Terra de castelos

A bandeira de Portugal no sempre lotado Castelo de São Jorge, em Lisboa

Castelos costumam gerar um curioso (e compreensível) fascínio nas pessoas, seja pela beleza estética ou pela importância histórica que alguns deles possuem. Eu, que gosto muito de história e me animo com essas construções bem preservadas, adoro visitar uma fortificação ou palácio toda vez que passeio por um novo local – especialmente aqui na Europa, terra tomada por castelos.

Eu já defendi neste blog em outros momentos o Turismo em Portugal por meio de suas estradas. Há alguns meses dei sugestões de roteiros saindo do Porto e, mais recentemente, falei das Aldeias de Xisto no centro do país. Destinos que valem uma visita estão espalhados por todas as regiões e, nesse post, quero demonstrar isso usando a meu favor os castelos de Portugal.

Fragmento da Muralha Fernadina, no Porto

Segundo o Wikipedia, Portugal possui quase 200 construções entre castelos, palácios, fortificações, torres e muralhas. Em um país com dimensão um pouco menor que a do estado de Pernambuco, fica fácil de imaginar que esses castelos estão postados em tudo que é parte.

Por vezes residência de membros da nobreza, mas sempre uma extensão da atuação do governo em vigor, os castelos tiveram enorme importância ao longo da história de seus países – e, como é possível notar ao analisar o posicionamento dessas construções, também serviram para assegurar territórios e delimitar fronteiras.

No mapa criado por este blog, estão sinalizadas 171 construções históricas que, de alguma forma, ajudaram Portugal a desenhar sua trajetória ao longo dos séculos. Desde o Castelo de Guimarães, um dos bastiões na formação de Portugal como nação, até o Convento de Cristo, em Tomar, morada de templários e exemplo do papel que a igreja católica exerceu ao longo da história lusitana.

O evidente caráter defensivo dessas construções explica a concentração de castelos em regiões de disputa territorial com reinos vizinhos, seja no interior ou no litoral. Ainda assim, essas fortificações estão espalhadas por absolutamente todas as regiões de Portugal, de norte a sul.

Obviamente que há castelos mais interessantes e bem preservados que outros, ou mais importantes historicamente falando. Mas, para um turista em deslocamento entre os principais destinos de Portugal, é praticamente impossível viajar e não cruzar com uma construção de destaque.

A minha sugestão é que, definida a rota de uma viagem rodoviária pelo país, dê uma olhada nas cidades pelas quais você passará. Há grandes chances de que uma peça importante da história de Portugal esteja no seu caminho. Pesquise a história e detalhes como horários de visita e atividades que possam estar acontecendo.

A bela vista do Castelo de Penela para a Serra da Lousã

Fiz isso em uma viagem recente a Coimbra e acabei por conhecer o Castelo de Penela, que junto a outras fortificações teve papel na defesa da região perante as ofensivas mouras no século 12. Em um desvio breve do meu trajeto e uma visita rápida, tive contato com a linda arquitetura medieval do castelo e uma vista incrível da serra da Lousã.

Mas se história e castelos não forem o suficiente para lhe animar, também pesquise a gastronomia local. Aqui eu fiz um mapa com exemplos da confeitaria conventual (parte I e parte II), que também dá uma ideia de quão presentes esses doces estão pelo país.

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Onde tudo começou: o Castelo de Guimarães

Em Tomar, a janela mais famosa de Portugal

A Janela do Capítulo, no Convento de Cristo, em Tomar

Não é raro topar com países que possuem uma cidade como Tomar. Um lugar um tanto remoto, um tanto pequeno, mas que por um motivo ou outro tem o seu lugar cravado no imaginário de um povo. No caso de Tomar, essa imagem na cabeça do português muito provavelmente é a de uma janela.

Qualquer um em visita ao país logo percebe que portugueses apreciam uma boa conversa debruçados em batentes. De bairros tradicionais em cidades grandes a minúsculas aldeias, as notícias correm quando as venezianas se abrem. Mas não é de qualquer janela que falo.

Convento de Cristo

Há mais de 500 anos, uma janela em especial foi escolhida para colocar em rocha toda a ostentação que a megalomania de sua era foi capaz de desenvolver. Na fachada ocidental do Convento de Cristo, no ápice do estilo manuelino, está exibida a Janela do Capítulo (ou Janela Manuelina).

Encravados na parede estão temas caros à época, como as navegações e a igreja. É como se a imponente obra descrevesse os passos dos portugueses no período. Aos olhos do espectador, a janela encarna a liderança que Portugal assumia perante o mundo ocidental.

As diversas “fases” do complexo se permeiam

O passeio pelo Convento de Cristo, no entanto, não se resume à Janela do Capítulo. Complexo finalizado apenas no século 18, mais de 600 anos depois de seu início, a Igreja/Fortificação/Castelo retoma diversos momentos da história do país. Nele, períodos da trajetória de Portugal se aglomeram – por vezes fisicamente, com corredores tapando fachadas e escadas estranhamente beirando janelas.

O orgulho de Tomar, cidade de pouco mais de 40 mil habitantes no centro de Portugal, é hospedar esta que foi a sede da Ordem dos Templários, intimamente ligada aos primórdios da nação lusitana e com construção iniciada no século 12. Desde 1983 o local é tombado como Patrimônio Mundial pela Unesco – tema que já foi abordado pelo Viajante 3.0 em outro momento.

A fachada ocidental, com a Janela Manuelina e seus dois contrafortes

A visita ao local é paga, com bilhetes a € 6 – residentes de Portugal têm entrada gratuita em domingos e feriados até as 14h. Há também uma trilha pelos muros do castelo que eu acho indispensável. Além de uma vista espetacular dos entornos de Tomar, há todo um clima medieval que só fortificações com tanto tempo e história são capazes de oferecer. De quebra, para quem estiver por lá no inverno, dá pra fazer um lanchinho com as laranjas que dão nos jardins do convento.

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Vista da muralha do Convento de Cristo