Apesar de significar algum avanço, não consigo enxergar onde esta reforma trabalhista mexerá realmente na ferida, a ponto de atingir seu real objetivo de estimular a geração de novos empregos para reduzir o atual preocupante índice de 14 milhões de desempregados no Brasil.
Após analisar e reanalisar o texto aprovado pelo Senado, continuo pensando na perversa situação em que um candidato a emprego faz uma entrevista para um salário de R$ 5 mil, com a percepção de que, após os descontos, receberá menos de R$ 4 mil, enquanto o empregador tem a certeza de que custeará cerca de R$ 10 mil, incluindo os encargos trabalhistas, custos indiretos e benefícios.
Com uma diferença de 60% que não vai direto para o bolso do empregado, mas que sai do bolso do empregador, esta conta nunca fechou e, pelo que percebi, ainda não será desta vez que a nova reforma trabalhista resolverá esta equação…
Aos que, ainda assim, defendem a “manutenção dos direitos trabalhistas”, eu costumo lembrar 15 das mudanças que vivenciamos nos últimos 10 anos, amplamente difundidas nas redes sociais, mas que merecem ser relembradas neste contexto:
1) O MP3 faliu as gravadoras.
2) A Netflix fechou as locadoras de filmes.
3) O Google detonou as enciclopédias.
4) A OLX eliminou os classificados de jornal.
5) O Waze enterrou os aparelhos GPS.
6) O Uber complicou a vida dos taxistas.
7) O Airbnb complicou a vida dos hotéis.
8) O Youtube complicou a vida das TVs.
9) O Facebook complicou a vida das TVs.
10) O Whatsapp complicou a vida das telefônicas.
11) O Tinder ameaça o objetivo das baladas.
12) A Tesla ameaça o modelo das montadoras.
13) O Nubank ameaça o mercado bancário.
14) A Bitcoin ameaça o sistema monetário.
15) O smartphone acabou com o telefone fixo, detonou as câmeras fotográficas e filmadoras amadoras, levou pro museu o relógio despertador, baniu a agenda digital, substituiu o bloco de anotações, recriou os tocadores de música, os gravadores pessoais etc.
E ainda existe quem queira viver com dogmas trabalhistas criados para o mercado de trabalho de 1943…
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Oi Vabo
Seu texto é certeiro. Porém, eu sou uma daquelas que reclama das perdas das leis trabalhistas. Sabe por quê? Porque tratar o ser humano como humano deveria ser uma obrigação do Estado e dos empregadores. Essas leis trabalhistas e cabresto são a mesma coisa. O que mais me estranha é a mesma cartilha para todo dirigente do mundo. Será que aquela teoria maluca da Nova Ordem Mundial tem um fundamento qualquer!? E o que acontece com aqueles que não querem ser “associados” Wal-Mart ? Ou trabalhar pra Uber 75 horas por semana?
Querida Silvia,
Seus comentários sempre me fazem parar pra refletir…
Este post definitivamente não é sobre a desgastada relação “capital x trabalho”, talvez seja sobre a relação “empregados x desempregados”.
O termo “perdas dos direitos trabalhistas” por si só, me remete a um anacronismo insustentável para o profissional atual.
Tratar o ser humano como humano é uma obrigação do Estado e da Sociedade, onde se incluem empregadores, empregados, estudantes, aposentados etc. etc.
Há enorme espaço, na verdade o maior de todos, para quem não quer ser “associado” Wal-Mart ou trabalhar pra Uber ou qualquer outra iniciativa “tipo” empreendedora…
A questão aqui é quanto os empregadores conseguirão garantir direitos não negociados na contratação (uma vez garantidos por lei), além de impostos escorchantes para locupletar a “corte”, enquanto 14 milhões de desempregados não tem direito nenhum…
A conta não fecha, nunca fechou e parece que continuará não fechando.
[]’s
Luís Vabo
A sonegação de tributos tem a proeza de, ao mesmo tempo, destruir a situação fiscal de um país e aumentar muito a desigualdade, levando a problemas econômicos variados.
O número da sonegação normalmente apresentado pela Procuradoria da Fazenda Nacional está entre 400 e 500 bilhões de reais. Recentemente vem se falando em 900 bilhões de reais.
Estudos divulgados no exterior em relação a países em desenvolvimento mencionam outro problema, mas correlacionado: um fluxo anual de 900 bilhões de dólares de capital ilícito para o exterior decorrente de corrupção, propinas, tráfico de drogas etc.
Independentemente do número exato, o fato é que 100 bilhões de reais em tributos sonegados todo ano, um valor crível, ainda que não completamente suficiente, seriam cruciais para tirar o Brasil da crise fiscal e solucionar boa parte dos problemas de infraestrutura por meio de investimento público.
Concordo plenamente, Vinicius,
Mas como cabe aos políticos mudar este cenário, em que são eles os principais corruptos, sonegadores e geradores de capital ilícito, a solução para isso soa como tirar o sino do pescoço do gato…
[]’s
Luís Vabo