Nova classe executiva da Copa Airlines: os prós e contras

Voar de classe executiva da Copa Airlines é a mesma coisa que ir de econômica. Certo? Isso era uma ideia não muito distante da realidade. Porém, apenas até a estreia da Dreams, a nova business class da companhia aérea do Panamá.

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Na verdade, a nova classe executiva da Copa Airlines não é assim tão nova. Estreou no Brasil pouco antes da pandemia. Mas aí veio a crise sanitária global, e a aviação só começou a voltar a ser o que era a partir de 2022. Foi naquele ano que tentei ter minha primeira experiência na Dreams. Não rolou.

Em 2023, consegui, mas acabei não escrevendo a resenha. O que foi ótimo, pois em janeiro de 2024 voei novamente na classe executiva da Copa Airlines e pude comparar as experiências. Que foram idênticas.

Mas o que é a Dreams? É o produto classe executiva oferecido pela Copa Airlines em suas cerca de 20 aeronaves 737 MAX 9, com poltronas que viram cama. Nos demais aviões (737-800), as poltronas são mais largas que as da classe econômica, e reclinam um pouco mais.

Algumas trazem apoio para os pés. Porém, é isso. Nos 737-800, a experiência de classe executiva semelhante à de companhias que voam com aeronaves maiores não existe. E é isso que a Dreams se propõe a oferecer.

E o veredito vem antes mesmo de entrar nos detalhes: a Dreams é inferior às classes executivas da Latam e companhias aéreas norte-americanas. As concorrentes da Copa Airlines são essas, uma vez que os destinos mais comuns da panamenha a partir do Brasil são Caribe e Estados Unidos.

Aqui, vale uma pontuação. A Azul também faz voos aos EUA, a partir de Campinas. E, por fotos e relatos que já vi, li e escutei, acredito que tenha uma ótima classe executiva. Porém, não posso opinar, pois nunca fiz um voo internacional com a aérea.

De volta à Copa Airlines: mesmo sendo um produto inferior, a Dreams vale a pena? Em algumas situações, vale muito a pena. Muito mesmo. Aqui, eu vou mostrar quais são os prós e os contras dessa classe executiva.

Outras resenhas de classes executivas

Dreams: bom produto da Copa Airlines

A Copa Airlines tem alta frequência de voos no Brasil, partindo de diversas cidades com destino à Cidade do Panamá, na América Central – hub da companhia. A partir do Aeroporto de Guarulhos, todos os cinco voos diários são com o 737 MAX 9 – ou seja, equipado com a classe executiva Dreams.

Já em voos partindo de outras cidades do Brasil, a empresa também usa o 737-800 (classe executiva antiga). Mais adiante, vou ensinar como saber se o produto adquirido é ou não é Dreams.

Nessa classe executiva, as poltronas viram camas confortáveis, garantindo uma boa noite de sono ao viajante. Porém, não há milagre. Aqui estamos falando de uma aeronave de médio porte e apenas um corredor.

copa airlines classe executiva

Por isso, a disposição é 2-2. São duas poltronas à direita, uma ao lado da outra, e duas à esquerda. Quem viaja na janela não tem acesso direto ao corredor. E quem embarca em voo solo vai necessariamente se sentar ao lado de um desconhecido.

Isso é exclusivo da Copa? Não é. Nos 787 da Aeromexico que fazem a rota entre a capital mexicana e São Paulo a cabine da classe executiva é 2-2-2, também tirando o acesso ao corredor dos passageiros que vão ao lado da janela.

A Latam também tem o 787 na configuração 2-2-2 para algumas rotas – entre elas, São Paulo (GRU) – Cidade do México. Já para os Estados Unidos, a maioria dos aviões usados pela companhia binacional (brasileira e chilena) é com a nova classe executiva, 1-2-1.

Isso garante acesso de todos os passageiros ao corredor e privacidade para quem está viajando sozinho. O mesmo ocorre com os voos partindo de São Paulo de todas as companhias americanas que operam no Brasil (Delta, United e American Airlines).

Contra: entretenimento de bordo

As poltronas da Dreams são sim um ponto positivo. Se o objetivo do viajante que adquire o produto é ter conforto e uma noite de sono razoável (afinal, são apenas sete horas de voo), está garantido com esse produto da Copa Airlines.

copa airlines classe executiva

Mas, se espera mais, vai se decepcionar. O entretenimento de bordo, apesar da tela de boa resolução e sensível ao toque, mas também com comando remoto, é muito limitado. Poucas opções de filmes e séries e sem títulos novos interessantes.

Ou seja: tem entretenimento e dá sim para passar o tempo com ele. Mas o pacote é muito inferior ao da Latam e companhias americanas. Ah, vale ressaltar que a Gol, apesar de ter alguns voos diretos para EUA e América Central, não oferece classe executiva. Por isso, não está sendo considerada nas comparações desse review.

Serviço de econômica em ‘traje’ de executiva

O serviço deixa a desejar. Dependendo da configuração da aeronave, a Dreams pode ter 12 ou 16 passageiros. E há apenas um comissário de bordo para todos eles. Se o serviço oferecido é café da manhã (o que ocorre na maior parte dos voos partindo do Brasil, que são na madrugada), funciona.

Porém, se é almoço ou jantar, é lento, pois antes o comissário serve castanhas e bebidas. Depois, prepara a bandeja de cada passageiro. E só então começa a servir.

Em um de meus voos de 2023 (Panamá a São Paulo, à noite) levou quatro das sete horas de viagem para o serviço ser concluído (uma turbulência após a decolagem contribuiu para a demora). Isso acabou deixando pouco espaço para dormir no trajeto (como eu queria escrever review e estava produzindo o vídeo que você vê abaixo, precisei esperar o jantar).

copa airlines classe executiva

E por falar em serviço, há apenas um completo na classe executiva da Copa Airlines. De São Paulo e Panamá, em janeiro de 2024, era café da manhã. Como o voo partia de madrugada, foram servidas bebidas (a variedade é até boa, mas os vinhos oferecidos naquele dia eram ruins) e um sanduíche pequeno, frio e muito ruim.

Na aproximação ao Panamá, foi servido um café da manhã razoável, com omelete e tomates, mas sem pães quentinhos. Já na experiência de 2023, era jantar. Opções: carne ou frango. Eu queria carne mas, como estava na última fileira, tive de me contentar com frango – sem graça, servido com legumes.

Não há cardápio na classe executiva da Copa Airlines. Então, como na econômica, você escolhe entre carne ou frango no jantar e almoço, omelete ou panqueca no café da manhã. Qualidade e apresentação são de razoáveis para ruins.

Ou seja: serviço e gastronomia de classe econômica com louça de classe executiva e bebidas alcoólicas e não alcoólicas à vontade. Aqui, é importante pontuar que, em minha opinião, um serviço completo apenas é aceitável para um voo de apenas sete horas.

Mas não é minha opinião que conta. É preciso olhar para o que a concorrência está fazendo. O voo de São Paulo a Miami leva também cerca de sete horas. A American Airlines oferece dois serviços completos, jantar e café da manhã.

Quem quiser dormir mais pode simplesmente recusar um, ou ambos. Mas fato é que tem a opção.

Principal ponto positivo: conexão

A Copa Airlines é a melhor conexão para o Caribe. Trata-se da maneira mais rápida e menos distante de chegar às atrações dessa região da América Central. E também pode ser um ótimo negócio para quem está viajando para os Estados Unidos.

A partir de São Paulo, a Latam oferece voos diretos a Miami e Nova York diariamente. Boston, Los Angeles e Orlando têm duas ou três frequências por semana. De American Airlines, dá para chegar sem conexão a Miami, Dallas e Nova York, partindo do aeroporto de Guarulhos.

Nova York também é um destino atendido por United Airlines e Delta, a partir de São Paulo. A primeira voa ainda a Houston, Chicago e Washington. A segunda, a Atlanta. A Azul voa de Campinas a Miami (Fort Lauderdale).

Se seu destino final não for nenhum desses, o melhor negócio é ir de Copa Airlines. Eu voltarei a escolher a companhia até mesmo para Los Angeles (algo que fiz recentemente), se os dias não coincidirem com o voo direto da Latam.

A Copa Airlines também é boa opção para Las Vegas, Orlando e Boston (em dias sem voo direto). A companhia voa ainda do Panamá a São Francisco, Tampa, Denver, Baltimore e Raleigh, além dos destinos que têm conexão direta com o Brasil.

A vantagem é a rapidez da conexão, que acaba também reduzindo o tempo total da viagem. Como são muitos voos a partir do Brasil, em horários diversos, o passageiro terá quase sempre paradas rápidas no Panamá.

Em uma das experiências, fiquei apenas 50 minutos no aeroporto, e sem risco de perder o voo. Os portões não costumam ser distantes uns dos outros (com raras exceções) e não é preciso passar por imigração.

Além disso, quando há checagem de segurança (nem sempre é necessária), é feita no próprio portão de embarque. Os passageiros de classe executiva têm acesso preferencial. Portanto, não precisam enfrentar filas nesse processo.

Igual a conexão nos Estados Unidos, né? Só que não. Conectar em um aeroporto norte-americano é quase sempre um grande contratempo. O procedimento de imigração é muito demorado, mas inevitável – seja em voo que partiu do Brasil ou do Panamá.

Só que a imigração pode levar até duas horas. E, para quem vai fazer conexão, em seguida ainda há o procedimento de segurança. Alguns aeroportos, como o de Las Vegas, oferecem prioridade a passageiros de executiva e primeira para esse processo. Outros, não.

Mas mesmo com prioridade, o procedimento, demorado e minucioso, pode demorar até uma hora. Ou seja: para não correr risco de perder a conexão, a parada tem de ter no mínimo duas horas, na chegada aos EUA – mas é melhor que seja de três horas. Isso aumentará muito o tempo de viagem. Fora o perrengue.

Na volta a conexão não precisa ser tão longa, pois não há imigração (só checagem de segurança). A não ser que você esteja conectando nos EUA no retorno de outro país, coisa que já fiz. Voei Cidade do México – Dallas – Guarulhos.

A imigração demorou tanto em Dallas que tive de ir pedindo gentilmente ao pessoal da fila para passar na frente. Se não tivesse feito isso, perderia meu voo internacional – só haveria outro no dia seguinte.

Segundo trecho com mais conforto

Voar a Los Angeles leva cinco horas a partir de Miami, cinco horas e meia de Nova York, quatro horas de Chicago e três horas de Dallas e Houston. Voando de primeira classe (nome que as companhias americanas dão à classe executiva doméstica), as poltronas são mais largas que na econômica, mas não há apoio para os pés.

Na maior parte desses voos, feitos por companhias aéreas americanas, não há entretenimento de bordo. Mas claro que você pode dar sorte. Já voei de Dallas a Miami em um 777-200 da American Airlines, com classe executiva de voo internacional (poltronas que viram camas, entretenimento completo, etc). É raro. Muito raro. Mas acontece.

copa airlines classe executiva
Classe executiva da Copa Airlines no 737-800 (trecho entre Cidade do México e Panamá

Mas mesmo nessa aeronave, o serviço é o de primeira classe doméstica. Uma refeição que pode ser quente ou fria e bebidas (pode haver ou não oferta de alcoólicas). Tudo depende do horário do voo. E a qualidade é bem inferior a de voos internacionais.

Voar do Panamá a Los Angeles leva seis horas. E você vai de Dreams, na poltrona que vira cama. O serviço é o de voo internacional da Copa Airlines. Pior que o das americanas em trechos de e para o exterior? Sim! Mas superior àquele oferecido por American, Delta, United e outras companhias dos EUA em voos domésticos.

Mas nem sempre o produto oferecido pela Copa Airlines para os EUA é com a Dreams. A maioria dos voos, na verdade, é com o 737-800. Isso porque, no geral, as distâncias são bem mais curtas que o trecho do Brasil ao Panamá.

Ainda assim, a classe executiva “antiga” da Copa Airlines oferece mais conforto que a primeira classe doméstica das americanas. As poltronas são mais largas e, em algumas aeronaves, com um bom apoio para os pés.

Além disso, grande parte dessas aeronaves oferecem entretenimento de bordo individual. E o serviço é sempre de voo internacional. Por isso, no segundo trecho, de classe executiva da Copa Airlines você vai mais confortável que na primeira classe das americanas.

Sala VIP

A sala VIP da Copa Airlines no aeroporto do Panamá era trágica. Quente, pequena, com poucas opções de comidas e bebidas. Mas a empresa criou um novo lounge, que ficou belíssimo, espaçoso e com serviços de qualidade.

Não que necessariamente você vá conseguir usar, porque as conexões são muito rápidas. Porém, se houver tempo, vale dar uma passada no lounge de dois andares, com vista panorâmica para o terminal, chuveiros e comidas e bebidas variadas.

Até piscina o lounge tem (aberta em alguns períodos do ano). E não se assuste com a fila na porta, tá? É que a Sala VIP pode ser acessada por integrantes de clubes, sejam eles associados ou não a cartões de créditos (Lounge Key, Dragon Pass, Priority Pass – não sei exatamente quais são filiados, mas basta checar nos apps de seu cartão).

Porém, há duas filas separadas. A grande é para o pessoal do cartão do crédito. Já o acesso para passageiros da executiva é exclusivo (na minha experiência, não tinha fila).

Em Guarulhos, a Copa Airlines utiliza o lounge do Banco Safra (Terminal 3, de onde partem os voos da aérea), como outras companhias da Star Alliance, aliança da qual a panamenha faz parte. Aqui, vale uma informação. Dá para creditar pontos no programa da aliança ou de outras parceiras, como United, TAP e Lufthansa – caso você não queira se filiar ao da própria Copa.

E dá também para pontuar no programa Smiles, da Gol, que é parceira da companhia aérea do Panamá. De volta aos lounges, nem tudo é festa, tá? No aeroporto de Cidade do México, por exemplo, a Copa Airlines não tem parceria com nenhuma Sala VIP. Eu tive de usar meu cartão de crédito para acessar a da Aeromexico.

Preço da classe executiva da Copa Airlines

E aqui vai a vantagem definitiva de voar Copa Airlines. Preço. A companhia é uma aérea de baixo custo e, quase sempre, tem tarifas bem mais interessantes que a de outras empresas que fazem os mesmos trechos. Isso vale também para a classe executiva?

Não necessariamente. Há situações em que a business da Copa Airlines é até mais cara. Porém, se reservar com antecedência, você provavelmente vai encontrar não apenas a viagem no menor tempo, mas também com o melhor preço (muito melhor, em alguns casos).

Fiz uma simulação de São Paulo a Las Vegas, com partida em 8 de maio, e retorno no dia 15 do mesmo mês. Ida e volta com a Copa Airlines, de classe executiva, sai por R$ 16.846 – tempo total de viagem na ida é de 15h59min e na volta, 15h18 min.

copa airlines classe executiva

Na opção mais interessante (e também mais barata) da Delta para as mesmas datas, de classe executiva, o tempo sobe para 18h20 na ida. Na volta, é mais rápido que a Copa Airlines: 14h35min. O valor é de R$ 20.663 e a conexão, em Atlanta.

Para essas datas, preços e tempo total de voo na ida e na volta na American Airlines são, respectivamente: R$ 22.034, 17h19 min (duas conexões, em Dallas e Phoenix), 13h55 min (conexão em Dallas). Há opção com uma parada apenas na ida. Só que, no período de pesquisa, a partir de R$ 60 mil.

Na United a opção mais interessante sai por R$ 33.880, com conexões em Houston nos dois trechos. Na ida há um bilhete com tempo total de 14h50min. Porém, arriscada, por ter apenas uma hora e meia de conexão. É mais seguro pegar a opção de 17h, pelo mesmo preço. Na volta, a viagem dura 13h50min.

Fiz também uma simulação com datas mais adiante, de 24 a 31 de outubro, de São Paulo a Los Angeles (ida e volta), em classe executiva. Veja os resultados:

Copa Airlines (conexões no Panamá)

Ida 15h19
Volta 14h50
R$ 15.612

Opção mais em conta da Copa Airlines (porém, mais demorada)

Ida – 15h29
Volta – 18h19
R$ 12.486

Latam

Ida (voo direto) – 12h35min
Volta (conexão em Lima) – 14h55min
R$ 20.851
OBS: de Lima a São Paulo o voo é de 5 horas em premium economy do A320 (assentos comuns, com o do centro bloqueado e serviço superior ao oferecido na econômica tradicional)

United Airlines (conexões em Houston)
Ida – 15h37
Volta – 14h
R$ 26.353

American Airlines (conexões em Miami)
Ida – 15h41
Volta – 14h56
R$ 18.552

Como saber se é Dreams

Quando postei detalhes das minhas viagens de classe executiva da Copa Airlines em meu perfil no Instagram, houve uma pergunta recorrente: como saber se é Dreams? Isso é fácil.

Ao reservar o bilhete, verifique qual é a aeronave. Se for 737 MAX 9, é Dreams. Mas, se quiser assegurar, entre no mapa de assentos. As poltronas da nova classe executiva da Copa Airlines têm posição conhecida como espinha de peixe, na diagonal.

Além disso, à frente do desenho da cabine você vai ler a palavra “Dreams”. Já as poltronas da classe executiva do 737-800 têm posição normal, direcionadas para a frente da aeronave.

Veredito final

Para facilitar, aqui vai um resumo de prós e contras.

Voe na classe executiva Dreams da Copa Airlines sem medo se:

  • O preço estiver mais interessante;
  • O destino final for o Caribe;
  • O destino final for Las Vegas, Austin, Baltimore, Raleigh, São Francisco, Tampa e, dependendo do dia do voo, até mesmo Boston, Orlando e Los Angeles;
  • Uma boa noite de sono for seu principal objetivo ao adquirir o produto business class;
  • Passar perrengue em conexões é algo que você sempre prefere evitar.

Não voe na classe executiva Dreams da Copa Airlines se:

  • Você é desses que não dorme em avião (nem na classe executiva) e faz questão de entretenimento de bordo variado;
  • Serviço rápido e eficiente a bordo é fundamental para você;
  • Classe executiva só é classe executiva se a comida for de qualidade;
  • Ao viajar sozinho, você faz questão de ter privacidade em sua poltrona;
  • Seu destino EUA for uma cidade com voos diretos e diários a partir de São Paulo (Miami, Nova York, Dallas, Houston, Atlanta, Washington e Chicago). Isso, obviamente, se você não fizer questão de economizar no valor do bilhete.
Classe executiva da AA

Como é voar na classe executiva da American Airlines no Boeing 777

No fim de janeiro vivi minha primeira experiência na classe executiva da American Airlines, umas das companhias americanas com maior presença no Brasil. A anterior havia sido em 2018, de São Paulo a Dallas, no Boeing 787.

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Desta vez, voei de São Paulo (aeroporto Internacional de Guarulhos) a Miami no Boeing 777. Foi o meu primeiro voo em classe executiva já sem as restrições impostas pela pandemia – a companhia não exige uso de máscara nem limita serviços.

No ano passado, eu havia voado na classe executiva da United, mas ainda com muitas limitações em razão da covid-19. Confira como foi minha experiência.

Veja outras experiências em classe executiva

Emissão

Emiti o trecho com milhas + dinheiro no programa Smiles, da Gol, que é parceira da American Airlines. Foram 30.000 milhas + R$ 3.150. Com as taxas, o total ficou em R$ 3.500.

Emitir na Smiles para voos de parceiros, seja na classe executiva ou na econômica, não é fácil, pois há exigência de muitos “pontos”. Uma executiva pode variar de 180.000 milhas e passar das 350.000 por trecho.

A área principal da Sala VIP da American Airlines no Terminal 3
A área principal da Sala VIP da American Airlines no Terminal 3

Mas a solução de milhas + dinheiro é muito boa no programa. Com poucos “pontos”, dá para viajar de classe executiva gastando bem menos que na econômica. Nem sempre há voos disponíveis mas, se houver insistência – entrar na lista diversas vezes ao dia -, eles acabam aparecendo.

A contrapartida é que meu destino final era Dallas, e há um voo direto da American Airlines para a cidade. Porém, ao emitir na Smiles, eu precisei fazer duas conexões (uma em Miami e outra em Austin). A cidade do Texas estava muito procurada no período, por causa de um evento – o NADA Show.

Não havia opção de comprar o bilhete direto para Dallas com milhas da Smiles. E, para emitir com a companhia, o valor do voo sem conexões na classe econômica era de R$ 6 mil por trecho. Já a “perna” de classe executiva custava R$ 40 mil.

Check-in e Sala VIP da American Airlines

Não consegui fazer check-in online, mas esse não foi um problema da American Airlines. Nos dias posteriores, fiz voos internacionais com outras duas companhias aéreas, e enfrentei a mesma limitação. Ao que tudo indica, havia um problema de documentação causado pela exigência do certificado de vacinação contra covid-19 – o meu está em dia, mas eu precisava apresentá-lo no balcão.

Mas o check-in no aeroporto foi tranquilo, rápido e sem filas. A American Airlines tem uma área exclusiva no Terminal 3 para passageiros de primeira classe, executiva, econômica premium e membros de níveis mais avançados de seu programa de fidelização. Ele é separado dos balcões convencionais.

A companhia tem sua própria Sala VIP no Terminal 3, que estava tranquila, com muitos lugares disponíveis. Em horário próximo a meu voo havia apenas um outro, para o aeroporto JFK, em Nova York.

Há muitas poltronas com estações de carragamento de aparelhos eletrônicos, áreas de descanso, mesas para alimentação, uma sala de TV mais escura e chuveiros para quem quer tomar banho antes de embarcar. O buffet, em duas ilhas, tem muitos frios e petiscos quentes, além de opções como hambúrguer e sopas.

Há muita variedade de bebidas alcóolicas e não alcóolicas: refrigerantes, sucos, vinhos, whisky, gin e outros destilados, além de cervejas. O status dos voos da American Airlines são avisados por meio do alto-falante do lounge.

Embarque

Embarquei na fila preferencial para passageiros de executiva e primeira classe – disponível neste voo para Miami, mas não em todos os da companhia. Mas, ao verificar meu bilhete, a atendente disse para que eu me encaminhasse ao deck de embarque na econômica – no Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, há dois fingers.

O bar da Sala VIP da American Airlines
O bar da Sala VIP da American Airlines

O deck de embarque da classe executiva e da primeira não estava funcionando. Então, acabei enfrentando uma fila no corredor. O problema, no entanto, é mais do aeroporto que da companhia aérea.

Cabine e poltronas da American Airlines

A classe executiva da American Airlines tem a disposição 1-2-1 e é dividida em duas partes da cabine – uma menor, à frente, e outra maior, com pelo menos oito fileiras de quatro poltronas. Como estava viajando sozinha, escolhi uma das poltronas da extremidade, sem ninguém ao meu lado. Aos poucos, a maioria das business class vão aderindo a esse modelo, que garante mais privacidade ao passageiro.

As poltronas reclinam em 180 graus, e viram camas voltadas para a janela – em uma posição conhecida como espinha de peixe. O apoio do pé à frente afunila, o que é um problema para passageiros mais altos, mas não para mim.

Poltrona da American Airlines

Há duas posições pré determinadas: pouso e decolagem e cama. Porém, comandos permitem diversas combinações, como usar o apoio de pé em encosto para transformar o ambiente em uma poltrona de Sala VIP de cinema, para assistir a um filme, por exemplo.

Entretenimento e conectividade

Na cabine há ainda tomada e entradas USB, além de um compartimento para armazenar pequenos objetos. Senti falta de um espelho, oferecido em outras companhias aéreas com as quais já voei. Isso é bem útil para quem quer retocar a maquiagem – evita que a pessoa passe minutos e mais minutos no banheiro e, assim, evita filas. Fica a dica para a American Airlines e outras empresas que ainda não aderiram a essa solução simples.

O tela de entretenimento é sensível ao toque, mas essa função não estava funcionando muito bem na minha. Tive de comandá-la pelo controle remoto, com uma tela na qual dá para ver outra programação, diferente da transmitida na principal.

Assim, enquanto assiste a um filme, o passageiro pode, por exemplo, acompanhar as informações sobre o voo no controle remoto.

Serviço de bordo da American Airlines

Nos últimos dez dias, voei na classe executiva de três companhias aéreas diferentes. A única a oferecer cardápio físico foi a American Airlines. Sobre as demais, conto em próximos posts, mas a experiências com elas me mostraram a importância de oferecer ao passageiro um menu detalhado.

Entrada, salada e prato principal são servidos juntos, o que agiliza o serviço da American Airlines.
Entrada, salada e prato principal são servidos juntos, o que agiliza o serviço da American Airlines. Mas entregar os pratos separadamente, por passos, é mais comum nas classes executivas e aproxima o serviço dos de restaurantes sofisticados

O cardápio estava em inglês e português, mas não havia opção de entrada (camarão grelhado) e salada (de folhas). O passageiro só podia escolher prato principal (quatro alternativas, sendo uma vegana) e sobremesa (duas, além de prato de queijos).

Escolhi um filet mignon que estava um pouco além do ponto, mas saboroso. Para o café da manhã, havia duas opções, e durante a noite o passageiro tem alguns snacks à disposição em uma ilha próxima à cozinha.

Carta de vinhos da American Airlines

O serviço foi rápido e eficiente, com funcionários muito bem treinados. Na seleção de bebidas, além de diversos destilados e drinks preparados pela tripulação, havia uma boa seleção de vinhos, com champagne, brancos e tintos da Califórnia, um tinto francês e opção de sobremesa. A carta de vinhos é detalhada e separada do menu principal.

Chegada

Após o desembarque e rápido processo de imigração em Miami (a fila estava pequena), houve o procedimento de reembarque. Há uma fila preferencial para checagem de segurança nesse aeroporto da Flórida, voltado a passageiros de classes premium e integrantes de programas de fidelização.

Porém, não há grande vantagem. A fila estava imensa. Independentemente da classe de viagem, a checagem de segurança nos Estados Unidos é sempre um processo minucioso, demorado e cansativo para o passageiro. Não há como fugir.

Houve alguns atrasos em meus dois voos seguintes, por causa das condições climáticas em uma semana rigorosa de inverno no sul dos Estados Unidos. Mas cheguei a Dallas sem maiores contratempos. Lá, o início da entrega das malas demorou, mas a minha foi uma das primeiras a chegar.

No geral, achei bem positiva a nova experiência de voar com a American Airlines em classe executiva. A cabine não mudou nada em relação a 2018 (são praticamente idênticas no 777 e no 787). Porém, ainda não há necessidade de upgrade, pois o produto é moderno e oferece conforto ao passageiro.

Os serviços da companhia são eficientes e bem executados, embora não supreendentes como, por exemplo, o de companhias do Oriente Médio e da Ásia. Mas está dentro do padrão ofertado pelas empresas dos Estados Unidos e Europa.

United Polaris

Como é voar na classe executiva United Polaris

Foram dois anos e meio sem sair do Brasil, por causa da pandemia de covid-19. Meu retorno a territórios estrangeiros foi no início do mês de março, com destino a Las Vegas e conexão em Houston, nos Estados Unidos. Para chegar ao destino escolhi a United Polaris, classe executiva da companhia americana.

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Das três maiores dos EUA, nunca havia voado de United em trechos internacionais – apenas dentro do território americano. Já havia voado nas classes executivas da Delta e da American Airlines, então dá para compará-las à da concorrente.

O que não dá é para comparar os atuais serviços da United com os oferecidos antes da pandemia. Sabemos que tudo mudou muito na aviação por causa dos protocolos de prevenção à covid-19.

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Escolha do voo

Dois fatores me levaram a escolher a United para meu voo a Las Vegas. O primeiro foi o preço. Comprei o ticket em data próxima à partida e paguei R$ 7 mil pelo trecho, já com impostos.

Pode parecer muito, mas as demais companhias tinham bilhetes que chegavam a R$ 20 mil para conexões com duração semelhante. Este, aliás, foi o segundo fator de escolha.

A United oferecia a conexão mais curta a Las Vegas, via Houston. Havia a opção, pelo mesmo preço, de fazer a parada em Nova Jersey. Mas, nesse caso, além do trecho internacional mais longo, o voo nacional é de cinco horas.

Poltrona ímpar

De Houston a Vegas são 3 horas de voo. E de São Paulo à cidade do Texas, cerca de nove horas e meia. A conexão durou uma hora e 40 minutos, tempo exato para os demorados processos nos aeroportos norte-americanos.

Quase sempre (e isso não mudou) há imensas filas na imigração e na checagem de segurança, um processo bem minucioso. Em Houston, os deslocamentos entre terminais também são longos, demorados e podem exigir transporte em monorail (meu caso).

Em resumo, fazer conexão em aeroportos americanos é um processo desgastante. Infelizmente, no meu caso era inevitável. Não há voos diretos de São Paulo a Las Vegas.

Compra do bilhete da United Polaris

A compra do bilhete foi no site da companhia. O preço era um pouco melhor que no de parceiros como Decolar, Submarino e Viajenet. No 123 Milhas, saía por R$ 300 a menos, mas apenas para pagamento no pix ou boleto.

Então decidi não fazer essa economia, pois perderia tanto as milhas do voo (no 123, os tickets já são emitidos com milhas) quanto as do cartão de crédito. Além disso, só o site da United oferece opção de cancelamento gratuito em até 24 horas.

Há menos privacidade nas poltronas pares da united polaris
Há menos privacidade nas poltronas pares

Por falar em milhas, o programa da United é o MileagePlus. No Brasil, dá para pontuar os voos da companhia americana no Tudo Azul.

Eu optei por usar o Miles&More, da Lufthansa, da qual era passageira frequente antes da pandemia. A United, como a companhia alemã, faz parte da aliança Star Aliance.

Check-in e salas vips da United Polaris

Logo após a compra do bilhete, a United envia um formulário para apresentação de documentos necessários para o check-in. Entre eles, o teste de covid, que deve ser feito no dia anterior à data do voo – não necessariamente 24 horas antes. Pode ser RT-PCR ou antígeno. Essa é uma das exigências para entrada aos Estados Unidos.

Como é preciso inserir as informações do visto e o meu, de emergência, saiu poucas horas antes de meu voo, deixei para fazer todo o processo de check-in no balcão, no aeroporto de Guarulhos.

Lounge do Banco Safra

Graças ao atendimento preferencial para os passageiros da United Polaris, foi tudo bem rápido e sem burocracia. Apresentei o teste de covid e o certificado internacional de vacinação, outra exigência dos EUA – além de passaporte com visto. Passageiros da United Polaris têm direito a despachar gratuitamente duas malas até 32 kg.

Em poucos minutos já havia passado pela checagem de segurança e a imigração no moderníssimo Terminal 3 de Cumbica, em que a United opera. Não há fila preferencial para passageiros de classe executiva de nenhuma companhia aérea nesse aeroporto. Porém, todos os processos são rápidos.

A sala VIP da United em Cumbica é a do Banco Safra, que antigamente era a da Star Alliance. Esta “fechou” durante a pandemia, mas a nova administração não fez nenhuma mudança. A decoração é a mesma, assim como o layout. Quase todas as companhias da aliança fizeram parceria com o espaço.

A vista no lounge do Banco Safra

No lounge do Banco Safra há diversos ambientes. Entre eles, salas com TV e sofás, poltronas com vista panorâmica para a área de compras do terminal de embarque, cadeiras com mesinhas semelhantes às de avião e uma área com mesas de restaurante. Outro destaque fica por conta do bar e das cabines com chuveiros.

O buffet inclui lanches rápidos e uma variedade de pratos quentes. Já a carta de bebidas tem vinhos, champagne, drinks variados e destilados.

Em Houston, os passageiros que chegaram ao destino de United Polaris têm acesso ao lounge de mesmo nome, mas não tive a oportunidade de conhecê-lo. Não havia nenhum em meu terminal de embarque, o C. Acabei usando uma sala VIP United Club, mais simples, mas muito bem equipada, à espera de meu voo para Las Vegas.

United Club

De acordo com a United, os lounges Polaris são apenas para passageiros voando de classe executiva ou primeira classe em voos internacionais de longa duração – sejam eles realizados com a própria companhia ou com outras empresas da aliança Star Alliance. Nos EUA, são seis lounges United Polaris, que oferecem uma experiência mais exclusiva: Houston, Nova York (Newark), Washington, Chicago, São Francisco e Los Angeles.

Para passageiros voando de primeira classe ou executiva em voos dentro dos EUA, ou internacionais de curta distância, os lounges disponíveis são United Club. Há 45 salas espalhadas pelos principais aeroportos dos Estados Unidos.

Cabine e poltrona da United Polaris

O embarque foi rápido, pois quem viaja de United Polaris tem prioridade. A cabine apresenta layout 1-2-1, com acesso de todos os passageiros ao corredor. Nas duas poltronas do meio, há uma divisória para garantir a privacidade. Porém, ela pode ser removida, caso os dois ocupantes estejam viajando juntos.

Já nas poltronas das extremidades, o melhor negócio é reservar as ímpares (como a minha, 5L). Além de ficar mais próximo à janela, o passageiro conta com um console que o deixa afastado do corredor, garantindo mais privacidade.

Posição cama na United Polaris
Posição cama

Nas poltronas pares, a posição é invertida. O console fica ao lado da janela e o passageiro, mais exposto. Mas nem tanto, pois há uma espécie de “casulo” para garantir privacidade.

As poltronas da United Polaris têm três posições pré-definidas: pouso e decolagem, descanso e cama. Porém, dá para fazer qualquer combinação entre o apoio para os pés integrado ao assento e o encosto.

Manta e travesseiro são da Saks 5th Avenue na United Polaris
Manta e travesseiro são da Saks 5th Avenue

A poltrona vira uma cama flat bed, ficando a 180 graus, sem aquela posição de tobogã de outras classes executivas. Assim é chamada a posição em que os pés ficam para baixo. Felizmente, atualmente é cada vez mais rara.

O apoio para os pés à frente da poltrona, no entanto, afunila. Isso, para mim, não é um incômodo, mas costuma ser para passageiros altos ou com pés maiores.

Entretenimento e amenidades

Há um pequeno controle para comando remoto das telas individuais da United Polaris, mas elas também são sensíveis ao toque. Rápido e fácil de usar, o sistema apresenta um amplo catálogo de filmes e séries, muitos deles com opção de legendas em português.

O legal de viajar nessa época do ano é que dá para ver diversos filmes indicados ao Oscar que ainda podem estar no cinema. Entre eles, “Spencer”, “King Richard” e “Casa Gucci” (que não está na premiação, mas era um dos destaques).

Cada cabine da United Polaris tem abajur com controle de iluminação e uma grande mesinha que pode ser movimentada para o fundo mesmo com as bandejas sobre ela – o que facilta a saída da poltrona após as refeições, antes que a louça seja recolhida. Há ainda diversos porta-objetos, tomada e entrada USB.

A cabine conta com armário, onde são colocadas água e o kit de amenidades da United Polaris – que vem em uma bolsinha de couro. Traz máscara de dormir, cremes, álcool em gel e outros mimos. Já a manta oferecida aos passageiros é da Saks 5th Avenue.

Kit de amenidades da United Polaris
Kit de amenidades

Serviço de refeições

Esse foi o ponto crítico do voo na United Polaris. Não havia cardápio. Então, antes da decolagem, os comissários diziam aos passageiros quais eram as opções de prato principal e anotavam os pedidos.

O serviço começou logo após o aviso de cinto de segurança ser apagado, com bebidas. Havia vinhos, champagne, destilados, drinques e licores, além de água, refrigerantes e suco. Para acompanhar, castanhas e amendoas.

A refeição veio logo a seguir, sem toalhas para forrar a mesa. Foi servido tudo de uma vez, em uma bandeja, sem possibilidade de escolher a entrada, que era a mesma para todos. Sobremesa elaborada? Qua nada! Havia um bolinho industrial apenas.

E nada de cestinha com pãozinhos quentes. Foi servido um pão embalado, acompanhado por manteiga. Reflexos da pandemia. Ao menos, diferentemente do que ocorria na retomada dos voos antes do início da vacinação, os talheres não eram de plástico.

Em classes executivas, antes da pandemia, as refeições eram servidas em passos, com opção de entradas, sobremesas, queijos. Agora, ao menos na United Polaris, tudo mudou. O lado positivo é que o serviço terminou rapidamente e sobrou mais tempo para dormir.

Durante a noite, as galerias são abastecidas com água, refrigerantes, sanduíches, batatas Ruffles e doces. E, se o serviço de refeições deixou a desejar, com a tripulação, cordial, prestativa e eficiente, foi o contrário.

De acordo com a United, a companhia está retomando aos poucos os serviços de bordo aos níveis de pré-pandemia. Ainda conforme a empresa, alguns exemplos são o retorno do drink de boas-vindas e da louça no jantar e café da manhã. “Ainda não temos, no entanto, uma data para retorno do serviço completo, que está sendo avaliado de acordo com a retomada das viagens”, informou a United.

Na retirada de bagagens, já em Las Vegas (após conexão em Houston), a esteira demorou quase 40 minutos para começar a girar. Porém, o selo de prioridade das bagagens foi respeitado – a minha foi uma das primeiras entregues.

A United opera diariamente voos de São Paulo para Houston, Nova York e Chicago, e do Rio de Janeiro para Houston. A rota entre São Paulo e Washington é operada três vezes por semana.

Classe executiva da Air France no B777

Como é voar na classe executiva da Air France (Boeing 777)

A França foi um dos primeiros países europeus a reabrir suas fronteiras para brasileiros vacinados. Além da brasileira Latam, dá para voar ao país com a Air France. Aqui, conto como é a experiência de retornar de Paris a bordo da classe executiva da companhia.

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A Air France tem voos diários de São Paulo a Paris, e vice-versa. Há ainda três frequências semanais a partir do Rio de Janeiro. A partir de 22 de outubro, a companhia retoma seus voos partindo de Fortaleza, também três vezes por semana.

A classe executiva da Air France tem o layout 1-2-1, no formato “espinha-de-peixe”, que, para mim, é um dos mais interessantes entre os adotados pelas companhias aéreas. No voo diurno de Paris (Charles de Gaulle) a São Paulo (Cumbica), no Boeing 777, a experiência começou já no terminal 2E, onde estão os portões M, usados pela Air France e por outras companhias da aliança SkyTeam (KLM e Delta).

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Antes da pandemia, a Air France alternava voos no 777 com os no Airbus A350. Agora, vem mantendo a rota Paris-São Paulo, e vice-versa, apenas no A350. O layout da classe executiva (veja na foto abaixo) é bastante parecido, com leves diferenças, especialmente em cores e materiais de revestimento das poltronas.

Executivo no Airbus A350

Terminal 2E

A área do terminal 2E mais parece um shopping de alto luxo, com lojas das grifes mais badaladas do mundo (Prada e Chanel, entre outras) e restaurantes com ambientes sofisticados.

Voos da Air France partem do terminal 2E no Charles De Gaulle

Lá também está a sala VIP da Air France, chamada de Salon Lounge. Ela ocupa uma área imensa no terminal e tem diversos ambientes (para descansar, dormir, bater papo, tomar drinks, apreciar a vista para a pista do aeroporto ou comer).

A bordo

Escolhi um assento na janela, individual, já que estava viajando sozinha. Porém, quem ocupa as poltronas do meio também tem muita privacidade. Uma divisória (de fácil remoção, para o caso dos que viajam acompanhados) separa totalmente os dois assentos. Não é preciso nem ver o passageiro ao lado.

Como na KLM, companhia “irmã” da Air France, há apenas duas opções de ajuste automático da poltrona: decolagem (assento na posição vertical) e cama. Falta o intermediário, descanso, que a maioria das companhias oferece. Porém, é fácil encontrar essa configuração “no meio do caminho”, ao acionar a opção “cama”.

O apoio para os pés integrado à poltrona é curto. Para descansar, o passageiro usa o apoio à frente, posicionado abaixo da tela. Ele e a poltrona, quando totalmente reclinada, formam uma cama “flat-bed” muito confortável, e com boa largura – superior à oferecida pela maioria das empresas aéreas.

Flat-bed na classe executiva da Air France

Como a classe executiva não estava lotada, consegui um cobertor extra para forrar a cama, deixando-a ainda mais confortável. A tela é sensível ao toque e, como na KLM, pode ser comandada por um dispositivo remoto. É possível visualizar informações diferentes nos dois aparelhos – assistir um filme no monitor e ver mapas no dispositivo remoto, por exemplo.

No console ao lado da poltrona, há um grande porta-objetos, bom para armazenar o kit de amenidades (com produtos da Clarin) e outros pertences pequenos. Senti falta de um local para guardar a bolsa – tive de colocá-la no compartimento sobre o assento. Em compensação, há área para guardar os sapatos e, além das tradicionais meias, é oferecido um par de chinelos.

Apoio para os pés

Gastronomia

A refeição é um dos pontos altos e honra a tradição culinária francesa. Optei por um cordeiro com purê de batata no almoço (o voo era diurno) e estava bastante saboroso. Porém, achei o cardápio complicado demais – e faltou opção em português; havia versões em francês e inglês. Explicado pelos chefs de cozinha que o conceberam, os pratos eram difíceis de entender.

No jantar, foi servida uma refeição leve. Duas das três opções incluíam frutos do mar – algo incomum, já que as alergias a esse tipo de alimento são comuns.

O atendimento é bom. Antes da decolagem, o chefe dos comissários passa de poltrona e poltrona perguntando se o embarque foi bem e se o passageiro tem alguma solicitação especial. Ao fim do voo, ele cumprimenta individualmente cada passageiro.

Embarque e chegada

O embarque no Charles de Gaulle foi rápido. Como a aeronave não tinha primeira classe, e a executiva não estava cheia, não houve nem filas. Os passageiros da “business” têm prioridade no raio X e na imigração no aeroporto da capital francesa.

Em Guarulhos, a mala já estava na esteira quando cheguei para retirá-la – aplausos para o serviço rápido, já que não havia fila na imigração.

Sala VIP da Air France tem vista para a pista

Gostei bastante da nova executiva da Air France. Para mim, o ponto alto é o conforto – um dos melhores entre as companhias aéreas com as quais já voei.

Para quem não tem cartão de fidelização da Air France ou da SkyTeam, a companhia francesa tem parceria com a Smiles, da Gol. Quem voa Air France pode pontuar no programa brasileiro.