Compra direta é efeito colateral

O transtorno bipolar pode ser hereditário. A ciência ainda não comprovou a tese, mas é certo que não se trata de doença transmissível. No mercado de viagens e turismo, entretanto, com certa freqüência, observamos efeitos colaterais que devem ser evitados e combatidos.

O mais grave e prejudicial deles decorre das miragens que são provocadas pela compra direta, que ecoa como o canto de uma sereia e não constitui a melhor opção para ninguém; inexiste como alternativa sensata para o mercado de viagens corporativas, mas é o princípio ativo de uma droga que constantemente alimenta o sonho daqueles que pensam faturar alto com o desenvolvimento de rastreadores automatizados de páginas web com foco no e-commerce.

Ou seja: laboratórios de TI que desejam substituir a competência de uma TMC e de outras agências de viagens qualificadas, que proporcionam atendimento personalizado e especializado para os diferentes segmentos e nichos de mercado que atendem, ao produzirem experimentos do tipo “tarja preta”.

O caso mais emblemático dos malefícios gerados pelos danos alucinógenos da compra direta podem ser observados no âmbito do Ministério do Planejamento, que sofre com a falta de clareza em sua política de viagens; registrando prejuízos graves de gestão por conta das remarcações feitas de duas a três vezes a cada passagem aérea emitida.

Em outras palavras, a decisão equivocada, que foi praticada pela gestão anterior do Ministério do Planejamento, resulta no amargo descontrole das reemissões e, por isso, o que deveria ser uma conta GR bem administrada, desde o início (dos critérios de licitação), ainda padece com a mais absoluta falta de relatórios – os quais deveriam ser fornecidos em tempo real por agências de viagens idôneas e sob a análise de profissionais qualificados. 

Os elevados e crescentes índices de reclamações registrados contra sites que praticam a venda direta de passagens aéreas, diárias de hotéis e locação de veículos também atestam limitações dos sistemas robóticos adotados no varejo para a venda aos turistas que demandam viagens de lazer, multiplicando assim as frustrações em quem os experimenta. Tornando sonhos em pesadelos.

Por isso, também, as pesquisas de mercado revelam que os consumidores, inclusive os mais jovens, preferem cada vez mais pesquisar informações na Internet sobre destinos, tarifas, rotas, roteiros, atrativos ao entretenimento, condições de financiamento etc. para depois validar todas essas escolhas quando efetivam suas compras por meio da consultoria das agências de viagens de sua confiança.

A variação do humor dos fornecedores do setor, que oscila entre momentos de muita euforia em defesa dos canais de venda direta e de profunda depressão, quando há crise de demanda, devido aos mais diferentes fatores, requer, portanto, redobrada atenção dos consumidores. Das pessoas físicas e jurídicas!

De nossa parte, estamos como sempre estivemos: abertos ao diálogo. De acordo com o que afirmou em seu discurso no Parlamento Europeu, a respeito de uma negociação com o Estado Islâmico, “cujo idioma é o da degolação”, segundo a Revista VEJA desta semana: “Talvez não se possa ter um diálogo, mas você não pode nunca fechar a porta”.

Edmar Bull

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