Road trips: opções e custos de viagens saindo do Porto

No mapa, os destinos sugeridos para road trips desde o Porto (Reprodução/Google Maps)

Apesar das grandes distâncias entre destinos, a viagem rodoviária pelo Brasil é praticamente um patrimônio da nossa cultura nacional – sendo até mesmo explorada comercialmente, com marcas se afirmando apaixonadas por carro “como todo brasileiro”. Para quem tem este costume, a realidade europeia soa como ideal: estradas estruturadas, distâncias curtas e custos relativamente mais baixos.

Se são necessárias mais do que 5 horas para chegar ao Rio de Janeiro desde São Paulo, o mesmo tempo na Europa é o suficiente para que fronteiras fiquem para trás e novas línguas e culturas se façam presentes. Já que estou alocado no norte de Portugal, neste post pretendo mostrar algumas possibilidades de viagens de carro ao redor do Porto, onde moro.

Dividi as viagens por tempo de estrada. A quilometragem pode variar dependendo das rodovias disponíveis, mas em geral cada opção está a 1, 3 ou 5 horas de direção – sempre tendo o Porto como ponto inicial.

A charmosa Aveiro, a apenas uma hora do Porto

Bate e volta

Apenas 60 minutos separam o Porto de três cidades incríveis – e que eu recomendo fortemente a visita: Braga, Guimarães e Aveiro. Esta última está ao Sul do nosso ponto de início (77 km) e é tida como a “Veneza lusitana” por conta de seus canais (“rias”). Construções em Art Nouveau completam o charme de Aveiro. Segundo o Via Michelin, o custo da viagem (combustível + pedágios) é € 12.

Guimarães fica a Nordeste do Porto (52 km), uma rota feita em menos de uma hora completa (€ 8 pelo Via Michelin). O vimaranense se orgulha em dizer que “Aqui nasceu Portugal”, já que a cidade era o centro da região de Porto Cale no século 9. Não dá pra deixar de fora da visita o toucinho do céu, bolo à base de ovos e açúcar típico da região.

Ao Norte do Porto (55 km), e muito próximo de Guimarães, está Braga (€ 9 pelo Via Michelin). A cidade de origem romana reflete as marcas de uma história bimilenar, principalmente nos estilos de suas dezenas de igrejas. Construída no século 12, a Sé de Braga é a catedral mais antiga de Portugal (“mais velho que a Sé de Braga”, aliás, é um dito popular em Portugal).

O Padrão dos Descobrimentos, beirando o Tejo em Lisboa

Pra ficar por uns dias

Duas sugestões bem diferentes entre si estão a cerca de 3 horas de direção do Porto: Santiago de Compostela e Lisboa. Não preciso de muito para convencer alguém a visitar a capital portuguesa, vibrante e histórica de uma forma balanceada. Algo que sempre me salta aos olhos é o fato de Lisboa ter sido uma inspiração tão evidente para muitas cidades brasileiras, suficiente para criar uma familiaridade automática entre nós. Cerca de 300 km que podem ser feitos em pouco mais de 3 horas de estrada (a um custo de € 49, segundo o Via Michelin).

O grande motivo para que tantos visitem Santiago de Compostela são as peregrinações dos Caminhos de Santiago, de origem cristã medieval. Religião à parte, a cidade é um destino culturalmente muito rico, englobando aspectos espanhóis e, principalmente, galícios – além de ser uma excelente oportunidade para se provar tapas. A 230 km ao Norte do Porto, a rota é feita de carro em cerca de 3 horas (e a € 40 pelo Via Michelin).

A Plaza Mayor de Salamanca, considerada uma das mais belas da Espanha

Longa estrada

Há quem não se importe com longos períodos de estrada. Para o padrão europeu, cinco horas de direção é uma quantidade razoável. Em Portugal, por exemplo, é o suficiente para praticamente cruzar o país de ponta a ponta.

Fazendo isso desde o Porto, no caso, chega-se a belíssima Faro, no extremo Sul de Portugal. Os 550 km que separam as cidades podem ser realizados em 5 horas e meia (a um custo de € 88). É a cidade mais importante do Algarve, região que é conhecida pelas altas temperaturas e por ter as melhores praias de Portugal. Seu passado mouro é outro atrativo, refletido na arquitetura de Vila Adentro de Faro.

Cruzando a fronteira mais uma vez rumo à vizinha Espanha, são muitas as possibilidades de parada. A que cito aqui é Salamanca por ser um exemplar do que há de mais tradicional na cultura espanhola – sua Plaza Mayor, por exemplo, é uma das mais belas (e culturalmente ativas) do país. Em geral a viagem para Salamanca dura menos do que as 5 horas desta “categoria”, só que, saindo do Porto, a sugestão é fazer o percurso cruzando o Vale do Douro – o que lhe custa uma hora a mais de estrada, mas também rende paisagens de tirar o fôlego. Pelo Via Michelin, o custo do trajeto é de € 39.

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10 torneios: um calendário para unir esporte e viagem

Acredito que a esta altura do ano todo mundo sabe que, em breve, a Rússia sediará a edição 2018 da Copa do Mundo de futebol. Com os olhos de todos voltados para o país, a Europa como um todo quer tirar proveito dessa onda de turistas que deve visitar o continente entre junho e julho com um propósito: curtir o torneio esportivo mais importante do ano.

Unir férias à paixão esportiva é sonho de muitos e isso não deveria se limitar a mega eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas. Em 2018, a programação de torneios com potencial turístico na Europa é incrível e o Viajante 3.0 resolveu preparar um calendário para você que tem passagem comprada para o Velho Continente em breve.

Até que não é má ideia aproveitar passagens por cidades como Londres, Paris, Berlim, e Moscou para apreciar os melhores do mundo em ação, independentemente do esporte em questão. Este calendário contém alguns torneios óbvios, aguardados por todos, mas alguns que podem servir de inspiração para viagens futuras. Confira abaixo:

Tour de Corse (Divulgação/FIA)

Rali mediterrâneo
O cenário e o clima mediterrâneo da ilha de Córsega por si só já valem uma visita. Entre 5 e 8 de abril, no entanto, a ilha francesa recebe uma das etapas do campeonato mundial de rali (Tour de Corse). Baseado em Bastia, a corrida possui 12 etapas que passam por estradas e vilarejos pitorescos da região.

Maratona de Londres (Divulgação/Virgin Money London Marathon)

Maratona da Rainha
Uma das mais tradicionais maratonas acontece anualmente em Londres. As ruas da capital inglesa se transformam com os mais de 40 mil corredores inscritos na competição, que corta a cidade desde Blackheath até The Mall. Em 2018, a corrida será realizada no dia 22 de abril – com a Sua Majestade, por um telão, dando a largada oficial.

UEFA Champions League (Divulgação/Федерація Футболу України)

Aquecimento para a Copa
O grande evento do universo do futebol este ano acontece na Rússia. Muito próximo de lá, no entanto, será disputada a partida mais importante antes da Copa. A três semanas do início do mundial, a capital da Ucrânia, Kiev, será sede da final da Liga dos Campeões (no dia 26 de maio). Os maiores clubes europeus (com os melhores atletas do esporte) prometem um bom aperitivo do que veremos nos gramados russos.

Roland Garros (Divulgação/Fédération Française de Tennis)

Terra batida em Paris
Muita coisa rola em Paris o ano todo. Mas para quem é fã de tênis, junho tem um significado especial: o torneio de Roland Garros. A Cidade Luz ganha novos ares com a disputa do Grand Slam no saibro (aquela terra batida), em uma competição que reúne os melhores tenistas da atualidade. Neste ano, as partidas acontecem entre 21 de maio e 10 de junho.

Seleção rumo ao hexa (CBF/Lucas Figueiredo)

Copa na Rússia
Talvez esse seja o grande motivo para que muita gente tenha escolhido a Europa para as férias de 2018. A oportunidade de conhecer um país tão rico histórica e culturalmente como a Rússia e ainda por cima acompanhar o maior evento esportivo do ano são ingredientes infalíveis. De 14 de junho a 15 de julho, o mundo vai parar para acompanhar a Copa do Mundo de futebol – e, se for possível, porque não ver tudo isso de perto?

Tour de France (Divulgação/Le Tour de France)

A França em uma bicicleta
O Tour de France é uma das competições mais importantes do ciclismo mundial, este ano realizado entre 7 e 29 de julho. A vantagem para quem visita o país e quer curtir a emoção da prova é que, com três semanas e 21 etapas, os competidores rodam quase que toda a França. No dia 29, Paris recebe a chegada triunfal dos ciclistas, uma boa data para estar pela Champs Elysées.

Sailing World Championships (Aarhus 2018/Mick Anderson)

Nas águas dinamarquesas
A baía de Aarhus, na Dinamarca, será a casa dos melhores velejadores do mundo entre 30 de julho e 12 de agosto. Lá será realizado o Campeonato Mundial de Vela de 2018, reunindo todas as 10 classes disputadas nas Olimpíadas. Se estiver de passagem pelo país nórdico no período, o torneio pode ser o convite que faltava para você conhecer uma nova região.

Fórmula 1 (Divulgação/FIA)

A elite do automobilismo
Como a Fórmula 1 roda por diversas cidades europeias, eu resolvi juntar tudo em um item só. Aproveitar a visita a destinos incríveis e ainda acompanhar uma corrida de perto é o sonho de qualquer amante da velocidade. Nesta temporada, a F1 na Europa passará por Espanha (Barcelona, 13/5), Mônaco (27/5), França (Le Castellet, 24/6), Áustria (Spielberg, 1º/7), Inglaterra (Silverstone, 8/7), Alemanha (Hockenheim, 22/7), Hungria (Budapeste, 29/7), Bélgica (Spa, 26/8), Itália (Monza, 2/9) e Rússia (Sochi, 30/9).

BMW Berlin Marathon (SCC EVENTS/Camera4)

42 km em Berlim
Em setembro, no dia 16, é a vez de Berlim sediar sua maratona. Na 45ª edição, a prova reunirá cerca de 40 mil corredores de rua – e ainda outro grupo que atravessará as ruas da capital alemã sob rodinhas de patins. Passando por pontos icônicos da cidade, o trajeto da corrida termina no monumental Portão de Brandemburgo.

Quiksilver Pro France (Flickr/Antoine Thibaud)

Surfando ondas europeias
Quem já esteve no litoral europeu sabe que sol e calor não são garantias de um mar convidativo para mergulhos. Ainda assim, duas cidades do Velho Continente recebem etapas do campeonato mundial de surfe. Se a água é gelada demais para um mergulho, porque não assistir os melhores surfistas em ação? Quiksilver Pro France (em Landes, de 3 a 13 de outubro) e MEO Rip Curl Pro Portugal (em Peniche, de 16 a 27 de outubro) são as duas provas europeias – que, em 2017, tiveram o brasileiro Gabriel Medina como vencedor.

Quando a viagem foge dos seus planos

Espectadores de uma procissão que, por conta da chuva, não aconteceu

Viagens são compostas por detalhes tão mínimos que sonhar com férias perfeitas, sem uma pedrinha no caminho que seja, beira o absurdo. Transporte, alimentação, hospedagem, segurança, saúde, clima… são tantas as variáveis que é quase certo que algum errinho vai rolar em um mês num lugar completamente novo pra você.

A questão aqui é saber dançar conforme a música, conseguir minimizar prejuízos e, principalmente, não deixar os problemas atrapalharem o resto da viagem.

Isso rolou comigo na semana passada. Este post era pra ser um relato da procissão Ecce Homo, que anualmente acontece em Braga nas quintas-feiras que antecedem a Páscoa.

A caminhada se dá no meio da noite e percorre as vias que ligam importantes igrejas da cidade. Dentre os participantes, trajados como romanos do século 1, se destacam os emblemáticos farricocos, penitentes que desfilam com suas longas vestes negras (complementadas por um capuz que deixa pouco mais que olhos à mostra).

Farricocos com seus fogaréus em mãos, na procissão de 2017 (Flickr/Luis Ascenso)

Este era o cenário que não vi. A previsão meteorológica já havia me alertado para a chuva constante durante todo o dia. Ainda assim resolvi ir, tomei o comboio no Porto (estação Campanhã) e 1 hora e € 6,90 (ida + volta) depois eu estava em Braga.

De fato a meteorologia estava certa (dessa vez). Com algumas horas livres antes do início da procissão, marcado para as 21h30, enfrentei a chuva por vezes torrencial para visitar a Sé de Braga (catedral mais antiga de Portugal, construída no século 12) e o Santuário de Bom Jesus do Monte.

Comunidade local participa das encenações durante a Semana Santa

Já próximo do horário, me aproximei da igreja da Misericórdia, de onde partiria a procissão, e aguardei. A movimentação era grande, as pessoas fantasiadas chegavam, os espectadores ultrapassavam as centenas, claramente esse era uma dia importante para a comunidade local.

O horário estipulado já era passado, as informações eram escassas e uma espécie de debandada se desenhava – sem que a procissão tivesse existido. Cancelada pela chuva foi a resposta de policiais, decretando o fim da minha visita a Braga.

Como moro em Portugal, mais especificamente a 60 minutos de trem da cidade, fica muito fácil falar em “contornar obstáculos”. Eu simplesmente tomei um trem mais cedo e logo já estava em casa.

Em uma viagem de férias, com um cronograma apertado, eventos assim podem ser o detalhe a fazer você odiar um lugar que, em outras circunstâncias, amaria. Acreditem, essas coisas acontecem – e não são o fim do mundo.

Após o cancelamento da procissão, participantes deixam o entorno da igreja

Por mais que a gente queira, é impossível ter controle sobre absolutamente tudo que vai acontecer durante uma viagem. Obviamente que não devemos aceitar quando um serviço prometido não é devidamente oferecido (seja no voo, no hotel ou no restaurante), mas quando este não é o caso, se martirizar é o pior cenário.

Ainda restam dias de férias e destinos a visitar? Então deixa pra trás o que foi ruim e curta o que lhe resta. Quem sabe um desses episódios negativos não viram motivo de risada no futuro?

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