Com a minha ida a Indaba Turismo 2022 (palavra em Zulu que significa grande conferência) tive a oportunidade de conhecer muitos jovens empresários do setor do turismo e com o tempo que passei em Johanesburgo conheci outros tantos que colocam toda a sua criatividade, esperança, esforço e dinheiro no seu próprio negócio a fim de construir um ambiente promissor para a cidade e as comunidades locais.
Ao andar pelas ruas de Johanesburgo tive a mesma sensação de quando andei em São Paulo após a reabertura do comércio, muitas lojas fechadas, muitos sonhos encerrados por essa bomba atômica chamada Covid que atingiu de maneira fatal muitos negócios pequenos e independentes. Porém olhando com um pouco mais de atenção e carinho pude ver que novos negócios estão pipocando aqui e ali pela cidade. O jovem empresário sul-africano tem pressa!
Ouvi do nosso querido Guia em Durban o Thabo que tem uns 50 anos a seguinte frase ” O Sul-africano preto está podendo sonhar em abrir o seu próprio negócio só agora Bia. A minha geração não teve a liberdade de ser criativa, foi uma geração perdida pela violência e repressão do Apartheid, muitos se perderam. Mas os jovens, os jovens não! Eles podem sonhar e eu estou sonhando com eles, quero abrir o meu take way em breve!” Forte né? Eu gravei muito bem essa informação na memória e no coração.
Vale aqui fazer aguns apontamentos sobre o Apartheid, ele terminou menos de 30 anos no país, proibia a livre ciruclação de pessoas pretas e não brancas, restrigia diversos direitos civilzatórios e sofreu boicotes do mundo todo ou seja, muitos desses jovens empresários com quem conversei nasceram dentro do regime do Apartheid! Sendo assim, a liberdade de criar, empreender com conceito e não apenas para garantir uma subsistência é muito muito recente e isso se reflete na vasta oportunidade de abertura de novos negócios.
A criatividade e a liberdade são ativos muito poderosos e esses jovens empresários estão cientes de suas capacidades, oportunidades e potencialidades. Ouvi de uma jovem empresária sul-africana ” precisamos nos unir, nós jovens empresários negros precisamos passar mais tempo juntos e valorizar mais a nossa rede de contatos! Se estivermos unidos, não há nada que não possamos fazer!” Eu me senti muito privilegiada em poder ouvir isso ao vivo.
Outro jovem empresário que hoje tenho a oportunidade de chamar de amigo é o Bheki Dube, ele empreende desde os 21 anos no setor de hospitalidade (tem apenas 30 anos) e se destaca como um dos jovens empresários mais bem sucedidos da África do Sul e gere múltiplos empreendimentos em diversas plataformas de hospedaria, desde Hostel, Hotéis Temáticos e Airbnb. Ele soube navegar entre negócios de impacto social, conceito fortemente embasado na africanidade urbana e investimentos vindo de sócios e parceiros que acreditam e apostam na criatividade e capacidade do jovem empresariado.
A minha veia empreendedora grita quando penso que no Brasil, o empreendedorismo foi a chave para a sobrevivência de milhares de escravizados que foram largados à própria sorte após a abolição. Foram os sapateiros, as baianas de acarajé, as costureiras, a venda de cocadas que garantiram a existência dessas pessoas. Não à toa o Brasil tem uma cena de empreendedorismo muito forte.
Agora pensa na potência que é juntar a veia empreendedora brasileira com a pressa de criar sul-africana! As possibilidades são infinitas e eu já fico ansiosa só de pensar no que está por vir! Deixo aqui o convite para que a imaginação de vocês também vá tão longe quanto a minha!
Agradecimentos a Descubra África do Sul e ao Curiocity Africa pela receptividade, por acreditarem no meu trabalho e por promoverem a integração entre esses dois países.
Published by