos, dependendo do número de hóspedes.

Quarto de casal no lodge Sanhaço

Com a reforma, os lodges ganharam mobiliário moderno e artesanal, camas confortáveis e banheiros com aquecimento central. Chama também a atenção a qualidade das toalhas e roupas de cama. Porém, quem espera encontrar as mesmas amenidades de banho oferecidas no Toriba pode se decepcionar. Há apenas sabonetes nos banheiros, por exemplo.

O início da experiência

Antes da partida rumo ao Aventoriba Lodge, recebi uma mensagem via WhatsApp da concierge, me dando instruções sobre a chegada e passando a localização, que coloquei no Waze para chegar. O Horto fica a cerca de 10 km de Capivari, e a 20 km da entrada principal (portal) de Campos do Jordão.

Do portal, são cerca de 40 minutos para chegar ao parque. As chaves do lodge são deixadas na primeira recepção, antes da entrada de fato no parque. Junto com ela, mimos como chocolates e café.

Daí em diante a estrada é de terra, mas a trilha é leve. Qualquer carro pode passar. A localização enviada pela concierge me levou exatamente a meu lodge. Antes, passei pela recepção do parque.

Como o estacionamento é cobrado, basta informar que é hóspede do Aventoriba Lodge, para não ter de pagar pela estadia do carro. Diante de cada lodge há uma área para estacionar os automóveis.

O lodge Sanhaço

Embora no site do Toriba o lodge Sanhaço apareça descrito como uma acomodação de 42 metros quadrados, este é o tamanho da configuração de dois quartos, que acomoda quatro pessoas. Porém, a acomodação pode receber um terceiro, que serve tanto o ao lado, Tico-Tico, quanto este lodge – depende do número de pessoas em cada um.

Minha hospedagem foi na configuração com três quartos, para seis pessoas. São dois de solteiro e um de casal. Nesse caso, o Sanhaço fica com dois banheiros, o principal e o segundo, que faz parte do quarto extra.

Sala do lodge Sanhaço, no Aventoriba Lodge
Sala do lodge Sanhaço, no Aventoriba Lodge

No banheiro dessa suíte, além do acabamento de madeira em comum com o principal, chama a atenção a claraboia (teto de vidro) sobre o box, para garantir iluminação natural durante o dia. Uma coisa em comum em todos os quartos é a presença de grandes janelas de vidro, mas a ausência de cortinas blackout.

Estratégia para que os hóspedes acordem cedo e aproveitem a aventura? Eu, sinceramente, não gostei. É sempre importante oferecer a opção para quem quiser dormir até mais tarde.

Além da sala, o Sanhaço tem uma cozinha, mas não completa. Não há fogão, apenas microondas, cafeteira, chaleira e sanduicheira, além de uma pequena geladeira. Que, por sinal, é vazia; não há minibar. No PDF de orientação aos hóspedes entregue antes da chegada, a sugestão é tomar água da pia, que é potável.

Cervejaria Gard

Mas a cozinha tem louça de qualidade, caso os hóspedes queiram curtir refeições no lodge (leia mais sobre gastronomia abaixo). Elas são feitas, aliás, na varanda da acomodação, com uma grande rede de madeira.

O lodge tem Wi-Fi, que é bem rápido, e bem-vindo, pois Internet pega mal no Horto. Assim, é possível tirar uns dias para fazer home office junto à natureza. E também assistir filmes e séries em aparelhos eletrônicos, para passar o tempo – não há TV na acomodação.

Também não há ar-condicionado, apenas aquecedores portáteis (um na sala e um em cada quarto). Durante minha estadia, estava frio. Porém, no verão, a ausência do aparelho refrigerador pode incomodar. Campos do Jordão também tem seus períodos de calor.

Gastronomia no Aventoriba Lodge

A gastronomia é um objetivos da experiência no Aventoriba Lodge. Mas, como a propriedade não oferece serviços (leia mais abaixo), a ideia é aproveitar a excelente estrutura de restaurantes do Horto, parque que está em concessão. Os que ficam no “centrinho” da reserva ambiental estão a uma pequena caminhada dos lodges.

Alguns restaurantes oferecem descontos variáveis para hóspedes do Aventoriba Lodge. É o caso dos 10% do Café do Parque, ideal para café da manhã. Com ambiente inspirado em bibliotecas (há, inclusive, livros nas mesas) e decoração com móveis de madeira, serve sanduíches com ingredientes típicos da Serra da Mantiqueira, sucos naturais e doces.

Café do Parque fica a uma curta caminhada do Aventoriba Lodge
Café do Parque fica a uma curta caminhada do Aventoriba Lodge

Por lá, também há a possibilidade de comprar produtos típicos da Serra da Mantiqueira. Entre os destaques estão variados tipos de queijos e azeites.

Já o Dona Chica, também a uma curta caminhada, é considerado um dos melhores restaurantes de Campos do Jordão. Em seu ambiente rústico sofisticado, também há privilégio aos pratos com produtos típicos da Serra, como a truta e o pinhão.

Além de descontos para os hóspedes do lodge, o Dona Chica oferece serviço de entrega gratuito. Há um cardápio especial nas acomodações, com entradas, sopas, pratos principais e bebidas, além do telefone e WhatsApp para encomendar os pedidos. A carta de vinhos, com produtos da Mantiqueira, inclui o Gaspari, mais premiado rótulo brasileiro.

Cervejaria Gard

Fora do parque, mas a uma curta distância, há outra atração legal com descontos para os hóspedes do Aventoriba. Trata-se da Cervejaria Gard. Em meio à natureza, a ideia é degustar cervejas artesanais de vários tipos, produzidas pela própria cervejaria.

No cardápio, destaque para os burgers e as tábuas, como as de frios e a com uma deliciosa linguiça da Mantiqueira. Além dos restaurantes e bares parceiros do Aventoriba Lodge, o Horto tem outras opções. Entre eles, destaque para o Alto do Horto, que tem uma varanda com lindas vistas para as montanhas.

Aventura

No centro do parque há algumas opções de atividade, como o aluguel de bikes para explorar o Horto. E há também um quiosque do Aventoriba para os hóspedes do lodge. Mas não é preciso ir até ele para agendar uma das opções do programa.

A Marina, responsável pelo Aventoriba no Horto, entra em contato com os hóspedes para passar as opções e agendar os horários, que são bem flexíveis. As experiências são pagas à parte.

Mirante Gravatá

Há diversos tipos de trilha, com baixa, média e alta dificuldade, e durações variadas. Algumas passam por cachoeiras e outras levam a vistas incríveis. Há aquelas feitas com cavalos e as combinadas com opções gastronômicas, como piquenique ao ar livre ou experiência em um restaurante do Horto.

Eu optei pela que levava até o Mirante Gravatá, a 1600 metros de altitude. Aqui, as vistas são o prato principal, com montanhas e floresta de Araucária em destaque. A parte difícil fica por conta dos 200 metros finais, uma subida íngreme.

Serviços do Aventoriba Lodge

O único serviço oferecido pelo Aventoriba Lodge é o concierge, que pode ser acessado por WhatsApp e telefone para solucionar pequenos problemas. Mas a acomodação não tem limpeza diária, arrumação de camas nem mesmo retirada de lixo – há uma área específica na parte de fora do lodge em que este pode ser colocado.

Por isso, quem está acostumado com a qualidade do serviço do Toriba pode se decepcionar. Mas aqui, o conceito é diferente do oferecido no hotel.

Cardápio do restaurante Dona Chica no Lodge

A ideia é contato com a natureza com conforto e charme, mas sem luxo. Porque não dá para falar em hospedagem de luxo sem serviço. A ideia é o isolamento – tanto que muitos lodges ficam afastados uns dos outros. Eu curti muito a experiência.

Os preços do Aventoriba Lodge partem de R$ 450 a diária para o lodge Tico-Tico, de 30 metros quadrados e para duas pessoas.

No Sanhaço, são R$ 900 a configuração com dois quartos, para quatro pessoas. Para oito, são R$ 1.800. De acordo com o site do Aventoriba Lodge, essa acomodação ocupa uma casa construída há 80 anos.

Bourbon Street

A Rota da Música: Nova Orleans é a cidade mais interessante dos EUA

Esta é a terceira e última reportagem sobre a Rota da Música no sul dos Estados Unidos. O roteiro de cerca de 900 quilômetros entre Nashville, Memphis e Nova Orleans é uma imersão no passado e no presente de quatro gêneros musicais que incendiaram o século XX e ditaram os caminhos da arte no XXI: jazz, blues, country e rock and roll. Neste novo capítulo, saímos do Tennessee para chegar à Luisiana e à badalada, festiva, histórica e assombrada Nova Orleans.

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A viagem partiu de Nashville, a capital do country, e passou por Memphis, a terra do blues e um dos berços do rock and roll. Agora, em Nova Orleans, o tom é de jazz. Na teoria. Na prática, a cidade da Luisiana é um universo de vários gêneros musicais.

Preservation Hall Nova Orleans
Preservation Hall

Nas peculiares ruas do Frech Quarter (Bairro Francês), dá para escutar um pouco de muitos ritmos. Até música brasileira. Nova Orleans, no entanto, é conhecida como a capital do jazz.

Na primeira reportagem, sobre Nashville, eu expliquei como percorrer a Rota da Música, a época melhor para visitar a região, as maneiras de voar do Brasil a esses locais e outras informações importantes para quem pretende fazer o roteiro. Aqui, você confere todos os detalhes.

O PERCURSO

De Memphis, parada intermediária do circuito, a Nova Orleans, temos o trecho mais longo da Rota da Música. São 632 km que, sem paradas, podem ser vencidos em cerca de cinco horas e meia – note que há fuso horário entre as duas cidades.

É praticamente uma descida pelo Rio Mississipi, que passa por Memphis e termina em Nova Orleans. Mas quem quiser vê-lo terá de desviar da estrada principal.

Por falar em estrada, ao sair do Tennessee e entrar na Luisiana, nota-se que a qualidade do asfalto começa a piorar. Ao menos, no início do trajeto. Logo passamos por Baton Rouge que, embora não seja a cidade mais conhecida e importante, é a capital do Estado.

Estrada suspensa na aproximação de Nova Orleans
Estrada suspensa na aproximação de Nova Orleans

A cerca de 80 km de Nova Orleans, começa o espetáculo: a rodovia suspensa. Ela está sobre os pântanos da Luisiana e, depois, sobre o deslumbrante Golfo do México. É uma vista impressionante ao por do sol.

Quando o Golfo do México surge, ainda estamos a cerca de 40 km de Nova Orleans. Porém, os prédios do centro da cidade já podem ser vistos, bem como as luzes, ao cair do sol.

As estradas suspensas já mostram um pouco do que é Nova Orleans. Uma cidade cercada por pântanos e muita água, tanto do rio quanto do golfo. A umidade é uma das marcas registradas de Nola.

MIX DE CULTURAS em nova orleans

Africanos, franceses, espanhóis e norte-americanos de diferentes origens e raças. A influência de todos esses povos forma o caldeirão cultural que caracteriza Nova Orleans, e a torna peculiar. Essa miscigenação também está em aspectos como arquitetura e gastronomia.

A cidade é parte do sul dos EUA, onde a escravidão só foi abolida no século XIX, com a Guerra Civil. Passou por um período de influência espanhola e, junto com toda a Luisiana, por um longo domínio francês – antes de ser incorporada definitivamente aos Estados Unidos.

Não é à toa que a área mais conhecida de Nola se chama French Quarter – Bairro Francês, em tradução livre. A arquitetura peculiar, com as casas de tijolos e sacadas repletas de vasos de flores, é inspirada na França.

Arquitetura do French Quarter, em Nova Orleans
Arquitetura do French Quarter, em Nova Orleans

No French Quarter, há diversas lojas sobre o vudu, prática religiosa que é herança dos africanos. É do vudu que vêm alguns mitos sobrenaturais da cidade, como a bruxaria. Nola também é considerada uma morada de vampiros, uma lenda que ganhou impulso com romances da escritora Anne Rice, que se passavam na cidade e no Estado da Luisiana.

A conexão entre vampiros e Nova Orleans já foi muito explorada no cinema americano, em filmes como “Entrevista com o Vampiro”, baseado no romance de Rice. E também por séries como “The Originals” e “True Blood”.

Para conhecer melhor a interessante cultura que que é o vudu, além das lojas do Quarter vale uma visita aos belíssimos cemitérios da cidade. Entre eles há o Lafayette e o St. Louis – cobra US$ 25 de ingresso.

French Quarter

Antes de embarcar na música, vamos fazer um giro por Nova Orleans? Há muita coisa para conhecer. Começamos pelo French Quarter. A famosa Bourbon Street está lá. É uma concentração de bares e de pessoas festejando na própria rua.

É comum ver paradas de bandas tocando desde jazz a hits de Elvis Presley na Bourbon, a qualquer momento do dia ou noite, atraindo multidões. Por lá, em fevereiro, também ocorre o Mardi Gras, o famoso carnaval de Nova Orleans.

Bourbon Street Nova Orleans
Bourbon Street

Outra rua famosa do Quarter é a Royal, com seus antiquários, lojas de móveis, joias e artesanato. Uma visita imperdível na região é a Catedral de Nova Orleans, também conhecida como Catedral St. Louis. De estilo francês, fica na bonita praça Jackson (Jackson square). Outra igreja importante da cidade é a St. Patrick.

Essas igrejas e catedrais católicas são fruto da influência francesa. Chamam ainda mais a atenção por serem raras nos EUA. O catolicismo não é dominante no país.

Catedral de Nova Orleans
Catedral de Nova Orleans

Bem próximo à catedral, o Mercado Francês (French Market) tem culinária típica da cidade e muito artesanato. Lá, um dos destaques são as representações das cabeças de crocodilos, comuns nos pântanos ao redor de Nova Orleans.

Já a Canal Street, que delimita o Bairro Francês, tem os melhores hotéis da cidade e butiques de marcas de luxo. Há ainda um shopping com direito às lojas de departamento americanas que todos adoram, como a sofisticada Saks 5th Avenue.

Royal Street

Além dos bares, a região do French Quarter também tem muitos restaurantes especializados em crawfish (lagostim) e Gumbo, pratos típicos da região (leia mais sobre culinária de Nola abaixo). Mas os melhores estão fora do Bairro Francês.

Outras atrações em Nova Orleans

Fora do French Quarter, a arquitetura muda, e o local a se visitar é o Garden District. Algumas plantações pré-Guerra Civil ficavam lá. Depois, se tornou local em que os plantadores, antes do conflito, construíram suas propriedades urbanas.

Royal Street

As casas, muitas delas restauradas, são inspiradas nas de plantações. Sabe Tara e Twelve Oaks, as fazendas do à época aclamado e agora polêmico filme “E o Vento Levou”? São propriedades assim que você vai encontrar no Garden District.

A maioria das casas foram construídas nos séculos XVIII e XIX. O distrito fica a cerca de 5 km do Bairro Francês.

Garden District

As imediações de Nova Orleans também são uma grande atração. Há tours para visitas aos pântanos e também às tradicionais plantações de algodão – com mansões construídas antes da Guerra Civil.

A música em Nova Orleans

A música é a principal atração de Nova Orleans. Você vai querer reservar pelo menos um dia para passar a tarde e a noite rodando de bar em bar, para escutar bem executadas variações de jazz e outros ritmos. Mas, antes de entrar nessa programação, da qual é difícil querer sair, vá ao Preservation Hall.

Trata-se de uma casa com apresentações de jazz a cada 45 minutos. Nomes importantes do ritmo se apresentam no local diariamente. Os ingressos, a partir de US$ 25, podem ser obtidos no site ou na hora, por meio de um QR code que dá acesso ao link de compra.

Arquitetura francesa em Nova Orleans

Já os bares da Bourbon Street são de acesso livre – pega bem pagar gorjeta às bandas, que sempre a requisitam. Por lá, há sets de jazz, mas também de blues, rock and roll, músicas latinas e até brasileiras. Nas ruas das imediações, os bares com bandas ao vivo também são inúmeros.

A ordem é ir de bar em bar, escutando estilos e bandas variadas. Mas, para ver o que Nova Orleans oferece de melhor quando o assunto é música, o local é a Frenchmen Street.

Lafitte’s

Marigny

Embora a arquitetura do local seja a mesma do French Quarter e a região, vizinha, a Frenchmen Street fica em uma área chamada Marigny, bem menos turística e tumultuada que o bairro francês.

Marigny

Na Frenchmen, comecei o dia com uma sessão de jazz contemporâneo no Spotted Cat Music Club. Atravessando a rua, parti para o Cafe Negril, para escutar um set com hits de Frank Sinatra, Amy Winehouse e até Garota de Ipanema. A banda tinha um guitarrista brasileiro e vocalista mexicana.

Em seguida, fui ao Bamboula’s, em que a espetacular arquitetura remete ao início do século XX e o jazz clássico era o prato principal. Após o jantar (veja abaixo), o dia, já noite, terminou em um mix de blues e rock no 30°/-90°.

Também na área de Marigny está aquele que é considerado o bar mais antigo dos Estados Unidos ainda em operação. É o Lafitte’s, construído em 1732. Por lá, não há música ao vivo o dia todo. Apenas história. No passado, porém, foi um piano bar.

Gastronomia

A gastronomia de Nova Orleans tem influência afro-americana, norte-americana, francesa e espanhola, e é chamada de cajun e creole. Temperos apimentados fazem parte da tradição, e os frutos do mar dominam o cardápio.

O lagostim pescado nos pântanos da Luisiana (crawfish) é um hit, assim como o Gumbo. Trata-se de um ensopado de frutos do mar (também pode ser de carnes) acompanhado de arroz. É o prato mais tradicional da culinária cajun.

August

Outro hit de Nola é o Beignet, um pão açucarado surpreendentemente delicioso. Para comer um excelente, há diversas unidades do Café Beignet pelo French Quarter. Outro local famoso é o Cafe du Monde.

Já a culinária creole tem seu maior representante do Commander’s Palace, o restaurante mais tradicional de Nova Orleans – e também o mais renomado. Fundado no século XIX, fica no Garden District.

Traz os tradicionais frutos de mar, mas com a influência do sul dos Estados Unidos que caracterizam a culinária creole. As carnes, portanto, também são carro-chefe.

Beignet

Para desfrutar a tradicional culinária francesa, com pato e foie gras, uma ótima pedida é o bistrô August, nas imediações da Canal Street. Em Marigny, o Paladar 511 é um local descolado com opção de pizzas e cardápio de carnes. Experimente o wagyu (o melhor que já comi). Mas tome cuidado com a carta de vinhos, especialmente com os estranhos rótulos da Califórnia.

Onde ficar em Nova Orleans

Os hotéis mais luxuosos de Nova Orleans estão nas imediações da Canal Street. Entre eles há o Ritz-Carlton (a partir de US$ 386), o Four Seasons (US$ 320) e o Roosevelt/Waldorf Astoria (US$ 296). Os valores são sempre para o mês de maio de 2023.

Mas há também opções muito charmosas no French Quarter, no estilo arquitetônico francês que marca o bairro, e hospedadas em prédios históricos. Nesse grupo, destaque para o Omni Royal (US$ 200) e o W New Orleans (US$ 212).

Paladar 511

Porém, o French Quarter não é muito amigável para quem está fazendo a Rota da Música de carro. Por isso, escolhi o Le Meridien (US$ 130), nas imediações da Canal Street. O hotel tem ótimo custo-benefício, é bem localizado e requintado.

Tem piscina no rooftop, algo que faz a diferença em Nova Orleans, e um bar com ótimos drinks, além de quarto e banheiro amplos. O ponto negativo é o café da manhã com buffet limitado e sem graça. Como é pago, a melhor opção é desfrutar a primeira refeição do dia nos inúmeros restaurantes bacanas próximos à Canal.

O estacionamento, no entanto, é sempre caro – no mínimo US$ 30 por dia -, seja dentro ou fora do French Quarter. Só vai economizar quem quiser ficar longe do centro, o que é uma péssima ideia em Nova Orleans. A cidade, como Nova York, foi feita para percorrer a pé, pois quase tudo o que importa é próximo e as ruas são boas para andar.

Parada na Bourbon Street

Por isso, para quem está fazendo a Rota da Música de carro, fica a dica. Alugue o veículo em Nashville, percorra todo o circuito e, em Nova Orleans, vá às plantações e pântanos das imediações no primeiro dia, usando o automóvel.

Ao fim desse dia, devolva o veículo na locadora. Você economiza nas diárias do carro e do estacionamento. A partir de então, percorra Nola a pé e seja feliz! E, para ser feliz em Nova Orleans, fique pelo menos quatro dias.

Cinema e TV

É sempre legal pegar algumas referências sobre a cidade a ser visitada no cinema e na TV. E não faltam filmes e séries ambientadas em Nova Orleans. “King Creole” (1958) – “Balada Sangrenta” no Brasil – começa com um belo dueto de jazz entre Elvis Presley e Kitty Whit

A música não poderia ter nome mais apropriado: Crawfish. A cena mostra o French Quarter, e fica claro que ele mudou muito pouco, ou nada, dos anos 50 para cá.

French Market Nova Orleans
French Market

“The Originals” (2013 a 2018), a série, é como King Creole toda ambientada em Nova Orleans. Mais especificamente, no Frech Quarter. Bourbon Street, bares e restaurantes típicos da cidade, as igrejas e cemitérios são praticamente parte do elenco. Uma bela forma de explorar Nola antes de conhecê-la.

Na quinta temporada de “True Blood” (2008 a 2014), a maior parte da ação se passa em Nova Orleans. Em um dos episódios, os vampiros circulam pelas ruas e bares do French Quarter. Já “Entrevista com o Vampiro” (1994) mostra Nola ao longo de 200 anos de trajetória de Louis (Brad Pitt), o personagem principal. Do século XVIII ao XX.

Em “Risco Duplo” (1999), Nova Orleans é cenário da parte final do longa. Ali, estão o French Quarter e um hotel localizado em um prédio histórico. Uma das cenas mais emblemáticas e perturbadoras do longa é no Cemitério Lafayette.