O ‘novo normal’ dos processos de seleção. Qual sua posição?

Faz tempo que não temos um assunto polêmico por aqui, então vamos a ele:

Faço parte de alguns grupos de hoteleiros tanto no Brasil quanto no exterior, além de realizar muitos processos de hunting, especialmente para executivos. Recentemente, tenho notado em vários desses grupos muitos potenciais empregadores reclamando do 'famoso' apagão de mão de obra (nem se fala mais em apagão de talentos), e do quanto o processo seletivo tem mudado. 
O debate é bom, as visões são diferentes, e vai muito além de um simples choque de gerações. 
Segue abaixo um breve compilado que reuni nas últimas semanas. Ao final, deixe sua experiência em processos seletivos e sua opinião sobre o tema.
Como alguns candidatos se apresentam nas entrevistas (segundo GGs de hotéis):
• Com bonés virados para trás.
• Sem pesquisar a empresa.
• 'O candidato escondeu o baseado do lado de fora do escritório administrativo antes de entrar no prédio. Tudo gravado pela segurança do prédio.'
• Com 30 ou mais minutos de atraso.
• Com seus animais de estimação.
• Com celulares ligados. 'Uma candidata se recusou a desligar o telefone porque estava esperando uma mensagem do namorado'.
• Usando um top de biquíni (em hotel de praia)
• Esperando que o almoço seja servido.
• Atender o telefone no meio da entrevista, e falar com o recrutador de outra empresa.
• Aceitar o trabalho, e simplesmente não comparecer no primeiro dia, pois não gostou da cidade
• Com currículos com muitos erros de digitação e/ou...emojis.
• Com seu pai. Ps.: o candidato não tinha problemas de saúde que exigisse acompanhante.

Argumentos de quem entende e apoia o 'Novo Normal' do processo de Seleção:
* A forma como gerenciamos e contratamos/mantemos uma equipe precisa mudar. Vivemos com gerações entrando no mercado de trabalho recebendo troféus de participação. É claro que o candidato acha que não há problema em ser recompensado por apenas aparecer. Isto é o que eles estão acostumados a toda a sua vida. Isso não os torna errados. Eles simplesmente, às vezes, não sabem melhor. 
* Eu entrevistaria uma pessoa atrasada, com boné virado ou biquini. Eu entendo essa coisa chamada 'vida' que todos estamos passando.
* Nós precisamos ensinar tudo. Se o candidato tem uma boa personalidade, jogue todo eu julgamento fora e transforme-os rapidamente em um 'ser corporativo'.
* Estamos no século XXI, parem de julgar pela aparência!

Argumentos de quem acha esse 'Novo Normal' absurdo e não aceita comportamentos assim:
* Não recompense o mau comportamento. Minha linha de frente é ocupada por nove pessoas que agem profissionalmente. Eles ganham porque entregam serviços.  Faça-os trabalhar para isso. Você vê o que aconteceu por causa da geração de troféus de participação. Eu não os mimo, e ainda tenho candidatos toda semana. Se queremos uma força de trabalho melhor, temos que criar uma força de trabalho melhor. Eles vão descobrir quando estiverem desempregados por muito tempo. 
* Quem acha essa atitudes normais e justifica dizendo que existem recrutadores e empresas ruins também, admite um comportamento ruim, com outro comportamento ruim. Seja Profissional! Amadureça!  
* Profissionais que demonstrem desleixo consigo mesmo, falta de compromisso, insegurança (não nervosismo comum das entrevistas) e mentira, não terão espaço no meu hotel. Ponto!
* Eu pago em dia, ofereço benefícios não obrigatórios por lei como seguro saúde, e mantenho um ambiente profissional e de respeito. Pago a média do setor, e se a empresa dá prejuízo, mantenho os salários em dia.  Portanto, comprometimento é o mínimo que exijo.
* Por que devemos diminuir os padrões que foram estabelecidos? Eles não são capazes? Talvez seja hora de reforçar o que é certo.

Entrevista no Domingo, A Saga:
Abaixo, descrevo a 'saga' de um empreendedor conhecido meu. Embora Domingo não seja um 'tabu' na nossa indústria, vai ilustrar bem as 2 visões sobre processos seletivos que estamos falando:

'Abri alguns horários no Domingo para entrevistas. Vagas em home office, e salário acima do mercado. Eles não precisam trabalhar aos domingos, mas só queria entender a real vontade dos 4 candidatos. Nenhum apareceu, e só um ligou para avisar que não vinha. Eu mesmo preferiria estar no shopping, um restaurante, ou mesmo entrar nas redes sociais e ver tudo funcionando direitinho. Adivinha? Tem gente trabalhando por trás para que nada dê errado durante meu período de lazer, inclusive equipes 24 horas. 

A história é longa, e após um looongo debate do Linkedin com mais de 1.200 comentários, houve uma divisão nas opiniões. Veja algumas:

De um lado, muita gente falando que isso é exploração, maldade:
* Isso mostra seu desrespeito com a classe trabalhadora.
* Se a entrevista é no domingo, imagina o resto. Justo em tempo de humanização das empresas...aff!
* É a era de prezar pela qualidade de vida, então não foi a melhor estratégia.
* Oferecer salário acima do mercado não é nada mais do que a sua obrigação. Bom saber que as pessoas recusaram.
* Estamos lutando por 4 dias úteis para melhorar a produtividade e reter talentos. Você esta quebrando convenções sociais/religiosas/legais, pois domingo o trabalhador precisa se dedicar a si mesmo, sua família, saúde mental, etc. 

Do outro, pessoas apoiando e entendendo a atitude: 
* Onde está a maldade? Se estamos comprometidos com algo, tudo bem abrir mão de algumas coisas para conseguir outras. Faz parte da vida!
* Fui contratada em um processo seletivo que aconteceu no sábado. Para quem quer trabalhar, o dia não importa, mas a entrega.
* Abri um processo para 23 vagas em plena Terça de Carnaval. A mobilização foi um sucesso! 35 pessoas foram e preenchemos todas as vagas. Todos que foram realmente queriam trabalhar. 
* Trabalho, assim como tudo que queremos fazer bem na vida, é dedicação.
* Combinado não sai caro.  Se confirmaram a presença, no mínimo, deveriam cumprir o acordo. Nem isso...

Final da história:
...o empresário foi uma das pessoas mais xingadas em um só post dos últimos tempos, e também recebeu mais de 300 CVs de pessoas dizendo que estão disponíveis para entrevista quando ele quiser. 
Atualização.: Uma semana após o post, ele já preencheu todas as vagas, ninguém está trabalhando aos Domingos, e todos ganhando realmente acima do mercado.

E você, qual sua opinião sobre o assunto? Lembrando que, entre as respostas, houveram comentários de pessoas de todas as idades, posições, níveis sociais e educacionais, tanto pró quanto contra o novo processo seletivo que está acontecendo. É mesmo uma questão comportamental, de visão de mundo.
Agora é com você. Vale o papo!

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AS Gerações de Viajantes que Definirão seu Negócio no futuro

O alfabeto recomeçou e agora sua estratégia futura precisa de novos ajustes. Veja como as gerações vão impactar seu share de faturamento nos próximos anos:

BOOMERS (1946 – 1964)

Seguem viajando, mas com foco no lazer. 99% dos viajantes americanos dessa geração pretende viajar 1 vez por ano, e destinos no Caribe ou América Latina são os prediletos, com 39% dos votos. Gastronomia e tempo com a família são as principais motivações.

GEN X (1965 – 1980)

Ficou fora dos holofotes, o que ocasionou problemas para os provedores de turismo que desejam aumentar suas receitas, já que tendem a ter o maior poder de compra (68% segundo pesquisa da Millward Brown) e liberdade financeira do que qualquer outra geração no momento.

É composta por adultos maduros criando famílias, segue pesquisando as melhores ofertas, e fazendo 55% das suas reservas em hotéis por OTAs.

Procuram hotéis agradáveis, com muitos amenities, e não programam as viagens com antecedência.

Opção de trabalhar durante as férias e viagem sem complicações são suas prioridades.

GEN Y – Millenials (1981 e 1994)

Muito já se falou sobre eles. Sabemos a exigência por experiências (online e offline) e sua disposição a pagar por isso, além da adoração por ‘bleisure’ (business + leisure). Um estudo da Expedia indicou que 62% deles adoram estender sua viagem de negócios para conhecer a cultura local.

A reputação online das empresas turísticas será fundamental. 76% dos Millenials são influenciados por recomendações de amigos virtuais, considerando somente 18% dos conselhos de agentes de viagens.

GEN Z (1995 – 2010)

Viajar e “ver o mundo” surgiu como o mais importante desembolso financeiro para a Geração Z quando se trata de gastar seu dinheiro.

Quase 70% dos pesquisados entre 16 e 24 anos, por exemplo, dizem que já possuem uma lista de destinos a conhecer. Aqueles que não têm uma lista dizem que é porque suas preferências mudam com muita frequência e porque gostam de viajar por impulso.

Enquanto os viajantes da Geração Z já estão vendo o mundo com a família, 42% dizem que isso acontece porque permite que eles façam viagens que não poderiam pagar de outra forma.

Dito isso, o estudo revela que pouco mais de um terço, 34%, planeja viajar por conta própria pelo menos uma vez na próxima década.

Além disso, um terceiro diz que eles preferem ficar sozinhos quando viajam e quase 20% dizem que querem fazer uma viagem de mochila a solo ou um ano sabático.

54% dão importância a conseguir um emprego que inclui viagens, e 57% dizem que um trabalho que os expõe a outras culturas é mais atraente.

A Booking.com não é a única agência de viagens on-line a ver grandes oportunidades para aqueles que podem aproveitar essa geração. A Expedia divulgou pesquisas recentes revelando que são atividades e experiências que impulsionam os planos de viagem da Gen Z.

Ganhar os Millenials e Gen Z pode ser tentador, mas há uma geração mais jovem em ascensão, que está dominando cada vez mais as decisões de compra de viagens.

GEN ALFA (após 2011)

Desempenha um papel ativo na inspiração e planejamento de viagens da família, mostra o estudo Generation Alpha & Family Travel Trends do Expedia Group Media Solutions

Apesar de ainda não fazer compras, espera-se que a Gen Alfa, a verdadeira digitalmente nativa, seja a geração mais rica, longeva e mais formalmente educada, alcançando quase dois bilhões em 2025.

O estudo, divulgado na Phocuswright Europe recentemente, entrevistou mais de 9.000 consumidores em nove países que têm filhos ou netos com 8 anos ou menos.

Escolher para algum lugar com atividades para toda a família e que seja seguro para crianças é mais importante para os viajantes familiares do que encontrar o preço mais baixo ou um bom negócio.

DICA: Considerar o que está em oferta ao invés do preço, afinal ‘a experiência supera as despesas.’

As descobertas dizem que muitas das decisões de viagem das famílias tentam satisfazer o jovem da geração ‘Alpha’.

As prioridades para viajantes familiares são:

  • 95% – prioridade é manter suas famílias entretidas e felizes.
  • 89% – ofertas e preço
  • 85% – atividades ao ar livre
  • 85% – planejamento de viagens em feriados escolares

Os hotéis, por exemplo, têm o papel de ofertar experiências interessantes aos familiares viajantes que circulam com a geração Alfa, ao mesmo tempo que levam em consideração os elementos do viajante de negócios.

Atualmente, os hotéis são a opção preferida de acomodação para viajantes em família (60%), à frente de resorts (21%) e casas de familiares e amigos (17%). Airbnb são escolhidos somente por 16% dos entrevistados, pois ainda não é um segmento ‘amigo das crianças’.

A decisão ainda está nas avaliações online como TripAdvisor e OTAs (63%) e amigos e familiares (46%). Mas os jovens já entram com 43% da força motriz de influência, baseada nas informações e imagens das atividades e atrações para crianças na TV ou canais online.

Em resumo, a Gen Z já está a caminho de se tornar a maior geração de consumidores até o ano 2020. E são tão adeptos às reservas online quanto os Millenials mas, no entanto, usam menos OTAs e sites de terceiros.

Se mantenha atualizado, inove constantemente, e garanta um negócio sustentável!

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